São Paulo: Visão Socio-antropológica Sobre A Cidade De São Paulo



A São Paulo de hoje é um oceano turbulento de desperdício e contradição, onde com sua grande vitalidade enfrenta, como nunca antes, o desafio de problemas de desorganização político-social.

Segundo estimativas das Nações Unidas, São Paulo empata virtualmente com a Cidade do México e Bombaim no segundo lugar entre as cidades gigantes do mundo, embora ainda longe de Tóquio com seus 26 milhões de habitantes.

A desorganização política da Grande São Paulo toma corpo nos 39 municípios que se espalham sobre cerca de 8.000 km2. No centro da metrópole está o gigante município de São Paulo, onde se aglomeram 10 milhões de habitantes. Ela é a capital do Estado de São Paulo, que abrange uma das mais ricas regiões agrícolas do mundo, além de ser o berço artístico-cultural da nação.

Nas últimas décadas, São Paulo conseguiu atingir excelência em finanças, comunicações de massa, engenharia, medicina, indústria, marketing e moda. Mas tal excelência está

sendo minada por desmoralizantes episódios de corrupção, rebelião em presídios, falência da educação pública, roubos de cargas transportadas em caminhões, assaltos e homicídiosnos sinais de trânsito. Enquanto o povo exige Justiça, têm crescido os problemas de escala e as pressões sobre as frágeis instituições políticas.

Porém, hoje, quem caminha pelas ruas de São Paulo, percebe todos os contrastes possíveis de uma metrópole. Estas diferenças a transformam na "Manhattam" brasileira, no charme e simpatia que raras megalópoles conseguem transmitir: o dom de seduzir todos que cruzam seu caminho.

A quinta metrópole do planeta desconcerta e surpreende, pois a modernidade não abandona a tradição. A arte é a essência de São Paulo. Impossível disassociar uma coisa da outra. A capital paulista abriga mais de 60 museus, o que a torna um dos núcleos mundiais da arte, dona de um acervo de obras-primas únicas, produzidas por grandes mestres da pintura, escultura, fotografia e todas as tendências que se pode imaginar e sonhar. Destaques para o Museu de Arte Moderna, o MAM, que possui arquitetura assinada por Oscar Niemeyer, a Pinacoteca do Estado, instalada em edifício projetado por Ramos de Azevedo, em tijolo aparente, o Museu do Ipiranga, que abriga o famoso quadro "O grito do Ipiranga", o Museu de Arte Sacra, o Lasar Segall, a Fundação Maria Luiza e Oscar Americano, o Museu da Imagem e do Som – MIS e o cartão-postal de São Paulo, o Museu de Arte de São Paulo, o MASP.

São Paulo também recebe inúmeros espetáculos de música, dança e teatro, sem falar na Bienal Internacional de Artes e das mostras de cinema. Por tudo isso é que São Paulo é considerada a capital cultural da América Latina.

Outro ponto e questionamento importante sobre esta selva de pedra: qual é a cara do paulistano? Qual a sua identidade? A própria história responde por meio da vida de cada indivíduo que ajudou a construir o dia-a-dia da cidade mais importante da América Latina.

No início da imigração, homens e mulheres de mais de 60 países se estabeleceram em São Paulo, em busca de oportunidades e encontraram uma cidade de braços abertos.

Hoje São Paulo é uma cidade cosmopolita. É a terceira maior cidade italiana do mundo, a maior cidade japonesa fora do Japão, a terceira maior cidade libanesa fora do Líbano, a maior cidade portuguesa fora de Portugal e a maior cidade espanhola longe da Espanha. A mistura de raças, etnias e culturas moldaram e transformaram a vida cultural, social e econômica de São Paulo. A característica de recepcionar bem os visitantes, recebê-los de braços abertos, é uma marca paulistana. Por isso não é de se estranhar o fato de quem nos visita estar sempre voltando para matar a saudade.

Para entrar no Brasil pela porta da modernidade é preciso aterrissar em São Paulo. Ela possui a "força da grana que ergue e destrói coisas belas", apesar da "feia fumaça que sobe apagando as estrelas", como canta Caetano em sua famosa canção.
 

Aqui, os deuses da chuva parecem abençoar este pedaço de Brasil que dá certo. Nessas ruas-artérias nas quais rodam 6,3 milhões de automóveis por dia, pulsa o sangue de muitos que vieram de cada canto, de cada pranto de outras cidades, e que aprenderam depressa a chamar-lhe de realidade.

Ninguém vive e trabalha em São Paulo para se castigar nas filas, no trânsito, na poluição, na "desmoradia", na violência. O quadro da felicidade está bem emoldurado. Basta olhar para ver. Basta desejar para tentar. E todos acreditam que um dia a cidade oferecerá a sua oportunidade particular.

São Paulo é um pequeno país muito rico e, ao mesmo tempo, um grande país muito pobre. Essa proximidade tem as conotações sutis de um "muro de Berlim" sociológico, que ao ultrapassá-lo o mesmo, por sagacidade ou sorte, pode-se chegar lá. Todo mundo que grandes coisas estão ao seu alcance desde que se viva em São Paulo.


Autor: Rubens Oliveira


Artigos Relacionados


Eu Jamais Entenderei

Minha Mãe Como Te Amo

Nossa Literatura

Tudo Qua Há De Bom Nessa Vida...

O Salmo 23 Explicitado

Qualidade De Vida Dos Trabalhadores Da Lavanderia De Um Hospital Público Em Porto Velho / Ro

São Paulo: Visão Socio-antropológica Sobre A Cidade De São Paulo