Nos tempos de Jesus: contexto histórico



No ano 63 a.C. tropas comandadas pelo general Pompeu impuseram um novo domínio sob Israel. Convocado apenas para dar um pequeno auxílio à população e acabar com os conflitos locais, o primeiro triunvirato (tri=três / virato=generais) do Império Romano deu um golpe e assumiu o poder. Ele era composto por Pompeu, Crasso e Caio (o famoso “Julio César”).

A dominação produziu e aumentou o empobrecimento da Galiléia, terra mal afamada (Jo 1,46), de gente que se rebelava contra o sistema. Os romanos, por sua vez, cobravam impostos altíssimos e controlavam o comércio. A dominação romana fomentou uma nova política e um novo modelo de sociedade. Havia uma figura importante chamada cobrador de impostos, que tinha a obrigação de recolher parte da produção dos camponeses para o Império. Se acaso um dos moradores não tivesse dinheiro para efetuar o pagamento dos impostos, tudo o que servia de fonte de renda ou sustento era levado. Os romanos eram extremamente práticos e patriotas. Para eles, a melhor forma de defesa era o ataque. A toda esta situação imposta sobre o povo, os romanos chamavam de pax. A pax romana era formada pelas guerras e massacres garantidos pela escravização de milhares de empobrecidos, e sustentadas pela estrutura econômica, pelos saques e por uma justiça que beneficiava única e exclusivamente os vencedores.

A população começa a se rebelar. O cobrador de impostos agora é um traidor. Começam as primeiras revoltadas do povo contra o Império. E elas se iniciam com tanta força, que no ano 47 a.C., surgiu um líder do meio do povo, cujo nome era Ezequias. Ele organizava os camponeses e durante a madrugada, enquanto os soldados dormiam, tomava para si tudo o que Roma os havia mandado tomar, e os devolviam aos seus donos.

Até que, no ano 37, um dos judeus aliados de Roma dirigiu-se ao Imperador e comentou que, se acaso ele fosse nomeado o rei da Judéia, poderia sanar as revoltas populares. Herodes, o grande, assumiu o poder e eliminou Ezequias e grande parte da Galiléia também dita por rebelde. Com o novo rei, inaugura-se o partido dos herodianos, responsável por aplicar na “terra mal afamada” a lei romana. A primeira medida adotada foi tirar as terras das mãos dos camponeses. Na visão de Herodes, terra na mão de camponês não produzia. Elas precisariam ficar nas mãos de poucos. Ele distribuiu as terras para o seu partido, para chefes políticos e sacerdotes. Devido ao inúmero êxodo rural daí surgido, Herodes manda restaurar o templo de Jerusalém e outras obras “faraônicas”, a fim de dar trabalho a todos os desempregados.

O governo de Herodes vigorou até o ano 4 a.C., pouco depois do nascimento de Jesus. Sua coroa foi, basicamente, dividida em três fases:
1ª: Tomada do poder (eliminação dos revoltosos)
2ª: Consolidação do poder (grandes obras).
3ª: Crise (fim de governo).
O lamentável é que Roma, ao receber mensalmente o valor dos impostos, acreditava ter tomado a decisão correta ao nomear Herodes como rei, e nem pensava em lhe tirar o trono.

A crise do governo herodiano não foi econômica nem política: foi familiar. Herodes descobriu que sua mulher, Mariana, estava traindo-o, e mandou matá-la imediatamente. Seus três filhos, ao saberem do ocorrido, decidem ir a Judéia encontrar-se com o pai. No entanto, Herodes sabia que seus filhos poderiam tomá-lo o cargo de rei, e mesmo antes que estes chegassem à Judéia, Herodes também manda matá-los. Está instaurada, desde então, a crise do governo herodiano.

Um grupo de professores fariseus propôs guerra ao rei da Judéia. O símbolo do império no templo que, para eles, era uma profanação, foi arrancado. Hérodes, vendo que o grupo havia desobedecido as suas ordens, mandou queimar uma sala de aula que no ato do incêndio estava composta por um professor e cerca de 40 alunos. Foi este um fator importantíssimo que deu origem a um movimento do qual o discípulo traidor fez parte: os zelotas.

Os professores fariseus pegavam na arma em nome do “zelo” (daí zelotas). O primeiro grupo chamou-se SICA (daí Iscariotes). Eles eram extremamente discretos. Hérodes logo morre e quem assume é um dos filhos que ele tinha com uma outra mulher, cujo nome era Arquelau, que governou de 4 a.C. a 6 d.C.

Arquelau tentou seguir a política do pai: distribuir pão e favorecer os pobres (famosa política de “pão e circo”). Sua coroação como rei aconteceu na páscoa, quando a população ficou indignada ao não enxergar um novo rei, e sim o mesmo Hérodes. Revoltado com a situação, Arquelau mandou os soldados matarem a todos os revoltosos. Muita gente foi morta, algumas até inocentemente.

Na festa de Pentecostes, a população resolveu protestar contra os mortos na páscoa. Arquelau, sabendo do que poderia acontecer, mandou seus soldados não utilizarem seus tradicionais uniformes e ficarem no meio da população. A qualquer momento, ele poderia mandar atacar. Houve mais mortes do que na páscoa.

Roma convocou Arquelau para um congresso e o questionou como ficaria o imposto com tanta gente morta. Sem resposta, os romanos decidiram tirá-lo do cargo de rei. Enquanto Arquelau está no tribunal, surgiram outros líderes dentre o povo. Na Galiléia, apareceu Simão, filho de Ezequias; na Judéia, Atronge, um ex-soldado romano e; na Peréia, um homem chamado Judas.

Roma, ao saber do ocorrido, enviou legiões e cavalarias para eliminar os três, e decide que, a partir daí, não haverá mais nenhum rei na Judéia. Foi instituída a decapólis (deca=dez / polis=cidades) e, com ela, os governadores. Desde então, doze legiões romanas ficam responsáveis em organizar e administrar a vida do povo da Judéia.

Foi nesse ambiente que Jesus de Nazaré cresceu, na Galiléia, terra de gente empobrecida, doente, excluída (sem direitos) e, ainda por cima, controlada pelas legiões romanas.
Autor: Tiago Cosmo da Silva Dias


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