KING KONG TEEN



Estava exercitando o ócio à tarde, durante os preparativos para a virada de ano, quando alguém apareceu com uma sacola de DVDs.

- Depois de uma praia e um bom almoço, nada como assistir um filme para relaxar antes dos festejos, hein?

Escolha vai, escolha vem, ficamos com uma refilmagem de King Kong. No elenco, um gorila virtual e manadas de computação gráfica. No roteiro, a velha expedição a uma terra desconhecida, o confronto com nossos medos mais primitivos e aquela incrível capacidade de espalhar a barbárie que só o homem civilizado tem.

Com o correr do filme, não foi preciso fazer muito esforço para perceber que King Kong é uma grande analogia com um período muito especial de nossas vidas: a adolescência.

Assim como na saga do gigante Kong, o término da infância – e de toda a inocência acumulada no período - quase sempre ocorre como um novo parto, com festas de ganhos e dores perdas. E apesar da turbulência, a ternura e a compreensão da família são capazes, sim, de controlar os impulsos da fera dentro de nós.

Muitas pessoas dizem que, se a vida fosse uma viagem, os aborrecentes seriam aqueles sujeitos que acabaram de descer do navio. Mesmo em terra firme, continuam enjoados. Mas o rótulo aborrecido que ronda a geração teen é extremamente tendencioso. Ele parte de levas de gentes que há muito não se deslumbram com o mundo. De adultos que não vivem mais, apenas sobrevivem, indo de uma conta à outra.

A aborrecência é um período mágico de crescimento e desenvolvimento físico e emocional. Ela se estende dos 11 aos 16 anos nas meninas e dos 13 aos 18 anos nos meninos, aproximadamente. Neste curto intervalo, assistimos ao corpo mudar em ritmo frenético. Pêlos, saliências e protuberâncias surgem por toda parte. A voz muda. As atitudes mais ainda.

Vivendo nos extremos há muito esquecidos por nós, o aborrecente começa sua aventura por uma dimensão até então oculta: o mundo governado pelos hormônios. Neste universo paralelo, o ajuste à realidade não é mole. A proliferação de incertezas pode resultar em comportamentos rebeldes ou introspectivos, roupas estranhas, desânimo e depressão. Em contrapartida, existem ocasiões onde a disposição excessiva do aborrecente causa surtos de entusiasmo, obrigando os pais a levá-lo à sessões de musicoterapia baiana na festa de axé mais próxima.

Reações contra a autoridade são comuns. O jovem neste período freqüentemente experimenta o desejo de expressar sua própria personalidade, formar um caráter definido e provar o máximo de sensações possíveis. Atritos com valores e padrões preestabelecidos pelo mundo adulto são inevitáveis.

A maioria dos aborrecentes gosta da oportunidade de assumir responsabilidades e tornar-se mais independente. Contudo, eles podem ter dificuldades em lidar com os desafios. Em alguns momentos, podem agir de maneira independente. Em outros, têm o desejo de serem dependentes. Esta alternância enervante é absolutamente natural.

Como em qualquer expedição aventureira a uma terra distante, a adolescência marca o momento de preparar as malas para a longa viagem do mundo adulto. É importante incluir na bagagem tudo aquilo que será útil mais adiante. Esteja sempre à disposição para conversar com o exemplar que você tem em casa, fale abertamente sobre os riscos do uso de cigarro, a segurança ao dirigir automóveis, o alcoolismo, o uso de drogas ilícitas, a sexualidade e a gravidez.

Mas atenção: o vínculo de confiança com o aborrecente não deve ser confundindo com ser “amigo do seu filho”. Seja pai e mãe do seu filho, não amigo. Amigo ele tem e terá aos montes. Pai e mãe, ele só terá 1 de cada. Um aborrecente que pegou o carro escondido ou chegou em casa embriagado deve receber medidas iguais de disciplina e compreensão.

Informe-se e ofereça tolerância, simpatia, equilíbrio, conselhos e discussões sobre todos os problemas fisiológicos e psicológicos que acompanham este período da vida. Os aborrecentes podem levar tempo para amadurecer, especialmente os meninos. Felizmente, com uma orientação bem temperada, seu King Kong Teen estará pronto para conquistar o mundo assim que deixar a ilha. Faça acontecer.
Autor: Alessandro Loiola


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