CONDILOMATOSE



CONDILOMATOSE

© Dr. Alessandro Loiola
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Eu já estava queimando os últimos neurônios tentando entender porque aquele sujeito havia marcado uma consulta - afinal, ele negava tudo quanto era sintoma e parecia desfrutar do mais perfeito estado de saúde. Passaram-se vários e vários minutos até que ele criasse coragem, soltando o verbo: estava com “verrugas genitais”. Ah, agora a enrolação fazia sentido.

Um exame rápido e percebi que ele não estava com uma verruga qualquer, mas com uma condilomatose tipo figura de livro, pra estudante de medicina nenhum deixar de fazer o diagnóstico.

A condilomatose é uma doença causada pelo Papiloma Vírus Humano, ou HPV, e se caracteriza por pequenas verrugas indolores na região genital e perianal. Coceira ou irritação local raramente ocorrem, mas em pessoas com alterações no sistema de defesa, a condilomatose pode crescer rapidamente e envolver áreas extensas.

O HPV é altamente contagioso. Aproximadamente 2/3 das pessoas com relato de contato íntimo com alguém infectado pelo HPV desenvolvem condilomatose nos 3 meses seguintes, resultando em milhões de novos casos a cada ano.

As mulheres sexualmente ativas com idade inferior a 25 anos apresentam os maiores índices de infecção pelo HPV, mas o problema também pode acometer crianças e até bebês, devido à exposição durante o parto. Entretanto, a presença de verrugas genitais em uma criança deve levantar sempre a possibilidade de abuso sexual infantil.

Existem vários tratamentos para a Condilomatose e nenhum é considerado superior ao outro. A estratégia é eliminar o máximo de lesões visíveis, até que o sistema imune seja capaz de eliminar definitivamente o vírus (a maioria dos casos de Condilomatose regride espontaneamente após um certo tempo).

A escolha por um ou outro tratamento dependerá da experiência pessoal do médico, do estágio da doença, do comportamento sexual da pessoa e do estado do seu sistema de defesa, entre outros fatores. Em todos os casos, é recomendável fazer uma reavaliação após 3 e 6 meses de tratamento para detectar e tratar precocemente possíveis recidivas.

A principal medida para evitar o HPV continua sendo a prática sexual segura, utilizando corretamente preservativos e evitando a promiscuidade. Em 2006, foi disponibilizada uma vacina que protege contra os principais tipos de HPV, mas o esquema não oferece proteção para quem já se encontra infectado pelo vírus.

Felizmente, apesar de extensa, a doença do nosso amigo do começo da crônica respondeu bem ao tratamento e ele escapou por pouco de repetir a história de um outro que, também acometido por uma baita condilomatose, recebeu a sentença do velho médico generalista em sua cidade natal:

- Infelizmente, nesse estágio não tem mais cura. Vamos ter que cortar!

Sem acreditar, o homem foi em busca de um profissional mais jovem na cidade vizinha, mas o diagnóstico foi o mesmo. Deprimido, decidiu consultar um renomado (e caríssimo) especialista na cidade grande. Depois da consulta paga e algumas horas na sala de espera, o figurão recebe o paciente e olha bem pro rapaz, e olha pro equipamento, e diz tirando as luvas:
- A boa notícia é que você não vai precisar cortar coisa alguma fora.
O sujeito nem acredita: seu pesadelo acabou!
- Então existe um tratamento para isso, doutor?
- Não, não. Mas não precisa cortar. Vai cair sozinho.
Autor: Alessandro Loiola


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