DEPRESSÃO NO TRABALHO



DEPRESSÃO NO TRABALHO

© Dr. Alessandro Loiola
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O trabalho é uma das grandes contradições da modernidade. Da invenção da roda ao surgimento do cérebro de Bill Gates, passando pela linha de montagem de Henry Ford e a caixa de cotonetes com mais conteúdo pelo mesmo preço, sempre ouvimos falar que os avanços tecnológicos iriam diminuir nossa carga de serviço, aumentando o tempo disponível para cultura, reflexão e atividades sexuais sem cunho reprodutivo. Infelizmente, não foi bem assim que a coisa toda aconteceu.

As conquistas da modernidade não trouxeram mais horas livres. Trouxerem, sim, novas formas de levar o trabalho para toda parte, com Internet, e-mails, celulares, PDAs, smart-phones... O trabalho passou a nos perseguir como um daqueles vira-latas de cidade de interior, correndo atrás da bicicleta dos correios. Mas neste caso, a bicicleta somos nós. E o sujeito sentado sobre sua cabeça atende pelo nome de Senhor Ganância.

Um dos termômetros mais confiáveis para detectar que existe algo de errado no modo como a maioria das pessoas lida com seu serviço é a altíssima incidência de depressão na população economicamente ativa. O problema afeta nada menos que 20% das pessoas que trabalham.

A falta de identificação com seu emprego pode resultar em alterações em certos neurotransmissores, principalmente serotonina, acetilcolina, dopamina, epinefrina e norepinefrina, aumentando a susceptibilidade para depressão.

Os principais sintomas de depressão incluem insatisfação com as atividades diárias, desânimo e dificuldade de concentração. Estudos recentes indicam ainda que a depressão pode influenciar o sistema imune, a coagulação sanguínea, a pressão arterial, a saúde dos vasos sanguíneos e o ritmo cardíaco, além de tornar maior o risco para alcoolismo, tabagismo e abuso de drogas.

O tratamento pode incluir medicamentos antidepressivos e psicoterapia. Contudo, se o principal fator desencadeante estiver no próprio trabalho, não vai adiantar ficar se entupindo de remédios. O que você tem de fazer é escolher uma entre duas saídas: mudar de vida (p.ex.: no próximo nascer do sol, vá para Arraial D’Ajuda e passe o resto do século vivendo às custas de brisa, artesanato e água de torneira), ou mudar o modo como encara a vida.

Eu prefiro a segunda alternativa. Afinal, a única pessoa que estará com você até o fim é você mesmo. Sem mudar sua natureza, não será possível viver plenamente onde quer que seja. Por isso, se você acredita que seu serviço está lhe causando depressão, recomendo que encare o dia de amanhã com as seguintes recomendações em mente:

- Está se sentindo sozinho, abandonado? Ninguém liga para você? Atrase um pagamento. Ou simplesmente sente-se e pareça muito confortável. Garanto que em menos de 2 minutos surgirá alguém para encher sua paciência.

- Jamais se isole voluntariamente dos outros: se não puder ajudar, atrapalhe. O importante é participar.

- Algumas pessoas desenvolvem depressão devido ao medo de tentar e errar. Não se preocupe tanto. Todos cometemos equívocos. Numa situação de erro, você deve apenas demonstrar magnanimidade e sabedoria, colocando a culpa em outra pessoa.

- Os psiquiatras dizem que uma em cada 4 pessoas sofre de algum nível de deficiência mental. Se o clima no seu serviço estiver pesado, procure outros dois amigos mentalmente sadios e vá até a sala do seu chefe tirar uma dúvida qualquer. Como vocês 3 serão os normais, o papel de retardado estatístico sobrará para ele. Se possível, contenham o riso.

- Se nada disso funcionar, uma saída prática pode ser o bom e velho Saco de Pancadas. Um colega contou que, recentemente, foi contratado por uma empresa altamente competitiva que havia implantado este recurso. No primeiro dia no novo serviço, ele foi chamado pelo gerente.
- Atrás daquela divisória – disse o gerente – você irá encontrar um saco macio pendurado no teto. Toda vez que estiver se sentindo deprimido com o seu trabalho, arregace as mangas e alivie a tensão dando quantos socos e pontapés você quiser.
- E isso funciona?
- Ô, e como!
- Que legal! Posso ir qualquer dia? – perguntou o amigo.
- Sim, qualquer dia. Quer dizer, menos às quartas-feiras.
- Por quê?
- Porque nas quartas-feiras é o seu dia de ficar dentro do saco.
Autor: Alessandro Loiola


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