Medo: um "negócio" lucrativo
Medo de brochar diante da mulher desejada ou medo de que ela não goste da sua performance na cama. Medo de perder a pessoa amada (será amor?) e medo de amar. Medo de multidão e medo da solidão. Medo de perder o filho para as drogas ou para a morte. Existe até medo de ter medo. Já parou para questionar o quanto o medo tem roubado o prazer de viver? É, de fato, o medo algo real ou muito disso é imaginário, fantasioso?
Medo virou a palavra guia de muitas vidas. Com anos de consultório, percebo que todo medo deriva de um só tronco, de uma só raiz: o medo de morrer. Mas, por que medo de morrer, se é algo inevitável? Medo do desconhecido? Ou medo de algo desconhecido ruim? Mas, como você sabe que morrer é ruim? Já morreu alguma vez (ou, pelo menos, lembra-se disso)?
Há algumas considerações que precisam ser feitas sobre o medo. Uma pessoa sem medo não é, nem de longe, uma pessoa corajosa. É alguém inconsequente, suicida ou louco. A coragem está não está em não ter medo, mas em confrontá-lo. De modo responsável e ponderado, é claro. O que se chama de medo de situações de vida, como assaltos, doenças, agressões, perdas e outras do tipo, deveria ser substituído por precaução. Portanto, seja precavido (não em excesso); não seja medroso.
É importante que se atente para um fato. Há gente que se beneficia do medo, tanto individual, quanto coletivo. Os governos são o exemplo mais claro disso. Se pessoas têm medo de tudo e de todos, elas se retraem, acomodam-se, isolam-se e se tornam presas perfeitas para não questionarem os atos expúrios de políticos, partidos, instituições e poderes mal intencionados.
O medo excessivo e paranóico destrói o bom senso e deixa a vítima entregue em uma negociação cuja moeda de troca será a própria liberdade pessoal. Sua liberdade é tão valiosa que governos, empresários, militares, bandidos e religiosos a querem a qualquer custo. Vão às tapas, se necessário (ah, e como vão!).
O que tem mais prosperado no país ultimamente? Empresas de segurança privada com seus equipamentos sempre de “última geração” (só se for geração de recursos para a própria firma!). Câmeras, alarmes, cercas eletrificadas, rastreamento por satélite, portões automáticos, portas indestrutíveis, cofres a laser, detectores de movimento, etc. Mas o marginal quase sempre está um passo à frente. Esse povo está faturando horrores com seu medo. Eles querem seu suado dinheirinho. Essa "indústria" vale uma “grana preta”. Quem vende segurança tem que contar com o medo. Já pensou que situações de pânico enriquecem muita gente e fortalecem muitas corporações e instituições, quer sejam militares, civis, eclesiásticas ou clandestinas?
O medo é um grande negócio, essa é a grande verdade (uma delas!). Tornar-se consciente de que tem ou está com medo, admitir e aceitar esse fato, é o primeiro e mais valioso degrau para confrontá-lo (não lutar contra!) de modo eficaz. Assim agindo, é provável que a lucidez retorne e permita vislumbrar saídas pessoais e coletivas para essa praga devastadora.
Autor: Carlos Bayma
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