Sistema Falido



Sistema Falido

É com um misto de alegria e pesar que fazemos a constatação: o sistema político Brasil está falido.
Alegria por constatarmos que não nos equivocávamos quando tecíamos críticas ao sistema político; pesar porque o fato de o sistema estar em crise, ou falido, não significa que o problema será resolvido. Quer dizer, podemos continuar falando e a tecendo críticas que o sistema permanece em pé... e isso é mau, pois nos leva a concluir que o problema é mais sério do que parecia.
Com que propósito estamos falando disso?
Com o propósito de confirmar o que todos já sabíamos: A falência já vem sendo anunciada há muito tempo.
Não sei se você é capaz de lembrar a primeira vez que ouviu falar sobre a necessidade e urgência de uma reforma política... Pois é! Ela já caducou e ainda não aconteceu. Note que quase não se fala mais nisso. E por que foi que não aconteceu? Porque não se trata de algo importante para os profissionais da política. Para quem faz as leis e vive de suas brechas o sistema está uma maravilha. Reforma só se for para arrumar uma nova ou mais uma forma de manter o povo “fora disso”, pois o que é bom para o povo não é bom para eles e o que é bom para eles é nocivo ao povo.
Confirmamos isso observando como são altruístas nossos representantes! Analise isto: o cara gasta um rio de dinheiro em sua campanha. E, como sempre, alguém acaba se elegendo – depois de gastar uma nota. Mas o salário oficial, confessado, lançado em folha de pagamento, com todas as mordomias e gratificações, não chega ao valor total investido na campanha. Aí é que aparece o altruísmo: o cara candidatou-se e se elegeu por amor ao povo, então ele não fará acordos escusos, pois não pretende reaver tudo o que investiu na campanha por meio da facilitação em concorrências e licitações a fim de recuperar a bolada que investiu na campanha.
De modo geral, e com raríssimas exceções, quem são, via de regra, os candidatos? Medíocres e malandros.
Espera aí, dizem alguns! Existem as exceções!
Sim, existem aqueles que não são nem malandros nem medíocres. Podemos até supor que sejam honestos, existem essas exceções! E para que servem as exceções? Para confirmar a regra!!!!!
Mas o grotesco e hilariante da situação, para não falar de seu lado trágico, é que – em se tratando das eleições para o legislativo – os medíocres são usados pelos malandros. Os candidatos mais “fraquinhos”, e que não têm chances de se eleger, mesmo que, por vezes, sejam honestos, só servem para arrebanhar mais alguns votos que serão despejados na bandeja da coligação do malandro mais conhecido... e ele será eleito. Noutras palavras, o malandro, que quase sempre se elege, cria normas para não sair do poder. Mesmo que não tenha recebido uma votação massiva, acaba se beneficiando da ingenuidade dos eleitores e da pouca projeção dos seus correligionários que arrebanham votos e os descarregam nos figurões da coligação. Triste é saber que tem gente que se presta, com gosto, a esse papel; pensam que podem entrar no clube!!!
Com isso abrimos mais um aspecto da discussão sobre a falência do sistema: as coligações são um sistema absurdo pelo qual o meu e o seu votos não ficam com o candidato nos quais nós votamos, mas serão direcionados para a coligação, e, com isso nossos votos, por mais que não o queiramos, acabam sendo levado ou ajudando aquele que não queríamos que se elegesse. Chegamos ao absurdo dos absurdos pelo qual, em muitos casos, um candidato bem votado não se elege enquanto outro minimamente votado é eleito, por causa desse artificioso, ardiloso, malandro e maldoso sistema.
Isso não é suficiente para comprovar que o sistema está falido, pode dizer alguém.
Vejamos mais alguns elementos: a base da democracia é a participação popular. Certo! Participa-se votando!!! Certo!
Mas, se é para ser algo democrático, então deveria ser facultado a todos o direito de votar ou não votar. Mas há uma lei que nos obriga ao voto. Sob pena de várias sanções, entre elas a perda de alguns direitos...Ora que liberdade é essa que me obriga a fazer o que não quero? Com o agravante de ver meu voto, que fui obrigado a dar, sendo direcionado para um malandro, por causa de uma astuciosa e interesseira coligação. Votei naquele que considerei honesto, mas meu voto ajuda a eleger o desonesto em quem não votei. Então porque não me facultam o direito de não votar, caso considere os candidatos indignos de meu voto... e olhe que são raros os que o merecem!
O amigo eleitor-leitor deve já ter percebido uma outra evidência da falência sistêmica. A intensa propaganda mantida pela “justiça eleitoral”, com um slogan apelativo confessando essa falência: “vota Brasil”. Qual a razão de tanta insistência para que as pessoas votem? A certeza de que uma grande massa deixaria de votar. E deixaria de votar porque sabe que isso não os beneficia em nada
Sem a propaganda apelativa o povo, em sua sábia decisão, deixaria de comparecer às urnas deixando à mostra a falência do sistema. O povo sábio, sabe. Afinal, a “voz do povo é a voz de Deus”. O que observamos é que mesmo com toda propaganda, ano após anos o índice de abstenção é crescente. Abstenção é o nome bonito para dizer que o povo não aparece para votar. E não votam porque sabem que isso não os leva a nada. Por isso a campanha: “vota Brasil”, querendo dizer: os malandros precisam de uma aparente legitimidade para se colocar no poder e de lá se beneficiar, dizendo que o fazem em nome do povo
Neri de Paula Carneiro – Mestre em Educação, Filósofo, Teólogo, Historiador.
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Autor: NERI DE PAULA CARNEIRO


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