O NEGÓCIO É INVESTIR EM CAPACITAÇÃO



Quem faz um bom plano de negócio, conhece o mercado, seu cliente e dispõe de capital de giro tem mais chance de dar certo.

Exemplos são cada vez mais conhecidos no Brasil.

Foi com uma boa dose de ousadia, que o empresário Marcelo Baroni, 36 anos, trouxe para Brasília, no ano de 2005, um novo conceito de cervejaria até então conhecido apenas nos mercados de São Paulo e Rio de Janeiro.

O empresário, que sempre sonhou em ter um negócio no setor de entretenimento, conta que no início teve muitas dúvidas: no que investir exatamente? Como não se tornar mais um?

Para responder a essas e outras perguntas, o empresário fez na época um estudo de mercado seguido de um plano de negócio.

O medo de arriscar no novo não intimidou Marcelo. “Sabíamos do desafio, pois teríamos pela frente a implantação de uma nova cultura baseada em cervejas importadas e com preços finais acima da realidade de estabelecimentos tradicionais”, disse.

Com a experiência adquirida como sócio de uma empresa de tecnologia, a qual continua firme no mercado, Marcelo quis inovar não só no produto, como também na gestão de sua empresa.

Na cervejaria, a palavra qualificação se mistura aos mais de 60 nomes de cervejas nacionais e internacionais oferecidas no cardápio. "Promovemos cursos de reciclagem e capacitação, tanto relativo aos processos operacionais quanto em técnicas de atendimento e vendas. Aqui, por exemplo, não existe garçom, e sim, "Especialistas em satisfação do cliente", afirma.

Na opinião de Marcelo a inovação por si só, não adianta.

Ela deve estar alinhada com outros fatores: planejamento, administração de custos, qualidade, comprometimento da equipe e estratégias de marketing.

Hoje, após dois anos de fundação, passam pela cervejaria Braühaus cerca de 5 mil pessoas por mês. Em seu cardápio, as microcervejarias brasileiras ganham espaço e competem lado a lado com famosas marcas de diferentes partes do mundo.

Empreendedores com o perfil semelhante ao do empresário Marcelo Baroni e de seu sócio Janduy Coutinho, aliado a um ambiente econômico favorável, têm contribuído para o aumento da sobrevida das micro e pequenas empresas do País, que passou de 50,6% no triênio 2000 a 2002 para 78% no período de 2003 a 2005.

Assim mostra a pesquisa 'Taxa de Sobrevivência e Mortalidade das Micro e Pequenas Empresas', encomendada pelo Sebrae a Vox Populi e divulgada em agosto do ano passado.

O levantamento trouxe as taxas de sobrevivência e os principais fatores condicionantes da mortalidade das empresas de pequeno porte, apresentados por região, por unidade da Federação, e Brasil.

Para o desenvolvimento do estudo foram rastreadas, no primeiro semestre de 2007, 14.181 empresas constituídas no período de 2003 e 2005, sendo 13.428 ativas e 753 extintas.

O dado mais impactante da pesquisa revelou que em 2002, metade dos empreendimentos fechava suas portas antes de completar dois anos.

Já em 2005, de cada 100 pessoas que constituíram firma, 22 tiveram que encerrar antes do negócio chegar aos dois primeiros anos de vida.

Para o Sebrae esse resultado positivo está ligado à melhoria da economia, e, principalmente a um maior preparo por parte dos empreendedores. Ou seja, quem faz um bom plano de negócio conhece o mercado e seu cliente e dispõe de capital de giro tem mais chance de dar certo.

Assim aconteceu com a empresária Izabel Neves de Oliveira, 49 anos. Sócia desde 2003 de uma loja de autopeças, em Brasília, a empresária afirma não ter sido favorecida pelo reflexo do crescimento da economia.

Para manter sua empresa de pé, foi necessário enxergar além e criar novas estratégias de atuação. “A queda dos juros e as facilidades para financiar veículos novos, na verdade, fez com que as nossas vendas despencassem, já que dependemos da manutenção dos veículos. Atentos a esse cenário passamos a ficar mais próximos das oficinas mecânicas e a investir na parte física da empresa”, explica.

A pesquisa também constatou que os empresários têm se preocupado mais com sua formação educacional.

Houve uma elevação, ainda que tímida, no grau de escolaridade dos donos de empresas que ultrapassam os dois anos de vida.

No período entre 2003 e 2005, os empresários com curso superior incompleto correspondiam a 46% do total. Já entre os anos de 2000 e 2002, quando foi feito o último estudo, o percentual era de 49%.

Os empreendedores com curso superior completo, por sua vez, passaram de 29%, na pesquisa anterior, para 30%, na atual.

Nesta última edição, a pesquisa analisou um novo item. Trata-se do levantamento do tempo que o empresário leva para fechar legalmente sua empresa: no ano de 2003 o tempo médio foi de 113 dias; em 2004, 137 dias; e em 2005, 84 dias. O 'Planejamento' foi julgado importante para 71% dos empresários.

Em se tratando de atendimento, o contador foi eleito o principal auxílio para o gerenciamento da empresa, para mais da metade dos proprietários das empresas ativas e extintas.

O universo de microempresários ativos que buscam orientação do Sebrae subiu de 4%, em 2002, para 17%, em 2005.

As empresas que procuraram a Instituição fizeram, em média, até dois tipos de assessoria, principalmente nas áreas de Gestão Empresarial, Gestão Financeira e Gestão de Recursos Humanos.

As áreas de Acesso a Mercados e Tecnologia também foram mencionados. Para as empresas ativas, 65% dos proprietários citaram a elevada carga tributária como importante dificuldade para gerenciamento da empresa.

O volume de negócios que dá certo, 78%, aproxima o Brasil de países mais desenvolvidos.

Segundo dados do Sebrae, na Inglaterra, dois anos após a formação 81,9% dos negócios ainda estão abertos. Na Austrália o número sobe para 87,6%. Isso demonstra que os pequenos negócios no Brasil e instituições, como o Sebrae, estão no caminho certo.

Força de trabalho nas MPE

Outro relevante estudo encomendado pelo Sebrae, ainda neste ano, foi o "Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa 2007".

O levantamento é o primeiro estudo voltado especificamente para os pequenos negócios, com foco em três vertentes do mercado de trabalho: empregado (mão-de-obra), massa salarial e estabelecimento (número de empresas).

Com base no cruzamento de dados de diferentes fontes e de 1.799.501 microempresas e de 296.620 pequenas empresas, o estudo desenvolvido pelo Dieese revelou, por exemplo, que em 2005, registrou-se uma forte concentração do total dos empregos no interior, com participação de 61%, contra 39% nas capitais.

Além disso, os resultados apurados indicaram que a queda do rendimento real dos empregados das micro e pequenas empresas foi menor do que a verificada para os trabalhadores empregados nos estabelecimentos de maior porte.

A realização de estudos e pesquisas, como os citados, segundo a Agência Sebrae de Notícias, não só traz um diagnóstico do universo das micro e pequenas empresas, como permite também que o Sebrae a partir desses indicadores planeje melhor e ajude mais os empreendedores de negócios de pequeno porte, direcionando as ações de acordo com o perfil e a realidade de cada estado.
Autor: Alfredo Passos


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