Prender ou Dissuadir?



Eis a questão: prender ou dissuadir? Desafio da humanidade, o modo através do qual os criminosos são obrigados a pagar pelos crimes, ainda não foi encarado com seriedade.


Presídios lotados, sem condições adequadas para a ressocialização, tratamentos desumanos, falta de perspectiva de futuro para o reeducando, ócio nos presídios, una-se a isso a junção interna de quadrilhas, o recrutamento pelos criminosos mais experientes de novos presos que adentram os presídios e penitenciárias, dívidas com advogados que os libertaram ainda que provisoriamente. Essa mistura de fatores leva, consequentemente, à reincidência do criminoso.


Então, nesta perspectiva, as cadeias no Brasil não oferecem condições adequadas para uma reflexão do criminoso sobre seus atos, antes disso, oferecem as condições ideais para o aumento da problemática, pois cria um criminoso ainda mais frio, violento e inconsequente, que agora sai para as ruas com uma verdadeira rede de contatos criminosos, estabelecida no interior dos presídios.


Neste contexto uma pergunta não para de martelar nossas cabeças. Porque prender? Respondemos: a humanidade, com toda a sua evolução tecnológica, com todos os seus inteligentes cientistas, que até ao Planeta Marte já foram - com seus olhos virtuais - ainda não pensou em uma forma de punir seus criminosos que não com o confinamento em condições degradantes como último recurso.


Pensando nessa nossa impotência intelectual de oferecer ao preso uma forma efetiva de ressocialização, seja essa impotência oriunda de fatores relacionados a interesses econômicos, ou vontade política mesmo, sugerimos uma nova forma de atuação policial calcada na dissuasão.


Explicamos. As principais atuações policiais se dão nas formas preventivas e investigativas, a primeira contextualiza-se pelo policial devidamente fardado e identificado o que obriga o criminoso a mudar apenas o local da ação. A última atua na investigação de crimes e se da quase que exclusivamente nos delitos já ocorridos.


A palavra dissuadir significa convencer alguém a não fazer algo, no nosso contexto o dissuadir buscaria uma mudança interna do iminente ou no contumaz criminoso. Mas como se daria essa mudança?


Os crimes, sem dúvida, perturbam a sociedade de bem, latrocínios, roubos, furtos, estupros, crimes relacionados à violência doméstica dentre outros, a atuação policial para a manutenção da ordem e dissuasão da prática destes crimes e consequente interrupção deles estaria na resposta rápida do Estado, pré-identificação dos delinquentes, na abordagem destes e na certeza que estes terão sua identidade vinculada aos crimes que pretendem cometer.


Em resumo, interagir, in loco, na antecipação do crime, ir ao local onde as informações apontem crimes ou refúgio de criminosos, buscar informações dos moradores colaboradores de forma discreta, fotografar os suspeitos, fazer reconhecimento, abordá-los objetivamente a fim de desestimulá-los, dentre outras medidas.


Nossos dados empíricos demonstram que a sistemática produz resultados positivos em médio espaço de tempo, na cidade de Sapucaia do Sul foram atingidos resultados importantes nos crimes relacionados aos roubos a transportes coletivos, problemática de muitos municípios, mas que recuou em 62% se comparado o ano de 2007 com o mesmo período de 2008, chegando ao ápice do crime zero em fevereiro de 2009.


Porque os criminosos pararam de praticar os roubos a transportes coletivos? Por que tinham em mente a certeza de que suas identidades foram descobertas pelos agentes da lei, o que forçou uma mudança interna.


Deixamos as linhas acima para análise dos nossos leitores, não pretendemos resolver em poucas linhas a problemática dos crimes e das penas em nosso país, pretendemos, sim, levantar questões e apontar ao menos uma sugestão, para reflexão sobre que tipo de segurança pública queremos deixar para nossos netos.


Como disse Albert Einstein: Loucura é fazer tudo do mesmo jeito e esperar um resultado diferente.
Autor: Geverson Aparicio Ferrari


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