A Simbologia, A Temática E A Estrutura Lingüística Em Of Mice And Men De John Steinbeck



Resumo:

Este trabalho analisa, por meio da recorrência a fontes literárias, históricas e lingüísticas, a temática, a simbologia e a estrutura lingüística da obra Of Mice and Men de John Steinbeck. Segundo Nabuco (2002, p. 261) nas cento e tantas páginas desse livrinho, o autor abriu um descortino sobre a natureza humana que, mesmo com triplicada extensão, outros dificilmente conseguiriam. Para a realização desta pesquisa, selecionamos fragmentos do romance para uma análise dos fenômenos abordados. A investigação dos dados nos mostrou que o escritor recorre a temas como amizade, solidão, sonho americano, racismo e, utilizando uma linguagem com frases claras e curtas e dialeto, ele aborda, com grande poder, a natureza humana.
Palavras chave: John Steinbeck, Of Mice and Men, simbologia, linguagem.

Abstract:

This paper analyses themes, symbology and linguistic structure in Of Mice and Men by John Steinbeck. We have investigated literary, historical and linguistic sources. According to Nabuco (2002, p. 261) nas cento e tantas páginas desse livrinho, o autor abriu um descortino sobre a natureza humana que, mesmo com triplicada extensão, outros dificilmente conseguiriam. We heve selected fragments to analyse these factors in the novel. It is possible to conclude, that, the writer uses short and clear phrases and dialect, as well as themes like friendship, loneliness, the American Dream and racism, in a way wichh promots the praise of human values.
Key words: John Steinbeck, Of Mice and Men, symbology, language.

Introdução:

Publicada em 1939, a obra, de caráter simbólico e social, apresenta a história de amizade entre dois homens (George e Lennie) que são diferentes fisicamente mas, considerados iguais na condição social em que vivem. Escrita no período da crise econômica americana, a obra critica a sociedade agrícola dos anos 30, a discriminação e as péssimas condições sociais dos trabalhadores rurais do período. O tema central é a procura para um éden Americano, de uma mudança de condição social. Steinbeck, de forma interessante, utiliza uma linguagem de frases curtas e claras, e símbolos para remeter aos temas abordados no romance.  

Tendo como norte o romance Of Mice and Men, apresentaremos, no decorrer do trabalho, uma análise dos símbolos, temas e linguagem, a fortuna crítica e uma atividade lingüística. Sendo assim, selecionamos fragmentos do romance para uma análise dos fenômenos abordados.

Desenvolvimento:

Of Mice and Men é o segundo livro da trilogia de Steinbeck sobre o trabalho agrícola na Califórnia. Escrito no final da carreira literária do autor, foi o livro que lhe trouxe prestígio e compensação financeira.

Steinbeck escreveu o romance utilizando uma linguagem de frases curtas e claras, alternando entre a norma padrão e a coloquial. Algumas vezes ele faz descrições em outras já não utiliza este recurso. O autor usa um pouco de humor e ironia. O romance é em ordem cronológica, não há flash back.    

O impacto de Of Mice and Men é notável na história das letras americanas pelo sucesso do livro, da peça e do filme. Sendo assim, selecionamos alguns comentários dessa repercussão.

Segundo Nabuco (2002, p. 261) nas cento e tantas páginas desse livrinho, o autor abriu um descortino sobre a natureza humana que, mesmo com triplicada extensão, outros dificilmente conseguiriam.

De acordo com Gil Gosch, jornalista da Revista Vox XXI as obras de Steinbeck são excepcionais. Ele disse: a literatura norte-americana comemora, em fevereiro, o centenário de John Steinbeck, um dos expoentes mais controversos de sua história. Sempre aclamado pelo público, rechaçado muitas vezes pela crítica, ele viveu intensamente o sonho de ser escritor. Em busca dos seus ideais, denunciou as injustiças sociais nos Estados Unidos dos anos 30 e traduziu epicamente o sonho americano nas "terras prometidas" da Califórnia, em livros que se tornaram clássicos como As vinhas da ira, Ratos e Homens e A leste do Éden.

Análise

Os símbolos são objetos, caracteres, figuras, ou cores que representavam idéias abstratas ou conceitos.

O rio

1. O rio Salinas aproxima-se do sopé das colinas e fica bem profundo e verde. (...) e plátanos com troncos e galhos cobertos de manchas, brancos e recurvados, que se arqueiam por sobre a lagoa. (p. 11) (...) Olha, Lennie. Eu quero qu ocê dê uma boa olhada nesse lugá aqui. Ocê vai consegui lembrá desse lugá, ne? A fazenda fica a uns quinhentos metro por ali. É só segui o rio. (p. 29)

Um dos primeiros símbolos no romance é a mancha pequena no rio onde a história começa e acaba. A vinda a uma caverna ou ao mato pelo rio simboliza uma retirada do mundo e uma inocência primitiva de George para com Lennie que diz para Lennie que se tiver qualquer dificuldade retorne ao mato pelo rio e o espere. O rio torna-se "lugar seguro" torna-se "um pequeno abrigo."

A fazenda de George e Lennie.
 
2. Tudo bem. Um dia desse... a gente vai junta um dinheiro e vai compra uma casinha e uns alquere de terra e uma vaca e uns porco e... - E vai vivê da terra Lennie exclamou. E vai tê coelho. Vai, George! Conta do que a gente vai tê no jardim e dos coelhos nas gaiola e da chuva no inverno e do fogão, e da nata do leite que é tão grossa que a gente nem consegue corta. Conta essas coisa, George. (p. 28) (...) Todos ficaram imóveis, todos assombrados com a beleza daquilo tudo, a mente de cada um deles pensava naquele futuro em que todas aquelas coisas maravilhosas iriam acontecer. (p.86)

A fazenda que George constantemente descreve a Lennie, esses poucos acres de terra em que eles cultivarão o próprio alimento e o próprio gado, é um dos símbolos bem poderosos no livro. Não seduz só os outros personagens, mas também o leitor, que, como os homens, acreditam na possibilidade da liberdade, da vida ideal que é prometida. Candy é imediatamente puxado para este sonho, e Crooks espera que Lennie e George o deixarão também viver na fazenda. Um paraíso para homens que querem ser próprios mestres. A fazenda representa a possibilidade de liberdade, autoconfiança, e proteção das crueldades do mundo.

O cachorrinho de Lennie.

3. Por que foi qu ocê morreu? Ocê nun é tão piquinininho assim, igual um rato. Eu num chacoalhei forte, não. Inclinou a cabeça do cahoccinho para cima e olhou no rosto dele... (p.117).

O cachorrinho do Lennie é um de vários símbolos que representa a vitória do forte sobre o fraco. Lennie mata o cachorrinho acidentalmente como antes matou muitos camundongos, em virtude de seu fracasso em reconhecer a própria força. Embora nenhum outro personagem tenha a força física de Lennie, ele logo encontrará um destino semelhante ao do seu cachorrinho. Como um animal inocente Lennie ignora os poderes vorazes maliciosos que o cercam.
 
O cachorro de Candy.
 
4. Mas que diabo! Ele é meu faiz tanto tempo. Ele é meu desde que era filhotinho. Eu criava ovelha com ele. (...)  A gente nem vê quando olha pra ele agora, mas foi o melhor cão pastor que eu já tive na minha vida. (p. 66). (...) Se ocê quisê, posso tirá esse diabo velho do sofrimento dele agora mesmo e coloca um fim nisso tudo. Nun sobrô nada pra ele. Ele num come, ele nun enxerga, ele nem consegue andá sem senti dor. (p. 69).  

No mundo descrito por Steinbeck, o cão de Candy representa o destino esperando a qualquer um que viveu mais que seu propósito. Uma vez um cão pastor bom, útil no rancho, agora está enfraquecido pela idade. Embora Carlson promete matar o cão sem dor, sua insistência que o animal velho deve morrer dá suporte a uma lei natural e cruel que o forte liquidará o fraco. Para Candy esta é uma lição, temida por ele que quando for velho não vai mais se útil no rancho.

As mãos

5. George mãos pequenas e fortes (p. 12)

Lennie Lennie enfiou sua patarra  na água... (p.13)

A mulher de Curley As unhas das mãos eram vermelhas. (p. 48)

Slim As mãos, grandes e delgadas, eram tão delicadas no agir quanto as de um dançarino de corpo de baile. (p. 52)

Candy Eu num sirvo pra muita coisa co uma mão só.           

As mãos também são usadas simbolicamente por todo o romance. Os homens no rancho são chamados mãos, indicando que cada um tem um trabalho a fazer. São trabalhadores, não homens. As mãos do Lennie, ou patas, são símbolos de problema. Sempre que ele as usa como faz com Curley  - os problemas surgem.  A mão perdida de Candy é um símbolo de seu desamparo perante a velhice e seu temor de que será considerado inútil e despedido quando pois, só uma mão não é suficiente. As mãos de George são pequenas e fortes, as mãos de um planejador. As mãos do Curley são mesquinhas e cruéis e, naturalmente, é esmagado na máquina que é Lennie. As mãos da esposa de Curley são apresentadas com unhas vermelhas, representando a vaidade. Slim tem mãos hábeis grandes, precisas, um perfeito trabalhador. As imagens das mãos representam a essência de cada pessoa.

Considerações finais:

Percebemos que este romance começa com dois homens (George e Lennie) descendo o rio em direção a fazenda e termina com dois homens (George e Slim), subindo o rio em direção à rodovia. Steimbeck celebrou a amizade na sua vida e na sua obra e essa amizade é marcadamente notada neste romance. O sonho americano da liberdade, da mudança de vida, a solidão, o preconceito, o racismo, a força e fraqueza são temas presentes nesta obra e foram apresentados com a utilização de símbolos como o rio, a fazenda de George e Lennie, os cachorros, as mãos. Steinbeck usa também uma linguagem diferenciada (ritmada na voz de George ao apresentar o sonha da fazenda para Lennie), ora usa uma linguagem coloquial, ora culta. Assim, expressamos nossa admiração pela forma com que o autor aborda, com grande poder, a natureza humana.

Referencias bibliográficas:

GOSCH, G. Revista Vox XXI. Disponível em: http://www.corag.rs.gov.br - online: 23/10/2005.

STEINBECK, J. Ratos e Homens. 2.ed. São Paulo: L&M Pocket, 2005.

Themes, Motifs & Symbols. Disponível em http://www.sparknotes.com - online: 16/10/2005.

Autor: Mírian L. G. Oliveira


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