A INTERFERÊNCIA DA TELEVISÃO NA APRENDIZAGEM DE ALUNOS



ABEC – Associação Baiana de Educação e Cultura
UNIBA – União Intermunicipal de Cursos Superiores da Bahia
CURSO – Programação do Ensino








A INTERFERÊNCIA DA TELEVISÃO NA APRENDIZAGEM DE ALUNOS
DE CRUZ DAS ALMAS





Abigail dos Santos Fonsêca










Cruz das Almas, Ba
2001



Abigail dos Santos Fonsêca







A INTERFERÊNCIA DA TELEVISÃO NA APRENDIZAGEM DE ALUNOS
DE CRUZ DAS ALMAS





Monografia apresentada à ABEC como requisito final da disciplina Trabalho Monográfico para a obtenção do grau de pós-graduação Lacto Senso sob a orientação do Prof. Osny André Pedreira Telles








Cruz das Almas, Ba
2001














“Comunicação ( é ) a co-participação dos sujeitos no ato de pensar... implica numa reciprocidade que não pode ser rompida. O que caracteriza a comunicação enquanto este comunicar comunicando-se, é que ela é diálogo, assim como o diálogo é comunicativo.”
Paulo Freire



















RESUMO

A adolescência pode ser considerada a fase mais complexa da vida do ser humano. Conciliar essa fase com os problemas advindos da puberdade e o despertar da sexualidade é muito difícil, uma vez que nesse período o indivíduo ainda não adquiriu maturidade psicossocial; ele está sujeito a influências externas que vão afetá-lo cultural, social e psicologicamente. A influência da televisão, através de seus programas, os quais incitam à erotização e a banalização do sexo pode ocasionar conseqüências terríveis na vida adolescente. Este trabalho se propõe a refletir como essa influência pode se fazer presente na vida dos alunos de dois colégios — o Centro Educacional Cruzalmense e o Landulfo Alves de Almeida, localizados na cidade de Cruz das Almas — a ponto de interferir na sua aprendizagem. Procuraremos comprovar a hipótese de que esses estudantes estão sendo estimulados a se iniciarem ao sexo de forma precoce, induzidos pelos apelos eróticos transmitidos pela TV. Para respaldar nossas hipóteses, nos apoiamos numa pesquisa realizada com os estudantes dos colégios supracitados, com seus pais e professores que nos serviram de elo para avaliarmos a verdadeira situação em que os estudantes se encontram. Uma vez analisados os dados da pesquisa feita por meio da aplicação de questionários, concluímos que os alunos que serviram de amostra, realmente estão sendo atingidos por programas televisivos que estão lhes prejudicando. Percebemos também que há necessidade da participação da escola, dos professores e os pais desses alunos no combate aos abusos da TV, só assim será possível mudar o quadro em que estes estudantes se encontram.










INTRODUÇÃO

O homem, como sujeito da história do mundo, portanto, da sua própria história, não poderia constituir-se como tal, se não fosse através do ato comunicativo. O diálogo é condição sine qua non para a realização da comunicação, pois, é por meio dele que o indivíduo vai dar um novo sentido à vida, através dos seus feitos significativos.
Para estabelecer a comunicação, pode-se utilizar uma linguagem verbal ou não-verbal e também recorrer a diversos meios. Para tanto, pode-se valer de instrumentos como o rádio, a televisão, a internet, outdoors e uma variedade de outros recursos que vão viabilizar o processo comunicativo. O importante é que seja dado a cada indivíduo o direito de criar, de transformar e não apenas ser transformado.
Atualmente, com os avanços dos meios tecnológicos, é possível nos comunicarmos com outras pessoas, ainda que elas estejam em lugares por demais distantes. A mídia, de uma forma geral, tem o papel de socializar, posto que propicia ao indivíduo o contato com outras realidades. Todavia, em determinados momentos, ela forja a realidade criando contextos subversivos que não permitem ao receptor portar-se como sujeito ativo, passível de emitir a sua opinião, os seus pontos-de-vista. “ Impedir a comunicação equivale a reduzir o homem à condição de ‘coisa’ (...)”, como já sentenciava o mestre Paulo Freire. Freire, apud Lima ( 1981, p. 23 ).
A televisão, como meio de comunicação, desempenha também a importante função de socializar, de informar, de transmitir cultura. Mas, a partir do momento em que ela priva o sujeito o direito de criação e falsea informações, enganando-o com promessas que hipertrofiam suas emoções e criam desejos e necessidades que beneficiam o consumismo, ela perde a sua essência, pois impõe e induz a crenças, valores e comportamentos condicionados.
O enfoque desse trabalho está voltado para a televisão. Objetivamos, por meio dele, primordialmente, refletir sobre a ideologia dos programas televisivos, em especial aqueles que incitam à erotização e a banalização do sexo. Cremos que esse impacto pode causar danos à aprendizagem e ao pleno desenvolvimento dos estudantes em sua vida acadêmica e estender-se à outras áreas também.
Essa vulnerabilidade à influência da televisão se deve à puberdade que desperta neles o interesse pelo sexo, portanto, uma predisposição a experimentar muitas coisas que provoquem emoções intensas. O contato físico com o outro lhe dá a sensação de que está sendo amado, desejado. Entretanto, se esse contato for precoce e se o conceito de sexo/sexualidade estiver voltado para o uso indevido do corpo do outro como se fosse algo descartável, irá trazer sérios problemas psicológicos, afetivos, emocionais e comportamentais para o adolescente, além da probabilidade de contrair doenças sexualmente transmissíveis e a AIDS.
Daí a importância de desenvolver um trabalho voltado para os adolescentes da cidade de Cruz das Almas, especialmente os que estudam nos colégios Landulfo Alves de Almeida e no Centro Educacional Cruzalmense, os quais, há muito têm sido observado por nós, no que diz respeito ao comportamento, à maneira como agem com os colegas do sexo oposto, reproduzindo falas, postura, modo de se vestir, de se expressar, reproduzindo o que vêem na televisão, dando ênfase toda especial a tudo o que está ligado à sexualidade e o que impele ao sexo. Esses estudantes estão sendo vítimas dos programas de televisão que são exibidos em série e horários inapropriados, os quais veiculam o sexo como fator essencial num relacionamento entre duas pessoas, descartando, dessa forma, características imprescindíveis como o respeito, o carinho, a confiança, a fidelidade e o amor, dentre tantas outras qualidades que elevam o outro como ser humano e não apenas como “objeto de desejo”.
Essa situação tem nos inquietado muito, visto que tais estudantes não sabem como lidar com a sua sexualidade e não encontram apoio na família, tampouco na escola e ainda são contaminados com imagens e discursos que têm como função impor valores. Tudo isso é resultado da indústria cultural que comercializa sonhos e consciências.
O presente trabalho tem uma relevância social muito grande, pois visa contribuir para a formação do caráter e da cidadania dos alunos dos colégios mencionados, visto que, para obtê-los, eles terão que aprender a valorizar o outro. Para exercer a cidadania, é preciso ainda refletir sobre questões como as mencionadas, dentro dos limites e possibilidades para tratá-las, a fim de questionarmos a realidade que está a nossa volta. Daí o tema abordado ser de suma importância na formação ética das novas gerações e da atual, uma vez que pode comprometer o bom desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens.
Esse trabalho está dividido em nove capítulos, sendo que o primeiro visa tratar dos estudos teóricos que serviram de base para a fundamentação desse trabalho.
No segundo capítulo, evidenciaremos os aspectos metodológicos que caracterizam o trabalho, assim como os entraves que surgiram em nossa trajetória para a construção duma pesquisa que nos fornecesse dados suficientemente eficazes na comprovação de nossas hipóteses.
O capítulo seguinte mostra de forma sucinta o histórico da televisão, seu surgimento e o seu rápido desenvolvimento. Enfatizamos ainda nesse capítulo os efeitos “colaterais” que a televisão provoca no indivíduo pelo fato dela se constituir em uma forma totalizadora de comunicação, ou seja, limita a capacidade de uma criação genuína a ponto de aliená-lo.
Salientar que a televisão é fruto de uma ideologia burguesa e capitalista e que, portanto está a serviço do consumismo e de uma pequena maioria, é nossa intenção no quarto capítulo, pois, entendemos que, se o telespectador adquire essa consciência, ele vai estar imunizado contra o discurso persuasivo da TV e não vai ser dominado por esse aparelho, a ponto de incorporar e deixar-se seduzir pelas propostas propagandistas e estereótipos comportamentais. Ainda procuraremos refletir no presente capítulo sobre a ênfase que é dada à sexualidade por meio de propagandas, imagens e palavras que induzem o adolescente ao erotismo.
O capítulo cinco tem por objetivo refletir como a mídia tem se constituindo em referencial de uma cultura que impõe padrões de comportamentos. Apesar do nosso interesse estar centrado na televisão, destinaremos um espaço especial nesse capítulo para falar sobre outros instrumentos da mídia que também exercem influência na vida do adolescente. Tal procedimento serve para tentar mostrar a dimensão do predomínio dos meios de comunicação de massa sobre o adolescente.
Intencionamos no capítulo seis, estabelecer um diálogo sobre a comercialização do sexo via TV e as conseqüências que isso pode provocar na vida de crianças e, principalmente dos adolescentes que são o nosso foco de interesse nesse trabalho.
Para entendermos como se dá essa influência e por que a TV consegue atingir de forma nociva o adolescente moderno, é preciso que compreendamos o processo ao qual ele é submetido social, cultural e psicologicamente, quais as transformações que ele sofre nesse período. Faz-se necessário também uma devida reflexão sobre sexualidade, adolescência, puberdade e suas características, a fim de configurarmos a realidade do sujeito nessa fase tão conturbada. Isso será feito no capítulo sete.
No penúltimo capítulo, procuraremos refletir sobre o papel da escola, o qual, deve ser o de socializar e preparar o homem para exercer a sua cidadania. Refletiremos ainda nessa oportunidade, como a escola tem se portado no que diz respeito à formação de seus alunos e, aproveitaremos para mostrar na prática — pelo menos dentro da nossa realidade – como a escola trata os problemas que afetam sua clientela e, diretamente a ela mesma e também como os alunos, uma vez movidos pelos valores que são veiculados pela TV, acabam sendo prejudicados por causa da omissão da escola.
Finalmente, no último capítulo, evidenciaremos os resultados da pesquisa, faremos incursões na tentativa de justificar algumas atitudes e reações dos entrevistados na explicitação de suas respostas. Não pretendemos com isso enunciar fórmulas mirabolantes ou buscar solucionar as questões levantadas, mas levar à reflexão sobre o tema em discussão. Se conseguirmos pelo menos isso, já estaremos satisfeitos, pois, se refletirmos profundamente sobre um problema, nos conscientizamos da sua existência e prontamente deveremos partir para mudar a realidade. Se pensamos em mudanças, pensamos em nós mesmos, no nosso papel de sujeitos ativos que buscam uma melhor comunicação, uma vez que a realização desta, só é possível à medida em que permitimos ao outro reconhecerem a si próprios como seres inacabados que são, mas capazes de ressignificar a realidade que o cerca.



























BASES TEÓRICAS

Não se pode e nem se deve produzir um trabalho de cunho científico baseado em aspectos puramente empiristas. A pesquisa exige muito mais que hipóteses, requer do pesquisador um aprofundamento do pelo qual ele optou trabalhar. A produção e a utilização do conhecimento não terá nenhum valor se não contribuir para a evolução do ser humano em todos os aspectos de sua vida, em todas as suas dimensões.

1.1. ABORDAGENS SOBRE AUTORES E OBRAS

O presente capítulo constitui numa abordagem sobre os diversos autores e obras pesquisados para dar suporte a esse trabalho, tais como Sigmund Freud, Joan Ferrés, José Rivair Macedo e Mariley W. Oliveira, Jean Piaget e Ciro Marcondes Filho.
Procuramos não limitar nossa pesquisa a um ou dois autores, mas, buscamos mergulhar no estudo do assunto submetido à análise por considerarmos o tema intrigante, polêmico e pertinente à pesquisa, haja vista que há algum tempo vem nos despertando pelo fato de estarmos vivenciando o problema no espaço da sala de aula.
No intuito de conhecer mais sobre o tema em questão, buscamos outras fontes de pesquisa e nos deparamos em nossa caminhada com outros autores. Convém, pois, fazer alusão aos nomes de Ricardo da Cunha Cavalcanti, Michel Foucault, Marta Suplicy, Pablo Gentili, Adilson Citelli e Mikhail Bakthin.
Ferrés, Marcondes Filho e Macedo e Oliveira em suas obras, desenvolveram um trabalho voltado para a televisão, como principal meio de comunicação de massa. Os últimos, apresentam o histórico do rádio e da televisão e, mostram como esses meios tendem a reproduzir a ideologia de uma classe dominante, escrava do capitalismo que controla a sociedade moderna. O impacto causado por esses instrumentos de comunicação é sutil e ao mesmo tempo avassalador. Sutil porque ocorre de forma homeopática, quase que imperceptível, lesando as consciências das pessoas. Avassaladora porque quando as pessoas se dão conta ( quando isso chega a acontecer ) já se tornaram dependentes do aparelhozinho, depositando todas as sua esperanças e emoções, vivendo num mundo irreal, imaginário.
Os outros autores, Ferrés e Marcondes Filho ressaltam também algumas das funções da televisão que coincidem com as descritas acima por Macedo e Oliveira. Ferrés ( 1998 ) vai muito mais além e afirma que a TV cria mecanismos de sedução para atrair o telespectador. Para tanto, as mensagens “não utilizam a via racional, mas a emotiva. Não se baseiam na argumentação, mas no fascínio. Os mecanismos de sedução são a manifestação do domínio da emoção sobre a razão.” ( p. 65 ). Não há como negar o poder e a persuasão que estão implícitos nas mensagens televisivas que propagam a violência, a pornografia, o sexo descomprometido, exploram a dor e o sofrimento alheios e escamoteiam a realidade. Convergindo com o pensamento de Ferrés, Marcondes Filho (1988) enfatiza também o fascínio, modelos e linguagem da TV, a maneira como ela capta as fantasias e as domestica, podendo “limitar a potencialidade inovadora e imaginativa dos indivíduos ( p.29 ). Isso porque o discurso televisivo faz uso de mecanismos da retórica e figuras de linguagem para tornar sua mensagem mais sutil e ao mesmo tempo mais sugestiva; estabelecendo uma relação ente signo e significado, como assinalam Bakthin, apud Citelli ( 1979 ) e Citelli ( 1995 ).

1.2. RELAÇÃO ENTRE SEXUALIDADE E TELEVISÃO

Mas, por que falar de sexualidade quando o assunto em destaque é a televisão ?
Conforme o exposto na introdução, o presente trabalho enfatiza a influência dos programas de televisão que tratam o sexo de forma banal, exibindo o sexo adulto sem nenhum critério para crianças e adolescentes e procura também refletir sobre o comportamento dos estudantes, face ao contato com os programas descritos, concomitante com o surgimento da puberdade. Daí, achamos relevante estabelecer uma conexão entre o adolescente, a sexualidade e o impacto que a televisão provoca sobre ele, uma vez que é justamente nessa fase em que ele está mais suscetível à influências desse tipo, devido à puberdade.
Nos estudos sobre a sexualidade humana, queremos destacar o nome de Freud ( 1997 ) e o seu trabalho pioneiro sobre o assunto, o qual serviu de base para compreendermos mais profundamente quando e como se inicia esse processo desde a fase inicial da vida do indivíduo até atingir a adolescência quando ele vai canalizar a sua libido para outras áreas. Nessa fase , dá-se o período das operações concretas, como afirma Piaget (1998 ), outro grande destaque em trabalhos desenvolvidos sobre o sujeito ( seu desenvolvimento mental, as condutas, o processo de socialização e a vida afetiva ), tudo centrado no psiquismo do indivíduo. Também buscamos apoio nos escritos de Foucault sobre a história da sexualidade e em Marta Suplicy a qual demonstra uma grande preocupação com as crianças e adolescentes que estão sendo atingidos pelos programas de TV que os tem incitando ao sexo precoce, comprometendo assim, o desenvolvimento físico e mental.
Cavalcanti, apud Vitiello( 1988 ), em seus trabalhos sobre a adolescência, faz uma descrição apurada sobre esse período, salientado aspectos psicológicos, sociais e culturais relacionados ao adolescente, os quais estão em sintonia com o nosso ponto-de-vista, pois, como ser humano, ele vai estar inserido numa sociedade, à qual tem raízes culturais, tem costumes, valores instituídos, fixados. Não obstante a isso, tal indivíduo estará sujeito a transformações que afetarão o seu psicológico, interferirão diretamente no seu comportamento e na formação da sua personalidade.
Procuramos, finalmente, fazer uma ponte entre o tema em questão, os problemas resultantes dos abusos da TV, a realidade com a qual nos deparamos e que nos impulsionou a fazer esse trabalho e, nos confrontamos com as leituras de Pablo Gentili, , o qual fala sobre a desordem neoliberal e a masmorra em que caiu a Educação. Esta, cremos que está fadada ao insucesso, a perpetuar a exclusão e legitimar um ideal — caso não nos despertemos para agir com veemência — pois,
“o neoliberalismo ataca a escola pública a partir de uma série de estratégias privatizantes, mediante a aplicação de uma política de descentralização autoritária e, ao mesmo tempo, mediante uma política de reforma cultural que pretende apagar do horizonte ideológico de nossas sociedades a possibilidade mesma de uma educação democrática, pública e de qualidade para as maiorias”. Gentili (1995, p.244 ).
Educar é preparar o indivíduo para exercer a sua cidadania e isso perpassa o espaço da escola, estende-se à família, ao trabalho, ao mundo que nos cerca. Então, a responsabilidade em combater os abusos da TV compete à família, à Escola, e a todos quanto desejarem se engajar nessa luta.












PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa para a realização desse trabalho foi realizada no mês de novembro do ano de 2000, em dois colégios públicos da cidade de Cruz da Almas, sendo que um pertence à rede estadual, cujo nome é Landulfo Alves de Almeida e o outro – o Centro Educacional Cruzalmense – à rede municipal. O primeiro, está localizado próximo ao centro da cidade, porém, possui uma clientela cuja maioria dos alunos reside na periferia. O segundo, localiza-se um pouco mais afastado do centro, todavia, apresenta um perfil bastante heterogêneo. Uma boa parte dos alunos são oriundos de escolas particulares que, por alguns motivos, inclusive financeiros, foram obrigados a freqüentar uma escola pública.
Como trabalho preparatório, subsidiário, assim como propusemos no Projeto de Pesquisa, realizamos em sala de aula palestras e debates sobre adolescência, sexualidade, família, liberdade e outros temas relativos ao mundo do adolescente, sem contudo informar-lhes da nossa proposta com as atividades desenvolvidas.

2.1. INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA

Para dar respaldo ao nosso trabalho, distribuímos questionários aos alunos, seus pais e professores que mantinham contato direto com eles. Também, pretendíamos, por meio dos questionários, investigar como os pais tratam a questão da sexualidade com seus filhos e, por sua vez, como a escola e os professores lidam com essa questão e o que fazem para elucidar dúvidas e estabelecer uma conexão entre ensino-aprendizagem tornando, isso uma extensão na vida do aluno e do mundo que o cerca.
Limitamo-nos a indagar alunos que estavam cursando a 8ª série do ensino fundamental, haja vista que nessa série encontram-se alunos numa faixa etária entre 13 e 18 anos, o que poderia nos dar uma média que varia entre aproximadamente o início e o final da adolescência e também por lecionarmos a alunos da série mencionada, o que facilitou a detectar o problema que está sendo tratado.
Vale salientar que a amostra foi realizada somente com alunos do turno diurno, posto que os do noturno ( Curso de Aceleração ) apresentam um perfil muito mesclado; há muitos jovens e adultos misturados, o que iria descaracterizar a nossa pesquisa, pois, ela está voltada para problemas que ocorrem com adolescentes, mesmo porque a realidade dos estudantes que estudam à noite difere muito dos que estudam durante o dia.
Nas perguntas concernentes aos estudantes, inicialmente, procuramos buscar dados referentes à idade, sexo, a possibilidade deles terem se envolvido sexualmente com alguém; e ainda a possibilidade deles terem se submetido a algum tipo de aborto ( no caso dos entrevistados do sexo feminino ) ou ainda terem incentivado alguma garota a abortar um filho deles ( no caso dos entrevistados do sexo masculino ) e o motivo que provavelmente os tenham levado a agirem desta forma.
Com as duas primeiras perguntas não tivemos problemas, contudo, no que se refere à terceira e quarta, enfrentamos uma certa resistência  o que até um certo ponto é natural — pois, essas são questões muito pessoais para serem confidenciadas a outras pessoas com quem não se tem muita intimidade. Todavia, os estudantes submetidos à amostra foram advertidos de que seus nomes não seriam revelados nesse trabalho. Conhecendo um pouco alguns dos entrevistados, pelo contato do dia-a-dia, pelas discussões e trabalhos sobre o assunto, cremos que eles tenham camuflado as respostas por vergonha, por medo de se exporem, no caso específico das meninas, pois, mesmo vivendo numa sociedade moderna, percebemos que ainda há tabus que não foram quebrados, daí, o receio de admitir um envolvimento sexual por razões sociais, religiosas, familiares, valorativas, etc.. Tal procedimento, certamente comprometeu as respostas e um estudo mais consistente acerca do perfil dos entrevistados.
As perguntas seguintes estabelecem uma relação entre a sexualidade dos entrevistados e informações concernentes ao assunto, a fim de averiguar se realmente a televisão exerce algum tipo de monopólio sobre eles, se os mesmos se sentem atingidos por esse meio de comunicação e também serviu para sondar até que ponto a família participa no desenvolvimento dos adolescentes em assuntos referentes à sexualidade.
No que se refere ao questionário aplicado aos pais de alunos, encontramos alguns obstáculos, tendo em vista que não tivemos a oportunidade de contactar pessoalmente com todos eles; os próprios filhos reforçaram nossas intenções, pois, as informações que enviamos para os pais, por si só não foram suficientes para que entendessem nossa proposta, motivo pelo qual trabalhamos incansavelmente o questionário com os alunos para que eles transmitissem com egurança para os seus pais todas as informações e estivessem dessa forma preparados para elucidar possíveis dúvidas.
Outrossim, os professores que lecionaram nas turmas que serviram de alvo da pesquisa não escaparam de responder um questionário onde revelaram a forma como eles encaram o problema da sexualidade do adolescente. Intentamos descobrir se essa questão deve obrigatoriamente fazer parte do programa da disciplina que ele ensina ou se está autorizado a tratar sobre o assunto, sem que para isso tenha uma formação especial. Indagamos ainda ao professor se ele, juntamente com a escola têm desempenhado de forma satisfatória os seus papéis na formação do aluno-cidadão. Como não era de se esperar, encontramos dificuldades também com os colegas, não no momento em que entregamos os questionários, mas na devolução destes, pois eles simplesmente não se “lembravam” de devolvê-lo ou não “tiveram tempo” de respondê-lo todo.
Mesmo com todas as dificuldades, realizamos nossa pesquisa de campo, enfrentando muitos contratempos, “caras feias”, indisposição de alguns, exceto dos alunos, pois estes estavam eufóricos por se tratar de um tema muito interessante para eles.









A ECLOSÃO DA TELEVISÃO







“Ver televisão é interagir permanentemente com as imagens apresentadas na tela.
a imagem formada não precisa fazer sentido para nós. O que se forma é a imagem, que irá ficar gravada em nossa lembrança, mesmo sem a compreendermos totalmente.”
( Kerckhove )















3.1 – BREVE HISTÓRICO DA TELEVISÃO


O impacto que a mídia produz na sociedade é muito grande. O processamento das informações e a cultura que é difundida por ela têm o poder de transformar a vida das pessoas, positiva ou negativamente.
Com o advento do capitalismo, os meios de comunicação de massa, como o jornal, o cinema, o rádio e a televisão, passaram a reproduzir as criações culturais que eram determinadas pelas empresas que controlavam tais instrumentos de comunicação.
A televisão é um veículo de comunicação por demais persuasivo e destaca-se dos outros porque leva informação ( ainda que direcionada, distorcida muitas vezes ), atualiza e possibilita a criação de uma realidade simulada, contribuindo dessa forma para a quebra do isolamento social. Ela é ainda canal de propagação de ideologias e da indústria do consumismo.
A televisão começou a se expandir de forma assustadora após o final da Segunda Guerra Mundial quando o cinema e o rádio ainda dominavam.
Em 1950, a televisão surgiu no Brasil. Óbvio que não possuía os recursos tecnológicos que possui hoje nem tinha repercussão nacional como o tem na atualidade. Como os aparelhos de TV eram importados, ficavam restritos aos grandes centros industriais urbanos ( Rio e São Paulo ) e à classe média. Somente 10 anos mais tarde é que os aparelhos começaram a ser fabricados aqui no Brasil.
A expansão da TV foi muito rápida , visto que em 1951, havia 3.500 aparelhos, e em 1959, 434.000 . E, em 1980, os números já haviam dado um salto surpreendente, pois chegavam já a 19.600.000 televisores em todo o território nacional. Com a democratização da TV, a maioria da população com baixo poder aquisitivo passou a ter acesso às informações veiculadas através desse aparelho. A partir daí, a televisão se transforma no principal veículo de comunicação nacional, abrangendo todas as facções sociais, indistintamente.





3.2. OS EFEITOS DA TELEVISÃO

A televisão chegou para ficar. Não se pode negar a influência que ela exerce na vida das pessoas, haja vista que por meio dela são estabelecidas novas formas de relações sociais, novos hábitos culturais, padrões lingüísticos, novos comportamentos, novos estilos de vida.
Como fica um telespectador diante de um aparelho de televisão?
Segundo pesquisas realizadas por Krugman, apud Valdemar W. Setzer ( 2000, p.01) um telespectador submetido a um eletroencefalograma assistindo TV fica num estado de desatenção, de sonolência; é o que poderia se chamar de estado semi-hipnótico ( é comum qualquer telespectador entrar nesse estado num tempo de meio minuto). Então, uma pessoa normal diante da televisão perde praticamente o controle de seus sentidos, exceto da visão e da audição, os outros e o seu físico estão quase que inertes “... não há tempo para raciocínio consciente e para fazer associações mentais, já que os dois são muito lentos” ( Setzer, 2000, p.02).
A literatura, o teatro, o rádio, a pintura abstrata, etc., são formas de comunicação que pela própria natureza, são parciais, ou seja, dão oportunidade para o leitor, telespectador ou apreciador ― a depender do meio de comunicação ― para criar em sua mente símbolos, elementos, imagens, ampliar horizontes, fazer uma viagem imaginária livremente, sem imposição de regras ou limites.
O mesmo não ocorre com a televisão, a qual se constitui numa forma totalizadora de comunicação. “ Diferentes das parciais, que são capazes de prolongar o imaginário do receptor, as formas plenas de comunicação não se detêm no conhecido, ou seja, introduzem novos modelos, novos conceitos, novas imagens. O efeito é subverter ou consolidar o imaginário do receptor.” ( Marcondes Filho, 1988, p. 27 ). Esse tipo de comunicação castra, tolhe o telespectador, poda a sua capacidade de criar, de emitir pontos-de-vista e criticar.



















LINGUAGEM E IDEOLOGIA DA TV









“Hoje a televisão tornou-se o instrumento privilegiado de penetração cultural, de socialização, de formação de consciências, de transmissão de ideologias e valores, de colonização.”
Joan Ferrés













4.1- O DISCURSO PERSUASIVO

A arte da retórica tem suas origens na Grécia antiga onde a preocupação em manejar com habilidade as palavras e dominar as formas de argumentação a fim de persuadir o receptor a uma determinada verdade, era quase que uma obrigação, afinal, o domínio da palavra implicava em poder. “O exercício do poder, via palavra, era ao mesmo tempo uma ciência e uma arte, louvado como instância de extrema sabedoria ( ... ) (Citelli, 1995, p. 9 ).
O discurso persuasivo se apóia em recursos retóricos com o objetivo de convencer e/ou modificar atitudes e comportamentos previamente estabelecidos. Tais comportamentos vão sendo moldados de acordo com a “verdade” que é imposta, de acordo com a ideologia que cada um propõe.
A questão ideológica está ligada à relação do significante e significado, como afirma Bakthin ( 1995 ). Portanto, signo e ideologia, mais especificamente, mantêm uma estreita relação, pois, :
“ Um produto ideológico faz parte de uma realidade ( natural ou social ) como todo corpo físico, instrumento de produção ou produto de consumo; mas ao contrário destes, ele também reflete e refrata uma outra realidade, que lhe é exterior. Tudo que é ideológico possui um significado e remete a algo situado fora de si mesmo. Em outros termos, tudo que é ideológico é um signo. Sem signos não existe ideologia”. Bakthin, apud Citelli ( p.27 ).
A televisão, com suas imagens ( signos ) e seu discurso ( significante ), não foge à regra, ela está à serviço de uma instituição ideológica e exerce um alto grau de persuasão, reflexo de uma ideologia dominante que cada vez mais está interessada em alienar as pessoas, fazendo com que elas não tenham consciência da verdade, das relações de poder que estão por “trás” das palavras.
O discurso televisivo é camuflado. Os textos são altamente convincentes, imbuídos de várias figuras de linguagem como metáforas, comparações, hipérboles e eufemismos, a fim de dissimular as verdadeiras intenções, favorecendo desta forma, o consumo e advogando os interesses burgueses. Assim, implícita e sutilmente nos impõem o que devemos fazer, querer, optar, transformando coisas supérfluas em necessidades. O discurso persuasivo torna-se prejudicial quando não nos dá o direito de escolha, quando viola os direitos do cidadão.
A publicidade veiculada pela TV é objetiva, direta, simples e intenciona sempre vender o seu produto sem se importar com os meios utilizados para convencer o consumidor. Para isso, ela usa e abusa de mecanismos que remetem às emoções, ao inconsciente, ao psiquismo humano.
Um dos mecanismos utilizados pela publicidade para conseguir persuadir o consumidor é a verossimilhança, ou seja, a criação de algo que se pareça com a verdade, com a realidade das pessoas, ou melhor, com o mundo que elas gostariam que existisse.
Para construir seu texto, a publicidade vai se apoiar em recursos da retórica como o raciocínio apodítico, dialético e o retórico. O primeiro tem como função apresentar uma verdade inquestionável, usurpando assim, o direito do telespectador contestar qualquer coisa. O segundo estabelece uma relação dialética, contendo a verdade final desejada pelo emissor, fazendo uso das comparações a fim de chegar a melhor e a ideal. E, por fim, o raciocínio retórico mostra evidências, cria provas para confirmar o que se está expondo .
A título de ilustração, vejamos um exemplo: nas propagandas de creme e shampoos para cabelos sempre aparece uma mulher bonita, de boa aparência e com os cabelos muito bem tratados anunciando um determinado produto. A conclusão é sempre a mesma: a mulher que usar o produto que está sendo anunciado ficará com os cabelos tão bonitos ou iguais aos da modelo. Só nesse comercial está explícito os três tipos de raciocínio: o apodítico  os cabelos da modelo que por si só, já evidenciam os resultados, o dialético  mostrando que se o telespectador/consumidor utilizar o produto obterá cabelos bonitos, melhores que os que possui no momento e o raciocínio retórico  a prova é a imagem da modelo exibindo os cabelos “tratados” com o produto do anúncio.
O que se pode perceber é que por trás das imagens fascinantes e do discurso bem elaborado da TV, há um processo catequético, cujo fim último está a serviço do consumismo; é o valor mercadológico que está em jogo; é o processo da compra e venda: compra-se consciências e vende-se produtos, comercializa-se “informações”.




4.2 - O PROCESSO DE TRANSFERÊNCIA DA TV

Uma das características da TV é a sedução, é a naturalidade com que ela fascina o telespectador, afetando o seu subconsciente, induzindo-o a fazer projeções de si mesmo de forma arbitrária e inconseqüente, ou seja, ela faz com que o indivíduo projete a sua imagem nos modelos bem vistos, apresentados pela TV. Um exemplo claro disso, são as propagandas de cigarros em que aparecem sempre figuras apresentáveis, bem sucedidas; isso faz com que a maioria das pessoas associem o cigarro ao sucesso, a uma imagem que dá um certo “status” social, ainda que no final dessas propagandas venha escrito ( com letras pequenininhas ) a advertência do Ministério da Saúde mostrando que o fumo é prejudicial.
A principal estratégia da TV é o jogo das palavras, seguidas de imagens que criam na mente do indivíduo um mundo fantástico onde só tem espaço para o grandioso.
O cerne do problema não está em oportunizar o acesso a um mundo imaginário, cheio de sonhos e sim, em jogar com o psíquico pela via das emoções, fragmentando a realidade, impedindo o indivíduo de transportar para o mundo real as fantasias criadas. Como isso é feito por meio das emoções, acaba impedindo-o de portar-se de forma mais reflexiva, uma vez que lhe é negado a participação ativa no processo comunicativo.
Não se pode falar em finalidades propagandistas sem mencionar o processo de transferência a que a TV expõe o telespectador, uma vez que as propostas mexem com o psicológico das pessoas, revelando-lhes um mundo de sedução e estereotipia.
Os produtos anunciados não se restringem a meros produtos, eles criam alma, sentimentos e poderes suficientes para persuadirem as pessoas a adquiri-los. As propagandas fazem uma espécie de lavagem nos telespectadores, introjetando em suas mentes “necessidades” várias para que desta forma consumam o que lhes é apresentado. Dois exemplos já antigos que podem corroborar com o que estamos nos referindo são as propagandas do Batom Garoto e da Bicicleta Caloi. No primeiro, a mensagem dizia: “ Compre batom, seu filho merece batom ! ”. Claro, que a ênfase que era dada não era a um chocolate de qualquer marca, mas da marca Garoto e isso era repetido várias vezes como se realmente fosse uma lavagem cerebral. Com isso, despertava nas crianças a vontade de experimentar o produto e sensibilizava os pais a comprá-lo, como forma de satisfazer uma pseudo-necessidade dos filhos.
O outro exemplo, o da bicicleta, consistia também em uma criança colocar o lembrete em todos os lugares possíveis onde seu pai pudesse ver as seguintes palavras: “ Não esqueça a minha Caloi ! ”. Inserida nessa propaganda está uma figura de linguagem denominada metonímia que consiste em colocar a marca em lugar do produto. Obviamente que os publicitários que criaram a propaganda o fizeram intencionalmente, pois objetivaram anunciar uma marca específica, uma vez que há várias marcas de bicicleta no mercado, mas o interesse se concentra em vender a marca Caloi, não qualquer marca.
Há um velho slogan que diz que “a propaganda é a alma do negócio”. Assim ocorre com o capitalismo e o interesse mercadológico, o produto adquire alma e penetra no imaginário das pessoas. Desta forma,
“procura-se conferir personalidade ao produto para que o consumidor adquira personalidade através do produto. Procura-se transformar o produto em um símbolo que permita identificar-se com um grupo social assumido como referência, ou sair de um grupo social para tomar como referência um grupo social de nível superior.” ( Ferrés, 1988, p. 206 ).
É a ideologia burguesa implícita na publicidade procurando elevar a cada dia a auto-estima das pessoas, fazendo com que elas associem o sucesso ao produto anunciado para que assim ele seja vendido. “Consomem-se símbolos mais do que produtos. Ou consomem-se produtos porque precisa-se de valores que eles simbolizam. E este simbolismo é, além de artificial, inconsciente e, muitas vezes, irracional.” ( idem )
As relações entre imagem e poder estão muito acentuadas na atualidade, bem mais que outrora. Hoje, através da televisão se projeta mundos, pessoas comuns, políticos; cria-se estrelas da noite para o dia. Como resultado dessa promoção tem-se a fama, a riqueza e com eles, o poder.
O discurso da TV é unidirecional e impositivo à medida que priva o telespectador o direito de opinar e de estabelecer uma comunicação efetiva; tal discurso não apenas reflete uma ideologia fascista, burguesa e neoliberal. mas legitima-a através das “informações” por ela veiculada.
O que nos inquieta é a repercussão desse predomínio da TV na vida do adolescente, tendo em vista que, pela sua imaturidade psicológica, acaba se deixando levar pelos abusos da mesma. Além disso, e o que é pior, é a imposição de valores a que a TV submete as pessoas; é a imposição dos modismos, é a perversão sexual, são os estereótipos em relação às mulheres ( as que seduzem, as submissas, etc. ). Em suma, são os conceitos que os adolescentes acabam fazendo de si mesmos e dos outros, influenciados pela cultura desse meio de comunicação.
Poderíamos citar apenas como exemplo o programa Malhação, o qual é exibido pela Rede Globo de segunda à sexta-feira, no final da tarde e tem uma temática voltada para adolescentes. Esse programa, mostra adolescentes bonitos, cheios de vida e de muita permissividade. Os valores veiculados por aqueles personagens conseguem alcançar muitos adolescentes, devido ao processo de identificação entre eles ( a fase que estão atravessando, faixa etária, namoros, relacionamento com os pais, paixões, sexualidade, enfim, toda a problemática de um adolescente ). Porém, tal programa exibe cenas de sexo ( as transas dos adolescentes ) que já se tornaram comuns no horário da tarde. São personagens que, no excesso de “modernidade”, aceitam que o seu namorado seja “socializado” com as amigas, contanto que ele saiba dividir o tempo para elas. Este é só um exemplo de como os padrões são lançados aos jovens sem nenhum critério, sem nenhum cuidado e o que é pior, eles acabam incorporando tais padrões sem perceber e achando tudo natural porque “na televisão todo mundo faz”. Ademais, a TV é um referencial para o público infanto-juvenil.
Ocorreu uma experiência com uma aluna nossa que nos revelou que estava traindo o seu namorado com outro rapazinho também da idade dela. Ela já havia incorporado os conceitos feministas da igualdade de direitos, só que, de forma deturpada, pois, afirmava ela, que, aos homens é dado o direito ( não sabemos qual a lei que instituiu isto ) de ter várias mulheres e que, portanto, ela queria também usufruir dos mesmos direitos, ou seja, o “direito” específico de ficar ao mesmo tempo com dois namorados. Acreditamos que, possivelmente, isso seja reflexo da televisão, das novelas que exibem cenas de sexo, de infidelidade, de violência, de degradação da família e falta de respeito, à medida em que estimula os telespectadores com as imagens de forma muito natural, como lhe é peculiar. Muito raramente uma adolescente fica grávida na televisão e se o fica, não enfrenta as dificuldades da vida normal; raramente adquire DST ou mesmo AIDS. Quando a televisão trata o assunto ( quando isso acontece ) é de forma muito fantasiosa.
Como exemplo claro da mascaração da realidade veiculada pela TV, podemos citar a personagem Capitú da novela “Laços de Família”, vivida por Giovanna Antoneli, a qual representava o papel de boa moça, bem aceita pelos amigos os quais encaravam suas atividades como sendo algo legal, como outras atividades quaisquer. O problema é que a televisão omite o lado ruim da realidade, as humilhações, os dissabores, as dificuldades. Ela fragmenta e descontextualiza a própria realidade. Convém salientar que não estamos querendo incitar ao preconceito contra as prostitutas, ( as quais têm a sua profissão reconhecida ) mas estamos querendo chamar a atenção em relação à forma como a televisão trata os problemas, como ela camufla a realidade, dando-lhe uma roupagem que lhe é conveniente, esquecendo-se das dimensões que pode atingir tal procedimento.
Faz-se necessário enfatizar — e é justamente o que estamos querendo neste capítulo, por isso, julgamos importante refletir sobre o poder persuasivo da TV, inicialmente — que os modelos criados pela televisão podem incitar os adolescentes a copiá-los, a incorporá-los, devido ao processo de associação ou transferência. Esses exemplos
“ se completam quando tudo o que a estrela e o personagem representam é transferido para a própria vida do espectador. É que é um novo processo de transferência, o que vai da associação da beleza física à beleza moral, de maneira que se acaba assumindo o que a estrela representa ética e ideologicamente a partir do que representa emocionalmente.” ( Ferrés, 1998, p. 125 ).
A televisão não perder de vista a sua função de propagar a cultura e, como meio de comunicação que é, não pode contribuir para a quebra da identidade cultural, dos elementos culturais. Ela não pode transformar os fatos sociais em produtos culturais.
Afinal, que cultura é esta? A televisão é ou não é um veículo de propagação de cultura ?
É preciso, portanto, repensar essa questão para que a televisão não seja um canal de deformação do comportamento juvenil, ao invés de servir-lhe de paradigma.


























A MÍDIA COMO REFERENCIAL DE UMA CULTURA ALIENANTE



“Quando nascemos fomos programados
a receber o que vocês nos empurraram (...)
somos os filhos da revolução
somos burgueses sem religião nós somos o futuro da nação
geração coca-cola
Renato Russo















5.1. OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA

Não há como negar a importância dos meios de comunicação de massa. Através deles somos transportados para os lugares mais longínqüos e inimagináveis. Eles são uma forma de socialização, pois acabam mostrando outras realidades do mundo que nos cerca.
A própria etimologia da palavra comunicação já nos remete a algo que deve ser comum entre emissor e receptor. Para o ato comunicativo se efetivar de fato, faz-se necessário uma inversão de papéis, pois é essa troca que irá legitimar a comunicação, pois, para provar que conseguiu decodificar a mensagem, o receptor irá assumir o papel do emissor e vice-versa. Só assim poderá produzir um diálogo em que evidencie um conhecimento ao mesmo tempo em que estará ressignificando-o. É através do próprio ato comunicativo que o sujeito irá ( re ) elaborar a sua mensagem.
Paulo Freire afirma que
Comunicação ( é ) a co-participação dos sujeitos no ato de pensar... implica numa reciprocidade que não pode ser rompida. O que caracteriza a comunicação enquanto este comunicar comunicando-se, é que ela é diálogo, assim como o diálogo é comunicativo. ( Freire, apud Lima, 1981, p.23).
Se não houver a interação e a participação entre os interlocutores, as palavras vão resultar num monte de coisas sem significação e se esta se esvai, já não há mais a essência do ato comunicativo.

5.2. A CULTURA MUSICAL ERÓTICA

Cremos que os meios de comunicação foram criados para serem uma extensão do diálogo entre os homens. Porém, o que estamos constatando é que eles perderam a sua função; transformaram-se em instrumento de alienação e transmissão de uma cultura vazia que objetiva perpetuar interesses capitalistas que estão voltados para mercantilizar coisas e pessoas. Dessa forma, enfatiza a separação da sociedade em classes: uma burguesa ( dominante ) e a outra oprimida ( dominada ). Para tanto, a classe dominante utiliza mecanismos para reforçar a fragmentação social e um deles é a propagação de uma cultura de massa empobrecida e alienadora, uma vez que priva o receptor de exercer o seu direito, o seu papel de ( co ) participante do ato comunicativo. Isso ocorre na medida em que não lhe é permitido desenvolver o diálogo. Automaticamente, este é substituído por monólogos maniqueístas, pretensiosos e unilaterais.
A mídia está aí para comprovar. A título de esclarecimento, poderíamos citar as músicas que são tocadas na maioria das emissoras de rádio brasileira, as quais apresentam letras vazias que não traduzem outra coisa a não ser a exaltação da “bunda”. Parece que estamos na era da “bundialização”, pois, de uma hora para a outra, essa parte do corpo passou a ser mais cotada que o dólar. Hoje, temos a cultura da bunda; ela gira, vai para cima, para baixo, para o lado..., vai para o seguro, capas de revistas, para a televisão, enfim, essa parte do corpo roubou o lugar de outras coisas mais importantes. A inteligência, por exemplo, parece que desceu para a parte localizada um pouco abaixo da cintura. Há uma ênfase muito grande ao corpo, à erotização, ao sexo! Podemos notar tal fato nas letras das músicas, nos grupos musicais, na publicidade, na televisão, em todo o campo de atuação da mídia.
Se pararmos para analisar algumas músicas que estão nas paradas de sucesso, perceberemos como a falta de uma produção cultural verdadeira está refletida em suas letras. Então, observemos a letra da música “A Tremidinha” do grupo de pagode Boquinha da Garrafa:
A TREMIDINHA
Já deu em cima
Já deu em baixo
Já foi pro lado
Já foi pro outro
Mas aqui no meio
Você não quer dar

Dá no meio, dá no meio
Dá no meio que eu quero vê
Dá no meio, dá no meio
Vem aqui no meio e você vai tremer.

Ainda podemos analisar trechos de outras músicas, desta feita, do grupo “É o Tchan” e do grupo “Terra Samba”, respectivamente, onde fica evidenciado a importância que é dada à eroticidade, revelado dessa forma nas letras das músicas um apetite sexual insaciável, uma inclinação para tudo o que está relacionado ao sexo:

É O TCHAN
( ...) segure o tchan, amarre o tchan (...)
tudo o que é perfeito a gente pega pelo braço
joga lá no meio, mete em cima, mete embaixo
depois de 9 meses, você vê o resultado.


O GATO COMEU
(...) Cadê a boquinha da Marilú ?
O gato comeu.
Cadê o queixinho da Marilú ?
O gato comeu (...)
Cadê os peitinhos da Marilú ?
O gato comeu.

Não podemos ocultar o apelo sexual implícito nas letras dessas músicas, é como se tudo girasse única e exclusivamente em torno do assunto. Obviamente que isso irá causar uma hipererotização em crianças e adolescentes. Só o fato deles estarem convivendo com essa cultura já resultará num processo de internalização, na supervalorização do sexo, do apropriar-se do corpo do outro, o que é pior, na desvalorização da mulher, pois, o que é exaltado nas letras das músicas é a figura da mulher, das partes sensuais do seu corpo. Tal fato, não se constitui em novidade para ninguém, uma vez que basta ligarmos a televisão em qualquer hora do dia que nos deparamos com o nu, com o sexo adulto mostrado sem critérios para o público infanto-juvenil.


5.3. A PUBLICIDADE EROTIZADA

No Brasil, a mídia de uma forma geral trabalha em cima do erótico. Basta observarmos os outdoors, os cartazes, a internet, as capas de cadernos, as propagandas da televisão e revistas ( inclusive as de moda, ), que trazem em seu bojo uma linguagem metafórica carregada de insinuações, assim como os gestos sensuais e os objetos com suas variadas formas sugerindo idéias picantes, que, segundo as teorias freudianas poderiam representar um processo inconsciente de condensação.

Fonte: Revista Nova Escola, dez. 1998

E por que não mencionar os grupos do tipo “É o Tchan”, “Companhia do Pagode”, “Gangue do Samba” e tantos outros com suas danças, simbolizando o próprio ato sexual ? Tudo isso reflete a banalização do sexo, a imposição de valores, a domesticação da fantasia. Através dessa hipererotização, como afirma o filósofo francês Jean Baudrillard,
“ocorre a antecipação do sexo morto na sexualidade viva: não se trata do sexo mas do sexual em demasia. É a ginástica simuladora do ato sexual que, na verdade, tentando reproduzi-lo, o mata O rebolar, o remexer das partes sexualizadas (nádegas, seios, vagina ) e a simulação do próprio ato sexual tornam-se caricaturais. O que é belo e prazeroso, quando transformado em espetáculo para excitar as massas, estimulando a masturbação, reduz-se a um gesticular mecânico, automático, repetitivo e vazio. É a mesma lógica do filme pornô.” ( Baudrillard, apud Marcondes Filho, 1988, p. 32 ).
Antigamente as pessoas tinham padrões de vida mais definidos, pautados nas normas da moral e dos bons costumes. Os princípios sociais eram mais definidos, havia uma preocupação com os padrões éticos e até culturais, numa dada medida.
Depois da Industrialização e, conseqüentemente com o advento do capitalismo, ocorreu uma ruptura na sociedade, explodindo numa crise de valores que alcançou os vários seguimentos sociais dentro de diversas perspectivas: no âmbito da religião, da educação do trabalho, do lazer e do sexo . A noção de mercado atingiu a sociedade mudando comportamentos e impondo novos padrões sociais. Os meios de comunicação não poderiam escapar a essas transformações. Acabam, pois, refletindo a ideologia que se sobrepõe na sociedade moderna. É a indústria cultural presente em cada seguimento da sociedade.
Marcondes Filho ( 1988 ) enuncia que a indústria da comunicação está transformando “ ‘matérias-primas’ ” locais em produtos culturais industrializados e estes em mercadorias de consumo fácil e ligeiro (...)”. A idéia de mercantilismo tomou conta das pessoas; parece que a mídia só pensa em vender: vender produtos, vender valores, vender “cultura”, vender, vender e vender. Já não há mais a noção de identidade e produção cultural, de criatividade, de diálogo, de significação como diz Freire ( 1988 ), e acrescentamos, de ressignificação. A ênfase da mídia está voltada para o consumismo. Além do mais, tem que produzir o que dá retorno financeiro, o que o povo gosta, ou aprendeu a gostar pela imposição, seguida da acomodação.
O mercantilismo está chegando aos extremos. Com o objetivo de vender, muitos empresários chegam a transgredir valores sociais em nome do lucro. É possível comprovar isto, quando pegamos os cadernos de alguns alunos nossos e nos deparamos com capas que incitam ao sexo, à proporção em que exibem jovens em posições eróticas e sensuais em cadernos com a “Tiazinha”, a Carla Perez, as louras do “É o Tchan”, a “Feiticeira” e também com atores e modelos que estimulam as fantasias dos adolescentes . São estes materiais que os estudantes estão levando para a escola ( vide anexo ).
É comum abrirmos uma revista informativa e nos depararmos com propagandas como por exemplo de adoçantes ( vide em anexo ) exibindo casais em posição do próprio ato sexual. Por que utilizar este recurso, se a propaganda é de adoçante?
Uma matéria recente, da revista Istoé, publicou uma reportagem em que mostra como as empresas de cervejas do Brasil estão dando uma nova cara as suas campanhas de cerveja. A nova estratégia foi substituir os “amigos” e “baixinhos” por musas seminuas: foi um sucesso! Tanto é que as modelos estão sendo promovidas, ficando famosas e algumas, a exemplo de Luize Altenhofen que, depois de ter feito três comerciais de cerveja e várias capas de revistas ( faturando cachês de até R$50 mil por campanha ), se transformou em apresentadora de um quadro do “Domingão do Faustão”. Nada disso seria possível, não fosse a mídia. Interessante como a mídia consegue dar um novo rumo à vida das pessoas. Ehr Ray, diretor de criação de uma empresa publicitária, referindo-se à rápida ascensão das modelos por meio das propagandas de cervejas, traduz a influência da mídia nessas palavras: “Nós, publicitários, apresentamos a menina para a sociedade e a mídia a abraça. De tão expostas, elas viram referência de padrão de beleza.”
Quando se faz uma análise fria e superficial ou quando não se tem conhecimento dos verdadeiros objetivos da mídia, não é permitido enxergar as coisas dentro de um outro prisma que não seja a valorização do belo, do fascinante. Tampouco é possível perceber o poder que a mídia exerce sobre as pessoas, principalmente sobre os adolescentes que ainda não têm maturidade suficiente para discernir certas coisas, os quais ainda estão buscando um referencial, uma identidade própria.

























A TELEVISÃO E A COMERCIALIZAÇÃO DO SEXO







“O que é belo e prazeroso, quando transformado em espetáculo para excitar as massas (...), reduz-se a um gesticular mecânico, automático, repetitivo e vazio.
Ciro Marcondes Filho















6.1. TV E SEXO

Um dos fatores que tem atingido o adolescente atual é a mídia, especialmente a televisão.
Se pararmos para observar a programação exibida pela TV brasileira, perceberemos que ela, em sua maioria está voltada para a exploração da sexualidade; não para a sexualidade séria, para o sexo comprometido, mas para uma erotização exacerbada e para a banalização do sexo, sobrepondo todos os conceitos, valores e padrões de comportamentos instituídos pela família. O grande problema é que exibem o sexo adulto para crianças e adolescentes em qualquer horário quando estes ainda não estão preparados para essa realidade. De acordo com os psicólogos, o excesso de estímulo sexual na infância pode deslocar para a sexualidade toda a sua afetividade. O problema agrava-se mais ainda na adolescência quando pode ocorrer um efeito contrário, pois nesta fase, quando os impulsos conduzem naturalmente para a sexualidade, a criança poderá lidar com questões sexuais de maneira errada e precipitada, correndo o risco de contrair doenças e de desenvolver relacionamentos pouco afetivos.
A chegada da puberdade coincide com a adolescência, o que faz com que muitas pessoas confundam-nas. Isso porque na puberdade  devido aos fatores biológicos  o corpo do adolescente apresenta consideráveis transformações como o aparecimento de espinhas, nascimento de pêlos na região púbica; o corpo do menino começa a ficar mais musculoso e a voz se torna mais grossa; na menina também é nítida as transformações pois elas começam a desenvolver os quadris, os seios, surge a menstruação e com ela a possibilidade de procriar. Tais transformações  e tantas outras indicam que está iniciando-se o amadurecimento do aparelho reprodutor do adolescente.
Nessa fase em que os hormônios estão em transição exige-se muito cuidado pois, como já ficou claro, as mudanças não são só a nível biológico, mas emocional, social e psicológico. Com a maturidade genital o adolescente é estimulado a relacionar-se com o outro sexo e com isso nasce a possibilidade ( vale repetir ) de contrair doenças e, no caso da menina, uma gravidez indesejada.
Como dissemos anteriormente, o adolescente não é um ser fragmentado, ele é um ser integral, por isso vai ser afetado pelas imagens e pelo discurso da TV, sobretudo por causa da sua imaturidade psicossocial.
Aos donos de emissoras, pouco importa as influências que esse meio de comunicação possa gerar no público infanto-juvenil; a eles importa apenas o ibope, o consumismo, a audiência.
Preocupados com esse assunto, alguns psicanalistas, educadores e psicólogos, a exemplo de Marta Suplicy que, junto com outros profissionais criaram o programa Tver para tentar conter a massificação da publicidade e da televisão voltados para o público infanto-juvenil. Esses profissionais estão fazendo um trabalho com o intuito de mobilizar as autoridades para tentar controlar o bombardeio desses programas que veiculam o “sexo livre” em detrimento do sentimento amoroso, cercado de carinho e respeito pelo ser humano.
A dimensão que a mídia, especialmente a televisão e a literatura perniciosa têm alcançado, manipulando os adolescentes chega a ser preocupante.
Sem querer fazer uso da repetição, mas utilizando o recurso da ênfase, queremos deixar claro que o cerne do problema está na forma como a TV comercializa as imagens, como ela impõe padrões de beleza, exibe jovens esbeltos, bonitos, sempre sorridentes e felizes como se tudo na vida fosse um “mar de rosas” e como se todos os telespectadores devessem seguir esses modelos. Isto é o que incomoda , pois na verdade o que está por trás de tudo isso é a indústria do consumismo e do ilusionismo.


6.2 - A INSATISFAÇÃO COM A TV

A insatisfação com os programas de TV é um tema que vem sendo muito discutido hoje em dia na própria TV, nos jornais, em palestras e tem preocupado não só especialistas na área de comunicação e psicólogos, mas também famílias e o próprio governo em decorrência da mobilização popular.
Marta Suplicy, num artigo que escreveu a respeito dos direitos dos telespectadores, faz alusão a uma pesquisa realizada pelo IBOPE sobre a televisão, solicitada pelo Ministério da Justiça a qual apresentou resultados que já são notórios, confirmaram apenas o que já é perceptível: a televisão está exagerando nas cenas de sexo e a sociedade exige um maior controle sobre o que é exibido por ela.
A televisão tem sido palco de violência, de humilhações constantes de pessoas doentes, debilitadas que se submetem às mais terríveis situações em troca de uma ajuda; tem sido cenário também de perversão sexual com cenas de striptease, de sexo explícito em horários inapropriados que prejudica crianças e adolescentes.
A psiquiatra Ana Olmos conta que um paciente seu, uma criança de apenas 8 anos de idade, filhos de pais de classe média foi ao seu consultório porque não conseguia dormir. Ela descobriu que o menino ficava assistindo a um programa de sexo explícito numa TV por assinatura; quando não podia assistir, gravava. Resultado: ficou doente porque não conseguiu realizar o que via no filme, ele estava muito excitado, reflexo do que andava vendo, “não tinha aparato físico para satisfazer seu desejo” ( Revista Educação, 1999, p.36). Esse tipo de programação exibida prejudica o desenvolvimento cognitivo da criança porque está voltada apenas para interesses comerciais, lucrativos e não para o desenvolvimento do senso crítico e do raciocínio, não corresponde de maneira alguma ao estágio em que ela se encontra.
Brasil inteiro pôde ver no Domingão do Faustão a “mulher-sushi”, deitada, nua, apenas coberta por comida japonesa, a qual induzia os homens a provarem um pouco “da sua comida”; isso numa tarde de domingo . E o que dizer das meninas do É o Tchan, de Carla Perez e as de outros grupos de pagode com seus rebolados sensuais insinuando o ato sexual ? E a banheira do Gugu? E a Tiazinha e a Feiticeira com seu masoquismo? Teríamos outros tantos exemplos para citar mas cremos que esses são suficientes para levar-nos à reflexão sobre o assunto em questão.
Esse tipo de programação exibida pela TV é prejudicial ao desenvolvimento cognitivo da criança porque está voltada apenas para interesses comerciais, lucrativos e não ao desenvolvimento do senso crítico e do raciocínio.
Quanto ao adolescente, este será também afetado porque não será capaz de investir libido em outras áreas que não seja a sexual. Ele precisa passar pelo processo que a Psicanálise chama de sublimação, ou seja, precisa transferir a sua energia sexual para fins não sexuais e importantes a fim de que ele tenha uma vida equilibrada.
A televisão tem o poder de inculcar na mente das pessoas uma realidade fragmentada e descontextualizada; ela transmite informações e imagens que lhe são convenientes e o que é mais grave, apenas sob um ponto de vista, impedindo desta forma que o telespectador tenha uma outra visão dos fatos ou das informações, apresentadas. A televisão configura a realidade de uma forma muito sutil e atraente fazendo com que as pessoas percam a capacidade de discernir as informações pois ela mexe com as emoções do telespectador, com a sua auto-imagem, com a sua personalidade, com a projeção da sua imagem com base na realidade que ele vê na televisão e que a partir desta, o indivíduo irá projetar a sua imagem interna.
Então, o que dizer dos adolescentes que não alcançaram a maturidade psicossocial? Como fica sua mente? Será que realmente ele pode ser influenciado por esse aparelhozinho que é a televisão?
É perceptível essa influência à medida que nos dispomos a observar a forma como o adolescente se comporta, copiando o que vê na TV, seja em relação à moda, linguagem ou em relação ao sexo.
Podemos socializar uma experiência que tivemos em sala de aula quando estávamos discutindo sobre sexo/sexualidade com alguns dos alunos submetidos à pesquisa. Dizíamos, naquela oportunidade que o adolescente é um ser indeciso, inconstante e que por isso, dentre outros motivos, está sujeito a influências externas. Perguntamos então aos presentes, se tal afirmativa era verdadeira e eles responderam que sim. Diante de tal resposta, solicitamo-lhes que citassem alguns exemplos que pudessem representar essa influência. Dentre os exemplos citados estava a televisão com sua variada programação, inclusive os filmes pornôs. Fomos mais adiante e questionamos que, se esse tipo de programação influenciava de forma negativa como eles próprios haviam afirmado, se era prejudicial, por que eles assistiam? Então, um aluno respondeu-me com uma outra pergunta surpreendente, à qual vamos transcrevê-la literalmente como ele o fez: “ — Professora, a senhora está estudando, está se graduando para cada dia aprender mais, não é?” Respondemos que sim. Daí, então ele justificou: “Assim somos nós. Sabemos que esses filmes são prejudiciais mas assistimos para nos graduar.” Em sexo? Perguntamo-lhe e ele respondeu que sim. Nada poderia exprimir com tanta profundidade o grau de influência da TV na vida do adolescente do que um depoimento dele próprio. A verdade é que ele mesmo reconhece que é estimulado, erotizado por esse meio de comunicação, porém, não consegue resistir aos seus impulsos internos e às imagens e discursos persuasivos veiculados pela TV.
Para perceber a dimensão dessa influência na vida do adolescente, convém que reflitamos um pouco sobre a adolescência, a fim de entendermos o que se passa com o indivíduo nessa fase, como ele se comporta psicológica, social e biologicamente.




















ADOLESCÊNCIA





“Quando eu amo eu devoro
todo o meu coração
Eu odeio, eu adoro numa mesma oração”
Chico Buarque









7.1 . CARACTERÍSTICAS

A adolescência é um período crucial na vida de todo ser humano. Esse período é marcado por contradições, angústias, novas emoções, ambivalências. É a fase em que o indivíduo é cercado por uma diversidade de situações e transformações que definirão sua personalidade.
Após a fase denominada de fase de latência que Freud situou entre o final da primeira infância e o começo da adolescência, a criança ingressa no mundo das subjetividades, das operações formais como afirma Piaget. ( 1999, p.60 ).
O termo adolescência ( período que vai dos 11 aos 18 anos — limite cronológico variável, a depender do país, da cultura e até de autores que enfocam o assunto ) é muito recente, faz parte da modernidade, da ocidentalidade e marca a passagem da criança ao mundo adulto.
A adolescência ocasiona mudanças físicas, biológicas e psicossociais. O perfil do adolescente nessa fase é de inquietação, instabilidade e muitas descobertas. Ele está em busca de auto-afirmação e de identidade própria, da definição de seu papel social, o qual é determinado por padrões culturais do meio em que ele vive.
Em algumas culturas, como a indígena, só existem a infância e a idade adulta. Portanto, pode-se considerar o conceito de adolescência com sentido sociológico, cultural, assim como sugere Cavalcanti ( 1988, p.9 ), ou seja, tal conceito, vai depender da sociedade na qual o indivíduo está inserido e da cultura por ela instituída.
Em certas sociedades, ocorrem rituais que marcam a passagem da infância para a idade adulta, a exemplo dos índios mamaindês de Mato Grosso e Rondônia. Entre eles é realizada uma cerimônia que eles chamam de festa da moça nova a qual indica a chegada da primeira menstruação da menina. Com o aparecimento da menarca, a índia fica reclusa durante três meses, como manda a tradição sem poder ver a luz do Sol, sob os cuidados das mulheres mais velhas. Após o tempo determinado acontece então, a festa da libertação em que a mamaindê passa a ser considerada apta ao casamento e à maternidade.
Nas sociedades modernas, todavia, a passagem da infância para a idade adulta dá-se de forma diferente. Em geral, não há um ritual específico, um marco especial que celebre essa fase, a não ser a festa de debutante, restrita à classe média-alta. O que irá caracterizar a adolescência, além de outras modificações é a puberdade, ou seja, a fase em que ocorrem mudanças biológicas nas crianças, porém, essa transição dá-se de formas diferentes nos diversos grupos sociais. Com a puberdade, surgem uma série de mudanças comportamentais peculiares à fase.
Para demonstrar que já não é mais criança, o adolescente passa a usar alguns mecanismos para chamar a atenção dos adultos como, por exemplo, vestir-se de forma excêntrica, extravagante. Passa também a questionar a autoridade dos pais e professores ( ocorre na maioria das vezes; conquanto, isso dependerá do ambiente em que convive e das características psicológicas individuais ); adota uma nova linguagem ( principalmente o uso de gírias ). É importante ressaltar que as situações não são as mesmas para todos os adolescentes; há as características gerais e outras que são individuais e idiossincráticas.
O adolescente é capaz de fazer coisas absurdas para mostrar — ou pelo menos tentar — que é “dono de seu próprio nariz”. Ele se comporta como um ser “independente”, porém, está subordinado à autoridade dos pais, se não afetiva mas financeiramente. A todo instante está transgredindo regras e convenções sociais. A impulsividade, a indisciplina, a involuntariedade e a arrogância são suas marcas registradas. Por julgar-se onipotente, acaba travando o tão conhecido “conflito de gerações” com os pais que, geralmente ( os de classe média ) recorrem a profissionais por não saberem lidar com seus filhos nessa fase tão delicada.
O amor e a paixão também são sentimentos que atingem o adolescente, o qual faz qualquer coisa pelo ser amado. Como são inconstantes, os adolescentes podem estar num dado momento enamorados por outro do sexo oposto ( ou do mesmo sexo ) e, depois, num pequeno espaço de tempo, já está investindo libido em outro.
O mundo do adolescente é impreciso, instável, problemático. Falta-lhe maturidade psicológica. Ele sofre de uma crise de identidade muito profunda; em alguns momentos pensa que é criança, em outros, acha-se um adulto. Comumente ouve seus pais falarem: “Você é muito criança para fazer isso! ” ou “Você já é um adulto, pode muito bem fazer assim; haja como adulto!”. Isso pode ocasionar uma paranóia na cabeça do adolescente, visto que ele está passando por um momento de transição, está buscando a sua auto-afirmação. Sendo assim, atitudes desse tipo por parte de seus pais ou de outros adultos só irão agravar a sua crise.
A antiga relação de poder, que regia o vínculo pai-filho na infância, vai cedendo lugar à autonomia do adolescente que subitamente se vê confuso entre seus desejos infantis e sentimentos novos, sentimentos de perdas, ao passo em que ele próprio vai construindo, elaborando novos objetivos e lidando com suas venturas e desventuras e aprendendo a conviver e administrar as perdas.
Mesmo sendo complexa, a inserção do adolescente no mundo adulto é fundamental, é o que vai definir sua personalidade, na medida em que ele vai se distanciando das fantasias e estabelecendo-se como pessoa, como ser independente.
O adolescente carrega além das marcas individuais, outras tantas que são reflexo do meio cultural, social e histórico a partir do qual se manifesta e que vai exigir dele adaptação, maturidade e independência.
Não nos apegaremos, pois, a conceitos sócio-culturais, entretanto, consideraremos que esse ser denominado adolescente passa por modificações bio-psicossociais. Ele não é um ser fragmentado, mas um ser humano integral que está inserido num contexto onde vai acompanhar as mudanças sociais ao passo em que também estará passando por transformações externas e internas.


7.2 - ADOLESCÊNCIA E SEXUALIDADE

A sexualidade não ocorre na adolescência e também não pode ser confundida com a puberdade.
Se buscarmos apoio na Psicanálise, nos estudos de Freud , na sua obra, Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, perceberemos que a sexualidade começa logo que a criança sai da barriga da mãe. A priori, isso irá ocorrer com a sucção do seio materno. A criança descobrirá que o contato de sua boca com o seio da mãe irá proporcionar-lhe prazer. Depois, notará que o contato do seu próprio dedo com a boca oferecer-lhe-á também prazer, bem como seus lábios ou qualquer outra parte de sua pele ou do seu corpo que esteja ao seu alcance. De acordo com Freud, nesse estágio a libido não estará mais atrelada à sobrevivência e sim ao prazer pelo prazer. A este tipo de prazer ele denomina de erotismo. Esse é o primeiro indício ou manifestação de sexualidade, a qual será desenvolvida na criança ao longo do seu crescimento físico. Essa sexualidade não vai ser no sentido genital como ocorre com o adulto, mas está ligada às zonas erógenas.
A sexualidade voltada para a genitália, para o prazer sexual irá aflorar na puberdade onde o fator biológico será determinante, onde os hormônios sexuais estão se desencadeando, provocando desta forma uma seqüência de mudanças no adolescente.
Muitas vezes sexo e sexualidade se confundem na fala e na cabeça de muitas pessoas. Nunca se falou tanto em sexo como na atualidade. Aliás, sexo é um assunto muito debatido e muito reprimido também há décadas. Mas, com as descobertas de Freud sobre sexualidade, o assunto encontrou mais espaço na sociedade, ainda que de forma camuflada ou distorcida.
Foucault ( 1988 ) diz que talvez nenhum outro tipo de sociedade tenha dado tanta ênfase, num período histórico relativamente curto a discursos sobre sexo como a nossa.
Mas, convém estabelecer diferenças entre sexo e sexualidade, embora ambos estejam estritamente ligados.
Sexualidade é a manifestação do instinto sexual, está ligada à sensualidade, ao jogo de sedução; ao passo que sexo está relacionado ao prazer do ato sexual, à apropriação do corpo do outro como fonte de prazer; não está ligado apenas à procriação, à anatomia ou à fisiologia do corpo.
Sexo é uma necessidade biológica do ser humano. A sexualidade é inerente ao ser humano. Ambos têm a sua importância e o seu lugar na vida de todo e qualquer indivíduo.


7.2 - ADOLESCÊNCIA E PUBERDADE

A puberdade  processo fisiológico que desencadeia no adolescente comportamentos tais como: instabilidade, agressividade, curiosidade e outras tantas diferentes sensações que são desconhecidas para ele  na maioria das vezes torna-o suscetível a todo tipo de influências, principalmente a tudo que se refira a sexo, haja vista que o adolescente está com sua sexualidade aflorando. Geralmente nessa fase o indivíduo apresenta uma predisposição a experimentar tudo que provoque emoções intensas, afinal, para ele o “prazer” é o que importa. O contato físico com o outro dá a sensação de que se está sendo amado, desejado. Contudo, se esse contato for precoce e se o conceito de sexo/sexualidade estiver voltado para o uso indevido do corpo do outro como se fosse algo descartável, irá trazer sérios problemas psicológicos, afetivos, emocionais e comportamentais para o adolescente, além de deixá-lo propenso a doenças sexualmente transmissíveis (DST) e a AIDS, transformando uma criança e/ou adolescente num adulto problemático.
A imaturidade psicológica do adolescente irá contribuir para deixá-lo vulnerável. Ora ele estará bem-humorado, feliz da vida, ora encontrar-se-à triste, acabrunhado, agressivo. Isso porque a sua personalidade está em formação, ele é um ser totalmente influenciável, principalmente pelo grupo constituído por amigos da sua faixa etária e com características peculiares.
Nessa fase, o adolescente — ainda criança e quase um adulto — tenderá a aproximar-se dos amigos, tendo em vista a identificação entre eles: gostos, linguagem, moda, comportamento, etc. e a afastar-se da família devido ao tão conhecido conflito de gerações. É comum nesse período ouvirmos frases como: “Meus pais não me entendem”. Na realidade, a maioria das famílias não estão preparadas para lidar com o adolescente, suas transformações e sua sexualidade. O papel da família é extremamente importante, uma vez que é ela quem vai estabelecer princípios, padrões culturais e valores. Da família dependerá a socialização da criança e o futuro adolescente na sociedade, na assunção de seu papel e de suas responsabilidades sociais.
De acordo com Piaget, ( 1998 ) o adolescente não se encontra no estágio das operações concretas, no mundo material, real, onde ele, ainda criança limitava-se a pensar naquilo que podia ver, pegar e sentir. Porém, ele encontra-se no estágio das operações formais onde o pensamento está voltado para a representação de uma representação de ações possíveis, para as abstrações. A todo o momento os adolescentes mostram necessidade de auto-afirmação indo de encontro a todo tipo de conceitos e atitudes dos adultos, “... eles tentam se impor, através do raciocínio sem considerar os aspectos humanos e morais, em virtude de sua imaturidade psicossocial.” ( Cavalcanti, 1988, p. 38 ).
Pode-se perceber essa “imaturidade psicossocial” nos adolescentes cujas atitudes transgridem as regras sociais, estabelecendo novos padrões de comportamentos influenciados por fatores externos que podem causar-lhes sérios bloqueios psíquicos e comportamentais.























A TELEVISÃO E O PAPEL SOCIALIZADOR DA ESCOLA







“A educação é comunicação, e diálogo, na medida em que não é transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados”
Paulo Freire













8.1. A TRAJETÓRIA DA ESCOLA

A escola é uma instituição que está a serviço da sociedade, posto que, sua função é preparar o indivíduo para atuar e conviver na mesma. A formação que a escola propicia ao cidadão não deve se restringir apenas ao aspecto intelectual, mas deve relacionar-se a todas as dimensões da vida do ser humano, afinal, o mundo fora da escola requer um sujeito integral, com o físico, o mental e o emocional equilibrados para que ele desenvolva suas habilidades e desempenhe suas funções sociais. Mais do que ensinar a ler e escrever, a escola deve criar oportunidades para o homem criar e recriar, ( re) elaborar os conhecimentos adquiridos para então, colocá-los em prática.
Por muito tempo, a escola foi concebida como sendo um lugar onde se impunha regras de como falar, escrever, sentar, em suma, a escola era — e ainda é — um instrumento do Estado que visava — e continua visando — perpetuar um regime de divisão de classes.
A escola vem acompanhando as tendências da Educação desde a época dos jesuítas até os nossos dias. Já houve um momento na história em que a escola era destinada às camadas mais favorecidas ( à burguesia ) da sociedade. O professor era considerado o detentor do saber (não tendo ele consciência ou mesmo possuindo-a, porém, não podendo ou não querendo admitir, uma vez que também, deliberadamente ou não, era um instrumento do Estado para efetivar seus intentos ), portanto, competia, pois, a ele ensinar ao aluno tudo o que ele deveria aprender. Este, era visto como uma “tábula rasa”, à qual chegava à escola para memorizar os conteúdos transmitidos pelo “mestre” . Essa era uma visão tradicionalista cujo foco estava centrado na figura do professor, o dono da verdade pura e absoluta.
Após o período da escola tradicional, entra em vigor uma outra tendência em que o aluno passa a ser o centro do processo ensino-aprendizagem: começa a era da Escola Nova que vigorou da década de 30 a 60, aproximadamente.
Saturada esta tendência, a Escola passa pelo Tecnicismo ( década de 60 ) cuja ênfase estava no ensino à distância. Nos anos 70, ela experimenta um momento novo, é o surgimento da Escola Crítica cujo método passa a ser reflexivo e a Escola destina a educação para todas as classes sociais ( pelo menos teoricamente ). Nessa nova tendência — que ainda vigora — os objetivos educacionais devem ser definidos a partir das necessidades dos conteúdos históricos-sociais, devem ser pautados, portanto, nas carências dos alunos. E estas, não estão restritas às necessidades acadêmicas, abrange todas as outras.


8.2. A ESCOLA NA ATUALIDADE

Essa breve intróito é para mostrar a trajetória da escola no sentido de pseudo-mudanças. Porém, a realidade está aí para nos mostrar que, mesmo depois de tantas investidas, ela ainda conserva características da escola elitista cujo objetivo é perpetuar a exclusão, a separação de classes; a escola ainda conserva resquícios do capitalismo, hoje, disfarçado de neoliberalismo, todavia, os ideais continuam os mesmos, ou seja, manter uma ordem em vigor para assegurar o poder, para isso, nivelam por baixo, disfarçado sob o rótulo de democracia e qualidade total, com a intenção de “despolitizar a educação, dando-lhe um novo significado como mercadoria para garantir, assim, o triunfo de suas estratégias mercantilizantes e o necessário consenso em torno delas”. Gentilli, 1995, p.228 ).
A escola precisa acordar para a realidade em sua volta, se não quiser perder a pouca autonomia que lhe resta. Se ela não está conseguindo imprimir marcas positivas em sua clientela, é sinal que algo precisa ser mudado. Por que a televisão consegue seduzir tanto o jovem e ela não? Talvez esteja faltando um trabalho mais amplo com os signos, utilizando uma linguagem “icônica” ou “imagética” mais atraente, que consiga despertar o aluno para aprender . A escola precisa aproximar-se mais da realidade, estabelecendo um elo de ligação entre seus alunos e o mundo que os cerca. Não estamos sugerindo com isso, que ela utilize as mesmas armas da TV; o crivo da palavra consiste em atrair, permitir a construção do conhecimento de um jeito mais prazeroso, em desenvolver-se de forma crítica e não de maneira alienante como o faz a TV.
No momento em que a Escola se dobra aos ideais do Estado, ela deixa de cumprir o seu papel de socializar e mediar princípios que vão nortear a vida de um indivíduo, capacitando-o para viver em sociedade.
À medida em que a Escola trata com indiferença os indivíduos e os problemas que os afligem e que, diretamente vão atingi-la também, ela falha como instituição e não atinge o objetivo de preparar o homem para viver em sociedade de forma consciente e equilibrada. Se não houver a interação, a conexão entre a escola e o espaço fora dela, jamais o aluno poderá entender a sua função, o seu papel socializador.
A escola precisa apropriar-se de uma pedagogia que esteja voltada para a inclusão e valorização do indivíduo, só assim cumprirá o seu papel social. .



UM OLHAR SOBRE A REALIDADE

Tudo o que refletimos até o momento, não teria muita validade se não buscássemos uma confirmação para todas as hipóteses levantadas até então. Isso porque, como mencionamos no segundo capítulo, um trabalho como esse não é fundamentado basicamente em aspectos empíricos, mas na busca da confirmação dos fatos. Daí, a necessidade de se fazer uma pesquisa de campo para investigar e depois buscar a comprovação ou não de nossas hipóteses.
A pesquisa à qual estamos nos referindo foi realizada na cidade de Cruz das Almas –Ba, com alunos de dois colégios públicos, como já esclarecemos anteriormente, um deles pertence à rede estadual e o outro, à rede municipal .
O primeiro, denominado Colégio Landulfo Alves de Almeida, está localizado próximo ao centro da cidade; possui uma clientela de aproximadamente 900 alunos, cuja maioria deles reside na periferia, apresenta um baixo poder aquisitivo e um nível intelectual e de aprendizagem um pouco abaixo do esperado para alunos que estão cursando a 8ª série do ensino fundamental. Esse colégio, apesar de se localizar nas imediações do centro da cidade, tem como pano de fundo, vizinho a ele, um bairro, cujas características são de um lugar movimentado onde ocorrem muitas brigas, incidência do uso de drogas entre os jovens que lá habitam e constantes visitas da polícia.
O segundo, conhecido como Centro Educacional Cruzalmense, localiza-se numa área um pouco mais afastada do centro, todavia, apresenta um perfil bastante heterogêneo. Uma boa parte dos alunos — uma média de 1.500 — são oriundos de escolas particulares que, por alguns motivos, inclusive financeiros, foram obrigados a freqüentar uma escola pública. É fácil concluir, então que a clientela desse colégio é bastante diferenciada, haja vista que possui alunos de classe baixa e média ( a estimativa é de que há uma percentagem entre de 40 a 50% de alunos provenientes da classe média ), o que pode eventualmente vir interferir nos resultados da pesquisa, uma vez que a situação sócio-econômica desses estudantes vai ser diferenciada, correspondendo a mundos, valores, comportamentos, produções e condições de vida também diferentes.
Já ressaltamos os motivos pelos quais distribuímos os questionários, com quais intenções, mas faz-se necessário reforçarmos novamente para que seja fixado na mente do leitor a importância de se averiguar a situação para dar validade às nossas conjecturas, posto que, no momento em que isso ocorrer, elas deixarão de ser meras conjecturas e se tornarão em fatos reais, passíveis de uma tomada de decisão. Convém lembrar que todas as fontes das tabelas que posteriormente serão analisadas nesse item, são resultantes da pesquisa feita com alunos, os quais pertencem aos colégios Landulfo Alves de Almeida e Centro Educacional Cruzalmense.

8.1. ANALISANDO A REALIDADE DOS ESTUDANTES

No penúltimo mês letivo do ano de 2000, fizemos algumas perguntas escritas em forma de questionário a estudantes dos colégios mencionados que, para simplificar, nos referiremos a eles por meio de siglas. Utilizaremos a sigla LAA para o colégio Landulfo Alves de Almeida e CEC para o Centro Educacional Cruzalmense.
O primeiro questionamento foi em relação à idade, com vistas a sondar em que faixa etária se encontrava o público entrevistado. Através da tabela que segue, podemos visualizar mais claramente esses resultados:
TABELA I
FAIXA ETÁRIA DOS ENTREVISTADOS


IDADE ESTABELECIMENTOS
ESTADUAL MUNICIPAL
M F M F
13 – 15 34,6% 32,8% 68,4% 47,6%
16 - 18 65,4% 67,2% 31,6% 52,4%

Tomamos como amostra do LAA 81 alunos, sendo que 26 são do sexo masculino com idade entre 13-15 anos, o que dá uma margem de 34,6% dos entrevistados e 65,4% estão numa faixa etária correspondente a 16-18 anos. Desses entrevistados, 55 são do sexo feminino. 32,8% estão em idade que vai dos 13 aos 15 anos, e 67,2% representam os alunos entre 16-18 anos. Do CEC tivemos um total de 40 estudantes; 19 deles correspondem ao sexo masculino, 68,4% com idade entre 13-15 anos e 31,6% representam os alunos com idade variável entre os 16-18 anos. Os 21 entrevistados são do sexo oposto. 47,6% são de meninas que estão numa faixa etária entre os 13-15 anos e os 52,4% correspondem às meninas entre os 16-18 anos.
Percebemos que há um contingente maior de alunos do sexo masculino do colégio municipal, que se encontram entre os 13 e 15 anos, sobrepondo-se ao colégio estadual que indica um número bem menor. Quanto aos estudantes do sexo feminino, a diferença não foi muito gritante. Está quase compatível.
No que diz respeito à outra faixa de idade, 16 a 18 anos, o resultado inverteu-se pois, o número de alunos do sexo masculino com essa idade no colégio estadual quase que dobra, enquanto que entre as meninas ocorre um certo equilíbrio.
Em relação à segunda questão, era nosso interesse averiguar se os entrevistados já haviam tido alguma experiência sexual, para mais tarde descobrir o nível de influência que eles tiveram e a procedência dessa influência, enfim, cada pergunta que ia sendo feita era no sentido de aprofundar mais, de procurar penetrar na intimidade dos entrevistados para que eles fossem se liberando e assim, satisfazerem nossas expectativas.
TABELA 2
ENVOLVIMENTO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA

CATEGORIAS ESTABELECIMENTOS
ESTADUAL MUNICIPAL
SEXO M F M F
SIM 76,9% 20,0% 42,1% 4,6%
NÃO 23,1% 80,0% 57,9% 95,3%

Com base na tabela vista, constatamos que a amostra apresenta uma quantidade significativa de meninos ( o que já era previsto ) do CEC ( 42,1% ) que já tiveram uma relação sexual. Todavia, esse número quase duplica no que se refere aos alunos do LAA.
Quanto às meninas, se compararmos os resultados com os entrevistados do sexo masculino, veremos que os números caem consideravelmente, principalmente na escola municipal, o que nos leva à suposição de que os estudantes da escola estadual, por pertencerem a uma classe de baixo poder aquisitivo, têm os seus pais ausentes o dia inteiro, o que poderia lhes possibilitar uma vida mais livre para arquitetar muitas coisas; ao passo que os outros, pertencentes à escola municipal, cujo perfil é heterogêneo, possui muitos alunos de cujos pais têm um poder aquisitivo melhor, portanto, pode ocupar-lhes o tempo com atividades como ginástica, cursos, ou outras tantas atividades, impedindo-lhes de ficar muito à vontade. Essas são apenas conjecturas que estamos fazendo com base nesses dados que não nos dão muita margem para estruturarmos melhor esses resultados.
De posse da tabela abaixo, fica fácil constatarmos como os jovens cruzalmenses — tomando como referência os colégios em análise — estão se iniciando sexualmente mais cedo, expondo-se a doenças por meio do sexo e correndo os riscos que já falamos em capítulos anteriores. Para medir o grau de precaução desses jovens ou averiguarmos sobre os métodos contraceptivos utilizados por eles, necessitaria uma outra pesquisa voltada para esse aspecto, o que justifica o motivo pelo qual não destacamos esse assunto no momento.
TABELA 3
IDADE DOS ENTREVISTADOS QUE TIVERAM
ENVOLVIMENTO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA


IDADE ESTABELECIMENTOS
ESTADUAL MUNICIPAL
M F M F
13-15 25,0% 9,1% 50,0% _____
16-18 75,0% 90,9% 50,0% 4,7%

Como podemos notar, e os dados estão apenas confirmando o que já ficou evidente na tabela anterior, o fato dos entrevistados do sexo masculino se iniciarem sexualmente mais cedo, possivelmente em decorrência de toda a liberalidade sexual entre os jovens e que, boa parte dela pode ser atribuída aos valores propagados pelos diversos meios de comunicação ( entre eles, a televisão ). Na sociedade moderna isso não deve ser motivo de espanto porque o homem é preparado para exercer a sua masculinidade. Para isso, deve procurar ter uma vida sexual ativa, portanto, quanto mais cedo começar, melhor. Certamente, esse é um conceito machista e obsoleto, pois, pesquisas mostram que o número de aidéticos no Brasil é maior entre os homens , devido, entre outros fatores, à promiscuidade sexual. Esse número cresce ainda mais após as festas de Carnaval, São João e outras festas de largo em que as pessoas se liberam sem pensar muito nas conseqüências, apesar das constantes recomendações do Ministério da Saúde e do uso gratuito de preservativos. É interessante chamar a atenção para os resultados na escola municipal em que meninos com idade entre 13-15 e 16-18 estão no mesmo patamar, ou seja a mesma quantidade de entrevistados se iniciam sexualmente no que se refere às duas faixas etárias, ao passo em que na escola estadual apresentam um número superior entre meninos em idade mais avançada.
Convém chamarmos a atenção para o fato dos entrevistados do sexo feminino do LAA em idade entre 13 e15 anos ( praticamente no início da adolescência ), apesar do baixo índice, já estarem mantendo relação sexual, quando o corpo ainda está em formação, portanto, sem condições psicológicas nem físicas, sem estrutura alguma de assumir uma provável gravidez. Em contrapartida, a percentagem das meninas na faixa etária de 16 a 18 anos desse colégio em relação às do colégio municipal é gritante, são 90,9% contra 4,7% . De acordo com esses dados, a amostra feminina do CEC comprova que as meninas estão se iniciando sexualmente mais tarde e num número relativamente menor.
A próxima tabela mostra de forma clara a idade em que os entrevistados tiveram envolvimento sexual na adolescência. Vejamos:
TABELA 4
IDADE DE OCORRÊNCIA DA 1ª RELAÇÃO SEXUAL


IDADE
DE OCORRÊNCIA DA 1ª RELAÇÃO IDADE ATUAL
13-15 16-18

ESTADUAL
MUNICIPAL
ESTADUAL
MUNICIPAL
M F M F M F M F
10-12 5,0% ___ 12,5% __ 5,0% ___ 12,5% __
13-15 15,0% 9,1% 37,5% ___ 35,0% 27,3% 25,0% __
16-18 ___ ___ ___ __ 40,0% 63,7% 12,5% 4,7%

Esses resultados chegam a ser mais chocantes que os da tabela anterior pois podemos constatar que os elementos submetidos à análise, ainda crianças estão saindo da fase de latência — sobre a qual já falamos no quarto capítulo — e experienciando relações que não condizem com a sua fase; eles não têm nem aparato físico nem condição psicológica para isso. Mesmo sendo em número insignificante em relação aos outros, também convém salientar essa ocorrência entre meninos de ambos os colégios pesquisados, até porque serve como exemplo para que os pais e a escola fiquem mais atentos.
Se fizermos um paralelo entre o LAA e o CEC, notaremos que a amostra masculina que tiveram a sua 1ª relação sexual com idade correspondente a 13-15 anos, do segundo colégio citado é superior ao primeiro, o que pode derrubar a hipótese que levantamos anteriormente de que esses estudantes, a maioria provenientes da classe média, ocupariam seu tempo com outras atividades e seriam mais controlados por seus pais. Dentro de uma nova perspectiva, podemos supor que tais estudantes, por serem de uma classe social mais favorecida tenham um maior acesso a meios de comunicação mais variados que possibilitem o contato com assuntos que despertem ainda mais sua sexualidade e incitem à erotização como por exemplo alguns programas televisivos, locação de fitas pornôs, TV por assinatura, etc, ademais, eles estão no início da puberdade em que os hormônios estão a todo vapor.
No que tange aos entrevistados na faixa etária entre os 16-18 anos, do mesmo sexo ainda em análise, ocorre uma maior incidência, o que prova que meninos e meninas que estão nessa faixa etária tiveram ou ainda têm relações sexuais, ou seja, podem estar mantendo uma vida sexual ativa. Isso diz respeito aos entrevistados dos dois colégios, o que pode já estar comprovando nossas hipóteses de que eles estão sendo bombardeados por imagens e mensagens que os estimulam ao sexo precoce.
Quanto à amostra feminina com idade entre 13-15 da escola estadual, a 1ª relação sexual ocorreu ( e/ou pode ainda estar ocorrendo ) dentro dessa mesma faixa etária. Já as outras que estão com idade atual entre 16-18, 27,3% se envolveram com idade relativa aos 13-15 anos e 63,7% ( um índice altíssimo ) que estão arroladas entre os 16-18 anos, se envolveram sexualmente nessa mesma faixa etária. O que também pode indicar que estejam tendo uma vida sexual ativa Em contrapartida, as meninas da escola municipal, a incidência representa apenas 4,7% com idade atual entre 16-18 anos, que iniciou-se ao sexo com essa mesma idade, o que também pode dar a conotação de que isso ainda pode estar ocorrendo.
A tabela seguinte é resultado de uma questão restrita às meninas, visto que se refere à realização de aborto. Como apenas 24,7% das entrevistadas tiveram envolvimento sexual, sendo que 20% pertencem à rede estadual e 4,7% fazem parte da rede municipal, é natural que esse índice tenha sido baixo, o que representa apenas três respostas positivas, num total de 11 entrevistadas que declararam ter realizado o aborto, ficando o restante da amostra isenta de ter realizado esse ato. Não há, portanto, como identificar a idade em que ocorreu o aborto, devido a falha na formulação das perguntas, ficando registrado, dessa forma, apenas a realização do ato.


TABELA 5
REALIZAÇÃO DE ABORTO


CATEGORIAS
ESTABELECIMENTO
ESTADUAL MUNICIPAL
SIM 27,2% __________
NÃO 72,8% 100,0%

Ainda restrita às meninas, esta pergunta teve a intenção de investigar os motivos que as levaram à realização de um ato abortivo. Duas delas, o que representa 66,7% das entrevistadas justificaram que não teriam possibilidade de arcar com um filho, portanto, não poderiam assumi-lo. A outra, que corresponde a 33,3%, respondeu que junto com a impossibilidade de assumir um filho vinha o medo da discriminação de outras pessoas.
É muito sério o problema do aborto porque a mãe coloca em risco a sua vida e a da criança também. Só para avaliarmos a gravidade do problema, vejamos o alto índice de abortos ocorridos na Bahia no ano de 1999 com meninas com idade entre os 10-19 anos, fornecido pelo Ministério da Saúde, o qual registrou um número de 7.319 casos de curetagem pós-aborto.
Segundo Gérson Lopes, vice-presidente da FEBRASGO ( Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia ), a gravidez na adolescência é considerada de alto risco pois, compromete mãe e feto, gerando intercorrências como: “anemia; aumento do índice de partos operatórios ( fórcepe e cesárea ), parto prematuro e parto prolongado.” ( 2000 ). Estima-se, de acordo com a FEBRASGO que um terço das mulheres que dão à luz no Brasil tenham menos de 18 anos. Ela atribui parte desse problema à falta de informação e ao apelo erótico dos principais meios de comunicação. ( conf. FEBRASGO, nº 3, 2000, p. 4/9 ).
Esse relato apenas comprova o que estamos afirmando desde o início desse trabalho, qual seja, cada dia mais os adolescentes estão envolvendo-se sexualmente — movidos pelos convites da mídia, especialmente a televisão – ficando, dessa forma, mais expostos à doenças físicas e emocionais/psicológicas, o que diretamente vai interferir na sua aprendizagem. Acreditamos que o ideal seria evitar a gravidez para que dela não resulte uma criança indesejada que pode ser vítima de um aborto, ou até mesmo vir ao mundo e crescer num ambiente hostil e de rejeição. A prevenção, então, seria a atitude mais coerente.
Lançamos também duas perguntas para os entrevistados do sexo masculino, às quais consistiam em saber se eles já tinham induzido alguma namorada, ou alguma garota qualquer com a qual tivessem mantido um relacionamento mais íntimo a abortar um filho, resultado desse contato. Todos foram unânimes em responder que não, o que até nos surpreende, pois, na maioria das vezes em que ocorre uma gravidez indesejada, os homens “sugerem” que o nascimento da criança seja “adiado”. Outro motivo que poderia justificar a resposta negativa seria o fato deles nunca terem gerado nenhum filho.
A tabela abaixo introduz informações mais específicas, concernentes ao conhecimento que os sujeitos analisados demonstraram possuir sobre sexualidade. A nossa intenção era buscar a procedência dessas informações para saber se as fontes das quais elas provinham eram seguras ou não. Pretendíamos avaliar a participação da família na transmissão do assunto e também queríamos investigar até que ponto o conhecimento que as pessoas submetidas ao questionário possuíam eram oriundos dos meios de comunicação, inclusive a televisão.
TABELA 7

ORIGEM DAS INFORMAÇÕES RELACIONADAS À SEXUALIDADE


FONTES ESTABELECIMENTOS
ESTADUAL MUNICIPAL
M F M F
FAMÍLIA 16,2% 21,8% 45,4% 19,4%
AMIGOS 48,6% 24,4% 22,8% 50,0%
TV E OUTROS MEIOS DE COMUNICAÇÃO 24,3% 44,8% 22,8% 19,4%
OUTROS 10,8% 9,0% 9,0% 11,2%

Há uma grande discrepância nesse item, à qual merece destaque. Podemos presumir que, entre os alunos da escola estadual o grau de informação da família é bem menor que na escola municipal. Provavelmente, isso se explique por causa do fator sócio-econômico-cultural, do grau de conhecimento, da estrutura de cada família, do conhecimento que elas têm de mundo, no caso particular dos pais dos estudantes da escola municipal. Interessante também notar que os meninos do CEC recorrem bem mais à família que as meninas, o que não é muito natural, pois, geralmente o pai orienta o menino, mostrando como proceder na 1ª relação sexual e depois libera-o para “exercitar-se” com outras mulheres, afinal, essas são as regras da sociedade machista em que vivemos. Possivelmente esse resultado seja um indicativo de que as coisas estão se modificando e que os filhos, ou melhor, os meninos estejam recorrendo mais aos pais ou à figura do pai. A outra fonte, os amigos, não traz nenhuma novidade pois, o que presenciamos no nosso cotidiano são adolescentes despreparados buscando orientações com os colegas que não têm preparo, não têm maturidade nem experiência sobre o assunto. Também chamou a nossa atenção — apesar dos motivos que enumeramos acima que propiciariam às famílias da escola municipal estabelecer um maior diálogo com os seus filhos — o fato das meninas recorrerem bem mais aos amigos em contraposição às da escola estadual. Esse resultado, 50% para os entrevistados do sexo feminino do CEC, aproxima-se bastante dos 48,6% dos meninos do LAA.
Em relação à outra fonte de informação, a TV e outros elementos da mídia, não temos um indicativo relativamente alto, mas podemos verificar que a amostra feminina do colégio estadual é duas vezes mais que a amostra do mesmo sexo do outro colégio. Poderíamos tornar a enfatizar que isso decorra, além dos fatores relacionados às desigualdades sociais, àqueles relativos ao possível excesso de liberdade. A outra opção de busca de fontes de informações denominada outros, se refere a outros meios como por exemplo escola, igreja, palestras, livros, etc., o que também representou um índice muito baixo em ambos os colégios pesquisados.
Em outra pergunta, cujas alternativas estão elencadas na tabela seguinte, e, desta feita, voltada especificamente para a televisão, tivemos a pretensão de averiguar sobre o tipo de programação televisiva que nossa amostra demonstrava ter uma maior preferência. Tivemos um índice baixo nos dois colégios para os programas do tipo desenhos animados, programas de auditório, e outros. Porém, os números sobem quando se referem à programas como Malhação, novelas, filmes, telejornais e programas que veiculam o sexo explícito. Vejamos:






TABELA 8
PROGRAMAS QUE MAIS ASSISTEM NA TV


TIPOS DE
PROGRAMAS ESTABELECIMENTOS
ESTADUAL MUNICIPAL
M F M F
TELEJORNAIS 13,7% 0,7% 14,2% 7,2%
MALHAÇÃO 11,8% 23,0% 16,6% 23,7%
NOVELAS 11,8% 22,3% 8,1% 25,5%
FILMES 33,3% 20,4% 28,5% 18,2%
PROGRAMA DE SEXO 19,6% 5,7% 8,2% 7,3%
PROGRAMA DE AUDITÓRIO _______ 10,8% 10,2% 10,9%
DESENHOS ANIMADOS 7,8% 7,6% 10,2% 1,8%
OUTROS 2,0% 3,2% 4,0% 5,4%

Queremos chamar a atenção para o fato de termos separado o programa Malhação de novelas, pois o mesmo é classificado como novela, contudo, devido à inquietação dos alunos do turno vespertino para sair da aula para assistir o citado programa, nos levou a dar-lhe um destaque especial, haja vista que tal programa está voltado para adolescentes, possui uma temática voltada para essa realidade.
Um dado surpreendente nessa tabela, inicialmente ocorre com o item Telejornais. Esses dados comprovam que os meninos de ambas as escolas estão assistindo programas “informativos” bem mais que as meninas; ao passo em que esse índice entre as mesmas no LAA é baixíssimo, menos de 1,0%. Em relação ao item novelas e Malhação, os meninos demonstram menos interesse que as meninas, enquanto que estas, concentram maior interesse justamente nesses dois itens. Para a alternativa Malhação, as meninas do LAA alcançaram 23,0% e as entrevistadas do CEC, 23,7%. Já o item novela, as meninas do LAA atingiram 22,3%, ao passo que as do CEC, 25,5%, bem equilibrados. Quanto aos filmes, cuja preferência foi a mais alta entre os meninos do colégio estadual, 33,3% e 28,5% para os entrevistados do CEC, pode-se englobar aí também nesse item, aqueles em que na sua essência não são sobre sexo explícito, mas que não deixam de mostrá-lo. Para a alternativa, Programas de Sexo, poderíamos ressaltar que tais programas, cujo objetivo é realmente exibir sexo explícito, pode não ter apresentado um número mais elevado devido ao horário, geralmente são exibidos após às 00:00, o que impediria que todos dispensassem uma maior atenção, visto que a maioria dos entrevistados estudam no turno matutino. Podemos notar que a taxa é mais elevada entre os estudantes do estabelecimento estadual. Quanto aos programas de auditório queremos chamar a atenção apenas para o LAA que zerou na preferência por parte dos meninos. Entretanto, se somarmos os dados dos programas do tipo: Malhação, novelas, filmes e programas sobre sexo, que, em seu bojo trazem apelos eróticos, perceberemos que os números são altíssimos em relação aos outros itens.
O assunto sexualidade e influência da mídia foi bastante discutido, pelo menos com os alunos com os quais tivemos um contato mais direto. Para isso, utilizamos vários recursos como palestras, textos e muito diálogo em que eles emitiam a sua opinião sobre a trajetória do adolescente e a mídia. A pergunta seguinte, pode ser considerada como uma constatação da realidade por parte dos alunos. A intenção era investigar como eles se comportam face aos apelos da mídia em relação à imposição de valores, linguagem, estereótipos, etc.
TABELA 9
INFLUÊNCIA DA MÍDIA SOBRE O ADOLESCENTE


CATEGORIAS ESTABELECIMENTOS
ESTADUAL MUNICIPAL
M F M F
SIM 38,5% 43,6% 47,3% 42,9%
NÃO _________ 3,6% 5,4% 57,1%
ÀS VEZES 61,5% 52,8% 47,3% _______

Faz-se necessário salientar que os itens sim e às vezes podem se fundir pois, quando o entrevistado escolhe a segunda opção ( às vezes ), está indicando que a resposta pode ser positiva, porém, isso não quer dizer que a ação aconteça necessariamente com a mesma freqüência da resposta sim. Então, se analisarmos a tabela acima, constataremos que os próprios entrevistados admitem ser influenciados pela mídia, caso enxerguemos as respostas sob esse prisma. Convém observar também a negação da influência da mídia, representada pela resposta dos entrevistados do sexo masculino do colégio estadual. Isso pode ser reflexo do machismo já impregnado na mente de alguns meninos que não admitem ser manipulados ou influenciados por qualquer coisa ou pessoa.
Perguntamos ainda aos alunos submetidos a essa pesquisa o que eles achavam da estratégia usada pela publicidade para vender seus produtos, tendo como principal recurso a apresentação de modelos seminus ( principalmente mulheres ), posto que, é comum observarmos isso em propagandas de bebidas, cremes, shampoos e tantos outros produtos que exibem modelos, seja na televisão, nas revistas, em outdoors ou outros meios de comunicação visual. Em ambos os colégios e entre os sujeitos dos sexos distintos, a alternativa que indicava que essa estratégia é prejudicial foi a que apresentou o maior índice em relação aos outras duas alternativas, 61,6%, entre os meninos do colégio estadual e 42,1% para os meninos do municipal. Quanto às meninas, temos 60,0% que representa o percentual das meninas da escola estadual, contra 66,7% das meninas da escola municipal. Isso pode evidenciar que os estudantes têm consciência do poder da televisão, embora eles não saibam como lidar com isso. Visualizemos a tabela abaixo;

TABELA 10
OPINIÃO SOBRE A APRESENTAÇÃO DE MODELOS SEMINUS COMO SUBSÍDIO PARA A VENDA DE PRODUTOS PUBLICITÁRIOS


ESTRATÉGIAS ESTABELECIMENTOS
ESTADUAL MUNICIPAL
M F M F
BOA PARA VENDA DO PRODUTO 15,4% 5,5% 15,8% 14,3%
DESNECESSÁRIA 23,0% 34,5% 42,1% 19,0%
PREJUDICIAL 61,6% 60,0% 42,1% 66,7%

Finalmente, a última questão diz respeito ao acompanhamento dos pais, no que se refere ao uso da TV por parte dos seus filhos, a fim de controlar o que eles assistem na televisão. Indagamos aos alunos se seus pais já os tinham proibido ou os proíbem de assistir aos programas de sua preferência. Para isso, foi-lhes dado três alternativas, sim, não e às vezes. Confiramos as respostas com base na tabela:



TABELA 11
PROIBIÇÃO DOS PAIS QUANTO AO USO DA TV


CATEGORIAS ESTABELECIMENTOS
ESTADUAL MUNICIPAL
M F M F
SIM 3,8% 14,6% 5,3% 52,4%
NÃO 69,2% 49,0% 63,2% 23,8%
ÀS VEZES 27,0% 36,4% 31,5% 23,8%

Percebemos através desses dados que a proibição dos pais está centrada mais nas meninas que nos meninos. Tal fato não se dá da mesma forma nos dois colégios. No CEC o nível é bem mais elevado, uma taxa de 52,4%, contra apenas 14,6% das meninas do LAA. Quanto aos meninos, os dados mostram que os pais não se preocupam muito com o que eles assistem na TV, pois o alto índice da não proibição o comprova; 69,2% para o LAA e 5,3% para o CEC.


8.2. TROCANDO IDÉIAS COM OS PAIS

Após a aplicação do questionário destinado aos estudantes, achamos por bem investigar a opinião dos seus pais para saber como eles encaram a questão da sexualidade de seus filhos, como eles os orientam, o que acham da televisão e da mídia de forma mais generalizada. Para tanto, distribuímos também entre eles algumas perguntas que nos daria condições de perceber se eles estão atentos ou não em relação à influência da TV e da mídia.
Foram interrogados 72 pais de alunos do colégio LAA e 33 pais do CEC. Indagamo-lhes se costumavam orientar seus filhos no que diz respeito a assuntos sobre sexualidade. Obtivemos 32 respostas positivas do LAA, o que indica 44,4% contra 17 respostas do CEC, representando 51,6%. Obtivemos ainda 9% de respostas negativas desse mesmo colégio, um resultado de 23,6% do LAA. 13 pais do CEC responderam que às vezes costumam orientar seus filhos, o que dá uma margem de 39,4% e 23 pais do estabelecimento LAA, o equivalente a 32,0% confirmaram o mesmo. Se compararmos as respostas dos alunos, no que diz respeito às fontes de informações procedentes da família, teremos:

TABELA 12
ORIENTAÇÃO DOS PAIS
X
BUSCA DE INFORMAÇÕES NA FAMÍLIA
ORIENTAÇÃO DOS PAIS BUSCA DE INFORMAÇÕES
NA FAMÍLIA
ESTABELECIMENTOS ESTABELECIMENTOS
ESTADUAL MUNICIPAL ESTADUAL MUNICIPAL
44,4% 51,6% 38,0% 64,8%

Podemos perceber por meio dessa tabela que a taxa referente à orientação dos pais dadas aos filhos é um pouco mais baixa no LAA, 44,4% e 51,6% no CEC. O outro quadro, correspondente à busca da família como fonte de informações ligadas à sexualidade também apresenta um índice baixo, bem mais baixo que o da escola municipal. Esta, alcançou 64,8%, enquanto a escola estadual atingiu 38,0% de orientação. Tal fato continua confirmando as questões que levantamos desde o início da análise, ou seja, a possibilidade dos pais terem mais condições e preparo para orientar seus filhos
O segundo questionamento que fizemos aos pais dos estudantes entrevistados, consistia em saber como eles procediam para orientar os filhos. Queríamos saber qual (is ) e como era ( m ) a ( s ) formas que eles escolhiam para fazê-lo, se era por meio de literaturas especializadas, se buscavam ajuda com profissionais, enfim, o ( s ) recurso ( s ) que eles utilizavam para tal orientação. A título de ilustração, vejamos a tabela:

TABELA 13
MEIOS UTILIZADOS PELOS PAIS PARA ORIENTAÇÃO
DOS FILHOS

MEIOS ESTABELECIMENTOS

ESTADUAL
MUNICIPAL
DIÁLOGO 56,0% 87,9%
LITERATURAS 8,0% 6,1%
AMIGOS 4,0% _______
PROFISSIONAIS 4,0% 3,0%
NULOS 28,0% 3,0%

Com base nesses dados, nos é permitido observar que, entre os pais do CEC, o cuidado em manter o diálogo, 87,9% , é bem maior que os do LAA que apresentou um índice de 56,0%.
Como já assinalamos, esses resultados podem ser atribuídos ao nível de formação e/ou informação dos pais de alunos do colégio municipal. Convém ressaltarmos ainda o número de respostas nulas por parte dos pais da escola pública, 28,0%, contra 3,0% da escola municipal.
No que se refere à próxima pergunta, a nossa intenção era averiguar a reação dos filhos, quando estes conversam com seus respectivos pais sobre sexualidade, se eles são receptivos, se ficam acanhados ou se não dão a devida atenção. Para visualizarmos melhor, convém atentarmos para a tabela seguinte:









TABELA 14
REAÇÃO DOS FILHOS DIANTE DO DIÁLOGO SOBRE
SEXO/SEXUALIDADE


REAÇÕES ESTABELECIMENTOS
ESTADUAL MUNICIPAL
ATENTOS 45,8% 69,7%
CONSTRANGIDOS 19,4% 15,1%
NÃO SE IMPORTAM 11,2% 6,0%
NULOS 23,6% 9,0%

Podemos notar que o maior índice representado na tabela se refere à forma atentos, o que é natural, pois o assunto lhes interessa, é algo que os inquieta, que mexe com a sua mente e os estimula. Os entrevistados do colégio estadual demonstram um maior constrangimento, 19,4% que os do colégio municipal, 15,1, embora não seja um número relativamente alto. Provavelmente, isso se deva ao fato de, entre os últimos, o diálogo ser mais freqüente.. E, uma percentagem de 23,6% de respostas nulas dos pais do LAA, contra apenas 9,0% de nulas, para os pais dos alunos do CEC; o que confirma o que vimos enfatizando até o momento.
Na quarta pergunta direcionada aos pais, tínhamos a intenção de saber com quem ficava a responsabilidade na orientação de assuntos ligados à temática em questão, para sondarmos até que ponto eles se sentiam responsáveis por essa tarefa.. A título de esclarecimento, vejamos a tabela que segue:









TABELA 16
OPINIÃO DOS PAIS ACERCA DOS RESPONSÁVEIS
POR ASSUNTOS SOBRE SEXUALIDADE


INSTITUIÇÕES ESTABELECIMENTOS
ESTADUAL MUNICIPAL
FAMÍLIA 70,2% 82,9%
ESCOLA 19,2% 14,3%
IGREJA 4,7% 2,8%
OUTROS 5,9% _______

Os pais entrevistados, pertencentes ao CEC, reafirmaram, através de suas respostas, que a responsabilidade maior em assuntos ligados à sexo/sexualidade deve ser atribuída à família, 82,9%, enquanto que, os pais do LAA, 70,2%, distribuem um pouco mais essa responsabilidade a outras instituições. No que se refere à alternativa escola, é perceptível também a atribuição da responsabilidade a ela por parte dos pais do colégio estadual, ao passo que, entre os pais da escola municipal essa taxa é um pouco menor, apenas 14,3%, contra 19,2% da estadual. No outro item referente à igreja, os dois colégios apresentaram um baixo índice ( vide tabela ), o que implica conjecturarmos que os valores estão mudando, pelo menos em relação ao assunto; ou os pais não confiam à igreja essa atribuição ou porque a mesma não cumpre esse papel, que é o de orientar os jovens no que concerne ao assunto.
Tendo em vista o tema desse trabalho e a reflexão que nos propusemos a fazer sobre o tipo de programação veiculada pela TV brasileira e ainda a fim de buscarmos uma confirmação para as nossas hipóteses, lançamos uma pergunta aos pais a qual consistia em saber o que eles achavam de tal programação, mesmo aquelas que, na sua íntegra, não trazem embutidos uma abordagem clara sobre sexo, mas que sutilmente fazem uma série de apelos eróticos, na medida em que exibem “bumbuns” e outras partes do corpo ( especialmente o feminino ) com vistas a uma maior audiência ou até mesmo lançam piadinhas picantes que conduzem também à erotização e à banalização do sexo. Queríamos saber dos pais, com essa pergunta, o que eles achavam do horário em que essas programações eram exibidas, se eram apropriadas ou não, se são condizentes com a idade do público juvenil e se são mostradas em horários apropriados. Isso porque há muitos pais que não percebem a sutileza da TV na propagação dos valores impostos por meio desses programas. Então, após a análise, poderíamos identificar se eles estavam atentos ou não à questão. Visualizemos, pois, a tabela relativa à pergunta:
TABELA 17
OPINIÃO DOS PAIS SOBRE O HORÁRIO
DAS PROGRAMAÇÕES QUE INCITAM À EROTIZAÇÃO



CATEGORIAS ESTABELECIMENTOS

ESTADUAL
MUNICIPAL
APROPRIADO 4,2% ________
NÃO APROPRIADO 69,4% 57,5%
ALGUMAS VEZES
APROPRIADO 23,7% 42,5%
ABSTENÇÃO 2,7% ________

Os resultados dessa tabela nos leva a crer que os pais de alunos de CEC apresentam um considerável nível de percepção, no que diz respeito à ideologia da TV, implícita em tais programas, porém, os números são um pouco mais baixos; 57,5% deles afirmaram que essas programações não são veiculadas em horários apropriados, contra 69,4% dos pais do LAA que reconheceram que tais programas não são exibidos em horários apropriados. Quanto a outra alternativa, algumas vezes apropriado, também representou um número significativo, 23,7% para o LAA e 42,5% que correspondem à escolha dos pais do CEC.
Na pergunta posterior a essa, indagamos aos pais se alguma vez eles já haviam proibido ou se proíbem seus filhos adolescentes de assistirem a algum programa televisivo sobre sexo ou até mesmo de ler um livro sobre o assunto. 18,3% dos entrevistados da escola municipal disseram que sim; 54,5% responderam que não; 24,3% afirmaram que às vezes isso já ocorreu e 2,9% dessas respostas foram consideradas nulas. Em oposição a tais resultados, tivemos 27,7% das respostas afirmativas para os pais da escola estadual; 45,9% para as negativas; 23,7% para a opção às vezes e 2,7% que representam as abstenções. Para confirmar o que fora declarado aqui, observemos a tabela:



TABELA 18
PROIBIÇÃO DOS PAIS QUANTO
A ALGUNS PROGRAMAS TELEVISIVOS


PROIBIÇÃO
CATEGORIAS ESTABELECIMENTOS
ESTADUAL MUNICIPAL
SIM 27,7 % 18,3%
NÃO 45,9% 54,5%
ÀS VEZES 23,7% 24,3%
ABSTENÇÕES / NULOS 2,7% 2,9%

O que tudo indica, pelos resultados dessa tabela, é que os pais do LAA, assim como os do CEC já proibiram ou ainda proíbem seus filhos de assistirem à programas ou fazerem uso de alguma literatura sobre sexo, embora num grau diferenciado. Convém chamar a atenção para o percentual de 45,9% do LAA, quase metade das respostas dadas. Em contrapartida, o índice de 54,5%, mais da metade dos entrevistados afirmaram que não proibiram nem proíbe seus filhos de assistirem TV. Isso revela que os pais não se preocupam muito em saber o que seus filhos estão vendo na televisão. Talvez essa liberdade por parte dos pais da escola municipal, seja resultado do diálogo que têm com seus filhos, a ponto de suporem que eles já possuam uma certa maturidade, talvez , por isso, nunca os tenha proibido de fazê-lo. Quanto às abstenções e às respostas nulas, representam números insignificantes.
A penúltima pergunta é um pouco mais abrangente, se refere à mídia como um todo. Ela poderia ser considerada uma extensão da pergunta anterior. O nosso objetivo com essa questão era averiguar de forma mais profunda, não apenas em relação à TV, mas abrangendo toda mídia; pretendíamos saber se os pais estavam atentos às influências de outros meios de comunicação sobre seus filhos. Senão, visualizemos a tabela:






TABELA 19
OPINIÃO DOS PAIS EM RELAÇÃO À INFLUÊNCIA DA MÍDIA
SOBRE O ADOLESCENTE


CATEGORIAS ESTABELECIMENTOS
ESTADUAL MUNICIPAL
SIM 55,8 % 57,5 %
NÃO 2,7% _______
ÀS VEZES 40,2% 42,5 %
ABSTENÇÃO 1,3% _______


Prova cabal da opinião dos pais em relação à influência que a mídia exerce sobre seus filhos, são esses resultados acima em que, para não nos estendermos muito, chamaremos a atenção para o item sim, do colégio Landulfo Alves, 55,8% e do Centro Educacional Cruzalmense, que atingiu 57,5%. Esses números assinalam que a mídia realmente consegue incitar os adolescentes à erotização e a banalização do sexo.
À proporção que nos aproximamos do final da pesquisa, nos convencemos mais sobre o predomínio da mídia, inclusive da televisão sobre os estudantes das escola pesquisadas, fato que acaba de ser reforçado pelos pais dos entrevistados, através de suas respostas.
Por fim, a última questão, a qual já fora feita aos estudantes e se repete, pois julgamos necessário fazê-lo porque queríamos que os pais de ambos os colégios confirmassem sua opinião em relação à forma como a mídia tem fomentado a mente dos adolescentes com idéias relacionadas ao sexo.









TABELA 20
OPINIÃO DOS PAIS SOBRE A APRESENTAÇÃO DE MODELOS SEMINUS COMO SUBSÍDIO PARA A VENDA DE PRODUTOS PUBLICITÁRIOS


ESTRATÉGIAS ESTABELECIMENTOS
ESTADUAL MUNICIPAL

BOA PARA VENDA
DO PRODUTO 8,3% 9,0%
DESNECESSÁRIA 31,9% 54,6%
PREJUDICIAL 59,8% 36,4%

Queremos salientar que o item desnecessária e prejudicial, embora demonstrem uma certa equivalência de sentido, não têm o mesmo valor. A opção de apresentar o nu ou o erótico em propagandas, pode, na opinião dos pais, provavelmente ser uma estratégia desnecessária, não muito aceita, contudo, isso pode não demonstrar que eles a concebam como prejudicial. Os pais do CEC, em relação ao item prejudicial, atingiram um percentual de 36,4%., enquanto os pais do LAA apresentarem um percentual maior, 59,8%. No item desnecessária, as posições se invertem, no que diz respeito aos dois colégios, pois, desta feita, quem apresenta números inferiores é o LAA, 31,9%, contra 54,6% do CEC. Em relação à alternativa boa para a venda do produto, os números caem consideravelmente, indicando 8,3% para a escola estadual e 9,0% para a outra escola, não sendo muito significativos diante dos outros resultados.


8.3. TROCANDO IDÉIAS COM OS PROFESSORES

Concluída a pesquisa com os pais dos alunos dos colégios que serviram de amostra, partimos para entrevistar os professores desses mesmos alunos, com vistas a investigar se eles enfrentavam também os mesmos problemas em sala de aula, no que diz respeito às crises do adolescente, sua sexualidade e a interferência da televisão e, por extensão, a interferência de toda a mídia. Pretendíamos saber como eles lidavam com tais problemas ( se assim existissem ) e quais os recursos utilizados para, pelo menos, tentar resolvê-los.
Faz-se necessário salientar que o questionário destinado aos professores foi composto, em sua maioria, de perguntas abertas, dando uma margem maior de liberdade para que eles expusessem seus pontos-de-vista a respeito do assunto que estamos refletindo no momento. Em virtude disto, não formulamos nenhum tipo de tabela para essas respostas, exceto para a 1ª, 2ª, e 6ª questões. Para as três primeiras, apresentaremos tabela correspondentes às respostas, seguidas de comentários, porém, para as demais, daremos o percentual e faremos comentários acerca das respostas. Para isso, criamos uma espécie de tabulação das respostas obtidas, utilizando o recurso semântico para enquadrá-las quanto à idéia contida em cada uma delas.
Foram entrevistados 08 professores do colégio Landulfo Alves de Almeida e 05 do Centro Educacional Cruzalmense. A maioria deles têm formação superior e trabalha com uma carga horária de 40 horas semanais.
Inicialmente, perguntamos aos professores se eles achavam que o adolescente atual tem sido influenciado pela mídia, com um destaque especial para a televisão. Como alternativas, apresentamos sim, não e às vezes.. A título de comprovação, observemos a tabela:

TABELA 21
OPINIÃO DOS PROFESSORES EM RELAÇÃO À INFLUÊNCIA DA MÍDIA
SOBRE O ADOLESCENTE


CATEGORIAS ESTABELECIMENTOS
ESTADUAL MUNICIPAL
SIM 87,5 % 100,0%
NÃO _______ _______
ÀS VEZES 12,5% _______

Como podemos visualizar, os professores do CEC, foram unânimes em consentir que a mídia tem o poder de incitar o adolescente em relação à erotização precoce. Como prova disto, todos escolheram a primeira alternativa, um índice de 100,0%, enquanto os professores do LAA 87,5% optaram por responder sim e os demais, 12,5%, disseram que a mídia eventualmente incita à erotização. Face a esses resultados, achamos pertinente algumas indagações: será que essa influência é mais perceptível nos alunos da escola municipal? De acordo com os resultados das tabelas anteriores, que comprovam que os pais dos entrevistados dessa escola, acabam por mantê-los mais informados sobre o assunto, não seria de se esperar que esses alunos estivessem mais imunizados contra essa influência? Será que essa interferência, entre os alunos da escola estadual é menos percebida pelos seus professores ou apresenta-se em menor grau? Talvez essas dúvidas sejam elucidadas com as respostas da pergunta subseqüente.
A segunda pergunta foi feita no sentido de investigar se os docentes reconheciam a influência como sendo um obstáculo na aprendizagem de seus alunos, visto que estes, no seu dia-a-dia, acabam incorporando os valores instituídos pela mídia, principalmente pela televisão. Vejamos como as respostas podem ser representadas através da tabela:

OPINIÃO DOS PROFESSORES EM RELAÇÃO À INTERFERÊNCIA DA TELEVISÃO E DA MÍDIA, DE UMA FORMA GERAL, NA APRENDIZAGEM DOS ALUNOS


CATEGORIAS ESTABELECIMENTOS
ESTADUAL MUNICIPAL
SIM 75,0 % 100,0%
NÃO 25,0% _______
ÀS VEZES _______ _______

De posse desta tabela, podemos perceber que há uma pequena divergência nas respostas apresentadas pelos professores de ambas as escolas. Nas respostas ocorre uma restrição, quanto à interferência da TV e da mídia, por extensão, na aprendizagem dos alunos. Os professores do LAA, 75,0%, afirmaram que a interferência ocorre, ao passo que, 25,0% deles discordaram que haja interferência dos meios de comunicação de massa na aprendizagem de seus alunos. Os docentes do CEC, 100,0%, afirmaram que a mídia interfere no processo da aprendizagem de seus alunos.
Após esta pergunta, solicitamos aos entrevistados, os quais responderam afirmativamente, que justificassem a resposta anterior. Como as respostas eram estritamente pessoais, achamos por bem classificá-las de acordo com o sentido , sem ter que para isso, fazermos uso de tabela, apenas daremos o percentual. Como resposta a esta pergunta, os professores do LAA, 75,0% explicaram que a mídia, inclusive a TV, interferem na aprendizagem dos adolescentes porque eles não sabem dividir o tempo que têm; eles acabam deixando o estudo em segundo plano. Os professores do mencionado colégio afirmam ainda que o enfoque na sexualidade/sexo induz à erotização precoce apresentada pela televisão e pela mídia, de uma forma geral; acaba desviando o interesse dos adolescentes, mostrando-lhes uma sexualidade sem critérios, tirando-lhes a chance de refletir ou questionar.
Em relação aos professores do CEC que escolheram a opção sim, 20,0% disseram que a mídia faz com que as crianças e adolescentes avancem o estágio, a sua fase respectiva a sua idade e desenvolvam uma erotização precoce. 20,0% responderam que a influência é prejudicial porque nem sempre vem acompanhada de uma informação mais completa que permita ao adolescente fazer uma análise crítica ou pelo menos compreender que em tudo existe uma relação de causa e efeito. Desses entrevistados, 60,0% ainda responderam que tal influência desperta no adolescente o interesse cada vez mais cedo de iniciar sua vida erótica, fazendo com que ele esqueça os outros assuntos relacionados a sua aprendizagem acadêmica.
Quanto ao professor que revelou que a mídia não interfere na aprendizagem dos alunos, o qual pertence ao LAA, 25,0%, justificou que é muito relativa a interferência da mídia na aprendizagem do aluno; ele ainda afirmou que isso vai depender muito da formação do adolescente, da família, etc. Diante desta justificativa, perguntamos se essa influência não está sendo maléfica? Temos exemplos de alunos nossos — e muitos outros — que abandonaram os estudos por causa do excesso de erotização ( provocada inclusive pela televisão ), o que os levou a iniciar-se sexualmente mais cedo, redundando numa gravidez e/ou em ter que abandonar os estudos para trabalhar para poder sustentar o filho, os quais, atualmente, estão profundamente arrependidos e até, em alguns casos, frustrados. Daí, acabam transferindo toda frustração para o filho, mesmo de forma inconsciente. Na nossa opinião, o aluno, além de comprometer a sua adolescência ( no caso da menina, a chegada de um filho muda tudo, seu corpo, seu humor, seu tempo, sua vida ), se priva de realizar seus sonhos, de viver realmente essa fase tão inusitada e ainda se vê obrigado a assumir responsabilidades de um adulto quando ele ainda não está preparado para tal, ainda não adquiriu estrutura física nem psicológica.
Ademais, as nossas pesquisas comprovam que, mesmo os alunos que mantêm um diálogo com seus pais sobre o tema em questão e ainda recorrem a outros meios, como por exemplo, às literaturas que lhes são dadas pelos próprios pais para auxiliar no conhecimento e compreensão do assunto, esses mesmos alunos admitem que são incitados a incorporar os modelos e valores instituídos pela TV e outros meios de comunicação. É evidente que eles vão ser influenciados, porém num grau menor, uma vez que estarão mais conscientes dessa influência, o que não os isenta de serem alcançados. Queremos esclarecer que a função desse trabalho não é avaliar o grau de influência da mídia, qual o meio de comunicação mais prejudicial, mas tratar da influência e conseqüentemente, da interferência da TV na aprendizagem dos alunos dos mencionados colégios.
A terceira pergunta consistia em saber o que os entrevistados faziam para atenuar o problema da influência/interferência da TV e da mídia de uma forma geral. 12,5% dos professores da escola estadual responderam que explicam aos alunos a necessidade de ter responsabilidade e dividir o tempo. 50,0% responderam que procuram provocar discussões sobre o tema, levando-os a participarem e emitirem suas opiniões mostrando os bons e os maus exemplos nos meios de comunicação. 12,5% responderam que não fazem nada para combater tal influência e 12,5% também responderam que não fazem quase nada, exceto algumas conversas sobre o assunto. Gostaríamos de ressaltar que, essa última assertiva corresponde à resposta do entrevistado que respondeu não anteriormente, o que de uma certa forma evidencia o seu reconhecimento quanto à interferência da mídia na aprendizagem de seus alunos, caso contrário, não deveria ter respondido à pergunta.
Quanto aos professores da escola municipal, 40,0% disseram que procuram esclarecer melhor acerca dos valores veiculados pela TV e mostram que há o momento certo para todas as coisas e que não adianta os alunos avançarem no tempo. 20,0% afirmaram que sempre que têm oportunidade, abordam situações sobre o assunto e discutem o tema sexualidade, advertindo-os sobre as conseqüências da má influência da mídia. 40,0% dos entrevistados ainda afirmaram que procuram conscientizar seus alunos através de conversas, conselhos e trabalhos escolares com temas relacionados ao assunto.
Na pergunta seguinte, tínhamos a pretensão de investigar sobre o papel da escola, o que ela oferece ao aluno como subsídio para enfrentar ou bloquear os efeitos da TV e da mídia, uma vez que já havíamos investigado os professores no que se refere a sua participação no processo de orientação aos alunos. Indagamos então, como a escola tem se portado diante da situação já exposta por nós acerca do predomínio da TV. Os professores do CEC, o que corresponde a 60,0%, responderam que a escola tem feito muito pouco. Eles acham que ela deveria se preocupar mais, fazer campanhas para atingir e despertar os jovens e capacitar seus profissionais para lidar com o assunto. 20,0% dos entrevistados disseram que a escola deveria fazer parceria com os pais e profissionais de saúde para tentar traçar um plano que pudesse ser utilizado nas escolas e nas comunidades em que os alunos estão inseridos. 20,0% dos professores afirmaram que a escola deveria conscientizar os estudantes através de exibição de filmes. Esses entrevistados chamam a atenção para a família, salientando que ela não está cumprindo o seu papel, pelo contrário, está deixando toda responsabilidade por conta da escola.
No que se refere aos professores do LAA, 50,0% deles asseguraram que a escola porta-se de maneira omissa e indiferente, pois não faz um trabalho de informação, conscientização e alerta sobre o tema em questão; e afirmaram que a escola não cumpre na íntegra o seu papel que é educar e formar cidadãos. 12,5% dos entrevistados desse mesmo colégio dizem que a escola passa por um estado de apatia desesperadora e revoltante e que isso é frustrante e desestimulante para aqueles profissionais que têm o compromisso de passar conhecimento e também o dever de conscientizar os alunos dos seus direitos. Tivemos um percentual de 12,5% de professores que advogaram a favor da escola dizendo que ela, para atenuar os problemas sobre a influência da TV, realiza palestras, debates e outra atividades mais. Enquanto que 25,0% informam que a escola age de forma irresponsável, descompromissada e indiferente. Apesar de representar apenas12,5% das respostas dos professores que defendem a escola, esse numero indica que houve uma certa divergência entre os entrevistados que ressaltaram a negligência da escola e aqueles que afirmaram que a escola realiza algo relevante no sentido de contribuir para o processo que poderíamos chamar de antialienante ou desalienante.
Na quinta questão, afirmamos que o educador na sua prática educativa deve proceder como agente transformador, modificando a realidade social. Perguntamos aos entrevistados, então, qual era a postura deles diante dessa constatação, frente à massificação dos meios de comunicação, especialmente a televisão e a literatura perniciosa, no que se refere à maneira como isto iria repercutir na vida do aluno, em relação à influência na sua sexualidade. 40,0% dos entrevistados da escola municipal responderam que professor e aluno devem fazer distinção entre os meios de comunicação que têm uma mensagem educativa daqueles que não têm, pois nem todos são prejudiciais. 20,0% assegurou que a informação correta deve preceder à influência da mídia a fim de que o estrago seja menor. Eles afirmam ainda que a escola tem que se adiantar correta e oportunamente, orientando o aluno, chamando a sua atenção para o abuso que a mídia faz em torno da sexualidade, pois, comercialmente o tema é bastante lucrativo. Uma outra parte dos entrevistados, 20,0% revelaram que cabe à sociedade em geral ( escola, família, etc. ) transformar essas informações de maneira objetiva para que o adolescente perceba com maior clareza as coisas, as verdadeiras intenções que estão implícitas na mídia, especialmente a televisão. 20,0% divulgaram que uma postura adequada seria a de orientar os alunos a priorizarem determinados programas educativos e boicotarem àqueles que não instruem em nada, tipo os de sexo explícito.
Em relação aos entrevistados da escola estadual, 50,0% disseram que a sua postura diante da massificação dos meios de comunicação sobre os alunos deve ser chamar a atenção deles no sentido de demonstrar que os citados meios nem sempre apresentam modelos que devem ser seguidos; já os outros professores, o equivalente a 12,5%, revelaram que ficam um pouco na defensiva, mas que orientam aos alunos a desenvolverem um pensamento e comportamento crítico, levando-os a reconhecerem “modelos de consumo” impostos pela mídia e a partir daí, criar valores de integridade e amor próprio. Outros professores, 12,5%, enfatizaram que a postura de cada educador deve ser ajudar o aluno a descobrir outras formas de prazer que não seja apenas o sexual, como por exemplo: melhorar a auto-estima, desenvolver o senso crítico, valorizar amizades, etc. Outros ainda, o que indica um percentual de 12,5%, afirmaram que deve-se buscar a parceria dos pais e professores para que eles fiquem atentos e se façam mais presentes, a fim de despertar o interesse em assuntos que contribuam para a formação do aluno. Um outro indicativo que corresponde a 12,5% dos entrevistados revelaram que são contra o liberalismo, pois tudo tem seu tempo certo.
Julgamos que essa atitude não leva a lugar algum, pois o fato de não estarmos de acordo com alguma coisa, seja opinião, postura, o que quer que seja e cruzarmos os braços diante da situação, não resolverá nada. Precisamos agir, buscar uma solução para o problema! Ademais, duas coisas nos intrigam, face as respostas explicitadas. Não sabemos se há uma mascaração em cima das respostas ou se os entrevistados encontram-se tão impotentes quanto os alunos, haja vista que na prática, o que estamos presenciando é o predomínio da TV e dos outros instrumentos da mídia sobre o adolescente. Então, se ao menos metade destas atitudes descritas estivessem vigorando na prática diária de cada um, o quadro seria outro, não veríamos tantas adolescentes grávidas nas escolas pesquisadas, pois, no que se refere a isto, elas estariam mais atentas. Se fôssemos enumerar os casos de indiferença da escola, não seria por certo, apenas a questão da influência da TV em relação à sexualidade, mas em relação à violência, às drogas, à degradação da família e outros tipos de problemas gerados, ou quem sabe, acentuados por esse e/ou outros meios de comunicação de massa.
A questão seguinte foi elaborada com a finalidade de averiguar em que medida os professores dialogavam com seus alunos sobre sexualidade. Confiramos o percentual obtido através da tabela :


TABELA 23
DIÁLOGO COM ALUNOS ACERCA DO TEMA SEXUALIDADE
EXISTÊNCIA DE DIÁLOGO
CATEGORIAS ESTABELECIMENTOS
ESTADUAL MUNICIPAL
SIM 50,0%% 80,0%
NÃO 12,5% 20,0%
ÀS VEZES 37,5% ______

Queremos ressaltar a diferença do percentual entre os entrevistados do CEC, 80,0%, contra 50,0% do LAA. Isto prova que os professores deste colégio estão em desvantagem em ralação aos do outro colégio. Também no que diz respeito ao outro item, não, CEC apresenta um indicativo maior, 20,0% de professores que não conversam com seus alunos sobre o tema que estamos discutindo, ao passo que os entrevistados do LAA apresentaram um número correspondente a 12,5%.
A última pergunta destinada aos professores é uma extensão da anterior, pois consistia em justificar o motivo pelo qual o professor mantinha conversas sobre sexualidade com seus alunos. Pois bem, 12,5% dos entrevistados da escola estadual que responderam sim, afirmaram que o diálogo é necessário para tentar desmistificar a lenda do “amor perfeito” imposto pela mídia, relativizando a realidade com o lúdico e para desenvolver conceitos críticos a partir das próprias discussões em sala de aula; outros 12,5% revelaram que dialogam sobre sexualidade porque isto faz parte do processo de formação do indivíduo; 37,5% que responderam às vezes, afirmaram que o diálogo é necessário e urgente; e 12,5% ,outra parte deles disseram que só conversam quando solicitados, pois este não é um assunto de sua respectiva área de atuação; 25,0% não responderam à questão e 12,5% dos que responderam não, justificaram que nunca conversam, pelos mesmos motivos explicitados acima.
Quanto aos entrevistados da escola municipal, 20,0% deles revelaram que conversam sobre o assunto porque onde trabalham o número de adolescentes que aparecem grávidas é muito grande, daí, a importância de debatê-lo. Outros 20,0% dos professores, o que corresponde a um percentual de 40,0% também, assinalam que procedem no trato do assunto por meio do diálogo porque é preciso alertar os alunos que o importante na sexualidade/sexo não é buscar o prazer pelo prazer, mas um prazer seguro livre dos riscos de uma gravidez indesejada e de doenças sexualmente transmissíveis e também para conscientizá-los de que devem pensar mais no futuro e nos estudos; ainda outros entrevistados que responderam afirmativamente a essa pergunta, asseguraram que discutem o tema porque faz parte do programa da disciplina e também porque é importante abordar temas que ajudem os adolescentes. 20,0% dos que responderam não, revelaram que não abordavam o assunto porque não faz parte de sua área, não consta em sua disciplina.
Infelizmente os dados estão aí comprovando que ainda temos educadores despreparados nas escolas. Cremos que não precisamos estar atuando numa área específica para tratarmos sobre um assunto que esteja afligindo nossa clientela, precisamos sim, de um pouco de sensibilidade para poder tratá-los a fim de evitar que sejam prejudicados e assim cumprirmos verdadeiramente o nosso papel de agentes transformadores da realidade que está a nossa volta.


















CONSIDERAÇÕES FINAIS

O mundo moderno nos oportuniza o contato com os diversos meios de comunicação. As tecnologias da comunicação e da informação vão nos propiciar o conhecimento, a socialização, as novas formas de aprendizagem. Entretanto, há várias formas de ensinar e aprender sobre algo, depende dos recursos que utilizamos e com quais intenções o fazemos.
A televisão é um poderoso instrumento de comunicação, como já ficou evidenciado nesse trabalho. Ela consegue penetrar no mais profundo do psiquismo humano a ponto de interferir na formação da personalidade do indivíduo, na sua vontade, em suas emoções, pois, através desse meio de comunicação são veiculados valores, padrões, crenças, informações, cultura.
Desde o início, procuramos refletir um pouco a respeito da soberania da televisão, do seu discurso persuasivo e suas imagens fascinantes que seduzem a todos os telespectadores, cultos e incultos, a todas as pessoas, indistintamente. Motivo pelo qual consegue transladá-las para um mundo imaginário, fantasioso, proporcionando-lhes momentos fugazes de alegria. Contudo, quando a TV furta do telespectador o direito de participar de forma plena e consciente do processo da comunicação, quando ela impõe valores que estão a serviço de uma ordem subversiva, ela atinge e prejudica o telespectador, bloqueando o seu senso crítico e subordinando-o aos seus ideais.
Ficou comprovado por meio das pesquisas, a dimensão que a televisão consegue alcançar, atingindo especialmente os estudantes dos colégios Landulfo Alves de Almeida e do Centro Educacional Cruzalmense. Tais estudantes, ainda adolescentes, não conseguem se defender dos abusos da TV no que diz respeito aos apelos que induzem à erotização precoce, pelo contrário, são estimulados cada dia a se iniciarem sexualmente mais cedo, expondo-se à doenças e comprometendo a sua adolescência.
Gostaríamos de esclarecer que o intuito desse trabalho não foi de retaliar a televisão de uma forma geral, pois, o problema não está no aparelho, mas nas pessoas que determinam o que deve ser veiculado e a forma como as programações são veiculadas, muitas vezes de forma imposta, não nos dando o direito ao menos de emitir nossa opinião. Nesse momento, a televisão torna-se prejudicial e unilateral.
Muitos problemas provenientes do abuso da TV, com suas programações que incitam o adolescente à erotização e a banalização do sexo, poderiam ter sido evitados se a família estivesse engajada na luta para combatê-los. Não adianta atribuirmos a culpa somente aos empresários, aos donos de emissoras que investem alto e de forma inescrupulosa para obterem os primeiros lugares na audiência. A esses tipos de investidores, fica a nossa repulsa e indignação pelo fato de estarem expondo milhões de telespectadores, inclusive crianças e adolescentes a situações que podem prejudicá-las física e psicologicamente. Porém, à família, fica uma advertência para que ela possa cuidar mais de seus filhos, orientá-los, pois, as pesquisas demonstraram que os pais não se preocupam com o que seus filhos vêem na TV, eles estão sempre recorrendo a outros meios para aprenderem sobre sexo/sexualidade. Prova disso, foram os resultados da pergunta que consistia em saber a quem os filhos recorriam na busca de informações ligadas à sexualidade; na escola estadual tivemos 38,8% de alunos que buscam essas informações na família e 73,0% recorrem aos amigos para tirarem suas dúvidas; enquanto na escola municipal 64,8% procuram a família e 72,8% preferem os amigos. A família está em desvantagem em ambos os colégios, evidenciando dessa forma a necessidade de um maior diálogo e da participação da família.
A situação da escola também necessita de uma reavaliação posto que, os próprios professores 100,0 % deles, da escola municipal afirmaram que a escola tem falhado como instituição de ensino. 87,5 % dos professores da escola estadual revelaram que a escola está omissa e indiferente, face à situação em que os alunos se encontram. A escola parece que está adormecida, esqueceu-se da sua função.
Os professores por sua vez, também têm a sua parcela de culpa, pois 25,0% dos que pertencem ao colégio Landulfo Alves admitem que não fazem nada, sendo que metade desse percentual ( 12,5% ) dos entrevistados esporadicamente realiza algo em prol dos alunos, isto é, quando surge a oportunidade para fazê-lo. No que se refere ao Centro Educacional Cruzalmense, todos os professores que foram entrevistados afirmaram fazer algo para ajudar o aluno nesse sentido. Porém, quando perguntamo-lhes se falavam sobre sexualidade com seus alunos, 20,0% deles asseguraram que não o faziam porque não consta no programa da sua disciplina; enquanto que, entre os professores do Landulfo Alves 12,5% revelaram que não fazia absolutamente nada e 37,5% eventualmente conversavam sobre o assunto. É preciso portanto, que o professores repensem a sua forma de conceber a educação, suas atitudes e sua negligência em relação à função que deve ser a de transformar a realidade.
Quando questionamos acerca da interferência da televisão e de outros meios de comunicação na aprendizagem dos alunos dos colégios pesquisados, 100,0% dos professores do CEC asseguraram que a mídia tem o poder de fomentar a mente do adolescente em relação à erotização, a ponto de atrapalhá-lo no processo da aprendizagem, ao passo que apenas 25,0% não reconheceram que essa influência seja tão grande a ponto de interferir na aprendizagem do adolescente.
Em relação à família, 55,8% dos pais do LAA registraram que a mídia exerce influência sobre o adolescente, e 57,5 dos entrevistados do CEC concordaram acerca desta influência. Mas, também não fazem muita coisa para sanar o problema, de acordo com o que podemos perceber com os resultados da pesquisa.
No que se refere aos alunos, 82,1% deles, pertencentes à escola estadual, admitiram essa influência e 90,2% dos entrevistados da escola municipal concordam que a mídia estimula o adolescente.
Não há como negar que os estudantes de ambos os colégios pesquisados estão sendo incitados à erotização por meio das imagens e discursos televisivos, por vários motivos, os quais já mencionamos ao longo desse trabalho. Mas, de quem é a culpa? Não se constitui nosso interesse apontar culpados, pois já tivemos oportunidade de perceber através dos resultados. Cabe, então à escola, aos professores e aos estudantes, uma vez conscientes da situação tentar mudar o atual quadro em que se encontra estas duas escolas.
A própria escola precisa preparar-se melhor, qualificar seus professores para que se sensibilizem com o problema pois, muitas vezes o que ocorre é que eles detectam o problema, contudo, não sabem o quê fazer nem como fazer. Entretanto há uma veemência em alertar os alunos sobre a necessidade de assumir sua sexualidade com responsabilidade a fim de evitar doenças e poder viver uma adolescência tranqüila, sem traumas nem frustrações.
Os estudantes, depois de devidamente orientados e conscientizados, devem procurar canalizar sua libido para outras áreas ou outras coisas que lhes dê prazer, como por exemplo, desenvolver o diálogo com a família, pois, de uma certa forma a televisão impede que isso seja feito; outra solução seria fazer cursos, procurar os amigos, não para aprenderem sobre sexualidade; poderiam até discutir o tema sem ter que necessariamente, assumir a posição de “expert” no assunto, mas para desenvolverem uma amizade pura e sincera; eles devem brincar, sorrir, em suma, viver sua adolescência de forma sadia e tranqüila.
Deve haver também o cuidado das autoridades competentes no sentido de acompanhar e fiscalizar o tipo de programação que tem sido exibida na televisão brasileira. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão ( Abert ), aprovou um código de ética que controla ( teoricamente ) o que é veiculado pelo rádio e pela TV. O artigo oitavo desse código prevê que “‘os programas transmitidos não advogarão qualquer forma de perversão sexual’” . Se tal código estivesse vigorando, não estaríamos presenciando tantos adolescentes que se enveredam por caminhos espinhosos.
Cremos que, se a escola procurar agir no sentido de resgatar os estudantes que estão expostos ao domínio da televisão, ela estará confirmando a sua proposta de valorização do ser humano e preparando o indivíduo para desempenhar sua funções sociais deforma digna e equilibrada.
Como medidas imediatas, a escola poderia utilizar algumas estratégias no combate aos abusos da TV. O primeiro passo seria encarar a situação de frente, discutir o assunto, mobilizar o corpo docente, o corpo discente e os pais dos alunos, uma vez que educação se faz com a participação da família, com o acompanhamento; é um trabalho de parceria. A escola poderia ainda realizar palestras, seminários, debates, exibir filmes relacionados ao assunto em questão para despertar a atenção dos estudantes e alertá-los também sobre a possibilidade de contrair doenças e a AIDS. Ela pode utilizar como recurso neste trabalho a própria televisão, discutir sobre as finalidades propagandistas, e a ideologia da TV para que ela não seja vista como um “bicho-papão” e incentivar os alunos a assistirem programações mais educativas e boicotarem aquelas que não instruem em nada .
A escola não deve esquecer-se dos pilares da UNESCO, os quais servem de referência para todas os seguimentos sociais que quiserem preservar o homem enquanto ser significativo e ressignificante, quais sejam: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver, aprender a ser e aprender a aprender. Conhecer a realidade do sujeito é importante para que a escola possa fazer algo que venha dar significado dentro da sua função de agência de transformação social; faz-se necessário aprender a conviver com o aluno, com sua problemática, sua realidade a fim de compreendê-lo e poder auxiliá-lo. Cremos que a escola é um veículo de formação e informação; para que isso adquira significado real, ela tem que aprender a ser verdadeiramente um local onde se desenvolva a consciência e a cidadania pois, esta, não surge do nada, ela é construída dia-a-dia.
Sendo assim, a escola deve estar comprometida com o desenvolvimento integral do indivíduo a fim de proporcionar-lhe o pleno desenvolvimento das suas atividades e habilidades de forma crítica e responsável.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ABRUCIO JÚNIOR, Milton. Sem limites. Revista Educação. São Paulo, nº 214, p. 34-42, fev. 1999.

CITELLI, Adilson. Linguagem e persuasão. São Paulo: Ática,1995, 1ª ed., 77 p.

FERRÉS, Joan. Televisão e educação. Tradução: Beatriz Affonso Neves. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. 180p.

______________ Televisão subliminar: socializando através de comunicações despercebidas. Tradução de Ernani Rosa e Beatriz A. Neves. Porto Alegre: Artmed, 1998, 288 p.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade: a vontade de saber. São Paulo: 1988.

FREUD, Sigmund. Três ensaios sobre sexualidade. Tradução de Paulo Dias Corrêa. Rio de Janeiro: Imago, 1997, 120 p.

GENTILI, Pablo. Adeus à escola pública: a desordem neoliberal: a violência do mercado e o destino da educação das maiorias. In: ___ ( Org. ). Pedagogia da exclusão: crítica ao neoliberalismo em educação. Tradução de Vânia Paganini Thuler e Tomaz Tadeu da Silva. 2ª ed.. Petrópolis: Vozes, 1995. p 228-251.

Istoé . São Paulo, Editora Três, n. 1639, 28 fev. 2001

LIMA, Venício Artur de. 2ª ed.. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981

LOPES, Gerson. Gravidez na adolescência: política prioritária de saúde, Jornal da Febrasgo. São Paulo, ano 7, n. 3, abr. 2000, p. 7

MACEDO, José Rivair; OLIVEIRA, Mariley W. Mercadores de ilusões: meios de comunicação e indústria cultural no Brasil. In: — Brasil: uma história em construção. São Paulo: Editora do Brasil, 1996, 192 p.

MARCONDES FILHO, Ciro. Televisão: a vida pelo vídeo. 13ª ed.. São Paulo: Moderna, 1988

PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. Tradução de Maria Alice Magalhães D’amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 23ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1998, 136 p.

SETZER. Valdemar W.. Os meios eletrônicos e a educação: televisão, jogo eletrônico e computador. Disponível em . Acesso em: 09 de agosto de 2000.

SUPLICY, Marta. A insatisfação com a TV e a erotização infantil. Disponível em . Acesso em 09 de agosto de 2000.































ANEXOS









ANEXO 01
PESQUISA REALIZADA COM ESTUDANTES DA 8ª SÉRIE
DOS COLÉGIOS LANDULFO ALVES DE ALMEIDA E CENTRO EDUCACIONAL CRUZALMENSE

ABEC- Associação Baiana de Educação e Cultura
UNIBA – União Intermunicipal de Curso Superior na Bahia
Curso – Pós-graduação em Programação do Ensino
Estudante – Abigail dos Santos Fonsêca

Caro estudante, você está recebendo um questionário que faz parte de uma pesquisa sobre a mídia. Nele, você encontrará algumas perguntas que são extremamente pessoais. Gostaríamos que você as respondesse na certeza de que manteremos absoluto sigilo, mesmo porque, o seu nome não será explicitado.

QUESTIONÁRIO

1- Qual a sua idade?
( ) 10 a 12 anos
( ) 13 a 15 anos
( ) 16 a 18 anos

2- Qual o seu sexo?
( ) masculino
( ) feminino

3- Você já teve algum envolvimento sexual?
( ) sim
( ) não

4- Quando isso ocorreu?
( ) entre os 10 e 12 anos
( ) entre os 13 e 15 anos
( ) entre os 16 e 18 anos

5- Você já realizou algum aborto?
( ) sim
( ) não

6- Caso a resposta anterior tenha sido positiva, justifique: o que o levou a tomar tal atitude?
( ) determinação da família
( ) imposição do seu namorado
( ) medo de discriminação de outras pessoas
( ) impossibilidade de assumir um filho

7- você já induziu alguma garota a abortar um filho seu?
( ) sim
( ) não

8- Por quê?
( ) porque não tinha pretensão de ser pai nem assumir um filho
( ) porque não estava preparado para assumir

9- Onde você busca informações sobre assuntos ligados à sexualidade?
( ) na família
( ) entre os amigos
( ) na TV e em outros meios de comunicação
( ) outros

10- quais os programas que você mais assiste na TV?
( ) telejornais
( ) malhação
( ) novelas
( ) filmes
( ) programas sobre sexo
( ) programas de auditório
( ) desenhos animados
( ) outros

11- Você acha que a mídia ( a televisão, a publicidade, as revistas, enfim, os meios de comunicação ) de alguma forma exerce influência sobre o adolescente, ditando modas, linguagem, mudando comportamentos, estabelecendo padrões de vida?
( ) sim
( ) não
( ) às vezes

12- A maioria dos comerciais ( de TV e outros publicitários como revistas, outdors, etc. ) que são apresentados ao público espectador e/ou consumidor apresentam a figura de uma mulher ou de um homem seminus. Na sua opinião, essa estratégia:
( ) é boa porque ajuda a vender o produto
( ) não é necessária
( ) é prejudicial à formação da criança e do adolescente

13- seus pais já o proibiram ou o proíbem de assistir a determinados tipos de programas que tratam de sexualidade?
( ) sim
( ) não
( ) às vezes









ANEXO 02
PESQUISA REALIZADA COM OS PAIS DOS ESTUDANTES DA 8ª SÉRIE
DOS COLÉGIOS LANDULFO ALVES DE ALMEIDA E CENTRO EDUCACIONAL CRUZALMENSE

ABEC- Associação Baiana de Educação e Cultura
UNIBA – União Intermunicipal de Curso Superior na Bahia
Curso – Pós-graduação em Programação do Ensino
Estudante – Abigail dos Santos Fonsêca

Prezados pais, vocês estão recebendo um questionário que faz parte de uma pesquisa sobre a mídia. Nele, vocês encontrarão algumas perguntas acerca da influência dos principais meios de comunicação sobre os adolescentes e também visa perceber a participação da família no acompanhamento das questões ligadas à sexualidade.

QUESTIONÁRIO

1- Você costuma orientar seus filhos sobre sexualidade?
( ) sim
( ) não
( ) às vezes

2- Caso a resposta tenha sido positiva, responda: Como se dá essa orientação?
( ) através de diálogo informal e constante
( ) através de literaturas dadas a eles
( ) através da ajuda de amigos
( ) através de ajuda de profissionais

3- Como seus filhos reagem quando vocês conversam sobre sexualidade/ sexo?
( ) ficam atentos
( ) ficam constrangidos
( ) não dão importância

4- Caso a resposta tenha sido negativa, responda: Por que você não os orienta?
( ) Porque não sabe como fazê-lo
( ) Porque não se sente à vontade para fazê-lo

5- A quem compete a função de informar sobre sexualidade?
( ) à família
( ) à escola
( ) à igreja
( ) outros

6- Na sua opinião, a programação sobre sexo e até mesmo alguns programas televisivos que na íntegra não abordam o assunto, mas algumas vezes exibem “bumbuns famosos” ou fazem “piadinhas picantes”, são exibidos em horários apropriados?
( ) sim
( ) não
( ) às vezes

7- Você já proibiu ou proíbe seus filhos de assistirem algum programa de TV ou fazerem uso de alguma literatura sobre sexo ou sexualidade?
( ) sim
( ) não
( ) às vezes

8- Você acha que a mídia ( a televisão, a publicidade, enfim, os meios de comunicação) de alguma forma exerce influência sobre o adolescente, ditando modas, linguagem, mudando comportamentos, estabelecendo padrões de vida?
( ) sim
( ) não
( ) às vezes

9- A maioria dos comerciais(de TV e outros comerciais publicitários como revistas, cartazes, outdors, etc.) que são apresentados ao público, para serem bem aceitos e bem vendidos, geralmente exibem modelos seminus. Na sua opinião essa estratégia:
( ) é boa porque ajuda a vender o produto
( ) não é necessária
( ) é prejudicial à formação da criança e do adolescente




























ANEXO 03
PESQUISA REALIZADA COM OS PROFESSORES DOS ESTUDANTES DA 8ª SÉRIE DOS COLÉGIOS LANDULFO ALVES DE ALMEIDA E CENTRO EDUCACIONAL CRUZALMENSE

ABEC- Associação Baiana de Educação e Cultura
UNIBA – União Intermunicipal de Curso Superior na Bahia
Curso – Pós-graduação em Programação do Ensino
Estudante – Abigail dos Santos Fonsêca


QUESTIONÁRIO


1- Você acha que o adolescente atual tem sido influenciado pela mídia em relação à erotização precoce ?
( ) sim
( ) não
( ) às vezes

2- Você acha que essa influência pode prejudicar a aprendizagem dos alunos?
( ) sim
( ) não

Por quê ?
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3- O que você tem feito para atenuar esse problema ?
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________

4- A cada ano que passa estamos testemunhando um número crescente de adolescentes que abandonam a escola, como conseqüência de uma gravidez indesejada ou por que têm que trabalhar para sustentar um filho, dentre outros motivos. Na sua opinião, como a escola tem se portado diante dessa situação ?
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5- O educador na sua prática educativa deve proceder como agente transformador, modificando a realidade social. Diante dessa constatação, qual a sua postura frente à massificação dos meios de comunicação, especialmente a televisão e a literatura perniciosa em relação à influência na sexualidade do aluno ?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6- Você fala sobre sexualidade com seus alunos ?
( ) sim
( ) não
( ) às vezes

7- Caso a resposta tenha sido positiva, responda: por quê ?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

8- Caso a resposta tenha sido negativa, responda: por quê ?
( ) porque não está preparado
( ) porque não julga necessário fazê-lo
( ) porque não é de sua área

Outros motivos
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________







ANEXO 04
PROPAGANDA DE LINGERIE


Fonte: cartazes distribuídos pelas lojas e departamentos da cidade de Cruz das Almas
ANEXO 11
GRUPOS MUSICAIS



















































05
PROPAGANDA DE PEÇA ÍNTIMA



Fonte: Istoé, 29 abr. 2000



ANEXO 06
ANÚNCIO SOBRE A REVISTA NOVA



FONTE: Revista Nova, mar. 99
ANEXO 08
ANÚNCIO DE IORGUTE

Fonte: Revista Cláudia, mai. 2000

ANÚNCIO DE CEREAL EM BARRA




Fonte; Revista Istoé, 5 abr.2000

ANEXO 10
CAPA DE CADERNO


Fonte: Fábrica de cadernos Jandaia





















ANEXOS


















RECURSOS UTILIZADOS PELA MÍDIA,
PELAS INDÚSTRIAS DE LINGERIE
E FÁBRICAS DE CADERNOS
A FIM DE COMERCIALIZAREM SEUS PRODUTOS
Autor: Abigail dos Santos Fonseca


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