Conhecer O Projeto Político Pedagógico Da Escola Do Seu Filho: Uma Reflexão Necessária



Inicialmente, dizemos da importância de apresentarmos em janeiro, período de férias escolares, uma discussão focando o Projeto Político Pedagógico da escola. Início de ano é um tempo que induz as famílias a buscarem instituições educacionais e a avaliarem as vivências escolares de suas crianças, caso não seja o primeiro momento de conviver com a escola. Dessa experiência ninguém escapa.

O espaço escolar marca a vida de todo cidadão, tendo em vista que o projeto de sociedade, necessariamente, passa pelo aprendizado escolar, sistematizado (SACRISTÁN, 2005). Sem desconsiderar as aprendizagens que recebemos informalmente, nas trocas sociais, realçamos o papel da escola, enquanto responsável por grande parte das atividades geridas pelo humano.

Daí que, conhecer a organização do trabalho pedagógico permite a visualização das propostas de ensino a partir de outras lentes. Esse olhar, poderá influenciar, positivamente, a escolha de uma escola que promova experiências produtivas na infância. A infância é uma fase fecunda da vida, muitas decisões do adulto, são inspiradas, influenciadas pelo que foi vivido em seu tempo de criança (SACRISTÁN, 2005).

Os sistemas educativos são quase sempre carregados de muita incerteza, já que lidam com a mobilidade do humano. Mas, são fundamentais na formação das crianças e na vida de suas famílias. A qualidade das experiências educativas tem repercussão na vida profissional, crescimento pessoal e legitimação da cidadania (KRAMER, 1995).

Diante do exposto, esboçamos alguns elementos estruturantes de um Projeto Político Pedagógico. Nosso entendimento é que toda escola deve organizar suas ações didáticas em torno de objetivos traçados, visando intercambiar conhecimentos da cultura geral com as vivências singulares do sujeito. Dessa forma, elaborando significações para o aprendizado escolar.

Nessa perspectiva, é importante falar que um dos elementos essenciais ao desenvolvimento de uma prática pedagógica produtiva é o compartilhamento com a família. Além disso, considerar a criança como sujeito ativo, aquele que cria, possui inventividade, pensa, conforme sua lógica e não de acordo com a lógica do adulto.

A escuta da voz da criança é um elemento favorável para o atendimento de suas necessidades bio-psico-sociais. Um bom projeto de ensino para a infância é organizado com base nas linguagens potencializadoras do desenvolvimento infantil. Então, o brinquedo, o desenho, a oralidade, a escrita, a numeralização, a música, entre outras linguagens, facilmente identificadas no contato com as crianças, instituem possibilidades amplas para um bom trabalho pedagógico.

Nosso entendimento é de que os elementos estruturantes do Projeto Político Pedagógico, no que se refere às ações a serem desenvolvidas em sala de aula, precisam ser problematizados no contexto. Por isso, vem ao caso, afirmar que o projeto tem que ser apreciado, discutido, constantemente reavaliado no contexto escolar, referenciado por uma elaboração coletiva daqueles que são partícipes do processo educacional.

É sabido que a família tem participação indireta (BOUTINET, 2002), pois quem responde junto aos órgãos oficiais, pela escola, são os profissionais que dela fazem parte. No entanto, a família pode contribuir efetivamente, sugerindo, conhecendo o porquê das atividades ministradas, interagindo com professores e equipe pedagógica, em fim aliando-se ao processo de desenvolvimento de sua criança.

No tocante à totalidade dos elementos que devem fazer parte do projeto educativo, dizemos da impossibilidade de pontuarmos todos, já que a escola é um espaço vivo, onde a dinamicidade do processo faz emergir situações novas a cada momento.

Então, privilegiamos o que não pode faltar: a visão de criança como sujeito interativo, o compartilhamento das ações de educar/cuidar com a família, a formação progressiva e continuada dos profissionais no cotidiano escolar, o elenco de linguagens que favorecem à criança a aquisição dos diferentes conteúdos de ensino. Esses elementos compõem, em parte, a estrutura de um bom projeto de ensino para a infância.

REFERÊNCIAS:

BOUTINET. Jean-Pierre. Antropologia do projeto. Tradução: Patrícia Chitonni Ramos. Porto Alegre: Artmed, 2002.

KRAMER, Sônia. Alfabetização, leitura e escrita: formação de professores em curso. Rio de Janeiro: Papéis e Cópias de Botafogo e Escola de Professores, 1995.

SACRISTÁN, José Gimeno. O aluno como invenção. Tradução: Daisy Vaz de Morais. Porto Alegre: Artmed, 2005.


Autor: Francisca Gomes Cabral Soares


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