Precisamos de Mudanças Urgentes



Autor: Marçal Rogério Rizzo*

Iniciei a elaboração desse artigo numa tarde quente do mês de janeiro. Fiquei à frente do computador, sentindo na pele, literalmente, os efeitos das mudanças climáticas que o Planeta Terra vem sofrendo. Neste dia, o sol estava ardente e a temperatura encontrava-se 5 graus acima da média dos anos anteriores. Lembro que, quando criança, vivendo em uma cidade do interior paulista, ouvia as pessoas adultas dizerem um termo para os dias quentes: “Hoje o sol está de estralar mamona” e, neste dia que elaborava este artigo, as mamonas já deveriam ter sido estraladas diante do sol escaldante.

Mas vamos ao artigo que trata do meio ambiente e tem ligação direta com o que está escrito acima. O ano de 2007 ficou marcado como o ano em que os temas relacionados com o meio ambiente ganharam vulto, mas ainda carecemos de mudanças urgentes. Muitos mitos foram quebrados como, por exemplo, o mito que os recursos naturais poderiam ser explorados e usados sem impactos, pois ainda existiam pessoas que pensavam e agiam de forma insustentável, imaginando que os mesmos fossem infindáveis.

É inegável que, em 2007, houve melhora na consciência ecológica dos cidadãos, afinal de contas, nunca, na história do mundo, se falou tanto em meio ambiente. Os assuntos relacionados a temas ambientais vieram à tona, na teoria e, infelizmente, na prática. Foi um ano em que a natureza deu o troco dos maus tratos que vem sofrendo por séculos.

Dias atrás, estive lendo o editorial do Jornal Zero Hora de Porto Alegre (31/12/07) e gostei de um trecho desse periódico onde o autor nos alerta, dizendo que somos “responsáveis para o bem ou para o mal pelo destino desse barco que, depois de bilhões de anos, se encontra em risco”. Cabe citar que esse alerta serve para todos os terráqueos sem exceção. Ainda, o mesmo editorial chama-nos de “inquilinos eventuais de um planeta chamado Terra”. O termo “eventuais” foi muito bem colocado, já que estamos de passagem, mas o planeta esta aí para as futuras gerações.

O ano de 2007 ficou caracterizado pelas várias reuniões, estudos e relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU) que contribuiu para colocar os temas ambientais em destaque. A mídia mundial vem se alimentando de manchetes, matérias, artigos que tratavam dos assuntos ambientais e apresentaram aos habitantes do planeta as possíveis causas, conseqüências, especulações e soluções para amenizar o tão falado aquecimento global.

Aos que se preocupam com o futuro ambiental do mundo até parece ironia do destino, mas, em 2007, o norte americano Al Gore (ex-vice presidente dos Estados Unidos) foi o escolhido para receber o Prêmio Nobel da Paz. Digo ironia do destino em razão do insustentável padrão norte-americano de produção e consumo que é algo abominável pelos ambientalistas de plantão. O americam way of life não tem nenhuma ligação com o modo ambientalmente correto. Porém, quem sabe Al Gore inicia um movimento na terra do Tio Sam contra o consumo exagerado e insustentável.

Creio que não é por acaso que os EUA vêm perdendo espaço e respeito diante do mundo no que tange ao meio ambiente. Se antes eram uma referência ao mundo dos negócios, ao consumo, à produção e à supervalorização de marcas caras, hoje já é questionado e pressionado para mudar e privilegiar o bem-estar mundial. Lembro que não existe meio ambiente individual ou nacional, mas sim, global, pois as ações fortemente degradantes de uma nação afetam todo o planeta.

Há até quem ressuscite o discurso centro e periferia, mas reeditado com uma nova roupagem, pois o que “pega” no momento é a degradação ambiental. Estudos apontam que o planeta não suporta mais ser explorado tendo por base este modelo. Questionamentos são feitos apontando no sentido de que os países periféricos que até o momento foram e são os menos poluentes serão os mais prejudicados com os efeitos do aquecimento global. Contudo, por que não cobrar dos países ricos (os chamados centrais) mais investimentos e pressa nas ações em prol do Planeta Terra? Por que os países centrais e a própria China não alteram seu padrão de “desenvolvimento”, priorizando a vida e não somente o capital?
É, minha gente, o circo está armado, o espetáculo já começou. Só espero que nós, terráqueos eventuais dos países periféricos, não sejamos feitos de palhaços pela lei máxima do capitalismo – a busca do lucro, da acumulação e da dominação dos mercados na base do custe o que custar.

Marçal Rogério Rizzo: Economista, Professor Univeristário, Mestre em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas/SP (IE/UNICAMP) e doutorando em Geografia na área de Dinâmica e Gestão Ambiental pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCT/UNESP) – Campus de Presidente Prudente/SP.
Autor: Marçal Rogério Rizzo


Artigos Relacionados


Colapso Hídrico

O Mundo E O Meio Ambiente

A Vontade Política E O Protocolo De Quioto

Ser Sensível Aos 3 R’s – Reutilizar, Reciclar E Reduzir

Responsabilidade Sócioambiental Pelo Desenvolvimento Sustentável.

O Consumismo, O Meio Ambiente E A Violência

Ainda Existem Políticos Ambientalistas?