O conflito entre os diferentes



Em um outro artigo, escrevi sobre ser diferente, sobre fazer parte dos 5% de vencedores, escrevi também sobre não ser necessário muito esforço para se destacar dentre os demais. Agora em uma diferente análise, podemos avaliar como é o relacionamento entre os que fazem parte dos 5% e outros 95%.

Podemos verificar como algumas vezes esta relação é conflituosa, pois nem sempre a convivência entre os diferentes é pacífica. A história nos mostra isto.

Uma questão discutida pela antropologia e que merece muita atenção é a questão da alteridade. Somente os mais evoluídos, instruídos e inteligentes, conseguem conviver com a diferença. Mas se acabamos de dizer que poucos tem essa qualidade, podemos então inferir, que haverá conflitos de idéias, personalidade, opiniões e comportamento.

Podemos nos perguntar ou passar a observar, como as pessoas convivem com os mais aplicados, determinados e que ficam em evidência. Já ouvi dizer que algumas pessoas têm uma tendência de vandalismo moral, não suportam o sucesso e a felicidade alheia, são como aqueles que quando vêem uma árvore com muitos frutos, querem atirar pedras para derrubá-los, ou quando vêem uma vidraça cara e bonita querem quebrá-la. Será que há este sentimento tão vil nas pessoas? A resposta deve ser dada ao olhar para nós mesmos e para os outros, pode ser averiguada nos relacionamentos do trabalho, da vizinhança, nas instituições de ensino, entre amigos e até mesmo no meio familiar.

Entendemos que este comportamento poderia se transferir socialmente, causando uma certa resistência nas pessoas, sobre alguém que age e se comporta diferente dela. É como se o comportamento do outro falasse alguma coisa que causasse incômodo.

Somente na observação, seremos capazes de compreender se as pessoas que se destacam convivem sem conflitos com aquelas mais acomodadas ou que não tem a mesma expectativa de vida, prospeção de futuro e sucesso, como por exemplo, prioridade profissional ou realização pessoal.

Historicamente, temos relatos de personagens que foram perseguidos, porque pensaram diferente das outras pessoas de sua época e sofreram retaliações.

Poderíamos lembrar do cientista, que já tinha certeza de que a terra não era um abismo, quando todos cegamente criam na versão da igreja, de que se houvesse navegações para além de certo limite, os navegantes cairiam em um abismo e nunca mais voltariam. Isto hoje parece infantil e absurdo, mas para a época era loucura e suicídio contrariar a crença tradicional. Nossos antecessores atrasaram-se durante décadas ou séculos, crendo passivamente nessas idéias, e não as questionando. No entanto, Galileu Galilei mesmo descobrindo algo que “a maioria” tinha por certo, teve que se retratar, porque tinha contrariado o pensamento de sua época.

Alguns homens de influência, manipularam a opinião dos outros para que perseguissem aquele que havia se adiantado e conseqüentemente se evidenciado.

Aproveitando o ensejo do assunto, que faz menção a religião, podemos para efeito ilustrativo, sem discutir crenças, lembrar da história da perseguição e crucificação de Cristo.

Conta-se que Cristo apenas curava, ressuscitava e operava milagres e também tinha revelações de Deus que eram desconhecidas pelos fariseus. Em virtude disto, os fariseus, cheios de inveja e incômodo, conseguiram manipular a opinião pública para que aqueles que um dia foram curados e saciados por Cristo o crucificassem.

Poderíamos falar também de Sócrates que teve de beber o veneno de cicuta para sua própria morte. Mas porque Sócrates, um homem de conhecimento fantástico e tão proeminente, que parecia viver 2 mil anos à frente de seus contemporâneos, dividindo o tempo em pré-socrático e pós-socrático, fora obrigado a tirar a sua própria vida com veneno?

Porque ele questionava os pensamentos predominantes, levava as pessoas à reflexão, contrariava a grandes, contrariava dogmas e expressava sua sabedoria por onde andava. Foi acusado de fomentar heresia contra deuses e induzir jovens a perdição. Não foi diferente com Platão e com outros tantos que faríamos um livro se fossemos comentar.

Alguns exemplos nacionais também são interessantes. Particularmente fiquei impressionado quando assisti o filme que falava sobre Irineu Evangelista de Souza, mais conhecido como “Barão de Mauá”. Homem de sucesso e cheio de garra, entusiasmado, simpático, sonhador e muito competente. Tinha todas as qualidades para ser objeto de admiração e respeito, no entanto, incomodou a outras pessoas, que influenciaram o imperador, quando este, antes até o respeitava, e por influências e opiniões maldosas, passou a não apoiá-lo e além disto a oferecer dificuldades.

O barão chegou a falir e cair na miséria. Um filme emocionante e de um toque fantástico, que nos ensina, nos mostra que o sucesso de alguém atrai inimigos, e este o odeiam sem nunca ter recebido qualquer ofensa do então odiado.

Porque estes homens que citamos, tiveram uma grande massa contra si?

Às vezes entendemos que se muitos dizem algo, é porque é verdade, pois onde tem fumaça tem fogo. Mas estamos vendo que não é bem assim. Algumas pessoas, por alguns motivos pessoais, e por terem um caráter manipulador, conseguem cruelmente influenciar pessoas sem personalidade e fomentar o veneno contra outros, roubando a boa imagem de alguém e incitando a outros para seu intento. E é incrível, a facilidade que estas pessoas têm para obterem êxito. Pelo menos podemos ver sobre os fatos que mencionamos aqui e outras injustiças que a história relata, como Joana D´arc, que salvara a França, mas em vez de morrer como heroína, morrera como bruxa, queimada em uma fogueira.

Esses e outros fatos parecem mostrar que é arriscado ficar em evidência. Nunca se sabe a quem vamos incomodar. Nunca se sabe a personalidade ciumenta e o amargo ressentimento pelo sucesso alheio que poderemos despertar em alguém.

Se houver a possibilidade de, assim como nos casos expostos, existirem pessoas que manipulem opiniões e fomentam a perseguição contra outros, muitas pessoas, são então, prejudicadas por culpa de seu próprio sucesso, ou ainda por estar caminhando em direção a este.

Também é curioso de como as pessoas são “volúveis” a abraçarem idéias infundadas e possuem uma personalidade fraca para, ao em vez de repreender uma injusta agressão, acabar tomando parte de uma causa injusta.

Eu já fiquei por horas “encanado” com as palavras de Oscar Wilde:

“A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular, é indispensável ser medíocre”.

O que Oscar Wilde quer dizer com essas palavras? Quer dizer que belas impressões nem sempre causam admiração e elogios? E também que a mediocridade é receita ideal para ser popular? Para compreender profundamente esta máxima de Oscar Wilde, teríamos que saber mais sobre ele, mas parece ser suficiente para entendermos que nem sempre pessoas promissoras são apoiadas e bem quistas por todos.

A maioria parece incomodar-se com a minoria e a minoria é sempre mais fraca que a maioria.

Para que a sociedade não continue cometendo erros que já cometeu, torna-se necessário elogiarmos os que são dignos de elogio, dar a mão aos que estão subindo, ou até mesmo empurrar para cima, quando não podemos subir, mas outros podem.

Também sempre estarmos aptos a perceber quando alguém é alvo de manipulações ou observarmos mais atentamente os comentários que ouvimos, e da forma que ouvimos, pois estas pessoas podem ter incomodado alguém por seu comportamento promissor e não queremos fazer parte da maioria que não tem discernimento.

É interessante como o ser humano pode ser rival, competitivo, injusto, promíscuo, egoísta e mesquinho. Sujamos nossa história com mentiras, perseguições implacáveis a bons cidadãos, matamos heróis e condenamos santos. Se anjos habitassem conosco, os faríamos mal também.

Como seria se não agíssemos assim?

Poderíamos ter ótimos momentos familiares, se irmãos respeitassem irmãos. Poderíamos ter todos bons ambientes de trabalhos se não estivéssemos como que atrás de um troféu que só pode ser levado por um. Poderíamos ter bons vizinhos, se não estivéssemos querendo ver que casa ou carro é melhor, em vez de pelo menos dar um simpático bom dia.

Sejamos a minoria ética, minoria sábia, profissional e livre de doenças psicossomáticas oriundas de rancor e estresse.

Façamos parte dos 5%, mas estejamos prontos a sofrer oposição. Deixemos que as pessoas predispostas a perseguir sonhadores colham seu próprio mal, pois sempre, sempre, o colhem.
Autor: Adriano Martins Pinheiro


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