Livro de Mórmon: Um evangelho revelado em placas de ouro



Eles andam em dupla e vestidos de maneira inconfundível: camisa branca de manga curta, calça social, gravata e, ao lado esquerdo do peito, presa ao bolso da camisa, uma plaqueta de cor preta em cuja superfície se lê um nome (ou sobrenome) precedido pela identificação “Elder”. Estamos falando dos missionários de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, também conhecida como a Igreja dos Mórmons, uma das instituições religiosas que mais crescem em todo o mundo. Mas que, embora venha se expandindo rapidamente, ainda é alvo de muita curiosidade daqueles que não tiveram oportunidade de ouvir os missionários ou visitá-la para conhecer um pouco mais de sua história e de suas doutrinas. Pensando nisso, este artigo visa tratar desses itens de maneira resumida a fim de que proporcione ao leitor uma visão panorâmica sobre a igreja.

A revelação e a tradução do Livro de Mórmon

A história de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias começa no ano de 1820, nos Estados Unidos da América, com um jovem de 14 anos chamado Joseph Smith. Esse jovem filho de fazendeiros, naquele ano relata que, após ter feito uma oração pedindo a Deus que lhe resgatasse de suas dúvidas quanto à igreja mais correta a ser seguida, teria tido uma visão em que Deus e seu filho Jesus Cristo lhe revelaram que nenhuma das igrejas existentes naquele momento era verdadeira, pois todas haviam se desvirtuado dos verdadeiros caminhos e que, portanto, não se filiasse a nenhuma delas.
Sua segunda visão teria ocorrido no dia 21 de setembro de 1823 quando foi visitado pelo anjo Morôni, que lhe revelou que Deus tinha uma obra a ser executada na terra por meio de Smith e lhe contou também da existência de registros de antigos habitantes do continente americano, escritos em placas de ouro, escondidos durante séculos e que logo seria posto a luz da humanidade. No outro dia Morôni aparece ao jovem novamente, dessa vez para instruí-lo a seguir para o local onde as placas de ouro estavam depositadas. Ali no Monte Cumora, Joseph Smith recebeu instruções durante quatro anos até finalmente, em 1827, lhe serem entregues as placas de ouro e duas pedras em aros de prata, denominadas Urim e Tumim, para que fosse feito o trabalho de tradução das obras. Segundo os relatos de Smith, as duas pedras em aros de prata era uma espécie de tradutores preparados por Deus para que a linguagem do livro, escrita em egípcio reformado, pudesse ser entendida e traduzida.
O trabalho de tradução durou três anos, terminando efetivamente no dia 1º de julho de 1829, e contou com o apoio de outras pessoas ligadas a Smith como Oliwer Cowdery, Martin Harris, David Whitmer e sua própria esposa Emma Smith. O Livro de Mórmon foi posto à disposição para venda ao público em 26 de março de 1830.

A restauração

O dia 6 de abril de 1830 é a data da organização de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos últimos Dias, constituída em uma cerimônia presidida por Smith na casa de um de seus amigos, Peter Whitmer. Segundo os relatos, participaram da organização (ou restauração como os membros da igreja se referem o evento) aproximadamente setenta pessoas que ali reconheceram Joseph Smith como seu profeta.
A igreja começou a se expandir de forma rápida e isso fez com que imediatamente após a sua organização fossem criados ofícios especializados em questões específicas na instituição. Os ofícios de bispo, elder e conselheiros da presidência foram apenas alguns deles; posteriormente muitos outros cargos seriam estabelecidos.
Durante os primeiros anos de existência, a Igreja de Jesus Cristo sofreu muitas perseguições de pessoas e credos que não acreditavam na veracidade do Livro de Mórmom.
Entre 1830 e 1844, ano da morte de Joseph Smith, muitos acontecimentos importantes para a história da igreja e sua expansão se passaram, desde missões de pregação aos indígenas, migrações constantes e massacres aos santos dos últimos dias.
Após a morte de Smith, Brighan Young foi o primeiro sucessor da liderança profética da igreja.

O relato do Livro de Mórmon

O principal tema do Livro de Mórmon gira em torno de povos antigos que teriam vivido no continente americano. De acordo com os registros, por volta do ano 600 a. C, uma tribo hebraica, liderada por um homem de nome Leí, teria sido instruída por Deus a sair de Israel a fim de se livrar do Exílio da Babilônia. Após terem partido em uma embarcação, as pessoas da tribo chegaram à costa dos Estados Unidos onde se multiplicaram e se dividiram em dois grupos após a morte de Leí. Um grupo de homens puros, dignos e fiéis a Deus, chefiado por Néfi; denominados de Nefitas e um grupo de homens indignos e infiéis, chefiados por Lamã; chamados Lamanitas. Néfi e Lamã foram filhos de Leí.
Em função de sua indolência, mal visto aos olhos de Deus, os lamanitas teriam sido castigados com o escurecimento da sua pele.
Depois da ressurreição, Cristo teria visitado seu rebanho no outro continente para apaziguar as diferenças e um período de paz se estabeleceu entre os povos. Mas por volta de 400 d. C, novas divergências aconteceram e após uma grande batalha, os lamanitas teriam dizimado os nefitas.
Durante toda a trajetória no continente americano a história dos povos descendentes de Leí havia sido registrada por profetas em placas de metal. Mórmom o último desses profetas foi quem resumiu todos os relatos contidos nas placas de metal em placas de ouro e deu a seu filho Morôni para que escondesse em local seguro a fim de não serem destruídos pelos lamanitas na última batalha. Séculos depois Morôni, como um mensageiro de Deus, revelaria a Joseph Smith onde teria escondido os registros antigos.
Então, o Livro de Mórmon possui esse nome em virtude de ser uma homenagem do último profeta nefita que cuidou dos registros.

As doutrinas da igreja

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, como o próprio nome já sugere, é uma instituição cristã e por isso todas as suas doutrinas estão baseadas na crença em Deus e Jesus Cristo como seres superiores responsáveis pela criação e pelo plano de salvação do homem.
Não se considera uma religião a mais e sim a igreja restaurada de Jesus. Por isso, além do Livro de Mórmon e outros dois livros escritos por Joseph Smith – Pérola de Grande Valor e Doutrinas e Convênios – também utiliza a Bíblia como escritura sagrada. Todavia, o livro mais relevante nas reuniões é o Livro de Mórmon.
Entre as suas doutrinas existem aquelas de base comum do cristianismo tais como: o jejum, o dízimo, a lei da castidade, o batismo e a crença na segunda vinda de Cristo; e existem também aquelas peculiares da instituição, como: a crença que os homens - se procurarem o aperfeiçoamento e evolução do espírito - também poderão se tornar deuses, a crença que Deus e Jesus não são seres existentes apenas no estado de espírito, mas possuem corpos como os homens, a doutrina que as famílias podem permanecer unidas mesmo após a morte, a proibição de tomar café e chá preto e outras.
Suas reuniões, denominadas reuniões sacramentais acontecem sempre aos domingos, no período da manhã ou da tarde.
Hoje, a igreja afirma ter mais de 12 milhões de fiéis em vários países, entre eles o Brasil. Os Santos dos Últimos Dias brasileiros formariam o terceiro maior grupo Mórmom do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e do México.
Grande parte desse número de adeptos provém do trabalho de conversão alimentado pelos missionários. Jovens entre 18 e 26 anos que se dedicam a pregar as doutrinas da igreja de porta em porta durante dois anos, no caso de missionários do sexo masculino e dezoito meses, no caso das mulheres. O trabalho dos missionários é voluntário e durante o período de missão eles ficam isolados de seus familiares e amigos. Só podem manter contato nos dias de folga via internet e telefonar em duas ocasiões ao ano: no Dia das Mães e no Natal. Também não podem ter atividades recreativas como cinema, teatro, assistir televisão e outras. Seu tempo livre deve ser dedicado ao estudo das escrituras e preparação para as atividades da missão.
O local a realizar a missão é escolhido pela igreja e tanto pode ser em outro país como também no próprio país de origem, mas em outro estado. Os custos com a missão podem ser providos pela família do missionário, caso esta tenha condições, ou com os recursos que a igreja reserva especificamente para isso, vindos do dinheiro do dízimo. Segundo dados da igreja, atualmente cerca de 4.440 missionários atuam no Brasil.
Autor: Devison Amorim do Nascimento


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