LEISHMANIOSE: “SURGIMENTO DE MANEIRA REPENTINA”?



A edição nº 6922 de domingo, dia 27 de Abril de 2008, do jornal A TRIBUNA, noticia que “Os mutirões e demais ações foram intensificados desde o surgimento, de maneira repentina (o grifo é meu), da doença na cidade...”
Como assim, “de maneira repentina”? E os casos e óbitos ocorridos em 2007? Já caíram no esquecimento? E conforme notícia divulgada no mesmo jornal A Tribuna, de 14/12/2007:“01 óbito por LEISHMANIOSE por ano é normal...”
Como assim, “normal”? Se ocorrem casos, é por que o vetor está presente e precisa ser eliminado! E normal, é a população saudável!
Mas o descuido, a omissão de quem tem os dados sobre o fato e a obrigação de eliminar os vetores, para isto recebendo verbas, verbas estas aplicadas em panfletagens e outras ações discutíveis, em lugar de ELIMINAR OS VETORES PATOGÊNICOS, que proliferam em todos os locais da cidade...Isto, sim, não é normal! Ainda que seja o normalmente feito, nos diferentes níveis de poder, infelizmente.
Em janeiro de 2008, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) enviou uma equipe da Coordenadoria de Vigilância em Saúde a Rondonópolis para constatar o quadro da doença e acompanhar as ações de controle químico realizadas pela Secretaria Municipal de Saúde.

O CONTROLE QUÍMICO

Seria de fundamental importância se estivesse sendo utilizado o inseticida correto e obedecendo as datas de intervalo entre uma e outra aplicações, de acordo com as recomendações técnicas, fato QUE NÃO ESTÁ OCORRENDO!
Milhares de baratas estão sendo eliminadas e isto é bom, pois são insetos nocivos e veiculadores de doenças, MAS NÃO SÃO AS BARATAS QUE ESTÃO MATANDO A POPULAÇÃO, então, por favor, vamos usar o inseticida certo!
Pois o número de casos de LEISHMANIOSE continua aumentando, o número de cães infectados e eliminados é bastante alto e continuamos a ver cães circulando por diferentes locais de nossa cidade, apresentando as características da doença.
Enquanto este erro persistir, os mosquitos continuarão a proliferar e o número de casos tende a aumentar dia a dia.

A SAÚDE NÃO FAZ O QUE PRECISA SER FEITO, MAS APLICA MULTAS

E a população, tachada de relaxada por quem não se preocupa em corrigir os erros cometidos no controle do vetor, assustada, compra inseticidas (inadequados), pois o que se encontra à venda, são piretróides, só mudam as marcas, e não possuem eficácia contra estes mosquitos.
Uma equipe acompanhou a Saúde aplicando multas nos moradores, mas assim como algumas famílias no Rio de Janeiro, que perderam entes devido à dengue e acionaram judicialmente o Município, o Estado e a Federação, parece que está na hora das famílias rondonopolitanas não apenas lamentarem suas vítimas, mas, também, cobrarem seus direitos...

TERRENOS BALDIOS E IMÓVEIS ABANDONADOS

Volto a sugerir que, em vez de multar casas e lotes, o município limpe estes locais e cobre pelo serviço, junto com o IPTU. Pois, um dia, o proprietário irá aparecer, seja para tomar posse ou, para vender, quando será obrigado a pagar! Porque multas, não vão funcionar, uma vez que o problema continuará incomodando a população. Então, é necessário limpar esses imóveis.

O MUTIRÃO NO BAIRRO MARECHAL RONDON

A coleta de sangue dos cães foi um bom trabalho na verificação de cães hospedeiros do protozoário. Quanto ao recolhimento do cão doente, continua deixando a desejar: ou a família continua com o cão em casa, aguardando o resultado, correndo riscos, ou paga particular a eutanásia, o que nem todos dispõem de condições para tanto.
Muitas famílias reclamam não ter sido passado o “fumacê” em seus quintais, vindo a justificativa de que, quem quisesse, deveria solicitar.
Por algum motivo, que só os coordenadores da saúde sabem, eles tentam apresentar o Residencial Marechal Rondon como um bairro sujo e problemático, mas andando pelas ruas do bairro encontra-se casas bonitas bem cuidadas.
O bairro possui um Posto de Saúde, bem organizado e de bom atendimento aos moradores.
Pacientes que não possuem condições de locomoção, as agentes fazem visitas para controle de pressão arterial, curativos, etc.
As famílias que residem no bairro, são funcionários públicos, da área da saúde, educação e trabalhadores em diferentes empresas locais.

UMA TRISTE COINCIDÊNCIA...

O Flebótomo, vetor da Leishmaniose é conhecido pelos nomes de Mosquito Palha, Cangalhinha, Birigui, Asa Branca.
E “Asa Branca” era o nome do estabelecimento comercial do senhor Sebastião, uma das vítimas desta terrível doença.

A PRESENÇA DO VETOR EM TODA A CIDADE

Mapeamento realizado pela Vigilância Ambiental em 2006 e 2007 (não há divulgação atualizada, mas nem é necessária...), constatou a presença do vetor em 30% dos bairros (50% apenas haviam sido examinados), pelo que, podemos concluir que os dados podem ser ainda mais expressivos, contrariando qualquer afirmativa de ‘surgimento repentino’.
Autor: Beatriz Antonieta Lopes


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