A Igreja vai papar o papa



Um jornal belga divulgou uma manchete que virou polêmica no mundo inteiro: “Cardeal favorável à camisinha tem chance de ser papa um dia”. Eu, até agora, não entendi a polêmica. Para mim, essa hipótese não existe. Esse cara aí só vai ser papa no Dia de São Nunca, isso se a Igreja não “papar” ele antes.

Espero que os católicos não fiquem bravos comigo, nada contra religião, meu problema com a Igreja Católica é ideológico mesmo. Poderia até explicar o motivo, mas acho que esse texto fala por si.

A Igreja condena o uso da camisinha. Sobre a gravidez precoce, diz que a solução é sexo só depois do casamento. Sobre a Aids, diz que a solução é fidelidade, castidade e abstinência. - Vai explicar isso pra Tati Quebra-Barraco -.

O fato é que condenar o uso de preservativo acaba sendo uma irresponsabilidade. Mais uma, dentre a grande lista da história da Igreja. Ou seja, se for fazer sexo faça depois de casar (e com o marido, ok?). Para não pegar Aids, não faça sexo. Se você se apaixonar por uma pessoa que tenha o vírus, pegue-o (o vírus) e não adianta reclamar. Apaixonou? Contaminou. Mas em hipótese alguma use um preservativo.

Isso me parece mais um roteiro de um filme de comédia. Daqueles que a gente senta na televisão com uma bacia de pipoca e ri o tempo inteiro. Pelo amor de Deus! Até quando nós vamos ter que conviver com isso? Eu sei que somos livres e podemos escolher a nossa religião, mas só de saber dessas questões já fico perplexa.

Cada um que siga a sua fé, tudo bem, mas que não prejudique uma nação. Nada contra os que acreditam fielmente nessa história toda, mas para a minha cabeça isso é demais. É contra valores e contra a realidade em que a gente vive.

Cada vez mais crianças nascem para não crescerem. Nascem para morrerem de fome. Cada vez aumenta mais essa epidemia da Aids. É evidente que esses problemas acontecem por outros motivos, também. Falta educação, falta distribuição de renda, falta tudo. Mas como uma Igreja, sabendo da realidade, defende certas coisas e condena outras. Não seria “ela” quem deveria conscientizar?

Não sei. Mas essa questão vem comigo há bastante tempo e eu nunca consegui uma resposta plausível. A única coisa que vejo é um papa que vem aqui no Brasil uma vez na vida, anda com um carrinho estranho, protegido de tudo e de todos, usa toalhas esterilizadas, nem sequer coloca o pé na favela e ainda vai fazer discurso moralista dizendo que não se pode usar camisinha, que divorciado não comunga, que gay é doente, que a abstinência é a saída e que a Aids pode ser controlada com a castidade.

Se não bastasse isso tudo, o papa vai para a televisão e diz, sem vergonha nenhuma, que o combate à epidemia de Aids na África deve ser feito por meio de fidelidade e não com o uso da camisinha.

Repito que sou a favor de que cada um escolha a sua fé, a sua religião ou o que quiser acreditar. Eu prefiro seguir acreditando na generosidade, na responsabilidade, na honestidade, na bondade e na força de vontade. Isso sim, para mim, é o que alimenta.

Eu gosto de historinhas, mas francamente, eu prefiro a história da Cinderela, é bem mais bonita e tem final feliz.
Autor: Juliana Farias


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