Acidentes ambientais em grande escala



Autor: Marçal Rogério Rizzo*

Em uma dessas noites de clima fresco, em que estive em Dourados/MS, após uma chuva passageira, sem sono, debrucei-me sobre papéis para iniciar a leitura de uma tese de doutoramento defendida no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) no inicio de 2005. Aliás, uma tese de ótima qualidade que deveria ser lida, do início ao fim, por todos que se interessam pelo tema Educação Ambiental. A tese é intitulada “Formação e dinâmica do campo da educação ambiental no Brasil: Emergências, identidades, desafios”, de autoria de Gustavo Ferreira da Costa Lima.

Mas, como é impossível relatar todo o conteúdo de uma tese em um simples artigo (nem é o meu objetivo neste artigo), pois cada indivíduo tem uma percepção particular sobre o mesmo texto.

Resolvi tomar como base um ponto importante em que o autor foi competente em sua construção, mencionando alguns graves acidentes ambientais que ocorreram no mundo.

Entretanto, antes de entrar no assunto central do artigo, temos de lembrar que essa fúria capitalista, a qual surgiu com a Primeira Revolução Industrial e se intensificou no pós-guerra em busca de riquezas, acumulação, status, não tem limites nem barreiras que a segure.

O mundo, de lá para cá, sofreu grandes transformações sociais, econômicas, políticas e ambientais que, apesar de parecer uma evolução, nem sempre foram positivas.

Em relação aos problemas ambientais, que têm atormentado a sociedade e não são problemas provisórios, mas sim, sempre estiveram presentes em mais ou menos graus, atingindo um número maior ou menor de pessoas, mas sempre existindo. Na verdade, eles são frutos dos conflitos entre o homem e o meio ambiente e existem em razão da busca pela posse e usos dos recursos naturais.

As ações do homem passaram a poluir o ar e os primeiros casos ocorreram com a queima da madeira e do carvão que eram utilizados para se aquecerem. O período que se inicia na Idade Média e vai até os séculos XV e XVI ficou marcado pela utilização do carvão como combustível o que já deixou em alerta a Inglaterra em relação à qualidade do ar. Com a Primeira Revolução Industrial, o nível de poluição amplia-se de forma considerável e há uma piora na qualidade do ar. Há muitas mortes relacionadas às péssimas condições do ar. A sociedade sente a necessidade de criar leis ultra-severas para melhorar a qualidade do ar e isso é feito, mas mesmo no século XX, este problema persistiu.

Já no século XX, no ano de 1952, registrava a poluição do ar da Cidade de Londres por vapores tóxicos causados pelo elevado número de indústrias poluentes. Estima-se a morte de 1600 pessoas. No ano de 1954, tivemos, no Japão, a contaminação causada pelo mercúrio na baía de Minamata. Na verdade, esta contaminação ocorreu em razão do despejo de efluentes de uma fábrica de cloro e soda que ocasionou o surgimento de uma nova doença chamada de “Mal de Minamata” que apresentava como sintomas danos neurológicos em homens e animais.

Em 1979, tivemos um grave acidente na Usina Nuclear de Three Miles Island, nos Estados Unidos. Em 1984, a Índia sofreu o acidente de Bhopal (ocorrido na indústria química da Union Carbide), que foi um vazamento de gás venenoso que provocou a morte de mais de 2000 pessoas e afetou outras duzentas mil.

Tivemos também, o célebre caso de Chernobyl, na Ucrânia (ex-União Soviética), que, em abril de 1986, teve a explosão do reator 4 a qual, segundo a versão do físico soviético, Vladimir Chernusenko, ocasionou a morte de sete a dez mil pessoas, contra 31 mortes da versão oficial divulgada pelo governo. Houve uma nuvem radiativa que se espalhou por quilômetros, levando a contaminação para vários países vizinhos.

Em se tratando de Brasil, o exemplo mais lembrado de problemas ambientais estavam situados em Cubatão/SP, já que o complexo industrial instalado ali, com intensa poluição, ocasionava graves problemas de saúde para a população.

O caso mais comentado pela mídia ocorreu na cidade de Goiânia/GO, que foi o acidente nuclear (vazamento radioativo de uma cápsula com a substância césio-137).

Este acidente ocasionou a morte, por câncer, de várias pessoas e até hoje há registros das conseqüências do mesmo.

Para encerrar, vou citar um crime ambiental que, na verdade, é um crime contra a humanidade, que pode ser lembrado como o mais maléfico, o pior de todos e ocorreu em 06 de agosto de 1945, quando os Estados Unidos da América, em disputa, durante a Segunda Guerra Mundial, lançou a primeira bomba atômica sobre a cidade japonesa de Hiroshima, e três dias depois, lançou outra bomba sobre Nagasaki. Essas ações assustadoras exterminaram milhares de vidas humanas, trazendo seqüelas à saúde das pessoas e ao meio ambiente até hoje.

* Marçal Rogério Rizzo: Graduado em Ciências Econômicas, Especialista em Economia do Trabalho e Sindicalismo pela Universidade Estadual de Campinas/SP (CESIT/IE/UNICAMP), Especialista em Gerenciamento de Micro e Pequenas Empresas pela Universidade Federal de Lavras/MG (UFLA), Mestre em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas/SP (IE/UNICAMP) e doutorando em Geografia na área de Dinâmica e Gestão Ambiental pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCT/UNESP) – Campus de Presidente Prudente/SP.
Autor: Marçal Rogério Rizzo


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