A Idiotice Tem Várias Facetas nas Organizações



A idiotice tem várias facetas. Há espertalhões, por exemplo, que para não serem considerados idiotas aplaudem o que não entendem e há pessoas geniais - como Einstein - que passam por idiotas. A verdade é que os idiotas, como os sábios, tentam sempre, sem medo de errar.

Na vida acelerada do mundo de hoje, todos querem ser espertos, vivos e astuciosos principalmente dentro das organizações, achando que assim poderão galgar os mais elevados cargos e status. Ninguém quer ficar para trás - quando você está indo, os outros já estão voltando.

Em compensação, alguém que diz diretamente aquilo que pensa acaba provocando escândalo e mal-estar. É imediatamente catalogado como perigoso e tratado como idiota. A sinceridade parece contrariar as normas da convivência e da boa educação modernas. Assim, as pessoas bem-educadas são amáveis, mas nem sempre se deve acreditar no que dizem, dentro das organizações temos que vestir máscaras se quisermos sobreviver ao desemprego, as pressões, as “puxadas de tapete”.

É certo que, quando examinamos a questão da inteligência e da idiotice, surgem algumas perguntas indiscretas: o que é, afinal, inteligência? O que é idiotice? Quantos tipos há de idiotas?

Inteligência é a capacidade de perceber o real. E, como há realidades muitos diferentes no mundo, não existe um tipo único de inteligência. Cada situação da vida requer um tipo específico de percepção, e por isso as inteligências são múltiplas. Por sua vez, a idiotice pode ser definida como a incapacidade de perceber o real. E são tão variadas quanto as inteligências. Há, portanto, muitos tipos de idiotas. Alguns deles, inclusive, são espertalhões. Sim, há idiotas que passam por inteligentes, e também há pessoas inteligentes que passam por idiotas.

Além disso, quem é inteligente em uma área da vida pode ser idiota em outras. Você é esperto em política e idiota na hora de jogar futebol. Sua namorada pode ser menos intelectual que você, na hora de discutir filosofia, mas há aspectos da vida em que ela coloca você no chinelo. Há coisas que seus filhos pequenos fazem bem melhor que você, como, talvez, compreender as sutilezas de um videogame ou computador. Felizmente, ter sabedoria não é saber tudo. Ter sabedoria é saber o mais importante - e administrar bem os seus talentos.

Dos muitos tipos de idiotas, um dos mais interessantes foi examinado por François Rabelais, o escritor francês do século XVI. Ele abordou a idiotice específica dos "doutores" que usam palavras complicadas para não dizer coisa alguma. Rabelais qualifica tais idiotas eruditos como professores cegos de discípulos cegos, "que tateiam em um quarto escuro à procura de um gato preto que não está lá".

Conhecemos seres humanos que têm tanto medo de parecerem idiotas que aplaudem (ou pelo menos fingem que compreendem) esse tipo de raciocínio longo, encaracolado, sem significado algum. Mas tal constrangimento é desnecessário: deixando de lado o medo de parecerem idiotas, perderemos menos tempo fingindo e seremos mais felizes. O caso de um dos maiores gênios da ciência, Albert Einstein, é ilustrativo. No início da vida, ele recusou-se a falar antes dos 3 anos de idade. Seus pais, pessoas sensatas, pensavam que fosse retardado mental. Mais tarde, quando Einstein ingressou na escola, ele foi novamente considerado imbecil. Seu biógrafo é obrigado a admitir.

"Para os colegas de classe, Albert era uma anomalia que não demonstrava interesse nenhum pelos esportes. Para os professores, era um idiota que não conseguia decorar nada e se comportava de modo estranho. Em vez de responder imediatamente a uma pergunta, como os outros alunos, sempre hesitava. E, quando respondia, movia os lábios em silêncio, repetindo as palavras."

Décadas mais tarde, Einstein deu o troco. Ele qualificou o nosso moderno sistema educacional como uma estrutura que reprime a inteligência e busca fabricar idiotas obedientes.

"A humilhação e a opressão mental imposta por professores ignorantes e pretensiosos causam danos terríveis na mente jovem; danos que não podem ser reparados e que geralmente exercem influências maléficas na vida futura". E ainda: "A maioria dos professores perde tempo fazendo perguntas para descobrir o que o aluno não sabe, quando a verdadeira arte consiste em descobrir o que o aluno sabe ou é capaz de saber."

De fato, o inteligente e o idiota têm muito em comum, não só entre si, mas também com as árvores e os animais. Todos eles vivem em um estado de comunhão que é independente do pensamento lógico. Isso contraria a inteligência situada no hemisfério cerebral esquerdo, que rotula e classifica todas as coisas. Essa inteligência gosta de colocar-se como se tivesse o monopólio da consciência. Esse, aliás, é um dos grandes obstáculos para a prática da meditação: a mente pensante não aceita passar o poder à mente que contempla e compreende a verdade sem necessidade de pensamentos.

O problema não é, pois, que sejamos um tanto limitados mentalmente. O lamentável é que, sendo limitados, nos consideramos extremamente espertos. O filósofo Sócrates, escolhido como o homem mais sábio da Grécia, explicou: "Eu e os homens notáveis de Atenas nada sabemos, e a única diferença entre eu e eles é que eu, nada sabendo, sei que nada sei, enquanto eles, nada sabendo, pensam que sabem muito".

Todo aprendiz da arte de viver deve libertar-se das chantagens emocionais do que é "politicamente correto" e deixar de lado os mecanismos da idiotice coletiva organizada, que forçam a formação de consensos falsos com base em esquemas de poder. Mas para fugir da idiotice coletiva organizada - com sua psicologia de rebanho que proíbe o indivíduo de pensar por si mesmo - é indispensável vencer o medo de que nos seja colocado o rótulo de idiota. Só assim poderemos viver com responsabilidade própria e independência pessoal, duas características de uma vida valiosa.

Os sábios, como os idiotas, são íntegros. Eles não fingem que são inteligentes e não tem medo de errar. Tentam, erram e quebram a cara. Mas, quando acertam, são geniais. O idiota de hoje pode ser o sábio de amanhã, graças à experiência adquirida. Em compensação, aquele que não possui ânimo para tentar não tem chance alguma de aprender.

Por isso devemos criar uma cultura em que é permitido a cada um cair e levantar livremente. Porque somos todos apenas aprendizes.

Erramos e aprendemos o tempo todo, e devemos estimular em cada ser humano a coragem de buscar - mesmo tropeçando - os seus sonhos mais elevados. Banindo da nossa cultura o medo do ridículo, cada um se permitirá um pouco de deselegância -e de autenticidade em sua maneira de viver.

Reflita sobre isso quando da próxima vez que tiver uma idéia que pode melhorar sua empresa e você não expô-la por medo de ser considerado um Idiota.
Autor: Sandra Regina da Luz Inácio


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