A Criatividade Sepultada na Televisão



O público mudou! Se você não vai além dos 25 anos pesquise com seus amigos quem assiste o “Domingo Legal”, por exemplo, ou quem ainda engole a fonte que secou “Pânico na TV”. Estima-se que em 2020 a população com mais de 60 anos no País deva chegar a 30 milhões de pessoas, e a expectativa de vida a 70,3 anos (IBGE). Então veremos Luciano Huck, com a orelha e o nariz correspondentes à idade, ainda comandando o Caldeirão Filantrópico e reafirmando a tese de alienação e deficiência criativa em que a televisão resultará.
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Nessa semana a Fundação Armando Álvares Penteado, através de seu canal de TV, transmitiu um evento que colocou na mesma mesa, discorrendo sobre a televisão contemporânea para uma platéia de acadêmicos na área de Comunicação, nada mais nada menos que Marcelo Tas, líder do “CQC” brasileiro; e Gregório Bacic, diretor do “Provocações”. Isso tudo acontecendo na mesma semana em que o programa Roda Viva entrevistou o diretor presidente do Internet Group do Brasil (iG), Caio Túlio Costa, traduzindo o jornalismo e a web-produção. Em suma, trata-se de uma semana dedicada à quixotesca "liberdade de expressão".

E antes que chegue o sábado para, mergulhado em anoréxica inteligência, assistir à TV aberta, quero respirar esse "espírito de porco" o qual corrompe minha alma no panelaço que coincidiu essa semana: a televisão aberta no Brasil está morta! A morte da criatividade que escarnece o povo com os domingos mais defasados do mundo. Não consigo acreditar que em outros aglomerados nacionais exista um domingo mais energúmeno que o nosso, desconsiderando as características sociais e humanas que envolvem esse dia desagradável da semana.

A TV Cultura, por exemplo, detém a produção televisiva mais próxima do respeito à intelectualidade. Porém, por se tratar de apenas um canal, acabamos nos deparando com programas infantis em aproximadamente metade da grade programada. Essa tentativa da TV Cultura em atingir todos os públicos é explicada pela ausência, por exemplo, de um canal aberto específico para a criança.

Não basta ser um canal aberto, oblíquo na intenção de atingir a massa, deve-se inovar. “Está na hora de fazer coisas diferentes”, diz Tas. O público mudou! Se você não vai além dos 25 anos pesquise com seus amigos quem assiste o “Domingo Legal”, por exemplo, ou quem ainda engole a fonte que secou “Pânico na TV”. Estima-se que em 2020 a população com mais de 60 anos no País deva chegar a 30 milhões de pessoas, e a expectativa de vida a 70,3 anos (IBGE). Então veremos Luciano Huck, com a orelha e o nariz correspondentes à idade, ainda comandando o Caldeirão Filantrópico e reafirmando a tese de alienação e deficiência criativa em que a televisão resultará.

Então sobraria, segregando novamente como manda o figurino, a TV por assinatura. No entanto, nem essa anda criativa. O que o usuário brasileiro com dinheiro além da comida pode acessar é uma quantidade absurda de canais dublando enlatados. E outros programas mais ousados na produção acabam com a mesma linguagem e padrões estéticos desenvolvidos há anos pela TV aberta. Menos de 7% do país está cabeado, contra 96% da Europa e EUA, segundo Nelson Hoineff, presidente do Instituto de Estudos de Televisão. E acrescenta: “A TV por assinatura absorveu da TV aberta o gosto por zombar da inteligência do espectador. A única arma que encontrou para se qualificar foi tratar seu interlocutor como débil mental”.

Sobram aos seres da criação, ouvir o grito contido e padecido da nova formação social. O povo geme por experimentalismo. Que tal alguma coisa estranha, uns gritos e alguma liberdade de expressão?! Ou então algumas aulas com o "descompromisso" da produção na web?!
O que cai da mesa a gente come, mas se tiver como sentar-se à mesa... melhor.

23 de julho de 2008
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Autor: Alex Pinheiro


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