GUERRA DE OVOS



GUERRA DE OVOS

© Dr. Alessandro Loiola
http://www.dralessandroloiola.blogspot.com/


Se as galinhas pudessem entrar na justiça com processos por perdas e danos morais, elas ficariam milionárias com seus ovos. Não acredito que nenhum outro alimento tenha sido mais injustamente difamado nas últimas décadas que este subproduto de nossas amigas penosas. Por que isto aconteceu?

Em defesa dos frascos e comprimidos (neste caso, das galinhas e seus ovos), aqui vamos nós:

A reputação dos ovos começou a ir frigideira abaixo nos anos 60, quando os pesquisadores fizeram as primeiras conexões entre doenças cardíacas e altos níveis de colesterol no sangue. Dados estatísticos mostraram que a maioria dos infartados seguia uma dieta rica em gorduras, entre outros fatores de risco. Em resposta, os cientistas determinaram que 300 mg de colesterol por dia seriam a fronteira do aceitável. Acima disso no seu prato, você estaria por sua própria conta e os médicos lavariam as mãos.

Como nada melhor que uma amostra grátis do apocalipse para vender um pouco mais de revistas e notícias (vide desde aquecimento global até doença da vaca louca), os especialistas aproveitaram a deixa e saíram em busca de culpados mais palpáveis.

Foram necessários apenas uns poucos anos de pesquisa para que o oráculo da ciência alertasse ao mundo: fujam da gema de ovo! Ela é uma das fontes mais ricas em colesterol que se conhece!! O aviso baseava-se na presunção lógica (porém incorreta) de que todo o colesterol presente nos alimentos se transferiria direta e inexoravelmente para o seu sangue feito um míssil Tomahawk.

A bem da verdade, um único ovo contém mais de 5 gramas de proteína pura, além de um fabuloso coquetel de vitaminas e sais minerais. Eles também são uma ótima fonte de colina (uma substância associada ao bom funcionamento da memória), luteína e zeaxantina (relacionadas ao bom funcionamento da visão).

Eu concordo, os ovos contêm um bocado de colesterol. Cerca de 212 mg cada um, para ser mais exato. Em termos proporcionais, eles só têm menos colesterol que porções de fígado, camarão, carne de pato e reis momos. Contudo, eliminar completamente os ovos da sua dieta não pode ser considerado uma medida 100% sensata. Você pode consumi-los com moderação se quiser, sem pânico.

Por exemplo: uma omelete de um ovo só tem um aspecto muito solitário, quase depressivo. A solução, ao invés de temperar a omelete com Fluoxetina, consiste em preparar seu prato com 2 ovos e comer sem culpa. No dia seguinte, equilibre a matemática nutricional evitando ovos e frituras.

Adicionar vegetais folhosos à refeição também é uma medida inteligente. As fibras vegetais atuam dificultando a absorção intestinal de colesterol. Inclusive, esta é a lógica por trás de muitos medicamentos direcionados para redução dos níveis de gorduras no sangue. Abuse de brócolis, couve, repolho, espinafre e taioba.

Uma vez que a imensa parte do colesterol do ovo está na gema, se você quiser comer ovos mexidos a saída também é simples: utilize 01 ovo inteiro e apenas a clara dos ovos seguintes. A quantidade de colesterol estará dentro do recomendável e você terá um mexido saboroso, rico em proteínas e capaz de matar sua fome.

Enfim, os ovos são uma excelente fonte de nutrientes e não uma granada galinácea pronta para detonar suas coronárias. Se você conseguir compreender isso, missão cumprida.

E eu estava para fechar esta crônica todo satisfeito, pensando ter redimido de uma vez por todas o papel dos ovos e suas progenitoras na dieta do cidadão comum, quando um infeliz comentou: mas... e o que você diz da Gripe do Frango?

Pronto, galinhas, lá vamos nós. De novo.
Autor: Alessandro Loiola


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