Realidade ou conceito



Em tese, um conceito deveria ser um termo que define uma realidade específica. A ciência se baseia em conceitos como os de massa, força, aceleração, etc.

No mundo corporativo não é diferente, nossas atividades e progressos estão atrelados a conceitos como valor, rentabilidade, capital humano, comprometimento, E.V.A., entre tantos outros.

Acontece que a ciência da administração de pessoas e resultados não é uma ciência exata como a Física ou a Matemática, mas uma ciência humana.

Esta particularidade faz com que seja emprestada uma certa inexatidão aos conceitos fazendo com que eles passem a não retratar mais a realidade.

Observe a prática da responsabilidade social em uma empresa que você conheça bem. Ela representa a realidade da responsabilidade social ou apenas uma prática de marketing social disfarçada sob o conceito de responsabilidade social? Trata-se de realidade ou "conceito"?

Com o passar do tempo, vários departamentos nas empresas passaram a utilizar conceitos como capital humano, por exemplo. Ao fazer isso, começaram a discursar sobre a importância das pessoas, propondo que as pessoas são o mais importante capital da organização. Até aqui, conceitualmente, tudo bem, mas trata-se de "conceito" ou de realidade?

É perceptível e até tangível para estas pessoas que elas são o capital mais importante do negócio? Elas sentem isso? Concordam com isso? Experimentam isso na prática das relações cotidianas com seus pares, superiores hierárquicos e processos dentro da empresa?

Um conceito que não expressa a realidade perde totalmente sua função e, além de não cumprir o seu papel, ainda confunde as pessoas gerando insatisfação, perda da credibilidade e estresse.

Não há nada mais destrutivo em uma empresa que o abismo entre os seus conceitos e a sua realidade. As pessoas não conseguem conviver por muito tempo com ironia, incoerência e hipocrisia sem que, consciente ou inconscientemente, comecem a boicotar os resultados, perdendo completamente o comprometimento e passando a realizar somente o necessário.

Grandes organizações são construídas sob crenças e valores vivenciados no dia a dia e não sob o discurso vazio de "conceitos" emprestados, manipulados, maquiados e erroneamente utilizados.

A distância entre os conceitos e a realidade de uma empresa determina a distância entre o compromisso e o comprometimento das pessoas que compõe o seu elenco de talentos.

Compromissos são obrigações nem sempre agradáveis, podem ser adiados. Comprometimento representa uma dedicação continuada, repleta de significado e que expressa a nossa adesão à missão e às metas da organização.

Pessoas apenas compromissadas não fazem história em um mercado altamente competitivo. Somente as pessoas comprometidas podem atingir alta performance. Assim, a empresa tem que tomar uma importante decisão: "Conceito" ou Realidade?

Cabe ao RH colaborar com a ampliação da percepção dos demais departamentos sobre as repercussões de conceitos dissociados da realidade e o seu custo para o futuro do negócio!

Carlos Hilsdorf
Considerado pelo mercado empresarial um dos 10 melhores palestrantes do Brasil. Economista, Pós-Graduado em Marketing pela FGV, consultor e pesquisador do comportamento humano. Palestrante do Congresso Mundial de Administração (Alemanha) e do Fórum Internacional de Administração (México). Autor do best seller Atitudes Vencedoras, apontado como uma das 5 melhores obras do gênero. Presença constante nos principais Congressos e Fóruns de Administração, RH, Liderança, Marketing e Vendas do país e da América Latina. Referência nacional em desenvolvimento humano.
www.carloshilsdorf.com.br
Autor: Carlos Hilsdorf


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