Passarinho de Mochila



Quão melhor é adquirir a sabedoria do que o ouro! e quão mais excelente é adquirir a prudência do que a prata! (Provérbios 16:16)

Ao escrever uma história com o tema O Legado da Perda, a romancista indiana, Kiran Desai, inova no olhar, retratando coisas por ela vistas, mas, passadas com condimento para o ledor.

Querido Amigo. Você pode expressar um muxoxo e surpreendido dizer:

-- Ih! Não é que o Carinha, virou crítico literário. Haja saco! Acho melhor ler outro artigo.

Calma! Embora um caso se assemelhe a tantos outros já conhecidos, você, perceberá que o enfoque emoldura uma narração, abrindo espaço para outros entendimentos. Não fosse assim, como justificar as 475 gravações diferentes das mesmas músicas de Mozart?

A colocação de Kiran Desai, rastreia os problemas onde os envolvidos, podem evaporar seqüelas, convertendo-as em potenciais fontes geradoras de soluções. Aliás, isso aconteceu com Guarani, cachorreiro de uma loja de São Paulo. De tanto limpar as matérias fecais dos bichos, inovou na área de higiene, tornando-se um dos maiores fabricantes de tampo para vaso sanitário do Brasil. Maiores detalhes estão em meu artigo Rigoletto.

Um Passarinho de Mochila, responsável pela entrega da correspondência do brejo, perguntou ao jacaré, o que o motivava a exibir seus muitos dentes, esbanjando grande simpatia.

-- Dá uma pousadinha na minha língua que abro o jogo pra você. -- disse a lagartixa gigante.

Inocentemente o bichinho obedeceu à orientação do réptil, que enquanto deglutia a presa pensava:

Sorriso e carisma são a minha arma para atrair, sem o menor esforço, idiotas de mochila e transformá-los em uma nutritiva refeição “fast food”. Lambia os beiços de forma deleitosa, quando, flagrando-se assolado pela síndrome da asnice, azucrinou-se sobremaneira. Porque não ficou com a mochila da ave boboca, talvez dentro pudesse encontrar algum MP3 Player. Precisava tanto de um tocador de música para ouvir mercedita. Vida telúrica, sem high tech é uma porcaria!

Três empregados, saíram da Prixoff, holding de um forte grupo multinacional do ramo de alimentos. Queriam que a vasta experiência adquirida com a formação universitária e mais 10 anos de trabalho, gerassem riquezas, no mercado de prestação de serviços. Assim, os analistas de sistemas: Genival, Nelson e Carlos, fundaram a Geneca Informática.

Uma microempresa, encontrando dificuldade para se tornar prestadora de serviços de informática para certa megafirma, propôs trabalhar de graça, tendo esta última proposta sido prontamente aprovada.

Depois de 5 anos, os sócios se retiraram da firminha, tendo como justificativa, o honroso elefante branco. Como um pequeno bureau de serviço poderia continuar a existir, se 50% de seu custo fixo era destinado a bancar um futuro não cliente? Pior do que trabalhar de graça, é a perda de receita.

Para contar a história direito, precisamos lembrar que o nome da grande empresa na lista de clientes era uma excelente referência e a porta de entrada para novos clientes.

Não deu. O passarinho foi engolido pelo jacaré. Os sócios se retiraram. Foi uma tristeza. Caruska, empresária do ramo de alimentos, adquiriu cem porcento das cotas desta pequena companhia, transferindo a administração para suas filhas Carla e Veruska, “experts” em tecnologia.

As novas donas fizeram uma visita à gigante, informando-os da nova direção da empresa. Vinculou a permanência do serviço “grátis” ao abocanhamento de outro imenso negócio que o mercado estava concorrendo. Propuseram à holding que indicasse as empresas do grupo, para poder manter as condições.

Em oito meses, os serviços pagos pelas empresas do grupo já zeravam as despesas da Geneca Informática.

A venda do grupo para uma multinacional, provocou a redação de um contrato de fornecimento. Em 18 meses todos os clientes passaram a dar lucro.

Dentro da barriga do jacaré, o passarinho abrindo a mochila tirou dela uma cama elástica. Começando a pular sobre ela, fez cócegas na epiglote do réptil. Ele tossiu, ejetando a ave para fora.

O jacaré virou e perguntou?

-- Você foi engolido! Como conseguiu sair?

Respondeu o passarinho:

-- Pássaro por possuir uma cara tenra e amável, para alguns parece otário. – e continuando disse:

-- Quando você me engoliu, não deu tempo de lhe entregar uma carta registrada. Assine aqui por favor. – disse o Passarinho de Mochila.

Muito foi o desespero do jacaré. Leu a carta com lágrimas de parente de crocodilo. A Gauteta, avisava que ia construir uma ponte no brejo e capturar os animais.

Assim como os passageiros de um navio se servem de bóia e os do avião, de pára-quedas, uma ave necessita de um equipamento de ejeção, para o caso de ser objeto de deglutição de algum animal de porte.

Com essa história de apagões aéreos, um passarinho juntou-se a um grupo para atender a um seminário sobre como lidar com emergências. No treinamento aprendeu que grande parte da confusão do ar, continua mais ligada ao ser humano do que pássaros. Quando encerrou o evento, o palestrante Avis Rara, disse aos participantes que ficassem mais atentos às encrencas terrestres, onde as experiências ofereciam quase sempre resultados letais. Cada ave recebeu uma mochila, contendo um kit contendo as apostilas e equipamentos de emergência.

Fazer obséquio a empresas de porte (jacarés), precisa estar sempre ajoujado a roi – return on investment (retorno sobre o investimento).

Medir o tamanho do risco e salvaguardar as garantias, não sei se algum dia vai deixar de ser “condition sine qua non” para os negócios de sucesso. O Vendedor de sua empresa deve ser um Passarinho de Mochila, portando as regras para as negociações Tudo regado a uma boa dose de prudência.

Ainda que a malha aérea brasileira vá pro espaço, não deixe que vacas da Gauteta achocalhem seus negócios, mandando-os pro brejo. O exagero nos treinos do PAN, poderá contemplá-lo com uma entorse e derreter seu sonho de desejadas e merecidas medalhas.

Se não puder estancar uma perda, direcione o foco para o seu legado, tentando descobrir o que existe de bom no ruim.

Estruture, robusteça seu negócio até ser grande entre os grandes. Para relaxar e gozar é preciso colocar o Passarinho de Mochila.
Autor: Gilberto Landim


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