Pena, Pênis



A folha branca, arranhada desvirgina-se prazerosa.

Bico fino e negro, sulca e rápido preenche.

Gozo de papel e pena. De folha puta, de verso e prosa.

E o poeta ri, e chora. De sua sina, tormento,

Feliz caneta. Inveja a quem a empunha...

Grande façanha a dela. Mas, triste pênis, triste momento.

Mesmo que sua língua e dedos, a tenham levado ao céu,

Por tantas vezes, com tanto amor que nem o supunha,

Desiste. Rende-se a loucura da virgem amada, sofre ao léu.

Palavras sem nexo, desejos perdidos, sonhos despedaçados,

Fluem da mesma mão de quem um dia já cansado,

Transmutou-a em vagina, sexo negado.

A pena agora fria, rabisca a lápide, mármore alvo.

Revive momentos breves, e programados,

De um amor morto. Sepulto, e inacabado.


Autor: Ailton Ferreira


Artigos Relacionados


Vida(s)

Dor!

Minha Mãe Como Te Amo

Viagem De Amor

Nossa Literatura

Tapete De Desejos

Insanidade