Saia do Perrengue



Ninguém fica mais feliz do que um palhaço de férias. Sabe lá o que é passar um mês sem precisar exibir falsos sorrisos e ridículas gargalhadas?

Seva e Sevinha são outras variantes do apelido Sevandija, que certo empregado recebeu do biólogo, dono da pequena empresa, para a qual trabalha.

Além de serviços de limpeza, eletricidade e marcenaria, a ocupação principal de Sevandija, é fazer entrega. Sevandija, vive rindo. Sorri o tempo inteiro e busca nas menores coisas, um modo de dar uma gargalhada. Todos escarnecem dele, quando diz sua frase preferida: Saia do Perrengue.

Ele é o único empregado que nunca pediu vale; recusa mesmo, até o adiantamento quinzenal, forçando o contador a colocar outro input na folha de pagamento para atender esse particular. Quando seus colegas de trabalho se encontram em aperto, quem os supre com gentis e constantes empréstimos sem juros, é Sevandija.

Embora o jovem tenha um excelente humor, quando volta das entregas que faz de bicicleta traz alguns produtos esdrúxulos. Esse é o único momento em que fica sério, precisando brigar com seu chefe. Antes, todos os problemas da vida fossem iguais ao desse moço, pois há cinco anos briga com a gerência e por sempre encontrar uma solução para o impasse, permanece na firma até hoje como um dos melhores colaboradores.

Sevandija, volta já.

Ao mesmo tempo em que o presidente Polvo, dizia quase de forma poética, que estaríamos blindados da crise americana, a Bovespa, registrava um “despencamento” de 7,59 por cento. Como o Brasil sempre foi imbatível em índice, ganhou dobrado de todos os mercados mundiais, ultrapassando as bolsas asiáticas, onde as quedas não atingiam o patamar de 3,5 pontos percentuais.

É, cara; e não adianta você chamar o guru mexicano, Chapolim Colorado; simplesmente estará faltando espaço para armazenar tantos e-mails socorristas, de seus vizinhos americanos. Telefone, você já sabe que é atendido apenas por gente simples. E então, como sair do Perrengue?

Para que você Saia do Perrengue, a primeira coisa a saber, são os detalhes da situação. Sendo você trabalhador, pequeno ou grande empresário, é importante obter informações sobre como andam as coisas e que rumo tomarão. Exemplo:

Crise americana é horrível? Juntemos alguns dados.

Brasil
Quando socorreu o sistema financeiro, nos anos 90, lançava mão de mais de 20 por cento de seu PIB;

México
Na terra do Chapolim, o custo para sair do perrengue, teve a percentagem pontuada em de 20 em relação ao seu PIB;

Coréia
O aporte ultrapassou 30 pontos percentuais sobre seu Produto Interno Bruto;

Estados Unidos
Os 700 bi, de recurso para limpar os ativos pobres (mercado imobiliário, sistema financeiro, poupança) fazem apenas um pouco de cócegas no PIB.

Os entendidos na economia projetam para 60 dias, o prazo para que os americanos identifiquem e avaliem os resultados da crise após o socorro do governo. Cabe a estes mesmos profissionais, a estimativa de dois anos para que os estadunidenses acertem sua economia e conseqüentemente a do mundo.

Nós, brasileiros ou pessoas que moram nessa terra, onde vivem tantos pássaros, precisamos nos preparar. Parar de acreditar em piadistas de velório. De agora em diante sabiá vai ter que sair da palmeira e cantar cantiga diferente.

É o tal negócio, você não pode comparar o salário, os gastos e o modo de vida de um alto funcionário do Banco Sacal com o padrão de vida de Sevandija.

Sevandija havia achado peixe no lixo e estava mais alegre do que palhaço em férias. Fez cara de zangado para chegar à loja, porque certamente teria outra briga com o chefe, que não concordaria em guardar o peixe em decomposição no estabelecimento.

Desse jeito, a vida tem passado: um dia Sevandija encontra galinha, carne, sardinha vencida, ovos chocos. Cata tudo do lixo, come uma parte e vende o restolho. Acha uma delícia a comida azeda. E, para que sua alma doa menos, socorre seus colegas tão pouco afortunados, em algumas emergências financeiras.

Quando li Os Miseráveis, de Victor Hugo, ou Ralé, de Máximo Korki, derramei menos lágrimas do que agora.

Sevandija, significa verme. É um cara altamente gente boa. Está super satisfeito com o presidente Polvo e também se considera revestido de grandiosa blindagem em relação à crise. Como guru da miséria, seu conselho é: Faça o que eu faço e Saia do Perrengue.


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Escrito por:
Gilberto Landim


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Autor: Gilberto Landim


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