Inclusão Digital por Software Livre no Telecentro de Orizona - GO



SUMÁRIO


1 – INTRODUÇÃO 06
2 - EXCLUSÃO DIGITAL 07
3 – SOFTWARE LIVRE 09
4 – O GNU/LINUX 11
4.1. OpenOffice.org e BROffice.org 12
4.2. Diferenças MS Office X BROffice.org 13
5 – O TELECENTRO 16
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS 18
7 – REFERÊNCIAS 20














INCLUSÃO DIGITAL POR SOFTWARE LIVRE NO TELECENTRO DE ORIZONA-GO

OSÉAS DE FREITAS ROSA

Resumo: Este artigo tem como objetivo analisar o projeto Telecentro, que foi implantado em Orizona (GO), bem como a utilização de software livre como ferramenta para a inclusão digital da comunidade procurando através de informações em artigos da área e análise de dados do local salientar todas as características e vantagens em se aplicar um modelo de inclusão como este, se está havendo aceitação deste tipo de software e se estas ferramentas asseguram juntamente com a infra-estrutura a inclusão digital e social da comunidade orizonense. Procurando minimizar o fator da exclusão digital, tentaremos perceber o quanto essas ferramentas podem ser úteis num projeto como este de inclusão, com a utilização de tecnologias da informação, sendo estas livres e acessíveis a todos.

Palavras-chave: Telecentro, inclusão digital, software livre.

Abstract: This article has as aim to analyze the Telecenter project, which was implanted in Orizona (GO), well as the use of free software as a tool for digital inclusion of the community, looking through the information in articles of the area and analysis of data from the local, to focus all the characteristics and advantages in applying a model of inclusion as this, where there is acceptance of the kind of software and if these tools with the infrastructure provide the digital and social inclusion of the orizonense community. Seeking to minimize the factor of the digital exclusion, we understand how these tools can to be useful in an inclusion like this, with the use of information technologies, which are free and accessible to everybody.

Key-words: Telecenter, digital inclusion, free software.


1 – INTRODUÇÃO

Pode-se observar que atualmente, há um grande aumento das novas tecnologias, principalmente na área de informática, e que isso acontece de forma acelerada, tanto no Brasil, quanto nos outros países do mundo. Com esse aumento significativo, muitas pessoas ficam para trás, não tendo praticamente nenhuma instrução quanto a toda essa evolução tecnológica, pois nunca freqüentaram um curso de computação, uma faculdade na área ou nem sequer têm um computador em casa. Com isso, ao terem contato com essas tecnologias ficam perdidas e sem saberem até como ligar um computador. Há aquelas também que nem sabem que quando compram um computador, estão trazendo com ele softwares, que na maioria das vezes têm licenças de uso para sua utilização e que são cobradas taxas embutidas nos preços dos produtos, por conta desses softwares.
Isso faz com que uma grande parcela da sociedade fique à margem, sofrendo até mesmo de exclusão, pela falta de informação acerca desses assuntos, que costumam chegar somente a uma pequena parcela da sociedade com melhores condições financeiras. Um dos motivos disso é a falta de políticas públicas de inclusão, que são propostas para que ocorra mudança dessa realidade de exclusão em lugares onde a pobreza é a grande vilã do acesso às novas tecnologias nessa nova era da informação.
Uma das soluções viáveis de utilização dessa política pública para inclusão é o Telecentro, que é um veículo de aprendizado informatizado, um projeto que visa levar às pessoas mais necessitadas e a toda a sociedade, cursos totalmente gratuitos e com ferramentas livres. Esses cursos têm o objetivo de levar as várias formas de comunicação existentes às famílias menos necessitadas e à massa estudantil e através destas buscar a capacitação para o mercado de trabalho, que hoje requisita e muito o conhecimento em informática, além de promover a inclusão digital onde é instalado esse laboratório.
O instrumento para essa transformação informatizada é o Software Livre , que é uma ferramenta barata, de grande qualidade e que a cada dia ganha mais e mais adeptos por todo o mundo e que, no decorrer deste artigo será abordado.
É importante sabermos que a utilização de ferramentas livres traz inúmeros benefícios com a sua implementação, tanto na liberdade de uso, cópia, modificação e redistribuição, liberdades que o software livre se destaca em relação ao software proprietário, mas antes de entrarmos nessa discussão temos que analisar o público alvo nesse processo, ou seja, o perfil dos usuários que irão ter acesso a essas ferramentas.
Essa abordagem sobre o Software Livre no Telecentro tem como objetivo analisar se ele pode ser ou não, um veículo para a inclusão digital no município de Orizona (GO), levando essa educação tecnológica a todos, através de ferramentas novas, livres e com boa aceitação.

2 – EXCLUSÃO DIGITAL

Devido às conseqüências sociais, econômicas e culturais, nem sempre todos os indivíduos de uma sociedade terão acesso a um computador ou à internet. Essa é uma realidade preocupante nos dias de hoje e que só tende a crescer, considerando o avanço consumista com suas formas de mercado, além da grande infra-estrutura que vem surgindo no setor de informática e telecomunicações.
Esses novos equipamentos trazem consigo novas tecnologias que só vão distanciando aqueles que não têm nenhum tipo de condição financeira e conseqüentemente não terão acesso. Nos laboratórios da maioria dos Telecentros também há um problema sério que é o de utilização de máquinas antigas e sem manutenção periódica, elementos que retardam o processo de inclusão, afetando a sua excelência.
No Brasil a porcentagem de pessoas que têm acesso a computadores é de apenas 12,46%, e de acesso à internet de apenas 8,31%. Essa pequena parcela da sociedade está em sua maioria em zona urbana, o que é preocupante, considerando que as zonas rurais estão quase sem nenhuma inclusão.
Foi feita uma pesquisa pelo Comitê para Democratização da Informática (CDI) juntamente com a Fundação Getúlio Vargas, a Sun Microsystems e a The United Agency for Intenational Development (USAID) no ano de 2003 para avaliar esses níveis de exclusão por todo o país. O enfoque foi para o acesso às tecnologias da informação, analisando os estados onde há maior inclusão e maior exclusão, acesso por etnias e até as influências na escola de quem tem computador em casa.
Em relação às etnias descobriu-se que os que detêm a maior porcentagem do acesso aos computadores são os descendentes de orientais (amarelos) com cerca de 41,66%, logo depois vêm os brancos com 15,14%, os pardos 4,06% e os índios com 3,72%. O Ministério da Educação também avaliou que os alunos que têm acesso à internet se saem melhor na escola, com notas superiores em matemática de 17% e português 13%, por exemplo.
Na tabela abaixo temos os cinco estados mais incluídos e os menos excluídos do país.

Fonte: Boletim Informativo do Comitê para Democratização da Informática – Maio/2003 – Ano 2 – nº 12.

No estado de Goiás temos 7,34% de acesso ao computador e à internet a porcentagem de acesso é de 4,5%. Com a acelerada evolução que tivemos do ano de 2003 para os nossos dias atuais, não só em Goiás, mas em todo o Brasil, os acessos a computadores aumentaram, assim como a comercialização e venda, além do crescente acesso à internet. A inclusão então foi atingindo somente aqueles que detêm maior renda, deixando a população mais pobre fora deste contexto. As inúmeras diferenças sociais, juntamente com esse grande crescimento do comércio na área de informática estabelecem um nível social para a inclusão, fazendo com que poucos usufruam dela.
A inclusão digital por sua vez é um processo pelo qual através da educação tecnológica temos uma forma de melhorarmos uma determinada região, melhorando suas condições no contexto informacional e social. Então, de acordo com essa definição, percebemos que o direito à inclusão é de todos, mas a falta de políticas de inclusão diminui a chance de pessoas com renda inferior se informatizarem.
Como tentativa de frear essa situação e diminuir a exclusão temos que entender que não basta somente distribuir salas como o Telecentro, com múltiplas estações conectadas na internet pelos municípios, devemos procurar de uma forma autêntica uma ação de orientação e de processamento da inteligência pessoal e coletiva, com ferramentas que assegurem usabilidade e acessibilidade desses novos usuários, até porque o maior benefício da influência do software livre em relação à questão social é a possibilidade de introduzir sem burocracia conhecimentos de informática às pessoas de baixa renda, aproximando-as do mercado de trabalho e das tecnologias tão necessárias em qualquer área hoje em dia.
Iniciativas governamentais se encaixam como a solução para estes problemas de exclusão digital, onde a necessidade dessa interação com as tecnologias é bem alta. Propõe-se então, através de iniciativas como o Telecentro, conveniado a outras instituições a utilização dos recursos disponíveis como instrumentos de capacitação e socialização, buscando a transformação do intelecto e da realidade da sociedade.


3 – SOFTWARE LIVRE

O Software Livre se espalhou por todo o mundo através da internet por volta do ano de 1980, levado por uma grande comunidade de cientistas, estudantes, acadêmicos e pessoas por todos os cantos do planeta. O seu início foi datado quando Richard Stallman criou e lançou o Projeto GNU e logo depois a Free Software Foundation (FSF) , que caracterizariam a partir daí os softwares pela sua liberdade, causa que seus criadores e defensores lutariam para assegurar.
Um dos problemas após a criação deste tipo de software foi o de oposição das megaempresas, que tinham como objeto de exploração os softwares, cobrando pelas licenças de uso desses programas e monopolizando os conhecimentos, num modelo capitalista de controle da informação.
Com a grande utilidade que os softwares trouxeram e também com a ascensão das novas tecnologias, percebeu-se que o software se tornara uma coisa vital a toda a sociedade, em qualquer tarefa ou atividade a ser executada em qualquer dispositivo. Mas outro fato importante analisado foi sobre a essência desses softwares, que é a capacidade de alteração a partir do seu código-fonte. Silveira (2004) define o código-fonte como as instruções que compõem o software, que depois serão traduzidas para a linguagem compreensível somente pelo computador. Ele ainda cita que:

Capacitar a inteligência coletiva de cada país para dominar os códigos-fonte, principalmente dos sistemas operacionais, será cada vez mais decisivo para o desenvolvimento de diversas soluções na área das tecnologias da informação e da comunicação.

O software por sua vez é aquela linguagem representada por um conjunto de informações digitais. Essas informações são fruto de um grande conhecimento que, no caso do software livre, é compartilhado e modificado por milhares de pessoas. As tentativas de aprisionamento desses conhecimentos estão fora da idéia do software livre, que é um software que não traz interesses econômicos, mas sim o de tentativa de tornar realidade a liberdade do conhecimento, ou seja, assegurar que não haja nenhuma forma de monopólio sobre o mesmo.
Esse conhecimento, quando compartilhado ganha força e se aprimora com a modificação coletiva, o que influi diretamente na questão da liberdade desses softwares. O software livre foi criado sob uma licença: a General Public License (GPL), sendo ela contrária à restrição de liberdade de compartilhamento e alteração dos programas. Em decorrência das aplicações desta licença e o fator da liberdade do conhecimento, percebemos que o software livre impossibilita o monopólio da informação e busca melhorar a economia e a propriedade intelectual do país, características inexistentes nos softwares proprietários.
O que caracteriza o software livre são as suas quatro liberdades, que são as de uso, cópia, modificação e redistribuição (SILVEIRA, 2004). Temos a liberdade de executar os programas livres sem qualquer restrição, estudar o seu código-fonte e alterá-los de acordo com a necessidade, fazer cópias e distribuí-las para outras pessoas independentemente da versão ou modificação. Na questão de alteração de alguma linha de comando ou alguma função em qualquer programa, têm-se declarado na GPL a importância de colocar o nome do criador ou criadores originais aonde se alterou a linha, atribuindo-se todos os créditos do trabalho já existente.
Na maioria das vezes as pessoas estão utilizando um sistema e nem sabem que neste existe restrições embutidas para a utilização dos seus softwares, seja os programas nele contidos ou até mesmo o próprio sistema, todos estes baseados em licenças de uso, que são cobradas e às vezes nem nos damos conta. Isso é mais característico nos softwares proprietários, que são programas que visam lucro a uma pequena parcela ou um grupo de pessoas, em sua maioria os proprietários e desenvolvedores. A estes programas são cobradas taxas por essas licenças, mantendo também em sigilo todos os códigos-fonte, não assegurando nenhuma das quatro liberdades que o software livre dispõe.
Foi realizada uma pesquisa que de acordo com o Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco (Cefet - PE) juntamente com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) que levantou a estimativa de que 85% dos alunos das principais instituições de ensino públicas e privadas espalhadas pelo país não tem conhecimento sobre o que é software livre e uma minoria ainda têm muitas dúvidas.
A obtenção de conhecimento mesmo limitado sobre esse tipo de sistema já significa inclusão, não só digital como social, e à medida que os sistemas livres evoluem se acrescendo de novas funcionalidades e tarefas, a perspectiva é que juntamente com essa evolução aumentem também as iniciativas governamentais de inserção de projetos com políticas públicas que possam beneficiar a todos.

4 – GNU/LINUX

O GNU/ Linux é um sistema operacional livre que utiliza em seu kernel o Linux , que é o núcleo desse sistema e que por sua vez é como se fosse o coração, que ali serão executadas todas as tarefas. Ele foi desenvolvido por Linus Torvalds, que era um estudante de computação da Finlândia e que o lançou oficialmente no ano de 1991, ainda com muitos problemas. Linus então quando disponibilizou o código-fonte do seu sistema na internet, milhares de pessoas se interessaram por ele e começaram a solucionar esses problemas através de sua modificação, aperfeiçoando-o constantemente.
No início ele era um sistema bastante complexo, baseado somente em linhas de comando e só o utilizavam aquelas pessoas com conhecimento em programação. Devido ao grande trabalho que milhares de programadores tiveram com esse código-fonte disponibilizado, conseguiu-se transformá-lo num sistema estável e que ganhou várias distribuições diferentes, atualmente com ambientes gráficos bastante amigáveis.
O GNU/Linux é o sistema operacional mais conhecido no ramo de software livre, sendo que suas inúmeras distribuições concorrem diretamente com sistemas como o da Microsoft Windows, que por sua vez é um sistema proprietário.
Todos estes sistemas operacionais atuais contam com vários pacotes de programas com diversas funções e tarefas, entre os principais utilizados temos os pacotes de escritório, que auxiliam os usuários nas suas tarefas em seus diversos ambientes de trabalho. Iremos abordar no decorrer deste artigo sobre as suítes de escritório utilizadas no sistema GNU/Linux e as do sistema Microsoft Windows, para analisarmos suas principais características e diferenças, entendendo a necessidade e usabilidade de cada um.

4.1. OpenOffice.org E BROffice.ORG

O OpenOffice.org é o segundo pacote de escritório mais utilizado no mundo, ele só está atrás do Microsoft Office, que é o pacote de escritório da Microsoft Corporation (MS) e seu pacote pode ser utilizado em qualquer um dos sistemas operacionais: no Windows e no Linux. A versão nacional desse pacote é o BrOffice.org, que é uma versão nacional do OpenOffice.org e contém um corretor ortográfico bem mais completo e robusto. Este tipo de software é o utilizado nos Telecentros, instalados em computadores com Linux nas máquinas. Vamos então detalhar cada um dos pacotes desses programas, tanto o MS Office quanto o BrOffice.org e compará-los para entendermos bem o porquê de se utilizar o software livre como ferramenta mais viável para a inclusão digital.


4.2. Diferenças MS Office X BROffice.org

Primeiramente vamos citar os principais programas destes dois pacotes para depois analisarmos melhor as suas diferenças e vantagens.
O MS Office conta com:
• Editor de texto – Word;
• Planilha de cálculos – Excel;
• Editor de apresentações – Power Point;
• Banco de dados – Access;
• Cliente de e-mail – Outlook;
• Editor de HTML – Front Page;
Todos estes programas do pacote MS Office possuem licenças de uso e cobram pela sua utilização. Eles são caracterizados como softwares proprietários, por terem seu código-fonte fechado e com o interesse somente da companhia que os domina. Neste âmbito, o que vale ressaltar é que esse monopólio atribuído ao software contraria todos os ideais do software livre, e segundo Amadeu (2004) o software livre é por essência, adverso ao fechamento de espaços para quem quer que seja.
O OpenOffice.org, assim como o BrOffice.org tem em seu pacote vários programas bem parecidos com o MS Office:
• Editor de texto – Writer;
• Planilha de cálculos – Calc;
• Editor de apresentações – Impress;
• Programa de desenho – Draw;
• Editor de fórmulas – Math;
• Banco de dados – Base;
Percebemos que para cada programa do MS Office temos um com as mesmas características no BrOffice.org, somente o programa de edição de fórmulas (Math) e o programa de desenho (Draw) não são encontrados no MS Office, assim como o BrOffice.org não possui cliente de e-mail (Outlook), nem editor de páginas de HTML (Front Page).
O que mais se discute atualmente é o porquê das pessoas não migrarem para esse sistema livre, sendo ele tão útil quanto o proprietário. Mas será que isso é mesmo verdade? Num projeto como o Telecentro conseguiríamos alfabetizar digitalmente os mais excluídos digitalmente e colocá-los no mercado de trabalho com um sistema como o BrOffice.org, rodando na plataforma Linux?
Dizer qual dos dois sistemas é o melhor não é fácil, pois todos eles são cheios de recursos que são necessários em quase tudo que vamos fazer hoje em dia, seja num trabalho de escola, empresa, etc. O pacote Office da Microsoft é ainda o mais usado no mundo, por ter uma suíte de escritório bem completa, com muito mais ferramentas que o pacote BrOffice.org, mas o que nos interessa é saber se todas essas ferramentas são mesmo necessárias e se a sua usabilidade é promissora para a inclusão.
Como já vimos anteriormente, temos o programa Word, que é um editor de texto do MS Office. O pacote Writer que por sua vez faz parte do pacote do BrOffice.org também tem suas funcionalidades à altura de um editor de texto como o do Windows. Ele conta com um corretor ortográfico, aceita figuras e áudio embutido, referências, sumários, colunas e tabelas e todas as ferramentas necessárias para edição e formatação de texto. O seu formato de arquivo é o ODT, que é mais leve que o DOC, extensão utilizada pelo Word. É possível também se criar documentos em PDF .
O programa Calc, é um editor de planilhas eletrônicas que faz formatação de tabelas, é possível a criação de gráficos e executa fórmulas baseadas em comandos. Através destas fórmulas é possível calcular somas, multiplicações, divisões, médias, etc. O formato de arquivo gerado por este programa é o ODS (OpenOffice document spreadsheet) e ele também é capaz de gerar documentos em PDF. O formato de arquivo do programa Excel da Microsoft, concorrente direto do Calc, gera documentos em XLS.
O Impress é um programa similar ao Power Point, e que é utilizado para edição de apresentação de slides. Ele nos dá a possibilidade de inserção de texto e imagens com uma inúmera quantidade de leiautes já prontos e designados para situações diversas. No Impress temos a possibilidade também de importar os seus arquivos em formato SWF, que pode ser visualizado em players que rodam arquivos em flash .
O Draw é um programa de edição de imagens, que trabalha com desenho vetorial. Os conceitos de gráficos nele utilizados seguem o padrão do renomado Corel Draw , com grande facilidade de redimensionamento sem perdas de qualidade da imagem.
O BrOffice.org também conta com um programa de edição de fórmulas matemáticas; o Math, que é similar ao programa da Microsoft: Equation Editor. Ele trabalha com possibilidade de utilização de suas fórmulas matemáticas em qualquer outro aplicativo do pacote.
Por último vamos falar do Base, programa gestor de banco de dados, que trabalha com organização de tabelas de formas mais simples que a versão da Microsoft: o Access.
Após conhecermos os diversos programas que fazem parte da suíte de aplicativos do MS Office e BROffice.org percebemos que a cada dia que passa o BROffice.org vem com sua eficiência conquistando o seu espaço, aliando economia e qualidade para usuários comuns e para ambientes corporativos, fator que aumenta o interesse das pessoas por sua utilização em vez de um sistema proprietário.
No processo de inclusão digital no Telecentro de Orizona (GO) a usabilidade do pacote BROffice.org se limita apenas à utilização dos programas Calc, Impress e Writer. Esses aplicativos auxiliam o contato inicial da maioria dos alunos do telecentro à informática, aplicando-se através da utilização das ferramentas deste pacote várias formas de transformação do conhecimento do aluno, que o vai adquirindo à medida que trabalha com a parte prática. São propostos exercícios práticos de edição de texto, edição de apresentações e editor de planilhas eletrônicas, contidos em apostilas montadas a partir de materiais coletados na internet pelo instrutor do projeto. Mesmo com a limitação da utilização do pacote a apenas três programas, o curso básico oferecido atende bem aos objetivos de inclusão.
Diante dessas características que os programas do pacote BrOffice.org dispõem e cientes do processo de inclusão dada pelos mesmos, percebemos que eles se aproximam a cada dia das funcionalidades e da robustez do pacote pago do Windows, por estarem sendo modificados e aperfeiçoados por pessoas em todo o mundo, o que os tornam ferramentas muito úteis à inclusão, e mesmo que ainda exista uma grande influência dos softwares proprietários em relação ao BROffice.org, ele é o pacote que vem solucionando o problema de exclusão digital pelo Brasil, sendo utilizado em todos os telecentros em todo canto do país.

5 – O TELECENTRO

Os Telecentros são espaços onde são instalados computadores, na maioria das vezes cerca de 10 a 20 máquinas com conexão à internet banda larga. O livre acesso aos equipamentos e cursos de informática à população caracterizam estes espaços como comunitários, visando ampliar a cidadania, a inserção do indivíduo à sociedade da informação, diminuindo a pobreza e fortalecendo os municípios através da inclusão digital.
Para instrução dos telecentros são selecionados profissionais na área, de preferência que sejam da cidade onde se instala o laboratório. Isso acontece no Telecentro em Orizona, que conta com um orientador dos cursos de informática básica e digitação, o Senhor William Rosa de Lima, que é bacharelado em Ciência da Computação.
O projeto foi uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Orizona, coordenado pela Secretaria Municipal de Ação Social, em parceria com o Banco do Brasil e a Loja Maçônica nº 12, onde se originou o Telecentro Comunitário, inaugurado no dia 27/04/2006 e instalado na Biblioteca Municipal, localizada na Praça do Lazer de Orizona (GO).
Esse projeto visa capacitação de crianças, jovens e adultos a se incluírem digitalmente pelo acesso às aulas de informática práticas e teóricas por ele instituídos, em ações que busquem benefícios sociais, melhor qualificação profissional, empregabilidade, elevação da auto-estima e conhecimento básico na área de informática.
Essa oportunidade de inclusão digital através do acesso à informação no Telecentro veio como forma de redução do risco de exclusão digital e social no município, sendo que o público alvo são pessoas carentes social e digitalmente, com renda até dois salários mínimos, além do acesso de outras pessoas da comunidade à internet ou qualquer aplicação, que após efetuarem seu cadastro já têm livre acesso. O Telecentro também atende a projetos pedagógicos das escolas municipais e estaduais do município, sendo que estão cadastrados os do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), a Escola Municipal Guilhermina Pereira de Freitas e a Escola Estadual Amélia Issa.
O Telecentro Comunitário de Orizona (GO) conta com uma infra-estrutura de 10 máquinas, todas conectadas em rede e com acesso à internet banda larga. As máquinas foram fornecidas pelo Banco do Brasil no início do projeto e que a partir daí também auxilia nos custos de manutenção juntamente com a prefeitura municipal de Orizona. Um problema encontrado é a infra-estrutura, que é caracterizada pela utilização de máquinas um tanto obsoletas e que necessitam de um upgrade de hardware para garantir a melhoria do processo de inclusão. Há também a ausência de kits de multimídia e impressora, sendo estes os problemas que temporariamente se encontram no telecentro, mas que não tem atrapalhado as atividades do projeto.
As mesas para os computadores, assim como as mesas de escritório e as instalações elétricas foram fornecidas pela Loja Maçônica nº 12. Na parte de recursos humanos (RH) a prefeitura forneceu o local: a Biblioteca Municipal e arca mensalmente com o pagamento dos funcionários: Coordenador e Monitor do projeto.
Desde que foi inaugurado em abril de 2006, o Telecentro já atendeu a aproximadamente 414 pessoas, sendo que todas estas foram matriculadas corretamente e 300 delas receberam seu certificado de conclusão do curso de informática básica.
O curso é formado pelos seguintes aplicativos:
• O Calc, Impress e Writer, pertencentes ao pacote BROffice.org;
• O aplicativo Klavaro, que é um curso básico em digitação;
• E o Mozilla Firefox , que é um navegador de internet.
O Klavaro também é um aplicativo livre, simples e eficiente que funciona tanto no Linux quanto Windows. Ele é formado por um curso básico de digitação que é direcionado para capacitar habilidades de velocidade e posição das teclas e a cada aprovação nas lições o grau de dificuldade vai aumentando. O programa também conta com várias outras funcionalidades como adaptação às teclas, edição de parágrafos inteiros e ao final das lições um gráfico é apresentado com o resultado da lição.
O sistema operacional instalado nas máquinas é o Debian 4.0 e o acesso à internet é feita no aplicativo Mozilla Firefox, e estes na maioria dos casos são vistos pela primeira vez pelos alunos que nunca tiveram contato com esse tipo de tecnologia. O sistema Debian e os seus aplicativos costumam ser bem aceitos e bem compreendidos pelos alunos que vão se familiarizando através dos conteúdos propostos e ao acesso à internet é o que costuma fascinar a maioria deles. Como os alunos não têm contato com um computador, eles nem conhecem o sistema Windows, por exemplo, e muitos nem sabem que ele é um sistema operacional proprietário.
Atualmente estão matriculados e freqüentes aos cursos cinqüenta e quatro alunos, sendo outros 130 referentes aos projetos pedagógicos . O horário de funcionamento e atendimento do Telecentro se estende de Segunda à Sexta das sete e meia da manhã às sete e meia da noite. Como a maioria dos telecentros espalhados pelo Brasil, o Telecentro Comunitário de Orizona (GO) se localiza no centro da cidade, fator este característico para aumentar o interesse estudantil, por estar localizado juntamente com a Biblioteca Municipal e da comunidade.
No Brasil existe um Observatório Nacional de Inclusão Digital (ONID) que é uma iniciativa do Governo Federal que atua na coleta, sistematização e disponibilização de informações que avaliam os telecentros espalhados pelo país. Segundo pesquisa deste observatório existem cerca de 5.123 telecentros cadastrados neste ano em todos os estados, sendo em sua maioria na região sudeste. O estado de Goiás com sua população de mais de cinco milhões de pessoas distribuídas em 246 municípios conta com 176 Telecentros cadastrados.
O Mapa dos telecentros do Brasil encontrado no site do ONID traz um levantamento que nos mostra melhor a disposição de cada telecentro cadastrado no país, sendo que são muitos os que ainda estão sendo incluídos neste mapa e ainda não foram cadastrados. Por enquanto este é o caso do Telecentro Comunitário de Orizona (GO) que deve entrar em breve cadastrado a este projeto de análise de inclusão digital no Brasil.
Mesmo havendo tantos telecentros não-cadastrados por enquanto, já percebemos que as iniciativas de projetos como este por todo o país são freqüentes, sendo predominante o uso de ferramentas livres e se esse processo continuar chegaremos perto de fazer a inclusão digital uma realidade no Brasil.

6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através desta abordagem podemos entender que os programas e aplicativos que são utilizados na aplicação do modelo de inclusão digital no Telecentro são de suma importância para o processo de aprendizagem em informática e para a socialização do indivíduo, não só pelas suas inúmeras características já citadas, mas também pela questão de liberdade e baixo custo para implantação.
A contribuição que o software livre nos traz neste processo é de tamanha importância para a evolução do pensamento coletivo, por disseminar a cada dia o conhecimento na área da tecnologia da informação, sendo esta uma iniciativa bem elaborada e que atende com suas políticas públicas às comunidades mais carentes que necessitam dessa aprendizagem.
Isto já é uma realidade no município de Orizona, que já vem sendo aplicada através do Telecentro, que traz uma contribuição para o êxito no processo de diminuição da exclusão digital e social da população mais carente. Devemos sempre associar o processo de inclusão social ao de inclusão digital, pois os benefícios gerados com a geração de conhecimento auxiliam as pessoas no seu dia-a-dia e ajudam a melhorar a sua qualidade de vida.
Quanto à aceitação da população a essas novas tecnologias e sobre a importância de se instituir um projeto de inclusão por software livre nós percebemos que, de acordo com essa perspectiva, este software tem sido bem aceito e instituído de forma a garantir o aumento do pensamento coletivo nos grandes e pequenos centros.
Não devemos deixar de lado também a questão dos problemas que são encontrados neste processo. A inclusão digital e social tende a caminhar de acordo com a modernização, e com um bom projeto pedagógico ela pode alcançar grandes resultados, mas a falta de uma infra-estrutura modernizada, de mais cursos oferecidos aos instrutores e uma maior divulgação podem tornar o telecentro apenas mais um local de simples acesso a um computador.
Analisando o Telecentro Comunitário de Orizona percebeu-se que a inclusão digital já está sendo um fato relevante para a comunidade, sendo ele também o responsável por ajudar os alunos que participam através dos projetos pedagógicos a melhorar os seus desempenhos e aprendizado na escola. Por outro lado temos a questão social que ainda deixa um pouco a desejar, pois mesmo o indivíduo se tornando incluído na sociedade por seus conhecimentos no mundo da informática, as pessoas ainda não deixam de sofrer com a influência da sociedade capitalista com seus altos preços no setor de tecnologia e pelo mercado de trabalho que é muito competitivo.
O que se deve fazer numa perspectiva de mudança é identificar os problemas reais que estão diminuindo o processo de inclusão social, buscando melhorias que diminuam a precariedade da infra-estrutura do ambiente, do trabalho didático e de instrução dos monitores, atingindo conseqüentemente na qualidade do telecentro, movimentando a sociedade tendo por foco as tecnologias já encontradas no município. Após este trabalho, o desafio se estende à melhoria da renda desses alunos, que poderia ser resolvido por intermédio de um projeto de ação social juntamente ao telecentro.
Para que isso não fique ditado somente como uma utopia, é necessário que nestes processos de inclusão se assegurem a partir de políticas públicas a correta conscientização de toda a sociedade, deixando claro que a inclusão digital não é apenas uma questão de software livre e sim de uma iniciativa governamental que venha a trazer de fato a inclusão, e assim consiga com esse trabalho o objetivo do êxito na diminuição dos problemas digitais e sociais, disseminando essas ferramentas livres num investimento financeiramente baixo e de grande repercussão.

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Autor: Oséas de Freitas Rosa


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