Quem realmente é o outro?



Em nossas caminhadas para a escola, trabalho ou ate numa saída casual passamos por pessoas que nunca vimos. Algumas encontramos mais do que apenas uma ou duas vezes, geralmente virando uma rotina em encontrá-las, mas não falamos nada, só olhamos. Para cada pessoa que passamos em um instante os olhares se cruzam. Quando entramos em um ônibus, por exemplo, sempre procuramos lugares onde o banco ao lado esteja vazio, mas olhamos cada um que está nos outros bancos. À distância, a desconfiança cresce a cada dia entre as pessoas.
Em uma das poesias de Gleuso D. Duarte diz: “... O outro, enfim, é cada uma das incontáveis pessoas que você encontrará nos caminhos da vida... Mas o outro é sempre uma criatura humana, é seu irmão. O outro é alguém igualzinho a você: a mesma natureza humana, a mesma sede de afeto, um desejo igual de liberdade, e a mesma ânsia de viver...”.
Mas são desses outros que precisamos para viver, muitas vezes. Mesmo não sabendo quem são essas pessoas, elas irão ajudar no crescimento de todos, pois, o colega de classe de aula que nunca falou contigo é outro que algum dia pode ser o dono da empresa que irá te contratar. O padeiro que conhecemos só porque pegamos pão com ele, mas que nunca conversamos, também nos ajuda de alguma forma. O mundo por maior que pareça ser, dá muitas voltas. A palavra nunca é forte demais para ser dita nessa sociedade. Por exemplo, nunca verei novamente tal pessoa, então poder dizer agora o que quiser a ele, é um erro, pois poderá encontrar essa mesma pessoa que você tanto falou mal um dia, e pior, quem sabe seja quem ira te salvar de alguma coisa.
Os outros sempre tiveram presentes em nossas vidas. Dêsde que nascemos somos apresentados aos outros. São eles que nos terrorizam, nenhum bandido ou assombração é tão ruim quanto os outros. São eles que sempre estão falando da gente o que devemos fazer. Um exemplo bastante simples é a de nossos pais, como diz em um poema de Martha Medeiros: “As crianças acordavam de manhã já pensando neles. Quer dizer, as crianças não: as mamães. Era com OS OUTROS que elas nos ameaçavam caso não nos comportássemos direito Se não estudássemos, OS OUTROS nos chamariam de burros. Se não fôssemos amigos de toda a classe, OS OUTROS nos apelidariam de bicho-do-mato. Se não emprestássemos nossos brinquedos, OS OUTROS nunca mais brincariam conosco. E o pior é que as mães não mantinham a lógica do seu pensamento. 'Mas mãe, todo mundo dorme na casa dos amigos? Eu lá quero saber DOS OUTROS? Só me interessa você! Era de pirar a cabeça de qualquer um. Não víamos a hora de crescer para nos vermos livres daquela perseguição. Veio a adolescência, e que desespero: descobrimos que OS OUTROS estavam mais fortes do que nunca”.
Sempre os outros estiveram presentes em nossas vidas e continuarão sempre ao nosso redor. A maioria da humanidade não para pra pensar o porquê vemos tantas vezes a mesma pessoa e nunca conversamos com eles. Terá um motivo ou somente é vago como nosso surgimento?
Autor: Aryane Evaristo


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