O veneno que elimina o empregado é o mesmo que mata o patrão



Ainda há e haverá milhares de pais ensinando aos filhos que arranjem um emprego e fiquem nele toda vida. Ainda há e haverá gente achando que quantidade de tempo num só emprego é sinônimo de qualidade e êxito, o que pode ser verdade: se houver ascendência profissional. Se entrar numa função básica e nela ficar ou mal passar dos patamares iniciais, então, estabilidade poderá ter cheiro de comodismo e cessar de parecer qualidade.

No funcionalismo público a garantia de estabilidade, somada à isonomia, obriga aos servidores honrados, capazes e empenhados carregarem nas costas os seres nocivos inevitáveis em quaisquer segmentos da sociedade. "Chopins", "mariscos", traíras", "sanguessugas" e outros do mesmo naipe costumam passar ao largo do que realmente merecem, desmotivando aos sérios, cooptando os fracos, e, ironia, não poucos, são laureados com honrarias imerecidas e citados como exemplos de dignidade. Também por esta sobrecarga imposta à parte boa do funcionalismo público, a população em geral não usufrui do exercício razoável da sua cidadania.

Na iniciativa privada a estabilidade existe enquanto o profissional é qualificado, empenhado e adequado, sob o ponto de vista do empregador e conforme suas condições e interesses, ante um mercado competitivo, exigente, cruel, em permanente mutação e com rapidez por vezes difícil de acompanhar. Os melhores profissionais são sujeitos ao desemprego, ao emprego abaixo do seu potencial ou ao empreendimento que não prospere. Assim é que, eventual e justificadamente, terão parada curta num emprego ou empreitada. Repito: eventualmente; não freqüentemente. Se enfrentarem o desemprego ou falência, tendem a preservar e até ampliar, pelo aproveitamento da experiência obtida, seu índice de empregabilidade.

Profissional que permanece dias, semanas ou meses em cada emprego ou empreendimento, por mais requisitos que possua, no todo, é desqualificado. No mínimo, não sabe escolher os empregos e atividades; o que é desabonador. São enfadonhas e inaceitáveis aquelas inúmeras, previsíveis e paupérrimas desculpas que costumam querer impor ao selecionador ou ao consumidor, jurando e até acreditando que "daqui pra frente, tudo vai ser diferente". Tanto mais grave se exercer várias funções ou atividades conflitantes entre si.

Estabilidade às vezes não rima com qualidade mas instabilidade geralmente rima com defeito. Esta é uma das condições mais determinantes para que milhões de currículos sejam reprovados na triagem; e fornecedores de produtos ou serviços se auto coloquem no grupo dos medíocres ou picaretas.

Nas agências e empresas é inevitável exigir as indefectíveis referências dos candidatos aos empregos disponíveis. E o candidato não deveria tomar as referências delas? Seguramente, sim. Com critérios educados, realizáveis e simples. Algumas das mais elementares considerações possíveis:

A empresa vive mudando de endereço, números de telefone e empregados ou colaboradores. Seus atendimentos e informações são geralmente ou sempre conflitantes entre si. O tratamento é vip até que a venda seja feita e paga (sorrisos, atendimento imediato ou retorno rápido) e, depois, vai esfriando (atendimento com má vontade ou pressa, sem retorno aos recados deixados). O produto ou serviço vendido foi "embalado" em exageros, omissões ou mentiras; na prática, apresentou-se bem aquém do valor pago. A que conclusões chegar? Tratar com estes ou procurar outros?

Que haja bom senso: não é crime nem desabona ninguém a mudança de endereço ou telefone, por exemplo. O problema está no excesso: o veneno que elimina o empregado é o mesmo que mata o patrão. A instabilidade de paradeiro, de meios de contato, de equipe de colaboradores, de discurso, serviço, etc., resulta da instabilidade de caráter e temperamento do protagonista e seus coadjuvantes. Antes, da real intenção escondida e esta é, perigosamente, a única estabilidade existente. "Dize-me com quem andas e te direi quem és".

Só nos conhecemos uns aos outros por intermédio da convivência e nos aproximamos daqueles que possuem características e propósitos semelhantes e convergentes com os nossos.
Autor: José Carlos de Oliveira


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