Árvores II



Autoria: Professor Marçal Rogério Rizzo

Dias atrás escrevi um artigo neste mesmo jornal tendo como ponto central o tema árvore. Creio ser imprescindível inserir essa discussão na pauta de necessidades da sociedade, já que, possivelmente nunca o mundo tenha necessitado tanto de áreas verdes nas cidades como nos últimos anos.

Diferentemente de outros tempos em que o debate se dava em torno de armações de concreto, aberturas de ruas e construção de infra-estrutura.

As motivações para essa mudança de foco têm ocorrido em virtude do aquecimento global e da busca por maior qualidade de vida do cidadão urbano. Porém, isso não é regra, já que nem todas as cidades privilegiam o plantio, a manutenção e a defesa de árvores nas áreas urbanas. Destaco aqui, bons exemplos como os de Maringá (Paraná) e Dourados (Mato Grosso do Sul), que têm leis e normas bem estabelecidas para a arborização, mas conta com o que é de essencial que é a conscientização do cidadão. Já a cidade de Santa Fé do Sul (São Paulo) implanta um sistema de “IPTU verde”, ou seja, para cada árvore plantada dentro do terreno da casa, a pessoa tem 5% de desconto e, no caso de empresa, o desconto é no ISSQN.

Por outro lado, com raras exceções, da menor à maior cidade do país há um déficit de áreas verdes nas zonas urbanas. Para se ter uma idéia, a maior cidade do Brasil, no ano de 2005, elaborou um planejamento para plantar 840 mil novas árvores até o fim de 2008, mas a meta não foi atendida.

Especialistas em meio ambiente e urbanização são unânimes em afirmar que, uma cidade bem arborizada possui um maior conforto térmico, pois há um aumento da umidade relativa do ar e sensação de bem estar.

Na edição de 23 de outubro de 2008, o jornal Folha de São Paulo fez uma matéria sobre o assunto, em que apresentou dados de uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde utilizaram o jambolão como exemplo e constataram que o mesmo chega a perder 101 litros de água por dia. “A 10 m dessa árvore, a umidade média é de 68% [...]. A 50m de distância, esse índice cai para 57% [...]. A lógica é a mesma de um borrifo de água”.

Uma mangueira transpira 80,31 litros por dia.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que há riscos à saúde cuja umidade relativa do ar esteja abaixo do índice de 30%.

Outros pontos favoráveis à presença de vegetação nas cidades: a mesma absorve parte da radiação que vem do Sol (no caso do mesmo pé de jambolão 89%). Seus galhos e folhas atenuam a velocidade do vento, já que, ventos fortes incomodam os cidadãos e espalham a unidade de ar produzida pelas árvores. Onde há muitas árvores há um consumo menor de energia elétrica com ar condicionado.

A mesma matéria acima citada afirma que uma árvore sozinha melhora a sensação térmica, mas não diminui a temperatura. Entretanto, já um parque consegue melhorar a sensação térmica e diminuir a temperatura.

Um exemplo que é clássico a respeito disso é o caso da Floresta da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro.

Essa floresta é o primeiro projeto de reflorestamento do Brasil, pois, no ciclo do café, a floresta ali existente havia sido derrubada. Estima-se que, sem a Floresta da Tijuca, a cidade do Rio de Janeiro teria uma temperatura mais quente (de 3 a 5 graus), mostrando a importância de se ter áreas verdes.

Diante do que descrevi, fecho o artigo salientando que toda a sociedade deve estar engajada na busca de mais verde, ou melhor, mais qualidade de vida. Contudo, deve haver um processo orientado pelo poder público visando a regulamentar o que já deveria ser de senso comum, uma vez que ainda temos aqueles que lutam contra o verde.

Observação: Este Artigo foi publicado originalmente no Jornal Folha da Região de Araçatuba – Edição do dia 14 de janeiro de 2009 – Caderno Principal – p. A2 – Ano 37 – no. 11.425.
Autor: Marçal Rogério Rizzo


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