O desafio para consolidar um Planejamento Estratégico (Cristiano Paiva, Janyr Matos, Rodrigo Eimantas)



RESUMO
Artigo sustentado em revisão bibliográfica que denota a importância de um planejamento estratégico para a saúde de uma empresa, bem como a dificuldade de implantá-lo e mantê-lo perante as adversidades econômicas e competitivas no mercado global. Descreve as etapas essenciais da implantação de um planejamento estratégico e aponta as principais falhas encontradas durante o processo que prejudicam sua implantação, aceitação e resultado. Enfatiza a aceitação da empresa e a criação de cultura de planejamento, fazendo um comparativo e indicando a adoção de uma administração (gestão) estratégica que englobe o processo de planejamento estratégico, para obter um resultado mais consistente e eficaz. Por fim, alerta sobre a importância da execução e da necessidade de gestores e equipes competentes, engajadas e motivadas para fazer acontecer as ações estratégicas estabelecidas e consolidar o rumo desejado pela empresa, tornando referência de excelência no mercado.

Palavras-chaves: planejamento estratégico; eficiência; eficácia; efetividade; desafios.

INTRODUÇÃO
O atual cenário econômico mundial e a competitividade, oriundos da globalização e demais tendências do século XXI, obrigam algumas empresas a serem reativas, agindo instintivamente, utilizando recursos e focando esforços para garantir sua sobrevivência e posição de mercado. Estas ações garantem momentaneamente uma vantagem, porém podem comprometer a longevidade da empresa uma vez que a mesma não tem uma gestão estratégica para suportar a demanda conquistada através das ações instintivamente implantadas.
Este problema ocorre, pois as empresas se preocupam em sustentar sua participação no mercado em detrimento da observância da necessidade de ampliação e/ou capacitação da estrutura organizacional capaz de suprir esta nova demanda com a mesma eficácia, eficiência e efetividade. “A competição existiu muito antes da estratégia. Começou com o aparecimento da própria vida”. (MONTGOMERY, PORTER, 1998.p.3)
Objetivando ressaltar a importância do planejamento estratégico, que ampare e sustente o crescimento ordenado de uma empresa, através de um corpo gerencial consistente, engajado e sinérgico, abordar-se-ão as fases de implantação do planejamento estratégico e os desafios para implantá-lo e consolidá-lo diante o dinamismo do cenário econômico mundial. A competição existiu muito antes da estratégia. Começou com o aparecimento da própria vida. (OLIVEIRA, 1991. p.141)
O artigo denota que um planejamento estratégico permite a empresa tomar decisões que possam aumentar sua competitividade no mercado, criando uma estrutura sustentável e segura, melhorando os resultados operacionais, identificando seus pontos fortes e fracos (ambiente interno), bem como ameaças e oportunidades (ambiente externo), garantindo em longo prazo um melhor posicionamento estratégico no mercado.
Destaca-se também a importância do planejamento estratégico, face a elevada taxa de mortalidade de empresas, proveniente da tendência imediatista dos empreendedores que não possuem cultura de planejamento, devido a falta de conhecimento, para realizar a abertura e estruturação da empresa. Muitas empresas iniciam suas atividades sem estabelecer uma estratégia que permita a sua permanência no mercado, não investindo na otimização da utilização dos seus recursos e na capacitação do seu capital humano.

DESENVOLVIMENTO
Apesar dos muitos estudos sobre planejamento e administração estratégica, a despeito de tipologias elaboradas pelos diversos pesquisadores do assunto, resta-nos ainda estabelecer os limites da estratégia, o que só pode ser feito a partir da interpretação do que entendemos por estratégia, considerando seu campo de atuação. (GAJ, 1995. p.24)
Segundo o dicionário Larousse (2004), estratégia é definida como a arte de planejar operações de guerra; meio, expediente, plano; conjunto de ações para melhorar a posição de empresa ou produto em um mercado competitivo. O conceito de planejamento estratégico pode ser entendido como a definição de ações a serem tomadas pela alta administração, preparando-se para um cenário futuro diferente do passado, obtendo condições de atuar sobre as diversas variáveis que influenciam seu negócio, aumentando a probabilidade de sucesso e conquista da excelência. Portanto, o planejamento estratégico não deve ser considerado apenas como uma afirmação das aspirações de uma empresa, pois inclui também o que deve ser feito para transformar estas aspirações em realidade. (OLIVEIRA, 1999. p.61)
Os princípios do planejamento estratégico podem ser divididos em gerais e específicos, sendo os gerais: o princípio da contribuição aos objetivos, o princípio da precedência do planejamento, o princípio da maior penetração e abrangência e o princípio da maior eficiência, eficácia e efetividade, onde o planejamento deve procurar maximizar seus resultados e minimizar as deficiências; e considerados específicos, que são baseados na atitude e visão interativa diante do planejamento, o planejamento participativo, o planejamento coordenado, o planejamento integrado e por fim o planejamento permanente, que se torna necessário pela turbulência do mercado, pois nenhum plano mantém seu valor com o tempo.
Vale ressaltar que o significado dos termos eficiência, eficácia e efetividade no contexto abordado, é entendido por eficiência: fazer as coisas de maneira adequada, resolver problemas, salvaguardar os recursos aplicados, cumprir o seu dever e reduzir os custos; eficácia: fazer as coisas certas, produzir alternativas criativas, maximizar a utilização de recursos, obter resultados e aumentar o lucro; efetividade: manter-se no ambiente e apresentar resultados globais positivos ao longo do tempo. A efetividade representa a capacidade de a empresa coordenar constantemente, no tempo, esforços e energias, tendo em vista o alcance dos resultados globais e a manutenção da empresa no ambiente. (OLIVEIRA, 1999. p.36)
A formulação da estratégia empresarial é complexa, pois depende de inúmeros fatores e condições que se alternam e se modificam incessantemente. (OLIVEIRA, 1991. p.311)
Apesar do processo de planejamento estratégico seguir as peculiaridades de cada organização, suas etapas de implantação seguem normalmente uma mesma seqüência lógica que envolve toda a estrutura hierárquica.
Definir a missão organizacional, que consiste na razão de ser da empresa, ajudando a concentrar esforços das pessoas para uma direção comum, assegurar que a organização não persiga propósitos conflitantes, servindo de base lógica geral para alocar recursos organizacionais e estabelecendo áreas amplas de responsabilidade por tarefa dentro da organização. As premissas de planejamento são questionadas e a missão e os objetivos empresariais definidos. Em seguida é tomada uma decisão sobre um contexto único para o planejamento, consolidando hipóteses e previsões. (OLIVEIRA, 1991. p.173)
A decisão de planejar decorre da percepção de que os eventos futuros poderão não estar de acordo com o desejável se nada for feito. O ponto de partida para esta percepção é a disponibilidade de diagnósticos, de análises e projeções da empresa. Portanto, é fundamental que a empresa tenha um otimizado sistema de informações externas e internas. (OLIVEIRA, 1999. p.80)
Analisar o ambiente externo, identificando as oportunidades, ameaças e limitações do mercado; ambiente interno, relacionando seus pontos fortes e fracos e ameaças ambientais, e elaborar cenários fundamentados formado pela descrição de uma situação futura e do encaminhamento dos eventos que permitem passar da situação atual para outra futura. Os propósitos dos cenários, entre outros, é organizar e delimitar as incertezas críticas e unificar as visões quanto ao futuro e utilizá-las para iluminar decisões estratégicas no presente. O conjunto das informações externas e internas à empresa formam o seu sistema de informações global. Naturalmente, deste total o executivo deverá saber extrair as informações gerenciais, que realmente a empresa precisa para ser eficaz. (OLIVEIRA, 1999. p.84)
Definir os objetivos organizacionais decompondo a missão em atividades que a organização pretende desenvolver para atender as demandas sócio-econômicas de seu ambiente. Os objetivos devem ser conhecidos, adequados, aceitos e consistentes para canalizar os esforços e recursos ao longo do tempo.
Selecionar estratégias para estabelecer os caminhos a fim de cumprir os objetivos organizacionais, levando em consideração tempo, custos, recursos e riscos envolvidos.
Formular metas desmembrando a estratégia em ações táticas de acordo com a responsabilidade de cada área.
Elaborar orçamento para verificar a viabilidade da consecução das ações voltadas para o cumprimento das metas e objetivos organizacionais.
Definir os parâmetros de avaliação da eficácia das estratégias definidas comparando padrões previamente estabelecidos com o desempenho e resultado das ações, com a finalidade de corrigir eventuais rumos e preservar o orçamento.
Formular um sistema de responsabilidades gerenciais que consiste em definir funções e atribuir obrigações a todos os níveis envolvidos na implantação do planejamento.
Implantar o planejamento estratégico, colocando em prática o conjunto de ações determinadas possibilitando o cumprimento dos objetivos organizacionais.
Existem aspectos importantes que devem ser observados para melhorar o aproveitamento do planejamento estratégico, caracterizados como falhas que podem ser encontradas ao longo do processo de elaboração e implantação, tais como: estruturação inadequada do setor responsável pelo planejamento estratégico da empresa, desconhecimento da importância do significado do planejamento, falta de preparação do ambiente interno, no sentido de predispor os funcionários para as mudanças oriundas do planejamento estratégico na empresa, desconsideração da realidade financeira e cultural da empresa, inadequação do envolvimento dos níveis hierárquicos, deficiência na elaboração e baixa credibilidade do planejamento, falha no controle, avaliação e interação com os funcionários. Sem a integração harmônica de todas as partes e de todas as forças não há nenhum resultado útil. (MATOS, 1993. p.63)
Dentre as diversas ações essenciais na elaboração de um planejamento estratégico, associadas aos riscos de insucesso na implantação, provenientes das falhas do processo, instala-se o desafio para alta administração em realizar, de maneira eficaz, a implantação e consolidação das ações e pensamentos estratégicos, sincronizando-as perante o dinamismo do mercado.
Uma maneira de minimizar o desafio de conciliar a implantação e manutenção do planejamento estratégico versus o dinamismo do mercado é adotar uma administração estratégica na organização a fim de trazer benefícios potenciais globais e mais abrangentes que os obtidos apenas pelo processo isolado de planejamento estratégico. A administração estratégica permite capacitar e adequar o ambiente interno de forma coerente e estratégica, acrescendo aspirações nos funcionários, com mudanças rápidas da organização, terminando com um novo comportamento organizacional e um sistema de ação e não somente um plano estratégico estabelecido diante de uma postura em relação ao ambiente baseado em fatos, idéias e probabilidades.
Muito embora, as empresas que somente realizam o processo de planejamento estratégico, já conseguem certa vantagem competitiva se comparada às demais empresas que apenas reagem às mudanças e tendências do mercado para garantir simplesmente sua sobrevivência, sem destaque e sem objetivos que o tornem referência no mercado.

CONCLUSÃO
A aceitação da importância do planejamento estratégico e o fato de torná-lo um hábito, permite as empresas anteverem as oportunidades e ameaças futuras, possibilitando atuação proativa e flexível perante seus concorrentes e as variáveis conhecidas e incontroláveis do mercado.
Estabelecerá uma vantagem competitiva a empresa que reconhecer a importância do planejamento estratégico e conseguir difundir cultura entre os funcionários, pois somente o planejamento sem a execução não trará resultado. Por isso a empresa deverá contar também com uma boa equipe tática e operacional para atingir as metas e os objetivos estabelecidos.
Foram apresentadas algumas fases importantes para a elaboração de um planejamento estratégico, porém, a realização do planejamento é uma atividade constante e cíclica e precisa ser entendida como um instrumento dinâmico e flexível, que incorporado ao processo de administração estratégica, fundamente as ações e as tomadas de decisões coerentes com o dinamismo do mercado.
Para que as empresas consigam desenvolver competências estratégicas, os gestores e suas equipes precisam estar aptos e empenhados com as metas e os objetivos estabelecidos pela empresa, suas competências gerenciais precisam ser percebidas por todos, conseguindo envolvimento de suas equipes, pois mudanças desta magnitude não ocorrem de forma rápida e nem em curto prazo.
O planejamento estratégico estará comprometido se a empresa não se atualizar e monitorar os cenários econômicos mundiais, concentrando atenção em informações macro ambientais como a taxa de câmbio, escassez de recursos, protecionismo internacional, alto custo do petróleo, novas leis de regulamentação pertinentes, além dos avanços tecnológicos. A gestão ser precisa evolutiva, para que o planejamento estratégico consiga ser consistente e eficaz, canalizando as competências estratégicas e principalmente consolidando o rumo desejado pela empresa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GAJ, L.. Administração Estratégica. 3ª ed. São Paulo: Ática, 1995.

MATOS, F.G. Estratégia de empresa. 2ª Ed. São Paulo: Makron Books, 1993.

MONTGOMERY, C. PORTER, M.. Estratégia. A busca da vantagem competitiva. 15ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1998.

OLIVEIRA, D. P. R. de. Planejamento Estratégico: Conceitos, metodologia, práticas. 14ª ed. São Paulo: Atlas, 1999.

OLIVEIRA, D. P. R. de. Estratégia Empresarial. Uma abordagem empreendedora. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1991.

RODRIGUES, D. NUNO, F. POZZOLI, T.. Larousse Escolar da Língua Portuguesa. 1ªed. São Paulo: Larousse do Brasil, 2004.
Autor: Rodrigo Augusto Eimantas


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