Relacionamento, credibilidade e crença



A tecnologia não substitui o relacionamento interpessoal. São gestos, falas e atos tão simplórios e acessíveis, que chega a ser frustrante que pessoas mereçam péssimas notas neste quesito (discrição e espalhafato não são critérios para avaliar). Dizer bom dia, boa tarde, com licença, por favor, obrigado, até logo, boa sorte, é um prazer revê-lo, senti saudade, sinto muito, apareça lá em casa, que bom que você veio, quero ajudar, conte comigo, gosto de você, estarei na hora marcada, lembranças à família, farei conforme combinado, parabéns, você é importante para mim, etc., está fora do vocabulário, pensamento, sentimento e ação de milhares de pessoas. Há pessoas que dizem isso e mais, porém, o fazem mecanicamente, artificialmente, cinicamente, interesseiramente: sai das suas bocas mas não está nos seus corações, pois suas intenções podem ser opostas ao que dizem; ou menos contundentes e eventuais.

É mazela nascente já na mais importante das instituições, a família: apedrejada pela mídia, tida como imparcial mas nem sempre sendo; pela sociedade de consumo; pela prevalência de governantes, legisladores, líderes de classes e comunidades ineptos e lenientes; por pseudos ou maus formadores de opinião. O individualismo cresce, pela ação interesseira de uns, omissão conveniente de outros, pelo desespero de gente boa e sofrida; e porque é como as pessoas acabam aprendendo e ensinando, inocente e lamentavelmente.

E significativamente, dentro das religiões: tanto, que são tantas e inumeráveis. E quantas mais, mais clarificam os péssimos índices do indispensável relacionamento interpessoal, equilibrado e verdadeiro. É círculo vicioso: a pessoa se flagra insatisfeita, por causa dos abundantes hipócritas e incapazes de praticar o que pregam; daí, opta por abandonar os honestos e esforçados em viver dignamente. Ou, porque ela quer que tudo gire em torno da sua vontade, algo como religião cardápio (o que convêm, faz ou adapta; o que não convêm, ignora ou critica): se o cardápio não lhe apraz, parte para outra comunidade, abandona a todas, ou, muda de restaurante, digo, religião. Ou torna-se fundadora de uma. Caso em que o faz por convicção de portar a verdade ou por tê-la compreendido melhor ou certo, tendo por missão juntar as ovelhas do rebanho para salvá-las; ou, porque percebeu que ‘tosquiar’ ovelhas incautas dá um bom dinheiro mesmo. Num e noutro caso, tudo em nome de Deus que, considerando sua existência e infinidade de bondade, paciência e justiça, tem critérios para bem além da nossa limitada e parcial compreensão. Sendo mais fácil desistir, fugir, calar, omitir, injustiçar, adulterar, trapacear, nem todos temos coragem de fazer o mais difícil e verdadeiramente prazeroso, que é viver com correção, tentando acertar, vencer e conviver com dignidade e respeito, na crença de que Ele saberá dar a cada qual o que seja perfeitamente merecido.

Se a tecnologia não isenta ninguém do erro, do imprevisto e da insatisfação alheia, um excelente relacionamento interpessoal tende a reduzir tais eventos ou minimizar suas conseqüências. A começar por facilitar a construção, manutenção e ampliação duma ‘coisinha’ fundamental, que é fácil perder, todo mundo diz ter e possuir mas não de uma hora para outra e nem para todos: credibilidade. Entre a multidão de empregados que não ascendem profissionalmente, e desempregados, boa parcela deles terá melhor sorte se melhorar seus índices de credibilidade perante colegas, superiores hierárquicos e selecionadores. Creio, umas dicas estão postas neste artigo. Claro que isso se aplica aos empregadores, agências, assessorias e quantos mais fossem citados.

Quando sensatas e serenas, fé e religião são bem aceitas pelo mercado de trabalho. Mas não a falta de conhecimento e de discernimento, comodismo, preguiça, intolerância, incapacidade de conviver, que facilmente são camuflados dentro da comunidade religiosa mas fatais para a inserção, manutenção e evolução da pessoa no mercado de trabalho e noutras atividades fundamentais. O padre, pastor ou rabino, quando sérios e inteligentes, ouvem, aconselham, rezam, torcem e convivem com pessoas assim. Mas não as contratariam ou indicariam; ao menos, enquanto não se submetam ao milagre de fazerem elas próprias a sua parte, cessando de por tudo nas costas de Deus.

Por nós e por todos, precisamos evoluir; humanamente e não à perfeição.
Autor: José Carlos de Oliveira


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