Ninguém Sabe Ler



A grande preocupação é fazer com que os jovens leiam. Há alguns anos, leitores eram aqueles que liam livros, hoje, ler caderno esportivo, revistas de fofocas, gibis, blogs ou até mesmo horóscopo também é passaporte para este mundo tão seleto.

O absurdo não está no fato de classificar o que deve ser lido, ou ainda de reservar ao livro o exclusivo papel de formar leitores, mas de acreditar que a Escola está preocupada com isso. É infinitamente mais importante que o adolescente, o jovem, ou qualquer pessoa leia o caderno esportivo, ou a coluna de fofoca, do que Machado de Assis. Pois, o grande problema, e o ponto que deve ser discutido por todos nós não é a qualidade ou a quantidade da leitura, mas a motivação para isso.

Trocar Machado por leituras mais acessíveis é compreensível. O que na verdade é inadmissível é a cobrança dos professores e do vestibular, que insistem nos clássicos, enquanto todos estão motivados para descobrir a nova contratação do time x e y, ou o novo namorado da protagonista da novela.

Ninguém sabe ler, e continuarão não sabendo enquanto os clássicos da Literatura forem usados para desconstruir toda e qualquer possibilidade de formação leitora.

Incompetentes professores que continuam sendo menos eficazes aos motivar seus alunos do que a internet e a televisão. Ingênuos professores que continuam crucificando os chats e as novelas ao invés de usá-las ao seu favor. Incompreendidos professores que ainda acreditam que todo mundo gosta de Machado de Assis por osmose.

Ninguém sabe ler, e infelizmente ninguém está preocupado com isso. Vida longa aos cadernos de esporte, às revistas de fofocas e aos resumos.


Autor: Vinicius Escobar


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