Ser jornalista. Eis a questão



Você vai para a faculdade, mas, para ser jornalista não é preciso estudar. Ouvi isso há alguns dias quando saia do meu trabalho. Foi um comentário que não me agradou em nada. Um amigo, desses que a gente considera muito, falar algo sobre o que você mais gosta, sobre aquilo que é o seu sonho, o seu ideal, é muito frustrante. Mas a frustração durou pouco. Durou o tempo de eu concluir o raciocínio de que ele realmente estava falando a verdade.
Como? Ora, como pode uma pessoa passar apenas quatro anos nos bancos de uma faculdade aprendendo a fazer entrevistas, criando pautas, pensando em novos abres, se preparando para não levar os furos, as barrigas, para fazer crônicas, editoriais, grandes coberturas, etc., etc., etc.?
O meu amigo está coberto de razão, afinal, jornalista é muito mais do que colocar um macarrão no meio de um jornal, de quase sempre ter uma foca no seu ambiente de trabalho, que evitar pastel e jabá. Jornalista deve ser um profissional que se preocupa com os problemas da sociedade antes mesmo de preocupar com os seus ou nos contrapontos que isso poderá lhe causar. Ser jornalista é ter sensibilidade, é olhar o futuro sem medo do passado, é viver o presente sem esperar pelo futuro. Ser jornalista é ter um olho clínico não só sobre o que esta acontecendo, mas, sobre tudo, sobre o que está para acontecer. Ser jornalista é buscar novos caminhos para que a interesse público seja amplo, justo e imediato.
Acreditar na função social do jornalismo, não como meio, mas como ferramenta para se mudar a sociedade não é utopia, nem ilusão, é obrigação de todo jornalista. E quem não age assim, certamente, não é um jornalista de verdade. Para ser jornalista é preciso ser mais, é preciso querer mais, é preciso idealizar mais.
Essa sensibilidade, esse estilo de vida, essa maneira de informar com ética e respeito as diferenças e valores não são adquiridos só na faculdade. São adquiridos através de muito trabalho, suor e compromisso. E é por isso que digo que esse meu amigo está com razão. Ele só esqueceu de acrescentar o “só” em sua afirmação, afinal, para ser jornalista não é preciso (só) estudar.
Autor: Marcel Scinocca


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