Thylacines, dodôs, rãs... Quantos mais serão necessários?



Mariana d’Ávila Fonseca Paiva de Paula Freitas
Pedro Fialho Cordeiro


Desde o início da vida na Terra, inúmeras espécies são extintas por uma enorme gama de acontecimentos. As causas variam desde a introdução de exemplares exóticos por ações antrópicas, que ocasionam na destruição de hábitats, até na extinção através da pesca predatória, caça e mudanças climáticas. Portanto, neste artigo, alguns problemas inerentes à ação humana para com a natureza serão explicitados.

O tigre-da-Tasmânia (Thylacinus cynocephalus) foi declarado oficialmente extinto no ano de 1986, cinqüenta anos depois da morte do último exemplar registrado. Também conhecido por Thylacine, o marsupial originou-se na Austrália, local em que viveu até a introdução do Dingo (Canis dingo), possivelmente por colonos. Esse se tornou, então, concorrente do tigre, que desapareceu do território australiano. O Thylacine encontrou abrigo na ilha da Tasmânia, subindo ao posto de topo da cadeia alimentar, mas devido a supostos ataques aos rebanhos de ovelha e gado, esse animal encontrou um novo rival: o homem. De modo irracional, os seres humanos os caçavam, recompensas eram oferecidas em troca da matança, e isso causou a sua extinção.

Outro exemplo é o do Dodô (Raphus cucullatus), ave que habitava a ilha Maurícia, no leste da África, que se tornou extinto devido às ações antrópicas durante a colonização da região. Os adultos eram caçados e seus ninhos destruídos por ratos, porcos e macacos, já que essas aves nidificavam no solo. Na natureza, observamos que as espécies estão intimamente relacionadas, e que a sobrevivência de uma está ligada a alguma condição de outra. Evidenciando essa afirmação, cientistas descobriram que uma espécie de árvore estava desaparecendo da ilha Maurícia, e os únicos exemplares existentes tinham mais de 300 anos, nascidos na época em que os últimos dodôs estavam sendo mortos. Esse fato não era mera coincidência: tais animais comiam as sementes dessas árvores, e essas só ficavam ativas quando passavam pelo aparelho digestivo dos dodôs.

As plantas exóticas invasoras são atualmente a segunda maior ameaça à biodiversidade. De acordo com Sílvia Renate Siller, do Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas e da Auto-Sustentablidade, essas plantas podem modificar ciclos e características naturais dos ecossistemas afetados, causar a alteração de cadeias tróficas, estruturas da comunidade vegetal, distribuição de biomassa, taxas de decomposição dentre outras conseqüências. As primeiras plantas transferidas tinham a finalidade de suprir necessidades agrícolas, florestais e outras de uso direto. Já hoje está associada de modo significativo ao comércio de plantas ornamentais. Como exemplo, o Eucalipto (Eucalyptus sp.), ao ser introduzido em algum ambiente, inibe o crescimento de espécies vegetais nativas.

Como até 30 anos atrás não sabíamos se o nosso destino seria uma geladeira ou uma estufa, os estudos sobre o desaparecimento de espécies como conseqüência das mudanças climáticas eram igualmente desconhecidos. Com base no livro “Os Senhores do Clima”, de Tim Flannery, vemos que durante a seca do inverno de 1987, na Floresta Úmida de Monteverde, Costa Rica, estudos mais detalhados nos mostraram uma triste tendência e realidade. Trinta das cinqüenta espécies de rãs que habitavam os 30 km² da área de pesquisa desapareceram. E, entre elas, estava a rã dourada (Bufo periglenes). A criatura de cor chamativa, como o nome sugere, vivia apenas nas regiões superiores das montanhas, e, em certas épocas do ano, os machos lustrosos podiam ser vistos às dúzias, reunindo-se em volta de poças no solo da floresta para acasalar, além de serem anfíbios só encontrados nessa região. A causa da extinção culminou em anos de estudos, porém, desde as primeiras investigações, uma nova conseqüência do aquecimento global paulatinamente tornou-se evidente: a extinção da fauna e flora, fazendo com que o caso desses animais fosse o primeiro registrado pelo homem. A partir de 1976, o número de dias sem névoa crescera em cada estação seca, o que acarretava na diminuição da umidade nas florestas e, como conseqüência, a diminuição das poças, nas quais as rãs depositavam os seus ovos. E foi essa a causa que levou esses anfíbios ao desaparecimento.

Podemos, então, concluir que a destruição da natureza por ações antrópicas vem gradualmente aumentando, e se isso não for freado, o desequilíbrio será cada vez maior, já afetando a todos. A Terra é um conjunto sensível às mínimas mudanças, onde qualquer alteração pode acarretar em danos naturalmente irreparáveis, como os já citados. Dodôs, rãs e tigres da Tasmânia são exemplos conhecidos de animais que foram extintos, mas quantos não desaparecem sem nem ao menos serem registrados? E quantos mais serão necessários para acabar com a imprudência humana?

Referências
http://petsecia.com/extintos/tigre_tasmania.htm (consultado em 04/12/07)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dod%C3%B3 (consultado em 04/12/07)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dingo (consultado em 05/12/07)
Ziller, Sílvia Renate, Plantas exóticas invasoras: a ameaça da contaminação biológica, Revista Ciência Hoje, dezembro de 2001
Flannery, Tim, Senhores do clima, 2007
Notas de aula
Autor: Mariana dÁvila e Pedro Fialho


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