Precisamos de Educadores e Educacionistas



Autor: Marçal Rogério Rizzo*

No dia 15 de outubro comemora-se o “Dia do Professor”. Entretanto, apesar de ter seu dia o professor, o educador e a própria educação vêm sendo tratados de forma irresponsável pelos governantes e pela sociedade.

A escola deveria ser vista pela sociedade de forma quase sagrada, como “templo do saber”, pois é ela que emancipa, que liberta, que pode mudar o destino de um povo. Se bem educado o povo, os problemas sociais e econômicos da população tendem a ser superados.

Infelizmente, no Brasil, isso não acontece, nem os governantes nem a própria sociedade valorizam a escola. Vimos, recentemente, alunos deteriorando carteiras, muros e portões de uma escola no Distrito Federal, mas não precisa ir longe, basta observar a escola pública mais próxima de sua casa para ver que os alunos não a respeitam como deveria.

No meu entender, “educar” deveria ser o verbo mais importante para a gestão pública. Não há outra alternativa sustentada e real a não ser “educar” a população da nação. Gosto de relembrar a célebre frase de Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros”.

Mas será por que que nossos políticos não investem como deveria na área da educação? Será que um povo bem educado não refletiria e deixaria de votar nestes maus políticos? Será que é fácil manipular com políticas populistas um povo educado? É, minha gente, pense nisso!

Gosto de ler artigos que tratam da importância da educação para a sociedade. Nestes dias, recebi um brilhante artigo do Senador Cristovam Buarque que foi publicado no Jornal do Commercio no dia 19/10/2007. Buarque cita que há um “desprezo com que tratamos professores e professoras da educação de base: Pré-escola, Ensino Fundamental e Ensino Médio”.

Outro trecho de seu artigo que me chamou a atenção e, desde já, afirmo que concordo com cada palavra de Buarque. “[...] daqui em diante, ou educamos todos, ou não teremos futuro. Ou o Brasil se educa, ou fracassa; ou educamos todos, ou a desigualdade continua; ou desenvolvemos um potencial científico-tecnológico, ou ficamos para trás. Se a universidade é a fábrica do futuro, o Ensino Fundamental é a fábrica da universidade [...] A chave é o professor da educação de base”.

Buarque também lembra do “Dia do Professor” e diz que ser professor aqui no Brasil é um ato de heroísmo, pois ser professor não é ter sucesso financeiro, mas sim ter risco à saúde, ter risco de vida, já que as escolas estão cada vez mais violentas.

Essa é a triste realidade pela qual atravessam os professores do Brasil. Não são valorizados financeiramente, não são reconhecidos como fundamentais pela sociedade e, ainda por cima, convivem em um ambiente diferente do que deveria ser a escola. Aos poucos, estamos vendo a sociedade caminhar rumo ao precipício. Estamos presenciando a violência, a corrupção, as drogas, a politicagem, o consumismo, a ganância entres outras adversidades tomarem conta da sociedade.

É, meus colegas professores, educar no Brasil é um desafio e, certamente, um ato heróico. Aliás, falando em herói para nosso “governante mor”, herói é usineiro, herói são os ministros que o rodeiam (e ganham pouco). Imaginem os professores que estão esquecidos e, agora, têm um piso nacional que é um pouco mais de dois salários mínimos. Aposto que 100% dos professores (até os universitários com título de livre docente) trocariam seus salários pelos salários dos “ministros heróis” e pelos lucros exorbitantes dos “usineiros heróis”. É quem diria que teríamos uma revira-volta ideológica dessas, em que um partido que defendia a educação, a saúde, a transparência, a boa gestão do dinheiro público se transformasse em um “partido neoliberal de esquerda” (definição feita por um amigo).

Mas, vamos voltar às palavras de Buarque, que define educador como sendo “quem trabalha na escola para ensinar” e educacionista é “quem luta para dar condições a todos os educadores e fazer com que todas as escolas sejam boas, para mudar o país com uma revolução pela educação. O Brasil precisa de educacionistas, como já precisou dos abolicionistas [...]”.

Minha gente, precisamos partir para uma “revolução do livro e do lápis”. Do contrário, continuaremos vendo o governo gastando mais com a (in)segurança pública do que com a educação. Só para quantificar os custos da violência, no ano de 2004, foram de R$ 92 bilhões (5% do PIB), sendo R$ 60,3 bilhões provenientes do setor privado e R$ 31,9 bilhões do setor público (dados do IPEA).

Até agora, perdemos a batalha, mas não perdemos a guerra, nem deixamos de sonhar com a revolução. Para encerrar o texto, vai o trecho do artigo já citado: “E um dia, ao nascer uma criança, o pai e a mãe dirão: ‘Este vai ser professor’. Quando isso acontecer, os educacionistas terão vencido, e os educadores poderão comemorar plenamente o seu dia”.

* Marçal Rogério Rizzo: Graduado em Ciências Econômicas , Especialista em Economia do Trabalho e Sindicalismo pela Universidade Estadual de Campinas/SP (CESIT/IE/UNICAMP), Especialista em Gerenciamento de Micro e Pequenas Empresas pela Universidade Federal de Lavras/MG (UFLA), Mestre em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas/SP (IE/UNICAMP) e doutorando em Geografia na área de Dinâmica e Gestão Ambiental pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCT/UNESP) – Campus de Presidente Prudente/SP.
Autor: Marçal Rogério Rizzo


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