ERRO CIENTIFICO OU ENGANO?



*Bia Lopes


Em entrevista na Gazeta Mercantil com Walter Gratze, Químico e Biofísico, (Vaidade no Laboratório 16-03-2001) onde ele analisa erros científicos e comenta a fraude deliberada e o auto-engano. ‘Existem impostores, charlatães e idiotas na ciência como em todas outras ocupações humanas’, diz Walter.
A fraude deliberada praticamente dispensa comentários, deveria ser prisão mesmo.
Quanto ao auto-engano ele pode ocorrer e isto pode ser considerado normal, afinal pesquisadores e cientistas são seres humanos e assim, passíveis de engano.
A diferença reside em não admitir o engano devido a trabalhos já publicados, por exemplo, então o cientista persiste nas afirmativas e como (vaidade!) muitos pensam ser semideuses, afinal são considerados cientistas respeitáveis e seus pronunciamentos são acatados e é necessária uma grande dose de ousadia para discordar.
Vaidade também e ‘fechar’ um grupo, não ouvir e não aceitar que o outro possa estar certo e que uma mudança no rumo de uma investigação sobre determinada patologia, as causas que envolvem a transmissão, (vetor-vírus), o histórico todo deve ser analisado.
Existe o paciente, os sintomas e um diagnóstico inicial. Está ocorrendo uma epidemia? Sempre é importante descartar ou confirmar através de exames, sorologias e isolamento viral. No caso específico da dengue o envolvimento médico-paciente-infectologista-laboratório-virologista-biólogo-pesquisador, assim mesmo como está escrito, todos juntos, uma corrente e as decisões tomadas pelo conjunto definirão a evolução do quadro epidêmico.
Vivemos epidemias sucessivas, a cada 04 anos, desde a reintrodução do vetor. Ações que poderiam solucionar o problema são abandonadas ou desenvolvidas de forma errada, dando a impressão de que quem senta em torno de uma mesa para discutir estratégias não tem o mínimo conhecimento sobre insetos, por exemplo.
Estudos explicam o comportamento, os hábitos, o desenvolvimento do vetor a partir do ovo até a forma adulta. Mas o uso inadequado do UBV (Ultra Baixo Volume ou fumacê) que é passado de forma aleatória com dosagens e horário inadequado e que em vez de passar em cada 10, 12 dias é usado “de vez em quando” e depois estes mesmos coordenadores vai para a imprensa justificar o fracasso devido ao erro cometido declarando: “que o inseto adquiriu resistência” e esta é uma informação errada! Ao passar o ‘fumacê’ corretamente irá sim eliminar o inseto adulto presente no ambiente e como o inseticida tem poder residual, ficando aderido em folhas por ex., onde o inseto ao nascer irá sugar a seiva, pois necessita da glicose (energia) para depois sugar o sangue para se alimentar e maturar os ovos para a oviposição, então este poder residual irá eliminar estes insetos até uma nova aplicação do UBV, quando novos insetos que nascerem serão eliminados.

ANALISANDO O VÍRUS

A pesquisa viral, para definir qual o sorotipo (DEN 1, DEN 2, DEN 3 ou DEN 4) será feita através de sorologias e isolamento viral, o que irá definir se aquele paciente esta sofrendo a dengue pela 1ª vês (DEN 1) ou se e a 2ª, 3ª ou quarta dengue deste paciente E NÃO OUTRO VIRUS DIFERENTE QUE ‘ENTROU’ NO PAIS! E é neste ponto que a “vaidade do cientista de carteirinha” não curva a cabeça e observa melhor o que está vendo em caros e inacessíveis equipamentos do laboratório!
Existem diferenças sim, visualizadas no microscópio, durante o exame para o isolamento viral de uma primeira ou segunda, terceira, dengue, pois as estruturas da membrana celular apresentam diferenças e estas estão sendo interpretadas como vírus diferentes e ai reside o engano que impede a criação de uma vacina para a dengue, pôr exemplo.
O registro de infecções sofridas pelo organismo permanece com o indivíduo por toda a vida. Algumas doenças infecciosas acometem a pessoa apenas uma vez na vida enquanto outras podem se repetir.
Lamentavelmente enquanto este erro ou engano não for corrigido não teremos uma vacina ou um tratamento mais eficaz no caso da dengue.
A primeira hipótese conhecida como Teoria da Infecção Seqüencial, desenvolvida por Halstead, considera que o DH (dengue hemorrágico) e FHD (febre hemorrágica da dengue) são resultados de uma resposta imunológica que ocorreria em portadores de experiência imunológica anterior com a dengue sugere também, no caso de menores de 01 ano de idade cuja mãe sofreu infecção pela dengue (transferência via placentária).
Já Rosen defende a existência de cepas mais virulentas do vírus da dengue, que provocam manifestações mais graves (febre hemorrágica).
A pior hipótese é esta: incompetência.
Em minha pesquisa venho procurando evidenciar que a cada 04 a 05 anos as atividades epidêmicas aumentam evidenciando assim o intervalo existente entre uma infecção e outra, conforme podemos analisar nos dados a seguir.


DENGUE NO BRASIL DE 1995 A 2006


1.995:...... 124.887 mil casos...... 112 casos hemorrágicos, 02 óbitos.
1.996:...... 175.818 mil casos...... 69 casos hemorrágicos, 01 óbito.
1.197:...... 254.109 mil casos...... 35 casos hemorrágicos, 05 óbitos.
1.998:...... 535.388 mil casos...... 105 casos hemorrágicos, 10 óbitos.
1.999:...... 535.388 mil casos...... 70 casos hemorrágicos, 03 óbitos.
2.000:...... 231.471 mil casos...... 59 casos hemorrágicos, 03 óbitos.
2.001:...... 413.067 mil casos...... 679 casos hemorrágicos, 29 óbitos.
2.002:...... 780.644 mil casos...... 2.607 casos hemorrágicos, 145 óbitos.
2.003:...... 341.902 mil casos...... 713 casos hemorrágicos, 38 óbitos.
2.004:...... 112.928 mil casos...... 77 casos hemorrágicos, 03 óbitos.
2.005:...... 203.789 mil casos...... 433 casos hemorrágicos, 43 óbitos.
2.006:...... 234.068 mil casos...... 346 casos hemorrágicos, 37 óbitos.
2.007:...... 536.519 mil casos...... 1.275 casos hemorrágicos, 136 óbitos.

dados retirados do site PHO-PAN-AMERICAN HEALTH ORGANIZATION

Uma epidemia de proporções assustadoras atingiu o Rio de Janeiro em 1986, com HUM MILHÃO de pessoas infectadas e, se somarmos 2007 e 2008 os números mostrarão o que venho tentando fazer com que as “autoridades da saúde” enxerguem!
Os dados fornecidos em 03/01/2002 pelo Ministério da Saúde são de 5.334 casos de dengue em 1989, 40.642 mil em 1990, em 1991: 97.209 mil casos, 1992 houve 3.215, e 1993 houve 7.086 casos e, para 1994 o registro foi de 56.621 casos notificados.
Em 2007 o número de casos “pula” novamente para 536.519 mil casos de DENGUE, (registrados os subnotificados não aparecem), dos quais 1275 casos hemorrágicos com 136 óbitos!
Os dados iniciais, em 1995 são de que 124.887 mil pessoas sofreram dengue com 112 casos com evolução para Febre Hemorrágica da Dengue e dois óbitos. Quatro anos depois nova epidemia onde o numero de casos “pula” para
535.388 mil pessoas e ai certamente estarão os reinfectados e os novos casos e
novamente 04 anos depois outro grande aumento nos números: 780.644 mil casos com 2.607 casos de Febre Hemorrágica e 145 óbitos com a circulação de sorotipos DEN 1, DEN 2 e DEN 3. Faltam os dados restantes dos casos de 2006, que certamente irão apontar um numero bem maior do que esta na tabela acima. Os dados que constam ano a ano são bem menores, mas não são insignificantes de maneira alguma, pois 112.928 mil pessoas são 112.928 mil pessoas, um número bastante significativo de novos infectados e entre estes podemos observar 77 casos de Febre Hemorrágica de Dengue com 03 óbitos!
Segundo o Ministério da Saúde em 1995, no continente Americano houve 250.000 mil casos e entre estes, sendo que sete mil foram da forma hemorrágica.
NOVA EPIDEMIA: A persistir as ações de controle erradas, nos anos 2012/2013 nova e terrível epidemia irá ocorrer! E, entre um ano e outro, muitos brasileiros serão infectados ou reinfectados.
Autor: Beatriz Antonieta Lopes


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