A virose de uma sociedade doente!



Ontem fui em uma farmácia com um amigo enfermo.
Durante à tarde, o dito cujo tinha procurado um médico que havia lhe medicado como tendo uma “virose”. Seus sintomas eram febre, dores pelo corpo e inflamação na garganta (minha avó certamente diria que isso se chama “friagem”), mas enfim, o douto representante da classe receitou ao meu amigo alguns “remedinhos” para a tal virose. E fomos à farmácia.
Enquanto aguardava no carro sai meu amigo apressado (magro e abatido) de dentro da farmácia com a receita nas mãos, ainda meio afoito, e me disse: “sabe quanto custa esse remédio?”
A resposta dele me fez repensar uma série de coisas, como corrupção, política, CPMF, Brasil, saúde, educação, desemprego, salário mínimo.
Pasmem: “R$ 600,00”.
Para aí! O que é mesmo que ele tem???
Nada obsta que uma farmácia tenha em sua prateleira um remédio desse preço, e muito menos que um médico o receite, mas, O QUE É MESMO QUE ELE TEM?
O fato de ele procurar um médico particular faz dele um milionário?
Que tipo de remédio para virose chega as nossas prateleiras ao valor “ínfimo” de seiscentos reais??? Afinal, isso não é nem um terço do salário mínimo!!!
Muitos que souberam do fato disseram, “ah isso é porque o médico achou que ele tivesse dinheiro”, ou ainda (essa é legal) que o médico tivesse um acordo com o laboratório e tirasse daí uma “pequena” porcentagem, enfim, diversas foram às opiniões, mas para o povo nada disse é relevante.
Imperioso é saber como o salário mensal é tão mínimo.
Como famílias inteiras vivem com metade do valor de um remédio para virose?
Para onde foi o dinheiro da CPMF que era para ser investido em saúde?
Quantas cestas-básicas dá para comprar com esse dinheiro?
E a campanha nacional dos genéricos?
Se meu amigo – destaca-se: professor - comprar um remédio como este, o que ele vai comer?
Um país rico, farto em recursos naturais, um povo inteligente (até de mais, às vezes), tecnologicamente e cientificamente promissor, que tem a sua disposição BILHÕES de reais para investir em saúde (lembre-se: CPMF) e pesquisa.
Com um povo que luta e trabalha mais (bem mais) de que oito horas diárias, um povo que tem um dos salários mínimos, mais mínimos do mundo!
Uma saúde defasada, a do povo e a pública.
Gente (muita gente) que nunca ganhou seiscentos reais de uma só vez na vida!
Que custo de vida exorbitante é esse em um país de maioria (quase absoluta) de pobres?
Quando vi a desolação no rosto de um amigo, uma pessoa instruída, que estudou, formou-se, que teve condições de pagar um médico particular, e mesmo assim, decepcionou-se, imaginei a reação de gente humilde, trabalhadores rurais, gente pobre de verdade, que ao se deparar com uma situação assim, deve ver passar diante de seus olhos todos os seus dias de luta e sacrifício, UMA HUMILHAÇÃO desnecessária, promovida por um Estado ingrato e que se faz cego diante das mazelas de seus filhos.
Autor: Aline de Freitas Queiroz Louzich


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