As Loucuras no trânsito: O que isso reflete?



O feriado prolongado de Natal deixou 196 mortos, vítimas de acidentes nas estradas federais de todo o país, entre a zero hora de sexta-feira (21/12/2007) e a meia-noite de ontem (25/12/2007). Esse foi o feriado com o maior número de vítimas e o período mais violento nas rodovias brasileiras em todo o ano.

O balanço foi divulgado hoje (26/12/2007) pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) que registrou ainda 2.561 acidentes com 1.879 feridos.

Os números superam os registrados no carnaval deste ano, período tradicionalmente mais violento por causa dos excessos, segundo a PRF, quando ocorreram 2.417 acidentes, com 145 mortos e 1.587 feridos.

De acordo com os dados da PRF, o estado de Minas Gerais lidera a estatística de acidentes e mortos, com 460 acidentes que deixaram 26 mortos. Em segundo lugar está o estado da Bahia, com 20 mortes.

Eu e minha família também estávamos na estrada nesse período, tiramos alguns dias de descanço no belíssimo Condomínio Escarpas do Lago, em Capitólio-MG. Durante a viagem (320 KM) testemunhamos verdadeiras loucuras, motoristas impacientes e mal educados, ultrapassagens em faixa dupla, ultrapassagens pela direita, pelo acostamento, em final de terceira pista, espírito de competição, provocações, veículos mais lentos pela esquerda, veículos de traz tomando a iniciativa de ultrapassagem sem sinalizar, excesso de velocidade...

A cada imprudência comentávamos no carro. Foi quase como um passa tempo, comentar imprudências, achar razões e até achamos algumas que quero compartilhar; Para algumas pessoas, estar na direção de um veículo significa assumir uma postura “superior” algo assim como “estar no controle” e é evidente que muita gente não tem preparo emocional para controlar, dirigir, liderar. Estar no controle, exige antes de tudo, equilíbrio e sensatez e isso evidentemente está em falta nas estrada Brasileiras.

Outras pessoas me parecem competitivas demais, olhei rapidamente para a expressão de um mnotorista ao me ultrapassar (Não costumo olhar para os motoristas neste momento, já vi coisas super desagradáveis), ele parecia estar em êxtase, como se estivesse vencendo uma corrida de fórmula 1, ou como se estivesse me subjulgando, me colocando em meu devido lugar, ou seja, atraz dele. Que imaginação.

Alguns estão visivelmente focados no destino, no objetivo, na chegada; Sabe de uma coisa? Uma das melhores experiências de uma viagem é a própria viagem. As paisagens, a natureza, as pessoas, os lugares, as diferentes formas de vida em comunidade, os costumes e muito mais; Chegar é detalhe se soubermos aproveitar a viagem. É como alguém que vive pensando o tempo todo na morte, aproveite a viagem e certamente você chegará muito melhor do que saiu.

Pensamos também em alguns veículos onde estavam famílias, como a nossa. Quanto valeria a vida daquela família para aquele motorista? Aparentemente não muito. Ou por um surto de onipotência aquele cidadão(ã) se colocou no direito de jogar com a vida daquelas pessoas. Esposa, Marido, Filhos, Pais, Avós, Tios, Amigos, quanto vale a vida de cada um? No momento de uma ultrapassagem, de uma curva, ao encontrar um veículo mais lento, o que isso provoca no coração de um motorista para fazê-lo reduzir drasticamente o valor de seus queridos? Eu não sei, mas pensava assim cada vez que me sentia tentado a arriscar, a pergunta que me fiz várias vezes foi: Este risco vale a vida de minha família? E a resposta era sempre: Não. Creio que é por isso que estou aqui com minha esposa e filhos escrevendo este artigo.

Estamos tristes hoje. Perdemos 196 irmãos, amigos, pais, mães, filhos, sobrinhos, avós, maridos, esposas, gente que sem dúvida fará muita falta em muitos lugares, para muitas pessoas. 196 Corações que pararam. 196 sonhos que ficaram na estrada. 196 suspiros de alegria. 196 gritos de alerta, 196 apelos para pensarmos melhor, 196 razões para valorizarmos a vida, 196 covas nos cemitérios do Brasil, 196, 196, 196, cento e noventa e seis...

Meu Deus,

É.

Deixa eu dar um beijo em meu filho.

Múcio Morais
(31) 3082-7271
Autor: Múcio Morais


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