Bênção



No Dia do Trabalho e noutras ocasiões, missas, procissões e cultos acontecem por tudo quanto é canto. Na sua maioria, norteadas por alusões e orações em prol da conquista ou manutenção de um bom emprego para os fiéis ou entes queridos e desconhecidos. Bênçãos de Carteiras Profissionais, ferramentas e ambientes de trabalho são realizadas em profusão. E há bênçãos diretamente aos trabalhadores empregados e desempregados.

O que é uma bênção? Teologicamente, é uma Graça divina, onde graça é um dom, virtude ou favor concedido por Deus como meio de santificação ou salvação; milagre. Bênção é uma palavra boa; é desejar, é querer, em palavras e sentimentos, o bom e o melhor para alguém. Então, bendito é aquele a quem se abençoou, é abençoado, bondoso e feliz.

Há abençoadores negligentes, que proferem a bênção em palavras mas não a têm no sentir e pensar, encenam só para cumprir ritual, aparecer na foto ou imagem; dentre estes, há os com segundas intenções. Nesses casos, os destinatários das boas palavras podem saboreá-las e tirar o melhor proveito dos seus significados, mesmo que os emissores não passem de hipócritas e como tais sejam flagrados. Entretanto, é incomparável o deleite de ser e sentir-se abençoado por um abençoador sincero, sereno e sensato. Há, também, a cisão entre quem conceda a bênção e quem não a queira receber, ou melhor, a espera como sinônimo de milagre imerecido. Algo como ficar rico sem trabalhar, vencer a batalha sem ir à luta, ‘fazer cortesia com o chapéu alheio’. Todos somos sujeitos a transitar, com distintas freqüência e intensidade, por essas variáveis e o caos se aproxima ou concretiza quando sempre e somente se almeja a bênção sem justificá-la; ou se deixa, por ação, omissão ou distorção, de merecê-la.

Tendo procurado ou sido procurado para receber uma bênção, qual contrapartida o abençoado pode dar a quem lhe abençoou? Ser digno da bênção. Se ao desempregado for dirigida uma bênção repleta de votos para que surja logo um bom emprego e um bom trabalho e viver fugindo das idas às empresas e agências, dando desculpas e faltando à entrevistas, será abençoado? Que bênção esperar, se seus argumentos e atos forem repletos de mentiras e omissões? Se parou de estudar e de se aperfeiçoar, se os diplomas conseguidos o foram à base de ‘colas’ e outras trapaças; se está ou for empregado e ‘enrola’ o dia todo, não se compromete, não se importa com nada além de reclamar, levar vantagens não éticas, a primeira bênção a lhe caber seria a do milagre de criar juízo e vergonha na cara. O mesmo se aplica ao empregador.

Injustiças e erros são inevitáveis. Bênçãos, também! Ninguém é somente emissor ou receptor do antônimo da bênção mas há que ficar alerta para não teimar em sê-lo, morrendo em vida, vitimado pelas horríveis conseqüências de tamanha tragédia.

É tempo de crescente individualismo, indiferença, egoísmo; de violência imediata, gratuita e banal, ao mínimo descuido, oriunda até das pessoas mais educadas e calmas. Proliferam as relações pessoais e profissionais superficiais, frágeis, medíocres e interesseiras. Exatamente por isso, é tempo de geração e recepção de muitas, francas, sensatas, serenas e fortes bênçãos. Desejar em palavras, pensamentos, sentimentos e ações o melhor para as pessoas que nos são caras e das quais somos queridos. Igual tratamento dispensar às pessoas que sequer conhecemos mas acreditamos serem merecedoras das nossas bênçãos. E, especialmente, o mais difícil, edificante, indispensável e gratificante: fazer tudo isso em prol das pessoas das quais não gostamos, conhecendo-as ou não; ou, até gostamos mas nos magoaram, entristeceram e enraiveceram.

Humanamente, nem sempre abençôo e tantas vezes fui tolo ao refugar bênçãos que me concederam. Humanamente, cada vez que abençôo, nem sempre percebo se e quanto contribuí para o bem do abençoado, porém, necessariamente sinto o quanto me senti em paz, motivado e feliz por esta atitude gratuita.

À parte de doutrinas religiosas, algumas sérias e fundamentadas, várias, enganação para satisfazer egos e bolsos, são fartos os especialistas a dizer o quão benéfico é viver com atitudes, esperança e crença no melhor para si, para os outros e para o mundo. Escrever e teorizar é mais fácil que praticar, mas a prática, quanto mais freqüente e acertada, mais confirma a teoria. Coloquemos mãos à obra: aprendamos a abençoar mais e a aceitar, e justificar, bênçãos.
Autor: José Carlos de Oliveira


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