PAPAI NOEL NÃO VAI A ÁFRICA



Quase 50% dos 924,5 milhões de habitantes da África vivem com menos de 1 dólar ao dia, abaixo do nível de pobreza definido pelo Banco Mundial. Digo isso não apenas para expor a preocupante situação da pobreza do povo africano, mas também para justificar minha total aversão ao Natal.
Temos a percepção de que o Natal é uma data em que comemoramos o nascimento de Jesus Cristo. Na antiguidade, o Natal era comemorado em várias datas diferentes, pois não se sabia com exatidão a data do nascimento de Jesus. Foi somente no século IV que o 25 de dezembro foi estabelecido como data oficial de comemoração. Na Roma Antiga, o 25 de dezembro era a data em que os romanos comemoravam o início do inverno. Portanto, acredita-se que haja uma relação deste fato com a oficialização da comemoração do Natal.
Particularmente o Natal nunca “me fez a cabeça”. Minha mãe conta que eu tinha medo do Papai Noel, e que quando algum se aproximava, logo começava a chorar. Passei a gostar menos ainda quando cresci e aprendi que o Natal possui suas verdadeiras origens em festas pagãs e que é utilizada, atualmente, como forma de aquecer o mercado e proporcionar descanso aos trabalhadores.
No que diz respeito a figura do Papai Noel, Nicolau de Bari ou Nicolau de Mira, que nasceu na Turquia em 280 d.C, possuía grande generosidade, ganhando assim a reputação de mágico milagreiro e distribuidor de presentes. Filho de família abastada, doou seus bens para os pobres e desamparados. Entretanto, tecia um grande amor pelas crianças e foi através delas que sua lenda se popularizou.
Para muitos, Papai Noel é, como contam as lendas, um bom velhinho que distribuía presentes a todas as crianças. Como podem imaginar, não possuo tão boa percepção desta figura. Imagino um velho chato de tão altruísta, além manipulador, mercenário e, acima de tudo, cruel.
Quantas vezes você desejou muito um presente, pediu ao Papai Noel e nunca recebeu? Quantas crianças vocês acham, que iludidas com a bondade do velhinho, fizeram promessas de serem bons alunos, só para ganhar uma bola ou bicicleta? Quantas famílias vocês acham, que pedem com todo o coração, na noite de Natal um milagre que nunca acontece.
Por mais que a história do Papai Noel incentive a criatividade das crianças, acho muito mais conveniente que elas saibam sobre os Contos de Fadas como Chapeuzinho Vermelho e Saci-Perere do que acreditarem na figura do bom velhinho. Abaixo o Natal e o Papai Noel, não podemos mais deixar nossas crianças crescerem enganadas e prontinhas para a propagação de uma sociedade de consumo.
O Natal movimenta o comércio, traz novidades em todas as áreas e faz com que as pessoas sintam a necessidade de presentear os parentes e comprar algo que os agrade. Como um forte engodo, esta festividade tenta transformar todos nossos problemas e aflições num fato passageiro que é resolvido numa loja bem cheia.
Ao passar o cartão no caixa registradora, nossas angústias logo somem, como se o espírito do natal nos enchesse de paz e fraternidade. Tudo fica “cor-de-rosa” e até os problemas familiares parecem desaparecer. Isso é o Espírito Natalino?
Se esse espírito natalino não chega até as crianças africanas e brasileiras, não temos o que comemorar. Como festejar enquanto crianças morrem subnutridas? Cadê o velhinho humanitário cheio de esperança para dar? Será que ele se escondeu com medo da reprovação de algum político? Ou será ainda que a sociedade moderna festeja uma figura que nós mesmos não deixamos viver?
Autor: Rafael Lucas Santos Valin


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