Medo: precaução ou paranóia?



Quanto mais agressiva uma pessoa é, mais medo ela sente, pois, quem deixa o medo de lado não precisa da agressividade. Medo e agressividade são os dois lados da mesma moeda. Assim como tristeza e raiva. Agressividade é medo acumulado. Medo é a agressividade contida, acuada, pois ser agressivo faz parte da natureza humana.

Não me refiro a ser agressivo utilizando-se de violência e crueldade. Isso é sinal claro de perda de limites. Falo daquela agressividade relacionada à disposição de empenhar-se quando o momento assim o exige. Ou da determinação na conquista de um objetivo pessoal ou coletivo. Falo também da agressividade necessária para se defender de eventuais ataques, proteger um filho, salvaguardar um lar. Isso é aceitável, é legítimo.

Nós vivemos bombardeados por todos os lados pelas más notícias. Os órgãos de comunicação se especializaram nisso. Rádio, TV e jornais também faturam alto com o culto ao medo. A todo o momento notícias sobre assassinatos, seqüestros, chacinas, emboscadas, assaltos, guerra, pedofilia, entre outras desgraças, chegam aos nossos ouvidos e cérebros. Essa avalanche de informações começa a criar um condicionamento defensivo na nossa cabeça. A interpretação parece óbvia: “Estou em risco. Preciso me defender, ficar preparado para a violência do mundo”.

Então, diante de tanta propagação do medo, como se defender se não com a agressividade, em geral, desmedida. “Vou bater antes de apanhar”. Julgando-nos na iminência de sofrer agressões (de outros que tembém estão como medo), nós atacamos antes. Aos olhos dos outros não parece que estamos com medo. Parece que somos destemidos, violentos. Mas estamos sim, com muito medo. E um medo acuado, sob pressão, limítrofe para explodir (ou implodir em doenças físicas e mentais).

Como se não bastasse, nós mesmos fazemos o papel complementar que a imprensa e autoridades iniciaram: A divulgação boca a boca da tal violência. Quem nunca teve o desprazer de quase diariamente cruzar com aquela vizinha que, cansada de sua vida pífia, dá seu bom dia no elevador com frases como estas: “Mas a violência está insuportável. Ontem mataram um rapaz lá no início da rua. Treze tiros. Qualquer dia será um de nós. Aonde vamos parar?”. Ao se despedir, ironicamente, dá um bom dia.

Pedaços de frases como “não sei aonde vamos parar”, “a cidade só tem bandido”, “qualquer dia desse serei eu”, “não estamos seguros nem em casa” e outras pérolas são atoladas ouvido a dentro todo santo dia. Já virou uma ladainha. Não nego que exista violência, nem estou alienado a ponto de dizer que tudo isso é apenas ilusão.

Mas, quanto de ilusão, fantasia, fatalismo, pessimismo e paranóia têm nos comportamento com relação ao medo e à violência? Em que grau diminui o medo quando falamos dele dia e noite? Ou somos fios condutores da desgraça e, mesmo inconscientemente, propagadores do medo?
Autor: Carlos Bayma


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