O Crime e a Pena - A Impunidade e a Morte



Torrano começou sua vida no crime aos 16 anos, seu primeiro contato com a polícia foi em 1993, quando foi apresentado preso por suspeita de roubo. Já em 1994 foi preso em flagrante por roubo a pedestre.

Sua vida no crime havia iniciado. Daí para frente às coisas iriam piorar.

Torrano nasceu no mesmo ano que eu, 1976, porém na última quarta feira -02 Abril 08 - sua vida chegou ao fim. Ele morreu depois de fugir de uma viatura policial. Conduzia uma moto roubada, no desespero bateu em um outro veículo enquanto fugia, morrendo no local. Com ele estava um foragido da justiça, que teve lesões, mas sobreviveu.

A vida de um criminoso não é longa, pelo menos criminosos como Torrano, do tipo que não respeitam policiais e nem a própria vida.

Depois de cerca de sete anos atuando no roubo a pedestre Torrano decidiu ir além, passou a roubar veículos, com arma na mão anunciava o assalto, sempre de forma violenta.

Na madrugada de 25 março 07, ele caminhava pela Avenida Luiz Pasteur em Sapucaia do Sul/RS, provavelmente a procura de mais um veículo para roubar. Uma guarnição de Policiais do 33ºBPM tentou aborda-lo. A seguir o maior erro de um criminoso.

Torrano sacou de uma pistola e tentou efetuar disparos contra os Policias, mas não teve êxito, a arma falhou. Foi preso, em sua cintura mais um revólver Cal 38. Foi encaminhado ao Presídio.

Porém, menos de um mês depois ja estava em liberdade.

Em julho de 2007 em uma ocorrência na Rua Rio de Janeiro em Sapucaia do Sul, é preso novamente com uma moto roubada e um revólver, houve troca de tiros, seu comparsa é baleado na perna e Torrano retorna ao Presídio.

No mês de novembro recebe liberdade, volta para as ruas e permanece livre até 23 Dez 07.

Neste dia, às 1030 da manhã é preso com um veículo roubado, com maconha e um cachimbo utilizado para fumar crack. Retorna ao Presídio Central e um mês depois recebe liberdade novamente.

Não quero, com o exposto acima, fazer sensacionalismo com a morte de Torrano, mas gostaria que o leitor, atento, observasse nas entre linhas. Por que ele estava solto? Mais de 17 prisões entre os 16 e 31 anos. E sempre recebendo liberdade.

Parece uma contradição. Prender para soltar.

O Estado falhou em sua missão, antes de reeducar o criminoso, ou puni-lo, o deixa solto para fazer mais crimes e morrer.

Torrano era um criminoso, mas também uma vítima – e podem me criticar - vítima das drogas, da vida que levava e do Estado, que não o deixou preso. Não o fez cumpri a pena para o porte ilegal de arma de fogo, não o fez cumprir a pena prevista para o crime de roubo que é de quatro a dez anos. E sempre concedeu liberdade.

O grande problema em nosso país é a impunidade e a lei benevolente. Não refiro-me as penas em anos de reclusão - preceitos secundários - refiro-me ao efetivo cumprimento da pena.

Fica claro que a nosso ordenamento jurídico penal, como um todo, está em desacordo com a realidade social de nosso país.

Para concluir e justificar as idéias, deixo essas reflexões. Por que as pessoas em geral não cumprem a pena para a qual são condenadas ou pelas quais são presas? Por que tantas garantias que libertam presos sabidamente perigosos? Se Torrano estivesse preso, com certeza haveriam menos índices de veículos roubados e com mais certeza, ele ainda estaria vivo.

Pense nisso.

Essa foi a nossa contribuição de hoje, até a próxima.
Autor: Geverson Aparicio Ferrari


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