Um Criminoso e Suas Reflexões



Na última semana, durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão em uma residência em Sapucaia do Sul, agentes do Departamento de Investigação Sobre Narcóticos (DENARC) depararam-se com uma casa fechada. Ao anunciarem a chegada e o cerco no local, ouviram, segundos depois, um disparo de arma de fogo.

Os vizinhos ligaram para a Brigada Militar, suspeitaram da movimentação de pessoas estranhas no local e do som do tiro.

Quando chegamos ao endereço indicado, fomos informados, pela equipe que cumpria o mandado, sobre o suicídio do morador da casa.

Sobre o fato cabe uma reflexão: quais os motivos que levam o morador a se matar em frente ao filho e esposa. É importante salientar que na casa havia uma grande quantia de drogas usadas para o tráfico.

Pensamos que ao perceber que a casa estava cercada e que não havia mais para onde fugir, o criminoso poderia ter imaginado o seu futuro e pensado no sofrimento que causaria a sua esposa e filho, e por um momento, ele os imaginou tendo de passar pela revista pessoal minuciosa, ao visitá-lo no Presídio. E não suportou a condenação moral que sua esposa e seu filho sofreriam por causa de seus atos.

Talvez, também tenha pensado na vergonha que causaria em seus familiares ao ter que sair de casa preso, em frente à esposa, filho e vizinhos, e imaginou os olhares que teria que encarar. Alguns olhares de reprovação, outros olhares de “eu avisei”, alguns olhares de “eu sabia’. E não suportou a condenação social.

Também poderia ter lembrado a quantidade de jovens que destruiu, a quantidade de jovens que colocou na vida do vício e do crime. Também refletiu sobre as famílias que destruiu os lares que conseguiu abalar e causar sofrimento ao inserir a droga no seu interior. E não suportou a culpa.

E, ao pegar aquela arma, ele tenha, enfim, entendido que o crime não compensa. Ao pegar a arma e apontar para a sua própria cabeça ele tenha percebido que o dinheiro ganho com o tráfico de drogas não pagaria todo o sofrimento que causou.

Pode ser que tenha olhado para seu filho e pensado que não fora um bom exemplo de pai, que tenha viciado muitas crianças, que em função disso causado muito sofrimento.

O tiro representaria o caminho mais curto para a sua condenação, a pena imposta pelo próprio réu. A Morte.

O texto é uma reflexão, mas como seria bom se os criminosos tivessem empatia para com as suas vítimas. Se os transgressores penais pensassem nos seus pais, esposas e filhos, que teriam que lhes visitar nos presídios sujos, passando por constrangimentos desnecessários.

Que bom seria que os criminosos, ao invés de se suicidarem, percebessem que o crime não compensa em nenhuma de suas formas e parassem com a sua prática criminosa. Pois condena, não só eles, mas também condena pessoas inocentes: seus familiares, e suas vítimas.
Autor: Geverson Aparicio Ferrari


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