Ordem ou Des Ordem



Num ato diferenciado, os estudantes ocuparam a reitoria da USP no dia 03 de maio – data em que pretendiam ter uma audiência com a reitora Suely, que na ocasião estava ausente, em viagem ao exterior.

Os estudantes acabaram por encontrar os portões fechados e diante da situação, ocuparam o primeiro andar do prédio da reitoria desde então.

Fato interessante é perceber que os estudantes envolvidos na invasão do prédio não são ligados a um partido político especifico, sendo que muitas vezes, rejeitam lideranças e não fazem parte de nenhum partido político.

Não são membros de famílias carentes, mas também não se pode dizer que são um grupo de "filhinhos de papai". Na maior parte do tempo não estão de acordo com os pensamentos uns dos outros, mas tudo o que fazem é decidido por votação. Heterogêneos e até contraditórios, o que une os manifestantes que ocuparam o prédio da Reitoria da USP é a suposta preocupação com os rumos de sua universidade.

O grupo de estudantes que estão alojados no prédio da reitoria da USP são todos integrantes de diferentes faculdades e correntes políticas da USP, e acreditam que um conjunto de decretos assinados pelo governador José Serra a partir de 1 de janeiro deste ano fere a "autonomia administrativa" e de pesquisa das universidades públicas estaduais. O governo nega, mas é da reitora da USP, Suely Vilela, que eles dizem querer ouvir um pronunciamento.

Desde o dia 03 de maio, os estudantes não arredaram mais os pés do lugar, nem mesmo diante de uma ordem de reintegração de posse emitida pela Justiça. O lugar agora lembra um misto de centro acadêmico de faculdade: com sacos de dormir e rodinhas de violão – comitê político onde são planejadas e discutidas as táticas da ocupação.

Os estudantes alegam que querem ser ouvidos, mas são poucos os que querem falar, uma vez que não se apresentam e tão pouco se identificam, assim como também fazem questão de manter a imprensa a distancia. Bastou ouvir a palavra “jornalista” para você se tornar uma pessoa não grata dentre eles. Mas vale lembrar que há estudantes do curso de jornalismo no local.

Uma coisa é certa, os estudantes se organizaram para esse ato. São seis comissões existentes na ocupação: comunicação, alimentação, limpeza, finanças, negociação e cultura. Essas comissões são responsáveis inclusive pela organização de saraus que servem para divertir os manifestantes.

Mas não pensem que todos os estudantes sabem exatamente o que estão fazendo lá, porque há muitos dentre eles que lá estão apenas porque ficaram sabendo da ocupação e foram dar apoio aos seus colegas universitários. Uma grande parte chegam a desconhecer completamente os itens que compõe o decreto assinado pelo Governador de São Paulo que "causou" a revolta dos estudantes. Outros alegam uma falsa preocupação com a possível "privatização" do ensino púbico das universidades.

O grupo é formado por 200 pessoas que se revezam para manter a ocupação 24 horas. O fato é que cada qual tem um pensamento e este varia de individuo para individuo... Mas até o presente momento conseguiram parte do que queria, a reitoria cedeu em pelo menos três pontos de sua pauta de reivindicações - permaneceram no prédio mesmo com uma ordem judicial de reintegração de posse e agora contam com o apoio de funcionários e professores da USP. Também conseguiram ser ouvidos pelo secretario de justiça, Luiz Antonio Marrey e talvez consigam a atenção do próprio governador, José Serra.

Contudo, há fatos em aberto e coisas sem explicações: se o que eles tanto desejavam era serem “ouvidos”, o que falta para a desocupação do prédio da reitoria?
Pergunta interessante que encontra um silencio e um distinto vazio antes da resposta dada a mim por uma estudante do local pelo celular: “Temos nossas pautas e vamos cumprir todas as nossas pautas".

Mas a pauta dos estudantes (invasores da reitoria) trás itens interessantes: incluindo a não punição para seus atos.

Abrindo aspas a seguir: "algo cada vez mais frequente a realidade desse país: impunidade." Afinal, vamos ser coerentes: quando damos um passo a frente estamos cientes dos riscos e possíveis consequencia desse passo. Ou não?
Autor: Lunna Guedes


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