A humanidade evolui! E o meio ambiente, como ficou?



Autor: Marçal Rogério Rizzo

O Homem, quando nômade, explorava a natureza conforme suas necessidades naturais (comer, beber, agasalhar-se). Deixou de ser nômade e ainda no período antes de Cristo (A.C.), o homem fixou-se e começou a praticar as primeiras formas de agricultura, mesmo que rudimentar e de subsistência. Também domesticou os animais.

Conforme a população aumentou e foi se organizando em comunidades, sua presença passa a ser mais danosa ao meio ambiente.

Destruiu florestas, para construir aldeias e cidades. Derrubou árvores, para aproveitar a madeira e, como já “dominava” o fogo, usava as árvores como lenha.

A literatura mostra que, na Antigüidade o Homem considerava a natureza divina, já que a mesma era cultuada em muitas religiões.

Entretanto, na visão teológica, o homem está numa posição mais elevada e, em decorrência da ordem divina, poderia possuir a Terra ou o controle sobre a natureza. O argumento principal que o homem utiliza para explicar a exploração da natureza é que ela existe para servir a espécie humana e, assim, possibilitar sua existência.

O “Homem racional” nunca ficou estagnado, sempre buscou inovar e, com o passar dos dias, dominou os mares. Iniciou as grandes navegações e o mercantilismo surgiu como uma alternativa das nações acumularem riquezas. Ainda não se deu por satisfeito, quis dominar novas terras e, assim, surge a era colonial.

Nessa fase, se tratando-se do continente americano, em especial o Brasil, houve a devastação da natureza, primeiro com a exploração do pau-brasil, depois com a da cana-de-açúcar e, em seguida, com a extração de pedras preciosas e do ouro.

Houve, também, a exploração da borracha e a derrubada de matas para o plantio de café.
Cabe lembrar que, nesse período colonial, o homem quis e conseguiu dominar, através de opressão, violência e “chibatadas”, um continente inteiro, que foi o continente africano, o qual era considerado um estoque de mão-de-obra escrava, para trabalharem nas colônias e deixarem as metrópoles cada vez mais ricas. Crimes contra a humanidade ocorreram, lembramos aqui, dos “Maias” e “Incas” que foram exterminados.

No Velho Mundo, liderado pela Inglaterra, aconteceu outra “evolução”, a Primeira Revolução Industrial, que deu maior poder para o homem produzir, com o uso de máquinas, – a chamada maquinofatura. O negócio era transformar a matéria-prima em produtos e obterem altas taxas de lucros.

Isso criou uma necessidade crescente na quantidade e variedade de matéria-prima. Mais uma vez, quem vai sofrer com essa “revolução” é o meio ambiente.

Outro ponto que deve ser atribuído à Revolução Industrial é que a mesma abriu caminho para a poluição, através da queima de combustíveis fósseis, como, inicialmente, o carvão e, posteriormente, o petróleo e derivados.

A “evolução” não pára por aí. O homem libertou os escravos e as colônias. Em pouco tempo, domina a arte dos pássaros e começa a voar em pássaros mecânicos.
Contudo, a paz dura pouco e surge a Primeira Guerra Mundial, cuja arte de navegar e de voar é colocada em prática para atacar e defender.

Passada a guerra, o mundo já estava dividido em dois pólos – o capitalista e o comunista - e a busca por invenções dominadoras continua. Através de estudos e pesquisas, inventou-se algo lesivo para toda a humanidade.

A paz mundial cessa, inicia-se a Segunda Guerra Mundial e uma das invenções dominantes e mais maléficas foi utilizada.

Em 06 de agosto de 1945, os Estados Unidos da América, em disputa, durante a Segunda Guerra Mundial lançou a primeira bomba atômica sobre a cidade japonesa de Hiroshima. Três dias depois, lançou outra bomba sobre Nagasaki. A partir desse fato, as guerras não seriam mais as mesmas, pois o poder destrutivo dessas bombas, que os cientistas criaram, era algo assustador e destruíram milhares de vidas humanas, trazendo seqüelas à saúde das pessoas e ao meio ambiente até hoje.

Mas o homem ainda continua insatisfeito, mesmo diante de vários séculos de exploração e degradação ambiental. O que faltava ainda a ser explorado e dominado? Motivados pela “Guerra Fria”, norte-americanos e russos buscavam inovações científicas e tecnológicas, que pareciam ser impossíveis.

Até mesmo o céu, algo que parecia profundo, escuro e inatingível, conquistaram. À medida que a tecnologia avançava, ia ficando cada vez mais claro que descobrir o que nos rodeava era apenas uma questão de tempo. Em 20 de julho de 1969 o homem, pisou na Lua e, a partir daí, o céu foi ficando cada vez menor e mais próximo.

Entretanto, a “guerra espacial” não acabou aí. Até o começo da década de 70, ninguém havia ficado mais que 14 dias no espaço.

Logo após, os soviéticos perderam a corrida para a Lua, em abril de 1971, lançaram a primeira estação espacial em órbita da Terra, chamada de Salyut 1, e conseguiram uma façanha. Permaneceram em órbita por 22 dias. Mas com essa busca pelo espaço o Homem também degradou algo? Especialistas calculam que haja mais de 100 mil objetos (lixo espacial) circulando em torno da Terra. Esse lixo é composto de fragmentos de foguetes, lascas de tinta, satélites desativados, ferramentas utilizadas pelos astronautas entre outros. Os Estados Unidos são o país que mais polui o planeta e o espaço. O lixo espacial é eterno, pois, no espaço, não existem agentes decompositores, uma vez que só seria exterminado, se caísse do espaço.

Mas a “evolução” continuou. Agora, os homens cientistas, através das centrais nucleares, conseguiram produzir energia, a partir do enriquecimento do urânio e o preço ambiental causado pelos acidentes nucleares é alto demais. Só para exemplificarmos, vejamos o célebre caso de Chernobyl, na Ucrânia, que, em abril de 1986, teve a explosão do reator 4 que, segundo a versão do físico soviético, Vladimir Chernusenko, ocasionou a morte de sete a dez mil pessoas, contra 31 mortes da versão oficial divulgada pelo governo.

Em se tratando da chamada “evolução”, ainda houve uma revolução na agricultura, em que a mecanização e a tecnificação obtiveram o sucesso de produtividade. Por outro lado, essas novas técnicas como, por exemplo, a aração da terra feita por tratores, contribuiu para a degradação ambiental.

Outra descoberta que vem sendo pauta nas discussões dos ambientalistas e da sociedade são os transgênicos. Porém, ainda não há estudos científicos que comprovem o que os mesmos causam ao meio ambiente, mas vimos que a história revela que parte das descobertas científicas tem sido danosas.
Mas a discussão do momento é o aquecimento global. Isso já preocupa a todos. Acredita-se que isso vem acontecendo principalmente em virtude do aumento de poluentes, como o uso excessivo de combustíveis fósseis, utilizados por automóveis, caminhões e na própria indústria. Os processos industriais e o desmatamento também contribuem para o aumento do efeito estufa. Gases como o Dióxido de Carbono, o Metano, o Óxido de Azoto e os CFCs formam uma camada de poluentes que não se dispersam facilmente e criam o efeito estufa no planeta. Devemos lembrar que isso tudo, um dia, foi considerado inovação, mas o meio ambiente vem sofrendo conseqüências dessas inovações.

Ao refletir sobre o processo evolutivo da humanidade, surgem perguntas: Podemos considerar que a humanidade evoluiu? Será que uma vida menos “evoluída” não teria sido mais prudente? É visível o detrimento ambiental que o Planeta Terra sofreu, provindo dessa chamada “evolução” em que a ganância e o egoísmo do homem estão presentes. A raça humana, que se diz tão superior, está destruindo o seu habitat e, se nada for feito, irá colher os espinhos que plantou ao longo do tempo.

É preciso uma mudança de consciência, uma modificação nos hábitos de consumo, na forma de produzir e acumular riquezas, pois, do contrário, em um curto espaço de tempo, estaremos sujeitos à extinção e levaremos conosco espécies de animais e plantas.

Marçal Rogério Rizzo: Graduado em Ciências Econômicas, Professor Universitário, Especialista em Economia do Trabalho e Sindicalismo pela Universidade Estadual de Campinas/SP. (CESIT/IE/UNICAMP), Especialista em Gerenciamento de Micro e Pequenas Empresas pela Universidade Federal de Lavras/MG. (UFLA), Mestre em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas/SP. (IE/UNICAMP). Atualmente é doutorando em Geografia na área de Dinâmica e Gestão Ambiental pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Campus de Presidente Prudente/SP. (FCT/UNESP).
Autor: Marçal Rogério Rizzo


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