Em campanha



Em campanha

Insisto, o que vou contar não é piada. Faz parte de um amplo repertório de situações anedóticas sim, mas que exigem posicionamento dos eleitores. Ou, talvez, antes do posicionamento, exigem discernimento.
Ocorre que estamos em tempo de campanha política e existem candidatos para todos os gostos, para todos os eleitores e para todos os financiadores de campanha – os quais, evidentemente, desejam receber o saldo, depois do cara eleito. E depois do cara eleito, mesmo que seja péssimo, a possibilidade de mudança ou de correção do erro, somente aparece depois de quatro anos. E, como anda mostrando aquela campanha de conscientização que está sendo veiculada na TV: “Quatro anos é muito tempo!”; ou, então, como dizia um antigo radialista, em suas narrações de futebol, depois do larápio eleito, “não adianta chorar, torcida brasileira!”
Estou dizendo isso a propósito de mais uma daquelas mensagens chatas que alguns chatos nos enviam pelo correio eletrônico. É claro que tem algumas que podemos aproveitar muito bem. Esta é uma delas:
“Um senador foi atropelado... e morreu. Sua alma foi diretamente ao Paraíso e deu de cara com São Pedro na entrada.
– Bem-vindo ao Paraíso! – disse São Pedro – antes que você entre, há um probleminha. Raramente vemos parlamentares por aqui. Por esse motivo não sabemos bem o que fazer com você.
– Não vejo problema, é só me deixar entrar – argumenta o senador.
– Eu bem que gostaria, mas tenho ordens superiores. Vamos fazer o seguinte: Você passa um dia no Paraíso e um dia no Inferno. Aí, pode escolher onde quer passar a eternidade.
– Não precisa, já resolvi. Quero ficar no Paraíso diz o Senador.
– Desculpe, mas temos as nossas regras.
Assim, São Pedro o acompanha até o elevador e ele desce, desce, desce até o Inferno. A porta se abre e ele se vê no meio de um lindo campo de golfe. Ao fundo o clube onde estão todos os seus amigos e outros políticos com os quais havia trabalhado. Todos muito felizes em traje social. Ele é cumprimentado, abraçado e eles começam a falar sobre os bons tempos em que ficaram ricos às custas do povo.
Jogam uma partida descontraída e depois comem lagosta e caviar. Quem também está presente é o diabo, um cara muito amigável que passa o tempo todo dançando e contando piadas. Eles se divertem tanto que, antes que ele perceba, já é hora de ir embora. Todos se despedem dele com abraços e acenam enquanto o elevador sobe.
Ele sobe, sobe, sobe e porta se abre outra vez. São Pedro está esperando por ele.
– Agora é a vez de visitar o Paraíso – diz São Pedro.
Ele passa 24 horas junto a um grupo de almas contentes que andam de nuvem em nuvem, tocando harpas e cantando.
Tudo vai muito bem e, antes que ele perceba, o dia se acaba e São Pedro retorna.
– E aí? Você passou um dia no Inferno e um dia no Paraíso. Agora escolha a sua casa eterna.
Ele pensa um minuto e responde:
– Olha, eu nunca pensei... O Paraíso é muito bom, mas eu acho que vou ficar melhor no Inferno.
Então São Pedro o leva de volta ao elevador e ele desce, desce, desce até o Inferno.
A porta abre e ele se vê no meio de um enorme terreno baldio cheio de lixo. Vê os amigos com as roupas rasgadas e sujas catando o entulho e colocando em sacos pretos. O diabo vai ao seu encontro e passa o braço pelo ombro do senador.
– Não estou entendendo – gagueja o senador – Ontem mesmo eu estive aqui e havia um campo de golfe, um clube, lagosta, caviar, e nós dançamos e nos divertimos o tempo todo. Agora só vejo esse fim de mundo cheio de lixo e meus amigos arrasados!!! O que aconteceu?
O diabo olha pra ele, sorri ironicamente e diz:
– Ontem estávamos em campanha. Agora, já conseguimos o seu voto...”
Em tempo de campanha eleitoral, até o diabo veste roupa de santo, nos abraça e dá tapinha nas costas com um largo sorriso pendurado de orelha a orelha. O problema é depois da eleição... é nesse momento que o capeta mostra sua cara!
Não quero intimidá-lo, amigo leitor, mas corremos o risco de sermos engambelados pelo “Tinhoso”. E quatro anos é muito tempo para se arrepender.
Já fiz campanha pela anulação do voto, mas em virtude da civilidade e da cidadania que se prega tão fortemente, nestes tempos de campanha, sou obrigado a confessar que estava numa guerra desproporcional. Continuo acreditando que só o desprezo pode corrigir a índole satânica de muitos candidatos. Mas sei, também, que nosso povo ainda tem fé!!!! E nada mais fácil do que enganar um povo crédulo... por isso tantos “Coisa-Ruim” têm sido eleitos.
Em vista disso é que precisamos ficar atentos, pois em tempo de campanha o “Chifrudo” nos apresenta o inferno dizendo que é o céu. E a candura do céu, não tem como competir com o brilho enganoso do inferno em campanha eleitoral.
Depois de eleito, o Satã nos vira as costas e nos diz “Ontem estávamos em campanha. Agora, já conseguimos o seu voto...”
Neri de Paula Carneiro – Mestre em Educação, Filósofo, Teólogo, Historiador.
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< http://www.webartigos.com/authors/1189/Neri-de-Paula-Carneiro>; ;
Autor: NERI DE PAULA CARNEIRO


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