Dilma já é favorita



Aposto em Dilma Rousseff, mesmo que eu não vá votar nela, na conquista do mandato presidencial 2011-2014. Pelo menos entre nós recifenses, que já temos uma experiência adquirida há pouco tempo, ficou uma “barbada” apostar em “dona Dilma”. Levando em conta a experiência recifense e os temores da maioria da população brasileira, já se pode prever essa vitória, a não ser que ocorra uma zebra direitista ou um candidato de terceira via ganhe o reconhecimento do povo.

Prevejo sua vitória – mesmo eu preferindo um(a) candidato(a) de terceira via no lugar – considerando que Recife lidou com um caso bem parecido com o que Dilma está vivendo. Foi a eleição de João da Costa, sucedendo os oito anos de João Paulo. João da Costa e Dilma têm muitas semelhanças que apontam para uma previsão segura.

Os dois se assemelham por serem ou terem sido:
- do PT;
- assistentes do mais alto escalão de um carismático chefe petista do Poder Executivo (respectivamente, João Paulo e Lula);
- “sombras” do chefe petista do Executivo, desprovidos de um histórico de notáveis realizações políticas próprias;
- pouco conhecidos da população até serem promovidos pelo PT;
- alvos de estratégias semelhantes, se não idênticas, de impulsionamento político por parte do PT;
- “cultivados”, aprumados e ascendidos desde cedo (dois anos antes do pleito) pelo chefe do Executivo para a campanha sucessória;
- presença notável nas pesquisas de opinião desde cedo;
- “opção” para o povo que teme a volta dos desmandos de um Executivo dominado pela direita.

Uma vez que a experiência de João da Costa deu certo, ainda mais em primeiro turno, dá para se ter uma forte sensação de que Dilma vai levar, se o PT nacional repetir a estratégia recifense e adaptá-la à federalidade.

Outro detalhe é o agrado que o povo mais humilde tem com o PT no poder. É um misto de regozijo pelos auxílios e benefícios sociais, muito maiores com Lula do que na época do direitista Fernando Henrique, com um medo de o ex-PFL, o PSDB e o PMDB voltarem ao topo do poder brasileiro e retomarem a política de opressão social sutil – na política brasileira, nem se precisa de violência para oprimir, basta impor uma decisão tal que o povo todo, alienado que é, irá engolir, aceitar e aguentar tudo resignadamente.

Bolsa-família, salário mínimo aumentando entre 20 e 50 reais por ano – menos mal que entre 6 e 20 reais por ano no governo FHC –, identificação maior de Lula e seu partido com o povo, discursos cativantes com linguagem simples... Lula e o PT têm sido continuamente abraçados pelo povo mais carente, vide as altas taxas de popularidade, como se finalmente, depois de tantos anos, estivessem realmente ganhando o direito a uma vida digna.

Por outro lado, quem tem mais conhecimento e uma visão mais ampliada e racional da realidade nota todos os dias que a diferença entre a incompetência do atual governo petista e a dos antigos mandatários demotucanos é tênue.

Os desmandos continuam, os pseudoesquerdistas não vêm representando os interesses do povo, as bancadas lobistas permanecem amarrando o governo aos seus desejos, a corrupção não diminuiu, os escândalos de obras inacabadas e/ou superfaturadas continuam se multiplicando, as CPIs continuam não dando certo, a impunidade política permanece lei oficiosa. Nada disso melhorou com o PT no poder.

Nem fora de Brasília o estado do povo e dos serviços que recebe mudou. Educação, saúde, empregos – exceto pela enxurrada de concursos públicos, que o governo jura que não vai diminuir –, segurança, saneamento básico, política econômica, urbanismo, tarifas públicas... As promessas que o PT jogou aos ouvidos populares nas eleições de 2002 e 2006 não foram realmente cumpridas, igualmente às que o PSDB e o então PFL haviam largado aos eleitores anos antes. A população continua sufocada em tarifas caras e serviços essenciais péssimos e podres.

Contudo, enxerga-se que toda essa esculhambação não mudaria se o povo decidisse voltar a dar votos de confiança ao demotucanato. Já que, no placar, o PT ainda vence porque aumenta mais o salário mínimo e provê diversas bondades sociais paliativas, pelo menos metade da população tem a opinião de que “dos males, o PT é o menor”.

Esta parcela do povo pensa assim também porque tem muito medo de que a direita reassuma a presidência e retome aquela política venenosa que traumatizou o Brasil: privatizações incompetentes, aumentos miseráveis do salário mínimo – 8 reais em 1997; 6 reais em 1999 –, recrudescimento do arrocho salarial do serviço público federal, descaso governamental total para com os serviços públicos, corte total da ligação democrática do poder político eleito com os interesses da população – o PT divorciou-se das raízes e interesses populares, mas não cortou (ainda) a totalidade dos fios que o ligavam ao povo – e outras desgraças ameaçariam castigar o Brasil novamente.

Por isso, a dupla PSDB/DEM inspira muito medo e o povo prefere continuar escorado no “mal menor” do PT.

A não ser que outro candidato de terceira via cresça e cative o Brasil neste e no próximo ano, Dilma Rousseff está com o dedão de um pé na cadeira que atualmente pertence a Lula. Assim como João da Costa, que viveu circunstâncias praticamente idênticas àquelas pelas quais ela está passando hoje, venceu em Recife, não vai ser surpreendente se ela vencer as eleições de 2010. Nada, no entanto, que signifique que o Brasil vai finalmente entrar na primeira temporada de justiça política e social de sua história. (Considerando que o povo não vai mudar de atitude em poucos anos,) Vai tudo continuar como está hoje, ou talvez piore se Dilma não souber usar táticas competentes de como dirigir o Brasil e mostrar autoridade.
Autor: Robson Fernando


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