A política brasileira e a poesia drummondiana



Os noticiários desses dias me fizeram lembrar de um poema de Carlos Drummond de Andrade. O governo petista, com seus ministros 'amantegados'. Alguém já fez a mesma comparação quando do segundo turno das eleições para o governo do Rio de Janeiro em 2006. Eis o poema "Quadrilha" do nosso querido e saudoso poeta mineiro:

"João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história."

Qualquer coincidência terá sido mera semelhança. Poderíamos até fazer uma paródia, como o fez em relação ao caso do Rio supracitado. Mas vou me ater apenas às desavenças entre os ministros do governo atual, principalmente no que tange à política econômica. Um deles vive dando palpites em todas as áreas, critica os companheiros, entra em contradição com o próprio presente, com as suas idéias do passado recente, talvez, como se referiu uma emissora de rádio, ao fato de se achar 'desconfortável' na sua pasta. O presidente, acima do bem e do mal, continua inatingível, deitado eterna e confortavelmente em seus 64% de apoio da população (em sua maioria, de baixa escolaridade e que recebe bolsas do governo). É uma verdadeira ciranda. E o senado segue o mesmo exemplo.

Para encerrar, acho por bem reproduzir aqui uma das criatividades da 'blogosfera', ou melhor, uma paráfrase (ou paródia, como preferirem) do poema de Drummond. Que nosso poeta nos perdoe. Senão vejamos:

QUADRILHA (Na acepção escatológica)
"O PMDB amava o PT que amava PC do B
que odiava o DEM que amava PMDB que odiava o PSOL
que não amava ninguém.
PSOL foi para Cuba, PC do B para o asilo,
PT morreu de desastre, PMDB ficou órfão,
LULA suicidou-se e o PT casou com PSDB que não tinha entrado na história,
pois não mostrou personalidade."

Interessante que, na criatividade de nosso poeta internauta, quem se casou com o PSDB foi um 'fantasma' do PT, que já havia morrido. Morreu no desastre de suas multifaces.

Agora, não sei por que, ao encerrar este artigo, o título do poema me intriga tanto. Faz-me lembrar algo, mas não consigo saber o que é...
Autor: Prof. Maurício Apolinário


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