Abaixo o uso das sacolinhas



Autor: Marçal Rogério Rizzo

À medida que a sociedade avança, os desafios impostos para o meio ambiente e a saúde pública também evoluem e, na maioria das vezes, desproporcionalmente. O que se pode confirmar é que, muitas vezes, a luta dos ambientalistas é em vão, pois os interesses econômicos tomam conta do cenário, deixando um passivo ambiental incalculável para o planeta.

Atualmente, estamos diante de vários desafios ambientais e cabe a nós buscarmos soluções. Um desses desafios surgiu nos últimos anos, que é o uso maciço de sacolas plásticas que vêm tomando conta dos estabelecimentos comercias. Já encontramos sacolinhas nos supermercados, farmácias, locadoras, bancas de revistas, loja de calçados e confecções, açougues, feiras etc.

É inegável que elas são práticas e não será fácil encontrar uma alternativa que substitua as sacolinhas plásticas já que as mesmas fazem parte da cultura do consumidor moderno. São úteis, facilitam o manuseio, trazem comodidades, ocupam pouco espaço quando vazias, não têm odor, são à prova de água e o melhor, na visão da maioria absoluta das pessoas, são reaproveitadas como sacos de lixo em nossas casas. O brasileiro é tão criativo que já criou o utensílio doméstico chamado de “puxa-saco” para guardar as queridas sacolinhas plásticas depois de esvaziadas. Uma pesquisa feita pelo Ibope, em 2007, mostrou que 71% dos brasileiros apoiam o uso das sacolinhas plásticas, mas isso representa um enorme problema ambiental para o planeta.

Infelizmente, ainda há um enorme precipício entre o lógico e o cômodo, em que as pessoas revelam que faltam educação e conscientização ambiental.

As sacolinhas plásticas, quando incineradas, emitem toxinas prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente. Quando dispostas em lixões, aterros, terrenos baldios se avolumam levando décadas para serem decompostas. Nos dias chuvosos, elas podem entupir bueiros e ir direto para córregos, rios e mares. Aqui vale esclarecer que os mares e oceanos sempre estão em um nível mais baixo e tudo que é descartado, de forma incorreta no continente, pode contaminar os mares e oceanos.

Prova disso é a matéria “Fim dos oceanos” da revista Super Interessante (edição no. 260 - dezembro de 2008), revelando que nossos oceanos estão se tornando verdadeiros lixões. Os peixes e animais marinhos sofrem com essa poluição. No estômago de um albatroz, foram tiradas 5 tampinhas de garrafas, 1 caneta, 1 pedaço de tela e até uma escova de roupas. Há casos de tartarugas marinhas que tiveram seus aparelhos digestivos obstruídos. Hoje, temos muito lixo nos mares e cerca de 60 a 80% desse lixo é plástico.

Vários meios de comunicação, em 2002, noticiaram outro fato marcante para essa causa ambiental. Encontraram 800 quilos de plástico no estômago de uma baleia morta na região da Normandia. Há várias ONGs que vêm alertando para a morte de baleias, focas, tartarugas e até mesmo pássaros, por ingestão inadequada de materiais plásticos que foram descartados de forma incorreta.

Para se ter uma idéia, segundo reportagem da revista capixaba Espaço Ambiental (edição de maio de 2008), intitulada “Inimiga do meio ambiente”, 10% do lixo brasileiro são compostos por sacolas e sacos plásticos e estes resíduos levam em média 200 anos para se decompor na natureza. Outro dado importante é que para “produzir 1 tonelada de plástico consome aproximadamente 1.140 KW/hora, que é suficiente para manter 7600 residências iluminadas com lâmpadas econômicas por uma hora”. Nosso país consome cerca de 4 milhões de sacolas plásticas por dia, número considerado elevado.

À luz dessas informações apresentadas pela revista capixaba vem o questionamento: Como conscientizar a sociedade para consumir menos sacolinhas? Como dar o fim adequado a estes resíduos? Respostas para estas perguntas estão sendo buscadas no mundo todo. Uma solução implantada em alguns Estados é de ordem jurídica, que obriga os estabelecimentos comerciais a utilizarem as embalagens oxibiodegradáveis (OBD’s). Por ser uma tecnologia nova, seu custo é bem maior e os estabelecimentos relutam em adquirirem as mesmas. As expectativas para este material é que, na presença de luz, calor e ar possa estar degradada em 18 meses. No caso do Estado de São Paulo, o governador vetou o projeto de lei que determinava o uso de sacolinhas biodegradáveis.

A Europa já tratou deste problema como um grande vilão. A China encontrou uma solução mais inteligente, mexendo diretamente no bolso do consumidor, já que lá se cobra pelas sacolinhas, o que acaba obrigando o consumidor a levar suas próprias embalagens retornáveis.

Outra solução é reciclar as sacolinhas, já que há tecnologia para isso. As sacolinhas e sacos plásticos são transformados em pellets (grãos de plásticos), que voltam para o processo produtivo de sacos de plásticos para lixo. Entretanto, os catadores desprezam as sacolinhas em razão de precisar de 250 mil unidades para chegar a 1 tonelada.

O que fica mais explícito é que, apesar dos avanços da sociedade, teve nos campos econômicos e tecnológicos, continuou poluindo, aliás, poluiu muito mais. Na verdade, temos, sim, é que mudar nossos hábitos de consumo, como por exemplo, utilizar sacolas retornáveis. Devemos pôr a boca no trombone, para pressionar as autoridades para serem contrárias ao loby das indústrias de sacolinhas que vêm emporcalhando nosso planeta há décadas.
Autor: Marçal Rogério Rizzo


Artigos Relacionados


Sacos Plásticos Viram Os Vilões Da Ecologia

Reciclagem

As Sacolas De Supermercado

O Fim Das Sacolinhas Plásticas: Consumismo E Suas Consequências

MudanÇa De HÁbitos – Uma Necessidade

O Destino Sobre Os ResÍduos PlÁsticos E Seus Reaproveitamentos

Sacolas Plásticas – Um Mal Necessário?