EVANGÉLICOS, CIDADANIA E IMPARCIALIDADE



Os movimentos político-eleitorais são relativos ou mesmo questionáveis quanto ao amadurecimento da sociedade e à promoção da justiça social. Já o engajamento social e a militância civil focados em educação, espírito cooperativo e associativista são eficazes para alavancar os valores mais significativos de uma sociedade aberta: a liberdade individual, a livre iniciativa e o direito à propriedade.

No Brasil, os movimentos político-eleitorais, por si mesmos, tendem a ser estacionários. Com vícios decanos, arranjos e conveniências de última hora são imobilistas e tolhem o amadurecimento da consciência cidadã. Inibem o desenvolvimento das comunidades e a geração de oportunidades individuais. Não têm compromisso com o Controle Social e com a accountability (a prestação de contas de atos e recursos).

Os movimentos iniciados e geridos pela própria comunidade permitem o exercício da liberdade de expressão, da livre concorrência, da participação voluntariosa individual e coletivista, da competição salutar e respeitosa entre os membros. Enfim, tais mobilizações permitem praticar a tríade liberdade, iniciativa e propriedade, já mencionada. A continuidade nesse modus vivendi leva à legitimação dos resultados alcançados pelo mérito individual agregado no esforço coletivo. Quanto mais meritória for a atuação dos indivíduos mais progresso coletivo e amparo individual pelas oportunidades que se permitam criar. Isso é possível mediante gestão (discussão, decisão e ação). Não há lugar para apadrinhamento nem messianismo mas sim para irmanamento e cooperação. Não há exclusão entre coletivo e individual. Coletivisa-se esforços para que haja ganhos na escala produtiva com a minimização dos custos e a maximização dos retornos. Na medida do mérito, individualiza-se os resultados sem jamais esquecer que a continuidade do círculo virtuoso, mais que necessária, é vital.

Na condição de evangélico, faço essas considerações levando em conta o desserviço de uma parcela significativa do meio (evangélico) que anda no sentido contrário aos ideais históricos do Protestantismo, prejudicando a construção da cidadania e a promoção da justiça social em nosso país. Não sou parcial e não posso concordar com a postura de líderes desse meio que se acambulham na tal "Bancada Evangélica do Congresso Nacional". Aquela que esteve no olho do furacão do "movimento das sanguessugas".

Evangélico ou não, temos o dever patriótico e civil de traçar uma linha imaginária entre a organização político-partidária e os interesses das comunidades e da nação. De modo que a atuação dos políticos seja útil e convirja para aqueles interesses. Claro! Sob a vigilância do "olho invisível" da consciência cidadã que é capaz de impor o Controle Social e a accountability (a prestação de contas dos atos dos nossos representantes e dos recursos que estejam ao seu alcance), estabelecendo o fiel da balança.

Se tivesse o poder fecharia, hoje, por tempo indeterminado a Bancada Evangélica e mandaria todos os pastores-deputados que lá estão para casa e para suas igrejas e congregações a fim de que praticassem "o exercício das duas portas". Jesus nos ensinou que há duas portas: a porta estreita e a porta larga (Lucas 13.24)). No momento em que estivessem hábeis na passagem pela porta estreita, seriam liberados para se submeter ao sufrágio universal. Sem "encurralamento eleitoral" nem "voto de cabresto", práticas que conhecem bem. Caso eleitos estariam certificados para assumir uma cadeira em qualquer parlamento do mundo, com dignidade insofismável.

Nos seus vaticínios, hoje, eles se sustentam na luta contra ameaças mortais do tipo "Lei da Homofobia" que será uma desgraça para o Brasil, segundo vociferam. Falta-lhes conteúdo e propósitos concretos razão porque se agarram à "bandeira do falso moralismo". Mentirosos ou dissimulados, não vêem que o combate à corrupção no contexto ampliado de moral, ética e decência é elementar? Essa "Bancada Evangélica" me deixa nauseabundo.

A corrupção grassa,

Lisonjeira e faceira, passa!

Combater ou contemplar o ar de sua graça?

Se a resposta fosse combater, as urnas não teriam sido tão rigorosas, no último pleito. A queda da bancada foi fragorosa: mais de 70%. Os maiores prejudicados foram a CGADB Convenção Geral das Assembléias de Deus que tinha mais de 20 parlamentares e a IURD-Igreja Universal do Reino de Deus que detinha outras quase 20 cadeiras. Ambas as instituições tiveram, percentualmente, o mesmo prejuízo, porém Universal e Assembléia de Deus reagiram de modos díspares. A primeira não apoiou os seus parlamentares envolvidos no vampirismo ou sangue-ssuguismo, menos mal. Já a segunda minimizou a tragédia vitimando-se. Em vez de absorver prejuízo e agir corretivamente, creditou a derrota à "perseguição da mídia e prejulgamentos".

Senhor Presidente do Conselho Político da CGADB!

Senhores responsáveis pelo movimento político-eleitoral da IURD!

O povo não é tolo! As instituições civis têm evoluído no nosso país e a sociedade está saindo do imobilismo. Já não se acredita tão cegamente em Papai Noel menos ainda em Escatologias baratas e enlatadas.

A liberdade que se lhe é negada nas igrejas, nas congregações e adjacências para o exercício da consciência política e da cidadania é dada pelas urnas. O resultado está aí e é bom ficar de olho.

Que isto seja, APENAS, o lampejo de um novo tempo.

AMEM!

O AUTOR é Contador, Bancário e Analista de TI; Especialista em Finanças Pessoais; Pós-graduando em Gestão e Finanças Corporativas; Graduando em Teologia; Protestante; Voluntário em Educação Financeira


Autor: FRANCISCO DE LIMA GOMES


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